São características do Governo Provisório de Vargas?

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A instauração da segunda fase do período republicano ocorreu com a ascensão do Governo Provisório de Getúlio Vargas, em 3 de novembro de 1930. A Aliança Liberal, que promoveu a candidatura de Getúlio Vargas, foi composta por forças políticas bastante diversas. De antigos próceres oligárquicos (como o presidente do Estado de Minas Gerais Antônio Carlos e o ex-presidente da República Artur Bernardes), a uma geração de jovens políticos (como Oswaldo Aranha e Francisco Campos), e militares do movimento tenentista (como Juarez Távora e Góis Monteiro). A diversidade de forças políticas poderia gerar a dissolução da Aliança, antes mesmo de concluir a tomada do poder. A liderança de Getúlio Vargas foi importante, pois se tornou exímio mediador das distintas forças políticas agregadas na Aliança Liberal, possibilitando a instituição do novo governo.

O Governo Provisório perdurou até 1934 e se constituiu como um período de transição política em que funções do poder Legislativo foram absorvidas pelo poder Executivo, e houve a redução das competências atribuídas aos Estados. As medidas excepcionais promovidas nesse período pretendiam ser estendidas para pôr fim ao regime oligárquico e ao federalismo associados à Primeira República. Apesar das Forças Armadas atravessarem um período de instabilidade com o risco de ruptura com a hierarquia por conta das revoltas de base no Exército, a instituição era favorável à continuidade do governo de Getúlio Vargas.

O Clube 3 de Outubro, órgão representante do tenentismo, também era partidário da perpetuação das forças que compuseram o Governo Provisório, defendendo a seguinte pauta: a instalação de uma indústria básica (com especial foco na siderurgia); nacionalização de minas, energia, transporte e comunicação; centralização do poder e unificação dos Estados. O Governo Provisório concretizou o fortalecimento do Estado, a criação de organismos centralizadores da economia cambial para a resolução da crise do café, e a aliança entre Estado e Igreja Católica.

Economicamente, o Governo Provisório promoveu a contenção do declínio do comércio do café por meio do Conselho Nacional do Café (1931), renomeado em 1933 de Departamento Nacional do Café. O governo conseguiu deter a queda dos preços do produto comprando sacas de café e realizando a queima delas, porém não perpetuou a preponderância do setor cafeicultor no Brasil. O financiamento externo à produção cafeeira terminou na década de 1930, e esse investimento passou a ser realizado com capitais estatais internos.

As políticas do governo varguista de regulação das taxas cambiais e do controle da instalação de fábricas concorrentes propiciaram o crescimento da produção industrial entre os anos 1933-1936, com crescimento em 14,1%, o maior desde 1917. A proteção estatal à produção cafeeira continuou em voga, sendo efetuada pela proteção alfandegária na década de 1930, contudo, o predomínio econômico da exportação do café para a exportação tornou-se inócuo após a crise de 1929. A industrialização para substituição de importações passou a ser a tônica da economia nacional.

As reestruturações econômicas e políticas no país acompanharam as mudanças sociais. Dentre essas últimas esteve a otimização do trabalho e o discurso da valorização do trabalhador. Cabe ressaltar que a criação, em 26 de novembro de 1930, do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio foi um dos primeiros empreendimentos da era Vargas, designado de “Ministério da Revolução”, teve influência preponderantemente política e até 1932 foi presidido por Lindolfo Collor. A implementação de leis trabalhistas em curso nas décadas de 1920 e 1930 sofria a influência da Revolução Russa de 1917, pois o temor das elites de que o processo revolucionário russo influenciasse os trabalhadores brasileiros compeliu à regulamentação dos direitos trabalhistas. As Greves Gerais iniciadas no Brasil no ano de 1917 também foram fundamentais para a conquista desses direitos.

A criação e oficialização de sindicatos consistiram na principal forma de atuação desse Ministério. A concessão de benefícios restritos aos sindicatos oficiais e a imposição de representatividade de sindicato único, contiveram a influência dos grupos de esquerda nas lutas dos trabalhadores. Os impedimentos da atuação de grupos de esquerda e a centralização estatal dos sindicatos permitiram a Vargas sua ascensão política em torno da criação do discurso do trabalhismo, e posteriormente, o êxito do golpe do Estado Novo (1937).

Apelos em comícios e na imprensa, no ano de 1932, em São Paulo exigiam a constitucionalização e, transitoriamente, a nomeação de um interventor paulista e civil. Em fevereiro desse mesmo ano, foram avalizados pelo governo federal a nomeação de um interventor paulista e um Código Eleitoral válido para todo o país, instituindo o sufrágio feminino e o voto secreto. Vargas aliava-se às oligarquias locais, para coibir embates resultantes de uma possível disputa entre elas. Em São Paulo, essa tática não foi bem sucedida, os setores oposicionistas ampliavam-se e os interventores eram constantemente substituídos. As reformas do decreto federal não apaziguaram os ânimos paulistas e, em nove de julho de 1932, iniciou-se a guerra civil. O Partido Democrático e o Partido Republicano Paulista aliaram-se na Frente Única Paulista.

Apesar de derrotada, a insurreição paulista influenciou a convocação da Assembleia Nacional Constituinte, em 1933. A Constituinte foi concluída em 1934, e teve a inovação da inclusão transitória da representação classista de empregados, empregadores, profissionais liberais e funcionários públicos, no Congresso Nacional. Getúlio Vargas foi eleito pela Constituinte por meio do voto indireto, em 17 de julho de 1934, dando início ao Governo Constitucional (1934-1937).

Referências:

FAUSTO, Boris (org.). O Brasil Republicano: economia e cultura (1930-1964). tomo 3, vol.4. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, 1995. (Col. História da Civilização Brasileira).

MATTOS, Marcelo Badaró. Trabalhadores e sindicatos no Brasil. 2a. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2009. p. 11-44.

MENDONÇA, Sônia Regina. Estado e economia no Brasil: opções de desenvolvimento. Rio de Janeiro: Graal, 1985.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/governo-provisorio-de-getulio-vargas/

Quais são as principais características do Governo Provisório de Vargas?

Na fase provisória, Vargas tomou as primeiras medidas centralizadoras, enfraquecendo o Legislativo e fortalecendo o Executivo. No âmbito regional, apoiou seu poder nos interventores que nomeava. Também ampliou o aparato da burocracia, criando instituições como o Ministério do Trabalho.

O que caracteriza um Governo Provisório?

É o governo temporário, organizado após uma crise política, uma revolução ou qualquer outra emergência, até que um governo que se quer duradouro seja organizado.

Quais os principais pontos do Governo Provisório?

Governo Provisório.
criação da Justiça Eleitoral;.
adotação do voto secreto;.
imposição da obrigatoriedade do voto;.
concessão do direito de voto e do direito de se candidatar às mulheres maiores de 21 anos..

O que foi o Governo Provisório de Vargas?

Vargas aboliu a Constituição de 1891, dissolveu os poderes legislativos, além de destituir os presidentes dos estados (os hoje atuais governadores de estado) e nomear interventores para ocupar esses postos. O objetivo era consolidar as alianças da Revolução de 1930, principalmente o exército.