Ao longo dos anos, a ergonomia tem vindo a reforçar a sua importância, dada a preocupação crescente das empresas com o desempenho, conforto, saúde, segurança e bem-estar dos trabalhadores, bem como com a redução dos índices de acidentes e doenças do trabalho (1). Desta forma, a ergonomia, enquanto ciência, procura estudar a adaptação do trabalho ao homem, abrangendo não só as máquinas e equipamentos utilizados, mas
também todas as interações que ocorrem entre o Homem e o seu trabalho, procurando ajustá-lo às caraterísticas individuais do trabalhador, com ou sem diversidade funcional (2). Podemos distinguir três domínios da ergonomia: Neste texto será dado um maior enfoque ao domínio da ergonomia física pois, de facto, a postura e o movimento
corporal, determinados pela tarefa e pelo posto de trabalho, têm grande importância na ergonomia. De forma a potenciar o desempenho nas tarefas e a maximizar o conforto, a segurança e a prevenir acidentes de trabalho, devemos procurar adotar posturas e movimentos adequados. Para isso, é importante termos em atenção alguns princípios gerais e transversais a implementar, não só no trabalho como também nas diferentes atividades do quotidiano (5). Estes conselhos têm como premissa os
Princípios/Técnicas de conservação de energia, com o objetivo de reduzir o gasto energético durante a realização de tarefas e atividades, diminuindo também a sensação de fadiga/cansaço e melhorando o desempenho; bem como a proteção articular, enquanto estratégia voltada para a manutenção da integridade articular; das capacidades funcionais e redução da dor e fadiga (6). RECOMENDAÇÕES NO POSTO DE TRABALHO
Tabela: Recomendações para alturas das mãos e dos olhos, nas posturas sentada ou em pé
Um espaço suficiente deve ser mantido livre sob a bancada ou máquina, para acomodar as pernas e os pés. Isso permite que a pessoa se aproxime do trabalho, sem necessidade de curvar o tronco. O espaço livre deve permitir também mudanças frequentes de postura, movimentando as pernas e os pés (2; 7).
Os alcances excessivos com os braços devem ser limitados de forma a minimizar a inclinação ou rotação do corpo. Para isso, devemos colocar os materiais e ferramentas de uso mais frequente mais perto do corpo, preferencialmente num raio de até 50 cm – tendo como ponto de referência a articulação do ombro (este valor pode sofrer alterações mediante determinadas caraterísticas anatómicas na pessoa). Estes valores aplicam-se tanto ao posto de trabalho em pé como sentado (2; 7).
Para leituras e outras tarefas que exijam um acompanhamento visual contínuo, a superfície deve ser inclinada, de forma a aproximar o trabalho dos olhos e evitar a curvatura do tronco e, sobretudo, da cervical. No caso da leitura, a recomendação da inclinação é aproximadamente 45º (7).
Não é recomendado passar o dia todo na posição de pé, pois leva a uma maior sobrecarga das costas e pernas, levando precocemente à fadiga. Um stress adicional, que ainda pode comprometer mais a saúde e a produtividade do trabalhador é quando, ou pelo posto de trabalho que não está ajustado ou até mesmo pela natureza do trabalho, o trabalhador necessita de estar com o tronco inclinado ou com os braços levantados (7). Trabalhar sentado, de forma prolongada, é igualmente prejudicial para a saúde na medida em que leva a uma sobrecarga do músculo cardíaco; os batimentos tornam-se mais rápidos na tentativa de proteger o organismo garantindo a irrigação para todas as regiões, principalmente dos membros inferiores (8).
É importante, não só por parte da entidade empregadora, mas também do próprio trabalhador, perceber de que forma o seu trabalho permite fazer pequenas alterações de forma a evitar, ou pelo menos reduzir, posturas prolongadas (7).
Na medida do possível, os pesos devem ser mantidos próximos do corpo sempre que transportados. Quanto mais o peso estiver afastado, maior tensão será aplicada nos braços, obrigando o corpo a inclinar para a frente, podendo levar a um aumento da tensão também nas costas. Como resultado, dor e outras complicações mais graves podem surgir (7).
Os períodos prolongados com o corpo inclinado para a frente devem ser evitados o mais possível de forma a prevenir o surgimento de dores nas costas, nomeadamente na região lombar. Posturas torcidas do tronco provocam tensões indesejáveis nas vértebras. Além disso, as articulações e músculos dos dois lados da coluna vertebral são sujeitos a cargas assimétricas, o que é bastante prejudicial, podendo a levar não só a dor momentânea como podem instalar-se complicações mais sérias se prolongado no tempo (2; 7).
Movimentos bruscos podem produzir picos de alta tensão, de curta duração, resultado de uma aceleração do movimento. Esta aceleração pode provocar lesões, sobretudo se não houver um prévio aquecimento da musculatura envolvida (7).
Ao projetar um posto de trabalho, devem ser consideradas as diferenças físicas de cada um, de forma a evitar postos de trabalho não adequados e que condicionem o desempenho do trabalhador ou, até mesmo, coloquem a sua saúde e segurança em risco (7).
A pausa pode ser uma interrupção da tarefa ou a substituição por uma mais leve, de forma a minimizar a fadiga, a prevenir lesões e aumentar os níveis de produtividade. A exaustão muscular deve ser evitada uma vez que a musculatura envolvida irá demorar muito mais tempo a recuperar, condicionado significativamente o desempenho do indivíduo por vários minutos ou até horas (2; 7).
É importante manter o posto de trabalho limpo, arrumado e sem materiais desnecessários que possam comprometer o desempenho ou até mesmo serem foco de risco acrescido para a segurança do trabalhador (13).
A iluminação desajustada nos locais e postos de trabalho pode potenciar a adoção de comportamentos inseguros, a adoção de posturas de trabalho incorretas e a redução da produtividade. É ainda importante garantir condições de conforto térmico, controlo dos níveis de ruído e promover uma boa ventilação do espaço para segurança e saúde do trabalhador (13).
Praticar exercícios simples e alongamentos nas pausas durante a jornada de trabalho é fundamental. A ginástica laboral promove a circulação sanguínea; o relaxamento da musculatura envolvida nas tarefas e atividades de trabalho; a mobilidade articular e a postura corporal global, contribuindo assim para a prevenção de acidentes de trabalho por exaustão e de lesões ocupacionais. Além disso, pode melhorar o ânimo e a envolvência no trabalho e promover a socialização entre a equipa (10).
Uma boa cadeira é fundamental, não só para melhorar o conforto e prevenir doenças do trabalho como também, e em consequência, potenciar a produtividade e a eficácia no trabalho. Assim, uma boa cadeira no posto de trabalho sentado deve ter como caraterísticas:
Considerações finais As instituições e empresas estão cada vez mais empenhadas na criação de um dinamismo facilitador para a sua evolução, produtividade, economia, ou seja, criar meios que otimizem tempo e o alcance das suas metas. Nesse contexto, um dos fatores de grande importância e influência é a ergonomia, enquanto ferramenta multidisciplinar e holística que abrange os mais diversos setores e componentes da instituição ou empresa, suas possíveis consequências e interações, impactando desde aspetos físicos, cognitivos e organizacionais. O desempenho produtivo de uma organização depende das condições ergonómicas que ela disponibiliza, procurando reduzir a fadiga, o stresse, os erros e os acidentes de trabalho e doenças profissionais, de forma a proporcionar uma maior segurança, satisfação e saúde aos trabalhadores, para que tenham uma melhor qualidade de vida e maior motivação e empenho no trabalho. Além disso, possibilita também uma melhoria nas comunicações entre os membros da equipa e dos fluxos de processo. Para uma entidade empregadora, a aplicação de métodos ergonómicos é essencial, pois reduz o absenteísmo, aumenta a produtividade, a qualidade do produto, a motivação e a qualidade de vida no trabalho, proporcionando mais do que um posto de trabalho melhor, mas também uma vida melhor no trabalho. Permite ainda levar a organização a um crescente desenvolvimento e contribui para que esta permaneça competitiva e alcance o sucesso (12).
Para que servem os princípios de economia de movimentos?O princípio da Economia dos Movimentos tem por função reduzir movimentos desgastantes e desnecessário no processo de trabalho, a fim de promover uma maior qualidade de vida no trabalho.
Quanto aos princípios de economia dos movimentos relacionados com o local de trabalho é correto afirmar?Quanto aos princípios de economia dos movimentos relacionados com o uso do corpo humano, é correto afirmar: (A) As mãos devem ser aliviadas de todo o trabalho que possa ser executado mais convenientemente por um dispositivo, um gabarito, ou um mecanismo acionado a pedal.
O que é princípio das mãos e braços?Métodos e meios de trabalho: Princípios de economia de movimentos - - Mãos e braços: As mãos e os braços devem trabalhar juntos. Sempre que possível, deve-se organizar o trabalho de modo…
Quais os nove princípios especificamente relacionados ao uso do corpo humano?Alguns princípios válidos: as duas mãos devem iniciar e terminar no mesmo instante os seus movimentos; as duas mãos não devem permanecer paradas ao mesmo tempo, somente em período de repouso; o movimento manual deve se restringir à classificação mais baixa de movimentos, de forma que não interfira no trabalho; os dois ...
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