Quais são as funções do sistema de informação em saúde?

Como funcionam os Sistemas de Informação em Saúde

Os Sistemas de Informação em Saúde são ferramentas tecnológicas que auxiliam na coleta, monitoramento e análise de banco de dados importantes na gestão em saúde. No processo de planejamento, aperfeiçoamento e tomada de decisão nas diversas instâncias de uma instituição de saúde, estes instrumentos também se fazem presentes. A seguir apresentamos um resumo dos principais sistemas utilizados e sua finalidade.

SIM – Sistema de Informação de Mortalidade: criado no final da década de 70, o documento base utilizado é a Declaração de óbito contendo 3 vias, possibilitando análise de taxa de mortalidade, tempo, idade, sexo, áreas, entre outras variáveis.

SINASC- Sistema de Informação de Nascidos Vivos: criado na década de 90, contém informações sobre a saúde materna e infantil:

  •  nascidos vivos (sexo, peso ao nascer)
  • a mãe (grau de instrução, idade)
  • a gestação (número de consultas de pré natal, tempo de gestação)
  • o parto (tipo, local de ocorrência)

O estabelecimento de saúde é responsável pelo preenchimento da Declaração de Nascido Vivo, que possui 3 vias: 1ª via permanece na instituição de saúde até ser coletada pelos órgãos governamentais; 2ª via fica com a família até ser levada ao Cartório para registro; 3ª via será arquivada na instituição de saúde onde ocorreu o parto.

SINAN – Sistema de Informação de Agravos e Notificação: alimentado pelas notificações e investigações de doenças contidas na lista nacional de doenças de notificação compulsória, transmitindo ao Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica. Estados e municípios podem incluir outros agravos na lista, de acordo com seu perfil epidemiológico e perfis de intervenção.

SIH/SUS – Sistema de Informação Hospitalares: Possui informações desde cadastramento, informações da internação (tempo de permanência, perfil dos pacientes) até pagamento das Autorizações de Internação Hospitalar (AIH).

SIA/SUS – Sistema de Informação Ambulatorial: Informa total de procedimentos ambulatoriais, consultas médicas por habitante ano, entre outros indicadores; consolida boletins de produção ambulatorial (BPA) e autorizações de procedimentos de alta complexidade (APAC).

SIAB – Sistema de Informação da Atenção Básica: acompanhamento das atividades da Estratégia Saúde da Família, incluindo o cadastramento de famílias e acompanhamento de grupos de risco  fornecendo indicadores de produção através do registro de Ficha específicas para coleta de dados.

SIS/HIPERDIA – Sistema de cadastramento e acompanhamento de hipertensos e diabéticos.

SISCOLO/SISMAMA – Sistema de controle de informação da coleta e processamento de informações clínicas a respeito de pacientes e laudos de exames de prevenção de câncer de mama e útero.

SIS/PRÉ NATAL – Sistema de acompanhamento das gestantes inseridas no Programa de Humanização do Pré Natal e Nascimento, desde o início até o puerpério. A mulher deve realizar no mínimo seis consultas de pré natal e uma no puerpério.

CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. Contém informações gerenciais de estabelecimentos hospitalares, ambulatoriais e clínicas de saúde.

SISREG – Sistema Nacional de Regulação: objetivo de gerenciar as solicitações e ofertas de serviços pela rede básica de consultas, exames/procedimentos na média e alta complexidade, bem como a regulação de leitos hospitalares.

DATASUS- Departamento de Informática do SUS. Disponibiliza informações que podem servir para subsidiar análises objetivas da situação sanitária, tomadas de decisão baseadas em evidências e elaboração de programas de ações de saúde.

Referências:

Ministério da Saúde – DATASUS.

KURCGANT, P. et al. Administração em enfermagem.

Enfermeira, Mestre em Educação e Docente de Enfermagem. Possui especialização em Gestão em Saúde e Controle de Infecção Hospitalar e experiência nos temas: CCIH, Gestão da Qualidade, Epidemiologia, Educação Permanente em Saúde e Segurança do Paciente.

O Sistema de Informação em Saúde (SIS) de acordo com BVS MS (Biblioteca Virtual em Saúde – Vigilância em Saúde), são instrumentos padronizados que permitem monitorar e coletar dados.

O objetivo da coleta de dados é transformá-los em informações que conduzirão à análise e compreensão dos problemas de saúde da população, facilitando a tomada de decisões dos regentes municipais, estaduais e federais.

Estas informações sofrerão impacto da vivência, pensamento e visão daqueles que as manuseiam.

Portanto, é importante que aqueles que são responsáveis pelo processo de tomada de decisão saibam não apenas operar o sistema com exatidão, mas que tenham certeza de que os dados que resultaram nas informações e indicadores são confiáveis.

Para que possamos compreender melhor este importante instrumento que facilita as ações de saúde mais abrangentes através da coleta e armazenamento de dados e de sua conversão em informação relevante, vamos destrinchar o conceito.

O que são os sistemas?

Um sistema, segundo Guido C. Santos, diz respeito a um todo orgânico que se orienta por leis próprias que regem sua estrutura e seu comportamento para um determinado objetivo.

Podemos ver sistema em tudo: você é um sistema, nós somos um outro sistema, existem sistemas dentro do nosso corpo que cooperam com outros sistemas. Partes de um todo que agem em conjunto para um determinado objetivo.

Quando falamos em Sistemas de Saúde, temos como componentes os hospitais, postos de saúde e farmácias que, mesmo atuando em diversas e distintas ações, devem estar conectados e organizados para que atendam às necessidades da população local.

O que são dados?

Dados são observações documentadas resultantes de pesquisas ou medições, com a finalidade de fornecer informações que transformam o processo de tomada de decisão mais eficiente.

Os dados não falam por si. Assim, suas combinações estão sujeitas às mais diversas interpretações. São estas combinações e a forma de interpretá-las, de acordo com a experiência e visão de cada um, que geram a informação.

O fator de confiabilidade dos dados é imprescindível para que as informações que, posteriormente, subsidiarão o processo de tomada de decisão alcancem os objetivos definidos no planejamento e os resultados esperados.

O que são indicadores?

Os indicadores são representações numéricas ou não, que servem de parâmetro para definição daquilo que é preferencial, ideal.

Os indicadores servem como subsídios para as informações, pois mostram dados em um momento do passado, com as especificidades daquele momento, os dados atuais e os que serão coletados após a execução de uma ação ou um conjunto de ações.

O que são Informações?

Uma informação é resultado da contraposição, sobreposição e/ou correlação de um conjunto de dados analisados com o objetivo de produzir conhecimento.

As informações obtidas através dos dados são baseadas na experiência, no juízo e na visão de quem os analisa.

Além disso, as informações são a base para um processo de tomada de decisão eficiente e completo.

O que acontece nos Sistemas de Informação em Saúde?

Os Sistemas de Informação em Saúde se baseiam nos conceitos que vimos acima.

Todas as ações que ocorrem em um Sistema de Saúde geram dados que, em algum momento, resultarão em uma informação. Todas estas ações ocorrem em setores distintos dos Sistemas de Saúde, como depósitos, farmácias, consultórios, salas de exames, entre outros. 

Estes setores e suas atividades são orientados por informações do Sistema de Saúde e, à medida que as ações são executadas, eles devem alimentar novamente o Sistema.

Por exemplo, na farmácia ocorre a distribuição de medicamentos, os pedidos, os padrões e as quantidades são informações contidas no Sistema de Saúde. Quando um medicamento é retirado, esta ação deve ser documentada e volta para alimentar o Sistema.

A combinação e interação entre estes subsistemas possibilita a análise de respostas maiores e o impacto dela sobre uma certa situação de saúde.

A situação de saúde, diz respeito a um território específico. Vamos observar um exemplo de interação de subsistemas para se chegar a uma resposta para uma situação de saúde:

Um Sistema de Informação Ambulatorial fornece informações sobre consultas de pré-natal; já o Sistema de Informações Hospitalares alimenta com informações sobre ocorrências durante a gestação e consultas das gestantes; por fim, o Sistema de Informação sobre Mortalidade traz informações sobre o índice de mortalidade de mães e bebês.

Somando e analisando estas informações, podemos saber se naquele Sistema de Saúde temos uma Situação de Saúde de alta ou baixa mortalidade materna e infantil, e prever os índices de acordo com as informações do Sistema Ambulatorial.

Com estas informações é possível promover ações para prevenir estas ocorrências de maneira situacional, ou seja, em um determinado município, estado ou país.

Podemos então concluir que um SIS (Sistema de Informação em Saúde) é um componente do Sistema Único de Saúde capaz de fornecer subsídios de forma contínua para a observação, constatação, decisão, avaliação e voltar novamente a observar com base em novos dados e informações.

Qual o papel do Sistema de Informação em Saúde e quais suas diretrizes?

Suas principais diretrizes estão voltadas para:

  • dar subsídio ao planejamento, decisões, controle do que foi planejado com foco na integralidade assistencial;
  • descentralização da implantação do SIS para que todas as características de cada local sejam consideradas e contempladas preservando ainda a unidade com todos os níveis de gestão do Sistema Único de Saúde;
  • fomentar a participação das equipes locais na coleta de dados e em sua conversão em informações;
  • promover o desenvolvimento dos Sistemas de Saúde;
  • Capacitação dos profissionais que utilizam o SIS para que possam chegar a informações confiáveis e eficientes;
  • Contribuir com a construção do pensamento coletivo para ampliar a rede de atendimento e assistência;
  • humanização das instituições do Sistema de Saúde para maior proximidade com o cidadão, preservando sua autonomia.

O Sistema de Informação em Saúde tem a função de fornecer informações compatíveis de acordo com cada nível do Sistema de Saúde, possibilitando análises contínuas das ações realizadas e de seus efeitos em cada situação.

Também tem a responsabilidade de subsidiar o desenvolvimento dos profissionais de saúde para que possam estar alinhados com a construção da consciência sanitária coletiva, através do desenvolvimento dos sistemas de acordo com as particularidades de cada área específica.

Quais são os principais Sistemas de Informação em Saúde?

  • Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)

Em 1975, o Ministério da Saúde criou o SIM para que os dados sobre mortalidade no Brasil pudessem ser coletados de forma mais ampla e com maior confiabilidade, para colaborar com o processo de tomada de decisão em várias esferas da saúde pública.

O SIM produz estatísticas de mortalidade e viabiliza a construção de indicadores de saúde, resultando em informações para estudos, análises epidemiológicas e demográficas.

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  • Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC)

Criado em 1990 pelo Ministério da Saúde, o SINASC tem como objetivo gerar informações epidemiológicas sobre os nascimentos no Brasil, subsidiando ações estratégicas voltadas para a saúde da mulher e do bebê.

Os dados e informações resultantes deste sistema permitem que as intervenções sejam feitas a tempo de melhorar efetivamente o atendimento e as ações em cada região.

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  • Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan)

Cabe ao Sinan fornecer informações através das notificações de doenças e suas complicações que constam na lista de doenças de notificação compulsória de cada território.

É através das informações geradas pelo Sinan que se pode identificar a realidade epidemiológica de cada região geográfica, bem como os grupos populacionais de risco.

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  • Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações – SI-PNI

Seu principal objetivo é facilitar a função dos gestores do programa de avaliar continuamente a ocorrência de surtos e epidemias, através do registro de imunizados por vacinas. Também permite saber em tempo real as quantidades de vacinas nos estoques.

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  • Acesso à Informação

Uma das premissas mais importantes dos SIS é o acesso à informação. Tanto pelos responsáveis por governar cada região (município, estado, país), quanto por cidadãos de um modo geral.

Temos um exemplo recente e ativo de controle e coleta de dados fornecidos pelos Sistemas de Informação de Saúde, que são os indicadores do novo Coronavírus no país.

Infelizmente os dados revelam uma situação de caos e tristeza. Temos acesso em tempo real do número de óbitos, de pessoas curadas, hospitalizadas e outras mais.

Também é possível saber o número de imunizados e os índices voltados à campanha de vacinação.

Nosso papel de cidadão

O papel como cidadão, é fortalecer o conceito de saúde coletiva, tornando mais acessíveis os atendimentos assistenciais a toda a população. O futuro é colaborativo!

Apesar de ainda haver um longo caminho a percorrer para alcançar um nível de desenvolvimento maior dos SIS e do SUS, podemos ver também, como se deu sua criação, elaboração e quais são seus princípios e objetivos.

Atualmente o Sistema de Saúde nacional encontra-se à beira do colapso: número de leitos e respiradores insuficientes, pouca estrutura de um modo geral e muitas pessoas precisando de atendimento e assistência.

Precisamos fortalecer em cada um o conceito de saúde coletiva. Todos fazem parte de um sistema!