O que Portugal pretendia nas Índias Orientais?

Na segunda metade do século XVI, o Império português do Oriente entrou em crise, devido à sua desorganização, aos ataques às suas rotas, aos naufrágios e à concorrência das rotas do Levante, dos holandeses e dos ingleses. Em 1580, a crise dinástica provocada pela morte do rei D. Sebastião levou ao trono de Portugal D. Filipe II de Espanha, numa monarquia dual. Assim, a Holanda e a Inglaterra, inimigos de Espanha, disputaram as rotas e territórios coloniais dos dois reinos ibéricos.

Em meados do século XVI, o comércio português na Ásia entrou numa fase de declínio. As causas foram várias: a desorganização e corrupção da administração portuguesa, os ataques muçulmanos, a reanimação das rotas do Levante, as perdas provocadas pelos naufrágios, pelos piratas e pelos corsários, a concorrência dos holandeses e dos ingleses. Nem a abertura da Carreira da Índia a particulares, decidida por D. João III, conseguiria impedir a crise do império português no Oriente.

A crise financeira agravava a situação, devido aos empréstimos a altos juros contraídos pela Coroa, destinados a cobrir as despesas com o comércio da Índia, com a corte e com a manutenção de algumas das praças no Norte de África, mesmo abandonando Safim e Azamor (1541), Alcácer Ceguer (1549) e Arzila (1550).

O enfraquecimento português a Oriente fez reavivar o projeto de conquista e cristianização do Norte de África. Um dos seus partidários era o jovem rei D. Sebastião, que não prosseguiu a política de seu avô D. João III ou da regente Catarina de Áustria, que tinham procurado modernizar os recursos navais e aliar-se a Espanha, para fazer frente à concorrência da França, Holanda e Inglaterra. Poderia estar nos seus planos acabar com a pirataria muçulmana a partir de Marrocos e facilitar o acesso português às rotas do Mediterrâneo.

Assim, a pretexto da deposição do rei de Fez e Marrocos, Mulei Mohamed, pelo seu sobrinho, Mulei Moluco, D. Sebastião desembarcou no Norte de África à frente do seu exército, em 1578, sendo derrotado na batalha Alcácer Quibir.

Com a morte do rei, que não deixava filhos, sucedeu-lhe o seu tio avô, o Cardeal D. Henrique, que reinou por pouco tempo. Em breve voltou a colocar-se o problema da sucessão, sendo os três principais candidatos D. Catarina de Bragança, D. António Prior do Crato e D. Filipe II de Espanha, todos eles netos do rei D. Manuel I.

Enviando as suas tropas, em 1580 Filipe II garantiu a sua vitória sobre D. António, que ao seu dispor tinha apenas um exército desorganizado e o apoio dos populares. Foi D. Filipe que, em 1581, foi aclamado rei de Portugal nas Corte de Tomar, estabelecendo uma monarquia dual – um rei, duas coroas – prometendo que manteria a independência de Portugal quanto aos costumes, leis, liberdades, moeda e como língua oficial o português, condições que inicialmente se cumpriram.

Filipe II, I de Portugal, contara com o apoio de parte da nobreza portuguesa, que pretendia assegurar cargos e negócios no Oriente, e de parte da burguesia, que procurava participar no rico comércio da América.

Com efeito, o império espanhol iniciara o seu siglo de oro na segunda metade do século XVI, fortalecendo a sua economia com as remessas de prata americana e ampliando os territórios de Filipe II, que à Espanha e suas colónias, Países Baixos e Nápoles, acrescentou as possessões portuguesas a partir de 1580, com a união dinástica.

A corte e as artes refletiam o poderio espanhol e Filipe II procurou impor não só a supremacia de Espanha, mas também a do Catolicismo, que os movimentos protestantes ameaçavam.

Outras potências marítimas viriam a disputar-lhe a supremacia, como a Inglaterra, a França e as Províncias Unidas, que se situavam no Norte dos Países Baixos e se autonomizaram da Espanha em 1581. Experiente na construção naval e no comércio marítimo, a Holanda, uma dessas províncias, fundou companhias de comércio, como a Companhia das Índias Orientais, e organizou frotas mercantes com defesa militar para disputar as rotas marítimas às potências ibéricas, então governadas pela dinastia filipina. Deste modo, recusaram o princípio do mare clausum e em seu nome Hugo Grócio defendeu a liberdade de comércio e navegação nos mares, o mare liberum.

Devido à União Ibérica, os holandeses consideravam justificado afastarem os portugueses e substituí-los em S. Jorge da Mina, Cabo da Boa Esperança, Java, Ceilão (Sri Lanka), Malaca, Japão e Nordeste do Brasil, controlando o comércio de escravos, especiarias, sedas, chá, porcelanas e açúcar.

Em Inglaterra, a rainha Isabel I protegeu corsários como Francis Drake, assim como a fundação de companhias de comércio que ajudassem a minar o poderio económico de Filipe II, outrora pretendente ao trono inglês. Reagindo aos ataques britânicos às rotas ibéricas, o rei espanhol planeou invadir a Inglaterra com a chamada Armada Invencível, em 1588, mas a sua derrota trouxe graves perdas aos recursos marítimos espanhóis e portugueses.

A partir de 1600, a Companhia das Índias Orientais inglesa viria a concorrer com holandeses e portugueses pelo comércio das especiarias. A Inglaterra disputou igualmente o comércio de escravos e de açúcar no Atlântico, a partir de pontos estratégicos que ocupou, no Golfo da Guiné e nas Antilhas, e iniciará a colonização da América do Norte.

Qual a ideia de Portugal para alcançar as Índias orientais?

Um dos fatores que mais contribuiu para que Portugal e Espanha descobrissem o caminho para as Índias foi a expansão marítima desenfreada e os interesses mercantilistas dos dois países. Em Portugal, a Escola de Sagres fez com que este objetivo fosse atingido com pioneirismo.

O que os portugueses queriam na Índia?

Com o ouro e o cobre retirados da África os portugueses compravam nas Índias as tintas, principalmente o anil, e toda gama de especiarias orientais: canela, pimentas, gengibre, etc.

Qual o principal objetivo de Portugal no comércio com as Índias orientais?

Isso porque os portugueses desejavam encontrar, por meio da costa africana, uma rota que os permitisse alcançar as Índias. Esse desejo foi reforçado em 1453, quando Constantinopla foi conquistada pelos otomanos e o acesso às especiarias ficou limitado.

Quais eram os interesses de Portugal e Espanha nas Índias Orientais?

Portugal e Espanha desejavam muito ter acesso direto às fontes orientais, para poderem também lucrar com este interessante comércio. Um outro fator importante, que estimulou as navegações nesta época, era a necessidade dos europeus de conquistarem novas terras.