Noripurum e sulfato ferroso é a mesma coisa

O ferro é um elemento-traço essencial para o crescimento e a saúde do ser humano que está envolvido em numerosos processos biológicos vitais, incluindo o transporte de oxigênio no corpo, a biossíntese de DNA e o metabolismo energético. A regulação dos níveis de ferro no corpo é feita principalmente pela sua absorção por meio do  intestino, mais especificamente, do duodeno.
 

Entre as deficiências nutricionais, a de ferro é uma das mais comuns em todo o mundo. É mais prevalente quando as exigências de ferro são aumentadas durante a gravidez e durante os estirões de crescimento da infância e da adolescência, no entanto é também comum ser encontrada em outros grupos. A última etapa do processo de depleção de ferro é caracterizada por uma diminuição da concentração de hemoglobina, resultando em anemia ferropriva.
 

A deficiência de ferro, mesmo antes de ser clinicamente identificada como anemia, compromete a resposta imune, a capacidade física para o trabalho e as funções intelectuais, entre as quais, o nível de atenção. Sendo essa deficiência um problema nutricional prevalente, a suplementação da dieta para preveni-la e tratá-la tem sido  bastante investigada. Com isso, verificou-se que diferentes fontes de ferro variam em sua biodisponibilidade, ou seja, em sua capacidade de absorção e utilização pelo organismo.
 

De uma forma  geral,  os fatores que interferem na biodisponibilidade de ferro são: tipo e quantidade de ferro presentes nos alimentos, presença de inibidores (como fitatos e oxalatos) e promotores da absorção de ferro na dieta e o estado do ferro do indivíduo (aqueles com deficiência tendem a ter aumentada a taxa de absorção).
 

O sulfato ferroso é o composto de ferro mais utilizado em programas de suplementação devido à sua eficiência e ao baixo custo. Mas o ferro quelato foi proposto como uma alternativa ao sulfato ferroso em virtude das vantagens que apresenta em relação ao primeiro.
 

No caso do ferro glicinato, tem-se, em sua composição química, uma molécula de ferro acoplada a duas moléculas de glicina, que é um aminoácido. Essa configuração de ferro quelado a aminoácidos protege o metal contra reações químicas e inibidores dietéticos (fitatos, oxalatos) que podem interferir na sua absorção, reduz a ação irritativa na mucosa gástrica e aumenta a biodisponibilidade do ferro. Como o ferro quelato não sofre ação inibitória dos componentes da dieta ou do pH gástrico para sua absorção, pode ser administrado tanto em jejum quanto junto a  alimentos. Além disso apresenta menos efeitos colaterais, como náuseas e vômitos, sensação de plenitude gástrica, constipação ou diarreia.
 

Zhuo e colaboradores estudaram as características de absorção cinética de ferro glicinato em ratos Sprague-Dawley para atestar a melhor qualidade do ferro quelato em comparação ao sulfato ferroso.
 

A concentração de ferro no soro foi analisada depois dos animais receberem 1 mL de solução salina normal (grupo controle), de sulfato ferroso ou de ferro glicinato.
 

As curvas de absorção das duas fontes de ferro foram semelhantes, mas observaram-se maiores níveis de ferro plasmático em cada ponto do tempo (15, 30, 45, 60, 75, 90, 120, 240 e 360 minutos), principalmente até os 100 primeiros minutos, para o grupo que recebeu ferro glicinato quando comparado ao grupo que recebeu sulfato ferroso.
 

Nesse estudo, também foram analisados os seguintes parâmetros: a área sob a curva concentração/tempo no plasma (AUC, area under curve) e o tempo médio de residência no plasma (MRT, mean residence time). A AUC é utilizada para avaliar a absorção total de drogas no corpo e o MRT reflete a utilização de drogas no corpo.
 

O grupo ferro glicinato apresentou maior valor médio de AUC e menor de MRT, indicando que o ferro glicinato foi melhor absorvido e mais rapidamente utilizado que o sulfato ferroso.
 

Os resultados dessa pesquisa indicaram a melhor biodisponibilidade do ferro glicinato em comparação ao sulfato ferroso no grupo experimental testado.
 

Referências Bibliográficas:

ZHUO, Z. et al. Kinetics absorption characteristics of ferrous glycinate in Sprague-Dawley rats and its impact on the relevant transport protein. Biological Trace Element Research, v. 158, n. 2, p. 197-202, 2014.

O ferro é um mineral essencial na manutenção de muitas funções do organismo, incluindo a produção de hemoglobina, a molécula que transporta oxigênio no sangue. A deficiência de ferro no organismo pode resultar em anemia ferropriva, o distúrbio nutricional mais comum e disseminado no mundo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

Entre as opções atuais de tratamento da anemia ferropriva, a suplementação com sulfato ferroso é uma das práticas clínicas mais comuns. Entretanto, esse composto tem a desvantagem de causar uma alta incidência de efeitos adversos gastrointestinais, como desconforto abdominal, vômito e diarreia ou constipação, o que pode fazer com que o paciente abandone o tratamento antes da correção da anemia.

 

O ferro bisglicinato quelato é um composto de ferro que apresenta maior tolerabilidade e causa menor incidência de efeitos adversos em comparação aos sais de ferro, como o sulfato ferroso. Ele é composto por duas moléculas do aminoácido glicina ligadas ao íon ferroso (Fe2+) por meio de ligações covalentes.

 

Diversos estudos demonstraram uma maior eficácia e absorção do ferro bisglicinato quelato em comparação com o sulfato ferroso, como descrito adiante.

 

Maior eficácia do ferro bisglicinato quelato

Um estudo comparou a eficácia do sulfato ferroso com o ferro bisglicinato quelato no tratamento da anemia ferropriva em 136 crianças. Após 12 semanas de tratamento, o aumento médio da hemoglobina no sangue foi de 1,8 g/dL no grupo sulfato ferroso, em comparação com 2,5 g/dL no grupo ferro quelato, demonstrando a superioridade do ferro quelato na melhora dos níveis de hemoglobina.

 

Estudos indicam ainda uma outra grande vantagem do ferro bisglicinato quelato: este composto pode ser administrado em dose mais baixa do que o sulfato ferroso e ainda assim apresentar eficácia igual ou até mesmo superior a este último.

 

Um estudo com 80 gestantes dinamarquesas comparou o ferro bisglicinato quelato (25 mg por dia) com o sulfato ferroso (50 mg por dia) na prevenção de deficiência de ferro. Como resultado, o ferro bisglicinato quelato, mesmo na metade da dose, foi tão eficaz quanto o sulfato ferroso em prevenir a anemia nas gestantes, além de ter resultado em frequência significativamente menor de queixas gastrointestinais.

 

Outro estudo avaliou a eficácia do ferro bisglicinato quelato (dose de 0,75 mg/kg por dia) e sulfato ferroso (3 mg/kg por dia) na prevenção e tratamento da anemia em 300 bebês prematuros. Os autores concluíram que, devido à maior biodisponibilidade do ferro quelato, a sua administração em dose 4 vezes menor resultou em uma eficácia equivalente ao sulfato ferroso.

 

Maior absorção do ferro bisglicinato quelato

Um estudo indicou que o ferro bisglicinato quelato era consistentemente 5,3 vezes mais absorvido no intestino do que o sulfato ferroso. Os resultados indicaram que o ferro quelato entra nas células da mucosa intestinal ligado às moléculas de glicina, o que reforça a importância da estrutura do composto na sua absorção.

 

Um estudo com células epiteliais do intestino incubadas com várias concentrações de sulfato ferroso e ferro bisglicinato quelato por diferentes períodos verificou que somente o ferro quelato aumentou os níveis de transportadores relacionados à absorção de ferro, como o transportador de metal divalente (DMT1), o que foi associado à absorção mais efetiva deste composto.

 

Maior aumento dos estoques de ferro pelo ferro bisglicinato quelato

A ferritina é uma proteína com função de armazenar o ferro, constituindo uma reserva rapidamente mobilizável quando o organismo necessita deste mineral. A dosagem de ferritina no sangue reflete diretamente o nível de ferro estocado no organismo, sendo, juntamente com a dosagem de hemoglobina, os parâmetros mais importantes para o diagnóstico da anemia ferropriva.

 

Estudos indicam que o ferro bisglicinato quelato é mais eficaz do que o sulfato ferroso em promover um aumento sustentado dos níveis de ferritina.

 

Em um desses estudos, 40 crianças anêmicas de 6 meses a 3 anos de idade receberam diariamente ácido fólico e ferro (dose de 5 mg por kg de peso corporal) como ferro bisglicinato quelato ou sulfato ferroso. Após 28 dias, apesar das concentrações de hemoglobina terem aumentado nos dois grupos, apenas o grupo suplementado com ferro quelato apresentou níveis aumentados de ferritina.

 

Em outro estudo com 200 crianças entre 5 e 13 anos de idade, foi visto que a suplementação de ferro bisglicinato quelato resultou em um aumento mais sustentado da ferritina em comparação ao sulfato ferroso. Apesar de ambas as fontes de ferro terem resultado em um aumento na ferritina após 90 dias de suplementação, esse aumento foi significativamente maior nas crianças suplementadas com ferro quelato após 6 meses.

 

Conclusão
De maneira geral, diversos estudos indicaram que a suplementação com ferro bisglicinato quelato é superior ao sulfato ferroso na correção da anemia e aumento das reservas de ferro do organismo, além de causar menor incidência de efeitos colaterais que poderiam reduzir a adesão do paciente ao tratamento.

 

Portanto, esses estudos ressaltam a importância de escolher fontes comprovadamente biodisponíveis e seguras de ferro no tratamento da anemia, como o ferro bisglicinato quelato Albion (Ferrochel®).

 

Produzido por: Andrea Rodrigues Vasconcelos, PhD.
 

 

Referências
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Qual a diferença entre o Noripurum e o sulfato ferroso?

Ambos são altamente eficazes na reposição do ferro. O Noripurum costuma ter menos efeitos colaterais, é absorvido mais lentamente porém é mais caro.

Pode tomar sulfato ferroso e noripurum?

Assim como todos os preparados à base de ferro para uso parenteral, Noripurum® Endovenoso não deve ser administrado concomitantemente aos compostos orais de ferro, uma vez que a absorção oral do ferro é reduzida. Portanto deve-se iniciar o tratamento oral no mínimo 5 dias após a última injeção.

Qual o remédio que pode substituir o noripurum?

Sucrofer é uma das marcas similar ao Noripurum, que é a medicação de referência. O nome genérico de ambos é Sacarato de Hidroxido de Ferro III.

Qual o medicamento que substitui o sulfato ferroso?

Mas o ferro quelato foi proposto como uma alternativa ao sulfato ferroso em virtude das vantagens que apresenta em relação ao primeiro. No caso do ferro glicinato, tem-se, em sua composição química, uma molécula de ferro acoplada a duas moléculas de glicina, que é um aminoácido.