Quando Darwin chegou ao arquipélago de Galápagos em 1835 observou pássaros da família?

OSLO (Reuters) - Pela primeira vez, cientistas descobriram uma mudança nos hábitos alimentares de um grupo inteiro de animais enquanto estudavam pássaros nas ilhas Galápagos que ajudaram a inspirar a teoria da evolução das espécies de Charles Darwin.

Vista do topo da Ilha Bartolome, em Galápagos, no Equador. 23/08/2013 REUTERS/Jorge Silva

A equipe liderada por espanhóis observou 19 das 23 espécies de aves terrestres de Galápagos visitando flores para se nutrir de néctar e pólen, aparentemente porque sua alimentação preferencial de sementes e insetos está escassa nas ilhas remotas do Oceano Pacífico na costa do Equador.

O gosto por flores entre os pássaros de Galápagos tinha passado despercebido até agora.

“Toda a comunidade de pássaros ampliou seu nicho e incluiu agrados florais à sua dieta”, escreveram os cientistas em uma edição do periódico Nature Communications publicada nesta terça-feira.

“Este fenômeno... havia sido registrado anteriormente em espécies isoladas, mas jamais em uma comunidade inteira”, afirmaram.

Os pássaros que os cientistas estudaram ao longo de quatro anos, entre eles tentilhões, rouxinóis e papa-moscas, visitaram mais de 100 tipos de flores.

Quatro espécies de pássaros foram omitidas do estudo por serem extremamente raras ou viverem fora das 12 ilhas estudadas.

“As famílias de aves terrestres de Galápagos têm membros no continente sul-americano que também visitam flores”, disse a principal autora do estudo, Anna Traveset, do Instituto Mediterrâneo de Estudos Avançados da Espanha, à Reuters em e-mail enviado das ilhas Galápagos.

O naturalista britânico Darwin esteve em Galápagos em 1835, e suas observações de que espécies de pássaros relacionadas divergiam de ilha para ilha ajudaram a inspirar seu famoso livro “Sobre a Origem das Espécies”, de 1859, que trata da evolução.

Darwin também notou a carência de insetos. “Fiz um grande esforço para coletar insetos, mas excetuando a Terra do Fogo, jamais vi um país tão pobre nesse aspecto”, escreveu.

O novo estudo também insinua um papel maior do que o imaginado dos pássaros na polinização, trabalho geralmente dominado pelas abelhas.

“A polinização dos pássaros é importante para várias espécies nativas”, explicou Traveset.

Dave Kelly, biólogo da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, que não participou do estudo, disse estar surgindo indícios de que algumas plantas estão em declínio em partes do mundo onde os pássaros polinizadores estão ameaçados.

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No ano de 1831, o Almirantado britânico procurou um naturalista, o professor Henslow, para acompanhar o capitão Robet Fitzroy em uma viagem ao redor do mundo, no navio H.M.S. Beagle, a fim de fazer um levantamento dos recursos e da cartografia das costas setentrionais da América do Sul, para posterior exploração.

Henslow não aceitou o convite, mas indicou um outro naturalista, bastante qualificado para realizar anotações, coletar e catalogar dados, Charles Robert Darwin (1809-1882). Em dezembro de 1831, aos 22 anos, Darwin zarpou a bordo do H.M.S. Beagle e durante a viagem dividiu o maior aposento do barco com o capitão Fitzroy.

Sua primeira parada, em janeiro de 1832, foi na Ilha do Cabo Verde. Enquanto a maioria da população do navio dedicava-se a explorar a costa, Darwin ficava em terra, coletando material da flora e da fauna, tão pouco conhecidas pelos europeus daquela época.

Darwin no Brasil

De Cabo Verde, a embarcação veio para Fernando de Noronha e, em fevereiro, aportou em Salvador. Em abril, chegou ao Rio de Janeiro, onde Darwin permaneceu em terra, enquanto seu navio retornava para Salvador para rever cálculos cartográficos. Ali realizou uma série de observações.

Em meados de 1835 ancoraram no Chile, em Valparaíso. Darwin fez uma expedição nos Andes, chegou a mais de 1.000 metros de altitude e encontrou fósseis de conchas. Foi nesse momento que ele pôde perceber que as adaptações aconteciam de acordo com cada ambiente: selvas brasileiras, pampas argentinos e os Andes. A essa altura, Darwin já estava questionando a imutabilidade das espécies, o conceito estático da Terra.

Tartarugas das Galápagos e tentilhões

No final do ano de 1835 a expedição chegou às ilhas Galápagos. Após as observações realizadas durante a preparação para armazenamento dos espécimes coletados, Darwin percebeu que em cada ilha do arquipélago de Galápagos existiam diferentes árvores, cágados e aves. Mas apenas quando retornou à Inglaterra, consultando ornitólogos, percebeu que os tentilhões, pássaros que ele havia coletado nas várias ilhas de Galápagos, eram de espécies diferentes.

Assim, em 1837, ele passou a escrever suas primeiras notas sobre a origem das espécies. Foi aí que Darwin passou a relacionar as adaptações ao meio ambiente à origem e evolução das espécies. Em 1838, Darwin tomou contato com a obra de Thomas Malthus (1766-1834), "Ensaio sobre o Princípio da População". Nessa obra, o autor observa aumento numérico de indivíduos de uma população a cada geração e a manutenção dos recursos alimentares, concluindo que tal fato levaria a uma competição entre os indivíduos da população.

Considerando a variação de cada indivíduo de uma população, Darwin chegou a conclusão que alguns estariam mais aptos que outros e assim venceriam essa competição pela sobrevivência. Os indivíduos mais adaptados ao meio possuiriam variações vantajosas em relação aos outros indivíduos que não as possuíssem. A esse processo Darwin denominou seleção natural.

Darwin e Wallace

Nessa época as pessoas, inclusive da comunidade científica, acreditavam que cada espécie de ser vivo havia sido criada por Deus e assim permanecia imutável ao longo dos tempos. Durante a década de 1840, consciente das implicações de seu trabalho sobre a tese da imutabilidade das espécies e sobre os preceitos religiosos, Darwin estudou minuciosamente os mecanismos da evolução, baseando-se na teoria da seleção natural, sem publicar suas ideias.

Em 1856 já estava escrevendo o livro "Natural Selection", mas continuava resistente em expor suas ideias para a comunidade científica. Até que em 1858 recebeu uma carta de um jovem naturalista Alfred Russel Wallace (1823-1913) pedindo a apreciação de Darwin sobre as observações que havia feito no arquipélago Malaio.

Nessa carta Wallace pede para Darwin enviar para Lyell Charles (1797 -1875) seu trabalho, apenas se considerasse relevante. Logo esse material foi passado por Darwin para Lyell com o comentário que Wallace havia resumido, de forma esplendorosa, o trabalho que ele Darwin vinha se dedicando há 22 anos.

Na carta, Wallace desenvolvera uma teoria de seleção natural idêntica a de Darwin. Porém, como Darwin possuía muito material para apoiar suas ideias (tinha manuscritos com mais de 15 anos), indicando quanto ele havia trabalhado sobre elas, Wallace reconheceu que Darwin deveria ser conhecido como o autor principal da teoria. Sendo assim, eles publicaram, conjuntamente, em 1858, a teoria na Sociedade Lineana de Londres.

"A Origem das Espécies"

Com isso Darwin investiu no seu livro "A Origem das Espécies", que se baseia na seleção natural e foi publicado em 1859. Esse foi o livro mais vendido daquele ano, com uma tiragem de 1.250 exemplares. Apesar das provas detalhadas apresentadas nessa publicação, que tornaram o conceito de evolução cientificamente respeitável, as ideias de Darwin encontraram fortes oponentes, tanto na comunidade científica, quanto na religiosa.

Muitos cientistas acreditavam que a teoria era incapaz de explicar a origem da variação entre as espécies e indivíduos de uma mesma espécie. As igrejas se sentiam afrontadas pois as ideias de Darwin, a princípio, contrariavam a criação divina.

Sua teoria passou a ser totalmente aceita pelo meio científico apenas no século 20, depois das descobertas de Johann Gregor Mendel (1822 -1884), um monge austríaco que se dedicava à botânica. Mendel descobriu a transmissão hereditária dos caracteres, a qual só ficou conhecida no início do século 20 quando outros botânicos que faziam pesquisas independentes encontraram suas publicações na Sociedade de Brünn.

Em 1997 o papa João Paulo 2o reconheceu a inexistência de conflito entre a religião católica e a teoria de Darwin, a qual revolucionou definitivamente a compreensão do homem sobre a existência da vida no planeta. Algumas igrejas protestantes, de caráter fundamentalista, em especial nos Estados Unidos continuam a se opor veementemente ao darwinismo.

O que Darwin observou nos pássaros?

No arquipélago, Darwin observou pássaros com formatos de bico diferentes, que depois descobriu serem todos tentilhões. Olhando com atenção, notou que cada formato de bico ajudava em uma forma de alimentação: bicos largos e robustos para comer sementes duras, aqueles mais afilados para insetos e larvas…

O que o Darwin descobriu na ilha de Galápagos a partir do bico das aves chamadas tentilhões?

Durante a sua expedição pelas ilhas, Darwin notou que diferentes tipos de tentilhões tinham bicos de tamanhos e formatos variados, adaptados a diferentes tipos de alimentação nos diferentes nichos ecológicos que ocupavam nas ilhas Galápagos.

Quando Darwin chegou ao arquipélago de Galapos?

Quando Darwin chegou ao arquipélago de Galápagos, em 1835, durante viagem a bordo do navio H. M. S. Beagle (1831-1837), observou pássaros da família Fringillidae (tentilhões) e ficou impressionado com as treze espécies dessas aves nas diferentes ilhas.

Como foi a chegada de Darwin a ilha de Galápagos?

Quando Charles Darwin visitou as Galápagos em 1835, durante a sua viagem no navio HMS Beagle, entre 1831 e 1836, encontrou nas diferenças dos bicos dos vários tentilhões, adaptados à alimentação, um argumento para a sua futura teoria da evolução.