Como o bebê sente a presença do pai?

Se o seu marido entra em pânico só de pensar na sala de parto, fique calma. A psicóloga Isis Pupo defende que estar na sala de parto é opcional: “Deve-se respeitar os próprios limites. O ideal é assistir ao parto se for para passar tranquilidade e apoio à mãe e ao bebê. Caso contrário, é melhor esperar que o recém-nascido chegue ao berçário”.

Preciso pagar alguma taxa para que o pai do meu filho participe do parto?
Não. A lei garante: tanto no sistema público como no privado, a gestante tem direito a um acompanhante de livre escolha durante o trabalho de parto, o parto e o pós-parto, sem pagar nenhuma taxa extra.
Algumas mães afastam o pai da criança nos primeiros meses por achar que só elas dominam o jeito certo de fazer as coisas. Como resolver essa situação para a mãe se sentir segura e o pai não se sentir excluído?
“Desde o momento que o bebê nasce, o ideal é que o pai participe dos cuidados com a criança: ele deve assistir ao banho demonstrativo, que é realizado em diversos hospitais, conversar com os pediatras e enfermeiras, não ter vergonha de perguntar e arriscar, afinal nenhum filho vem com manual de instruções. A aprendizagem só vem com a prática, e as mães também passam por isso. Se, mesmo com todo esse esforço, ainda houver desconfiança, vale ter uma boa conversa e expor os sentimentos para a parceira”, incentiva a psicóloga Isis Pupo. Para o psicanalista Francisco Daudt, a divisão de tarefas e responsabilidades é importante porque “retira da mulher a monumentalidade massacrante que transforma uma jovem moleca brincalhona num ser enorme chamado mãe”. Já a psicóloga Cristiane Gai sugere: “O pós-parto é um período muito complicado para o homem. A solução é tentar participar ao máximo, seja cantando uma cantiga de ninar, seja ajudando na troca de fraldas e no banho. E, além disso, ter em mente que essa fase vai passar”.

O que o pai pode fazer para ajudar no pós-parto?
“O que ele aprendeu antes (ou o que deveria ter aprendido): dar banho no bebê, alternar quem atende a criança nas acordadas noturnas, trocar fraldas, ajudar a mãe a preparar o peito para a amamentação e, sobretudo, continuar a ser marido e companheiro de sua mulher”, enfatiza o psicanalista Fernando Daudt.

Se o casal estiver separado, como o pai pode participar do dia a dia do bebê?
“No pós-parto e por toda a vida, o pai deve participar o máximo possível da rotina de seu filho. Isso vale também para os pais separados. É interessante conversar com aquele que fica mais tempo com o bebê e perguntar sobre seus gostos e suas preferências. Fazer parte da vida de um filho é fazer parte de seu mundo, é conhecê-lo. Desde o útero, a criança já escuta e discrimina a voz dos pais devido à diferença de tonalidade. Portanto, o vínculo do bebê com a figura paterna se inicia ainda no útero”, finaliza a psicóloga Isis Pupo.

Autora: Manuela Macagnan
Fonte: Bebe.com.br

O tacto é dos primeiros sentidos a desenvolver-se no feto. Sabia que os gémeos até costumam encostar as bochechas para brincar? Acompanhe-nos numa viagem à vida no útero e aos primeiros dias cá fora.

Por Sara Capelo

 

O neonatalogista Fernando Chaves, do Hospital Lusíadas Lisboa, tem observado como os recém-nascidos gostam de ser tocados pelos pais mas não por estranhos. E a este facto não é alheio que o desenvolvimento das papilas gustativas se inicie às 8 semanas de gestação e que, entre as 13 e as 15, estas sejam já semelhantes às de um adulto.

E que o olfato se desenvolva pela mesma altura, pelo que o feto reconhece o cheiro da mãe. Ou que o bebé já tenha o sistema auditivo pronto às 20 semanas (apesar de só responder a sons altos cerca de 21 dias depois) e, portanto, identifique a voz do pai. É que, quando os bebés nascem, “os órgãos já estão quase totalmente amadurecidos”, sublinha o especialista do Hospital Lusíadas Lisboa.

E tudo começou apenas 280 dias antes, quando uma célula de 0,1 mm, o óvulo, foi fecundada por outra centenas de vezes inferior, o espermatozoide. Apesar de todos os avanços que vão proporcionando um conhecimento cada vez mais sólido, para a obstetra Paula Ramôa, do Hospital Lusíadas Porto, o início da vida humana compõe-se ainda de mistério.

“Tem sido muito difícil avaliar o desenvolvimento sensorial do feto, o que o bebé sente e vê, como perceciona o desenvolvimento intrauterino e o ambiente que o rodeia. Não temos mecanismos para o avaliar diretamente”, diz à revista Lusíadas.

Mas as técnicas que existem e os incontáveis estudos são um contributo para compreender a evolução que ocorre desde aquele minúsculo óvulo de 0,1 mm até ao recém-nascido com mais de 40 cm de comprimento – e é incrível. Às três semanas de gestação, raras são as futuras mães que já sabem estar grávidas – contudo, o feto que cresce dentro delas já começou a adquirir o sentido do tacto.

E às 12 semanas, já sente e responde ao toque em todo o organismo, com exceção do topo da cabeça, com menor sensibilidade até ao nascimento. Os gémeos que crescem em bolsas diferentes, por exemplo, começam a usar o tacto para brincarem um com o outro durante o quinto mês de gestação: através da fina e flexível membrana do saco amniótico, encostam as bochechas. E os que dividem a bolsa não têm essa barreira e agarram nos pés e mãos um do outro. Outros órgãos dos sentidos começam a estar formados pelas 24 semanas.

É quando o feto começa a sentir o cheiro e o gosto do líquido amniótico. Às 28 semanas, revela o documentário A Vida no Ventre, da National Geographic, o feto coloca a língua de fora e engole o líquido amniótico porque está a treinar o paladar e o olfato.

Contudo, aqui reside mais um enigma para a obstetra do Hospital Lusíadas Porto: “O que ele sente em termos de paladar do líquido amniótico já é mais difícil de saber.” Mas podemos apontar alguns sinais de que o doce não lhe é desconhecido: quando a sacarina é injetada no líquido amniótico no terceiro trimestre, o bebé suga mais rápido.

As primeiras papilas gustativas a estarem educadas, que já estão desenvolvidas à nascença, são as que sentem o doce: um prematuro de 33 semanas também suga mais intensamente quando os mamilos da mãe estão doces. É mais ou menos pelas 25 semanas, quando os olhos já estão formados, que o feto começa a ser sensível à luz. Mas “o apuramento do sentido” continua, diz Paula Ramôa.

Às 31 semanas, por exemplo, os pais podem fazer jogos simples com uma luz: basta apontá-la para a barriga da mãe. “Os recém-nascidos ficam incomodados com uma luz muito forte e quando se aproxima o fim da gravidez reagem da mesma maneira: defendem-se, movendo-se dentro da barriga, viram-se ao contrário, tapam-se com as mãozinhas.” Na fase final da gravidez, de acordo com as medições da atividade cerebral reveladas em 2010 no documentário da National Geographic, o feto sonha e tem pesadelos: os movimentos dos olhos, feitos com as pálpebras fechadas, são semelhantes aos de todos os humanos fora do útero.

“Mas a preocupação mais recorrente dos pais, refere Paula Ramôa, é se o feto ouve quando falam com ele ou quando põem música perto da barriga. Sim, ouve: o sistema auditivo está completamente intacto à vigésima semana, mas só quase um mês depois é que os nervos que conduzem o som estão totalmente funcionais.

“Começa a conseguir reconhecer sons que vêm de fora, os batimentos cardíacos da mãe, a voz dela”, diz a obstetra. O feto já se move ao ritmo desta voz, com a qual se vai familiarizando. E assusta-se, por exemplo, se a mãe der um grito. “Isso vê-se durante a ecografia. E se ligarmos o doppler dos ruídos cardíacos fetais, o bebé mexe-se imediatamente porque tem um reflexo ao ouvir o seu próprio ritmo cardíaco”, prossegue Paula Ramôa.

E também reage à voz do pai que, por ser mais grave, até é mais facilmente recebida no interior do útero: “A parede abdominal funciona como um filtro e os sons mais graves passam com mais facilidade”, diz a especialista.

Stresse no útero, consequências cá fora

Talvez mais importante seja a influência que o bem-estar da mãe tem para o feto, aponta Paula Ramôa. A especialista identifica seis hormonas que influenciam toda a vida intra e extrauterina do ser humano para o bem (as chamadas hormonas do bem-estar) e para o mal (as do stresse): as pessoas saudáveis apresentam níveis mais elevados de serotonina (que regula o humor, promove um sono tranquilo, inibe a ira e regula o apetite), de oxitocina (libertada pela glândula hipófise quando se estabelece uma relação importante entre pessoas) e de neurotrofina (a hormona antidepressão).

Por outro lado, existem “hormonas libertadas pela mãe em situações de stresse (o cortisol, a adrenalina e a noradrenalina) e o bebé tem a perceção disso porque passam para a placenta”, refere. Um exemplo: quando liberta cortisol, a mãe sente cólicas abdominais, o ritmo dos seus batimentos cardíacos altera-se e pode ficar exausta em situações mais prolongadas.

Ora, sublinha a obstetra,  “este stresse vai passar para o feto. E o cortisol, ao alterar o metabolismo de forma tão intensa, vai induzir-lhe algumas doenças ou alterações metabólicas, nomeadamente na glândula suprarrenal; será um bebé com mais tendência para engordar, ser diabético”, enumera. Ou seja, a memória da vivência pré-natal persiste no organismo e terá consequências diversas muitos anos depois.

“Há estudos feitos por psiquiatras que demonstram que há uma correlação entre a qualidade de vida dos pais, a ligação afetiva entre os cônjuges, o ambiente em família e a vida extrauterina: a adaptação da criança à escola, o comportamento em casa, a agressividade. Tudo se relaciona de um modo quase direto com a forma como a gravidez é vivida”, conclui.

O mito da visão turva do bebé

Não existe, portanto, um antes do parto e um pós-parto, como se ao cortar o cordão umbilical a tesoura cortasse todas as experiências vividas nas cerca de 40 semanas anteriores.

“O nascimento não é um ato isolado, é uma continuação. O bebé tem uma vida intrauterina e o parto não é um ato isolado, trata-se de um período de transição entre a vida intra e extrauterina, que se inicia uns dias antes e termina uns dias depois do nascimento”, explica Fernando Chaves.

O recém-nascido chega a um ambiente diferente, ao qual se adapta de forma progressiva também graças aos órgãos dos sentidos. O que se passa é que nem todos os órgãos estão igualmente maduros, explica: “Os bebés não vêm de uma linha de montagem como os automóveis, completamente prontos.”

O tacto é dos primeiros sentidos que o recém-nascido coloca em alerta. “Adoram ser tocados pelos pais mas não pelos enfermeiros, médicos ou familiares. Por outro lado, tanto a intensidade como a segurança no ato de pegar também transmitem calma ou ansiedade ao recém-nascido”, diz o neonatologista.

O contacto da pele com pele logo nas primeiras horas de vida é hoje uma prática quase universalmente obrigatória por ser benéfica para a mãe (que inicia o processo de estreitamento de laços e acelera a produção de oxitocina que estimula a produção de leite materno) e para o bebé, que logo a identifica.

“Não é só o tacto, mas também a visão e o olfato, que vem perfeitamente definido. O bebé sente o cheiro da mãe”, que reconhece do útero, “o colostro, os líquidos que envolvem o parto”, enumera. Quanto à capacidade de visão de um recém-nascido, não é verdade, sublinha Fernando Chaves, que este veja turvo, ou a preto e branco, ou a uma distância muito curta de 8 a 10 cm. "Os olhos são um dos órgãos que já vêm quase totalmente amadurecidos.

O recém-nascido tem uma visão nítida e policromática até 40-50 cm, apresentando uma ligeira limitação na visão periférica (campimetria até 170.º).” Os sons podem ser mais perturbadores nas primeiras horas de vida. Caso não se verifique uma surdez congénita, o aparelho auditivo vem pronto a ser usado mas não tem memória. É como a memória de um computador acabado de estrear: está ainda vazia.

“O sistema nervoso central recebe inputs. À medida que está cá fora, o bebé vai tendo contacto, familiarizando-se e aumentando a sua base de dados de sons.” Alguns são-lhe mais familiares porque se assemelham aos que lhe chegavam no útero (como os batimentos cardíacos através da aorta): é por isso comum os pais recorrerem aos chamados sons brancos, como um secador de cabelo, para acalmar e adormecer os filhos nos primeiros dias de vida.

“Já tive histórias de bebés que acalmavam com o som da máquina de lavar roupa”, conta. David Chamberlain, autor de The Mind of Your Newborn Baby (A mente do seu recém-nascido, numa tradução livre), estudou como a memória se começa a formar logo a partir de experiências em bebés prematuros logo após o nascimento.

Por exemplo, um desses bebés, já em rapaz, tinha medo de fita adesiva. O psicólogo reconstituiu a sua vida até às primeiras horas e encontrou uma explicação: quando estava ainda na incubadora, a enfermeira arrancou-lhe um pouco de pele com a fita adesiva que o ligava a um dos monitores. Esse desconforto ficou.  

O que o bebê sente pelo pai?

“O bebê sente a presença do pai através destes momentos do dia a dia: do toque de sua mão na barriga da mãe; do amor que é passado neste momento; da voz pronunciada bem próximo do ventre e acima de tudo da presença emocional do pai, através dos sentimentos positivos que a mãe transmite ao bebê provindos do contato com ...

Como saber se o bebê sente falta do pai?

“Logo, o bebê apresenta reações similares a do medo. Ele pode também apresentar comportamento inibido, choro, tremor, busca de um aconchego em um lugar ou alguma pessoa, dentre outros comportamentos”, ilustra a psicóloga.

Como o bebê sabe quem é o pai?

O bebê bem estimulado conhece a voz do pai e reconhece essa voz ao nascimento, associando-a ao rosto, o cheiro, o tato. Este vínculo estabelecido durante a gestação é fundamental para o elo psicoafetivo que será amadurecido durante o desenvolvimento.

Quando o bebê começa a reconhecer o pai?

Aos 2 meses a criança também já reconhece outras pessoas além da mãe. Então, é nessa idade que o pai é reconhecido pelo seu filho ou sua filha.