Que que relação esse trecho estabelece com a chegada da chuva em Moçambique?

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Que que relação esse trecho estabelece com a chegada da chuva em Moçambique?

Português, 15.08.2019 00:50

Eu preciso criar uma história crônica sobre o preconceito no futebol de 20 a 30 linhas contando uma história real ou criada​

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Que que relação esse trecho estabelece com a chegada da chuva em Moçambique?

Português, 15.08.2019 00:15

Preciso dissertar sobre reforma trabalhista contra em 3° pessoa, me ajudem.

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Que que relação esse trecho estabelece com a chegada da chuva em Moçambique?

Português, 15.08.2019 04:50

1. leia esta frase. "como você pode pensar isso de mim" a)qual é o principal verbo dessa locução? b) ele tem um objeto direto? qual? c)ele tem um objeto indireto? qual? e) no caderno, escreva frases em que o mesmo verbo apareça como: i. intransitivo ii. transitivo direto iii. transitivo indireto

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Que que relação esse trecho estabelece com a chegada da chuva em Moçambique?

Português, 15.08.2019 04:40

Segundo o relatório em estudo a) qual é o objetivo do relatório? b) quais eram os objetivos do evento relatado? c) quais foram as ações realizadas? d) quais foram os resultados obtidos? e a possível ação futura?

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Você sabe a resposta certa?

Stre
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Perguntas

Que que relação esse trecho estabelece com a chegada da chuva em Moçambique?

Que que relação esse trecho estabelece com a chegada da chuva em Moçambique?

Matemática, 10.09.2020 23:14

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Sociologia, 10.09.2020 23:14

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Português, 10.09.2020 23:14

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Matemática, 10.09.2020 23:14

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História, 10.09.2020 23:14

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Sociologia, 10.09.2020 23:14

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Filosofia, 10.09.2020 23:14

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Geografia, 10.09.2020 23:14

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Matemática, 10.09.2020 23:14

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Matemática, 10.09.2020 23:14

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Geografia, 10.09.2020 23:14

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Matemática, 10.09.2020 23:14

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Filosofia, 10.09.2020 23:14

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Português, 10.09.2020 23:14

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Química, 10.09.2020 23:14

Que que relação esse trecho estabelece com a chegada da chuva em Moçambique?

Matemática, 10.09.2020 23:14

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comprovação da presença do invisível 
(subjetivo, interior) no visível (objetivo, aparência). Uma pranteadora que se dedicava 
integralmente a sanar as dores alheias, esquecida das suas, cuja voz era inaudível na 
obediência ao marido: assim se mostrava Diamantinha. Um homem de aparência 
117 
 
temerária, atarantado e motivo de zombarias por travestir-se em mulher: esse era 
Florival. Duas aparências que continham em si, à semelhança de um cristal, o embrião 
dos verdadeiros sentimentos, dos sentidos interiores, que traduziriam por amor: esse 
era o seu tempo, interior e/ou subjetivo, que começava agora, no serem “ambos e 
ambas”. 
Ao término da estória, sabemos que um casal “de avessas aparências” é visto 
pela estrada enquanto “tombava uma chuvinha leve, simulando fluir da terra para o 
céu. E Diamantinha, braços abertos, ajuntava novas gotas em seu peito choradeiro” 
(COUTO, 2003b:36). Eles são, no agora, o que nunca foram, no antes, complementos 
de alma, humanos sem diferenças ou contraposições, personagens da “realidade 
humana”. Particularmente, Diamantinha preencheu o sentido do nome num processo 
evolutivo, tal qual a lágrima o fez na passagem simbólica do estágio de desumanidade 
até o de clareza, iluminação e perfeição. 
 
 
 
3.3 A CHUVA E O TEMPO CRONOLÓGICO 
 
 
Tenho inveja da chuva: tomba e logo muda de nome. Termina 
a chuvinha e começa a água, acaba o corpo e começa a 
substância.
85
 
 
 
3.3.1 “Chuva: a abensonhada” 
 
 
 A estória da “chuva abensonhada” traz à tona a relação entre elementos 
básicos na formação identitária de Moçambique. A terra e a água, o homem e a 
divindade surgem na voz de um narrador autodiegético, um homem de realidades 
concretas e sabedorias atualizadas, e da personagem Tristereza, uma velha senhora 
que conhece as verdades divinas e os conteúdos da tradição. O discurso de ambos se 
efetiva na diferença de seus conhecimentos e os aproxima na possibilidade de 
construir um futuro coletivo da nação. 
 O narrador inicia dizendo: “Estou sentado junto da janela olhando a chuva que 
cai há três dias. Que saudade me fazia o molhado tintintinar do chuvisco. A terra 
 
85
 Trecho do conto “Na berma de nenhuma estrada”, In: COUTO, Mia. Na berma de nenhuma 
estrada e outros ensaios. 3. ed. Lisboa: Caminho, 2003, p. 118. 
118 
 
perfumegante semelha a mulher em véspera de carícia” (COUTO, 2003a:59). O tempo 
é presente e surge com esse homem que contempla a natureza que o cerca, enquanto 
reflete sobre a sucessão entre um longo período de seca e o de intensas chuvas que 
presencia: 
 
Há quantos anos não chovia assim? De tanto durar, a seca foi 
emudecendo a nossa miséria. O céu olhava o sucessivo falecimento da 
terra, e em espelho, se via morrer. A gente se indaguava: será que 
ainda podemos recomeçar, será que a alegria ainda tem cabimento? 
Agora, a chuva cai, cantarosa, abençoada. O chão, esse indigente 
indígena, vai ganhando variedades de belezas. (COUTO, 2003a:59) 
 
 A janela é o ponto de vista do narrador, enquanto expectador dos 
acontecimentos decorrentes de fatores incontroláveis pelo homem os quais, no 
decorrer da estória, estarão em constante diálogo com as vontades divinas. De acordo 
com Chevalier e Gheerbrant (1996:512), a janela “simboliza receptividade”, que tanto 
pode ser a do olhar para dentro de si mesmo, no patamar da consciência, quanto 
“terrestre, relativamente ao que é enviado do céu”. 
O narrador-personagem assume ambos os significados, ora tentando 
racionalizar o que ocorre no presente da nação, ora dialogando com a velha Tristereza 
sobre as relações entre a terra e o céu. Enquanto uma personagem espreita os 
acontecimentos à janela, transitando entre o ontem e o hoje, na busca de 
racionalidades interiores, a outra se move no interior da casa, “arrumando o quarto”. 
Tristereza, a “idosa senhora” cumpre sua rotina na tranqüilidade de quem 
(re)age a fatos explicáveis, compreensíveis através da sabedoria dos antepassados. É 
a figura simbólica do pensamento transcendental, cujo discernimento é inspirado pelas 
coisas sobrenaturais que se sobrepõem às humanas. O narrador “conhece” os fatos, 
Tia Tristereza “sabe” as verdades; ele questiona o porvir, ela prepara o tempo 
seqüente: “Estou espreitando a rua como se estivesse à janela do meu inteiro país. 
Enquanto, lá fora, se repletam os charcos a velha Tristereza vai arrumando o quarto” 
(COUTO, 2003a:59). 
A narrativa tem como fio condutor a coincidência cronológica entre o término 
dos períodos da guerra e da estiagem, ocorrências que fragilizaram toda a nação. Os 
elementos de apoio são a destruição da terra e do homem, pelas forças da natureza e 
da ação humana, que são discutidos sob dois prismas: o material e o espiritual. O 
tempo do agora é o de olhar em volta, contabilizar os danos, (re)ordenar o que restou 
e (re)construir o novo. É o tempo semelhante ao cosmogônico, proposto por Mircea 
119 
 
Eliade (1996b), pois se trata da passagem de uma época de Caos para o do Cosmos, 
isto é, da desordem para a (re)organização e (re)instauração de uma (nova) ordem. 
O discurso da personagem que narra a estória emerge do lugar social onde 
está o conhecimento da ciência, da política e da economia. As suas considerações 
têm o revestimento da dúvida sobre o futuro, isto é, sobre a (re)construção do meio e 
da coletividade. Dela também surgem as desconfianças sobre a ação da natureza, 
sobre a quantidade e a duração das chuvas, se benéficas ou de conseqüências tão 
danosas quanto a longa seca. De suas elaborações destacamos: 
 
Mas dentro de mim persiste uma desconfiança: esta chuva, minha tia, 
não será prolongadamente demasiada? Não será que à calamidade de 
estio se seguirá a punição das cheias? 
.................................................................................................................. 
E volto a interrogar: não serão demasiadas águas, tombando em 
maligna bondade? 
.................................................................................................................. 
Espreito a rua, riscos molhados de tristeza vão descendo pelos vidros. 
Por que motivo eu tanto procuro a evasão? E por que razão a velha tia 
se aceita interior, toda ela vestida de casa? Talvez por pertencer mais 
ao mundo, Tristereza não sinta, como eu, a atracção de sair. Ela 
acredita que acabou o tempo de sofrer, nossa terra se está lavando do 
passado. Eu tenho dúvidas, preciso olhar a rua. A janela: não é onde a 
casa sonha ser mundo? (COUTO, 2003a:60,61) 
 
 É também esse narrador quem estabelece a relação do tempo cronológico com 
a coletividade, nas marcas de épocas perceptíveis através dos elementos da natureza 
(estiagem e chuva) e do momento histórico (guerra). A seca prolongada e a guerra são 
fenômenos coletivos, com razões e significados que independem do homem, e têm 
razões e efeitos sobre a sociedade moçambicana. É nessa constatação que o 
narrador coloca a “atracção de sair”, como se fosse permitido ao indivíduo abster-se 
da sua cidadania pela simples troca de localização geográfica. 
A sociedade, da qual o narrador é porta-voz, tem na chuva um marco 
transitório entre o passado e o futuro, que é fonte de incerteza, insegurança, dúvida, 
por não ser controlável, por não oferecer garantias registráveis em dias, meses ou 
anos. A duração é atemporal sob o prisma do controle humano, não pode ser 
agendada previamente e nem prevista a sua intensidade. 
Água e tempo, pelo “olhar” do narrador, estão numa relação mensurável na 
realidade física do contexto. A chegada da chuva traz de volta a fertilidade da 
natureza, mas, se excessiva, pode sobrepor novos danos aos ocasionados pelas 
secas. É uma abordagem pelo viés da duplicidade, ou seja, tanto da regeneração 
quanto da destruição, de modo incontrolável mesmo com o aporte da compreensão 
científica dessas variáveis. A ciência conhece causas e efeitos,