Outra pergunta: PortuguêsPortuguês, 15.08.2019 00:50 Eu preciso criar uma história crônica sobre o preconceito no futebol de 20 a 30 linhas contando uma história real ou criada Respostas: 1 Português, 15.08.2019 00:15 Preciso dissertar sobre reforma trabalhista contra em 3° pessoa, me ajudem. Respostas: 3 Português, 15.08.2019 04:50 1. leia esta frase. "como você pode pensar isso de mim" a)qual é o principal verbo dessa locução? b) ele tem um objeto direto? qual? c)ele tem um objeto indireto? qual? e) no caderno, escreva frases em que o mesmo verbo apareça como: i. intransitivo ii. transitivo direto iii. transitivo indireto Respostas: 1 Português, 15.08.2019 04:40 Segundo o relatório em estudo a) qual é o objetivo do relatório? b) quais eram os objetivos do evento relatado? c) quais foram as ações realizadas? d) quais foram os resultados obtidos? e a possível ação futura? Respostas: 1 Você sabe a resposta certa? Stre Perguntas Matemática, 10.09.2020 23:14 Sociologia, 10.09.2020 23:14 Português, 10.09.2020 23:14 Matemática, 10.09.2020 23:14 História, 10.09.2020 23:14 Sociologia, 10.09.2020 23:14 Filosofia, 10.09.2020 23:14 Geografia, 10.09.2020 23:14 Matemática, 10.09.2020 23:14 Matemática, 10.09.2020 23:14 Geografia, 10.09.2020 23:14 Matemática, 10.09.2020 23:14 Filosofia, 10.09.2020 23:14 Português, 10.09.2020 23:14 Português, 10.09.2020 23:14 Química, 10.09.2020 23:14
Matemática, 10.09.2020 23:14 Grátis 206 pág.
Pré-visualização | Página 39 de 50comprovação da presença do invisível (subjetivo, interior) no visível (objetivo, aparência). Uma pranteadora que se dedicava integralmente a sanar as dores alheias, esquecida das suas, cuja voz era inaudível na obediência ao marido: assim se mostrava Diamantinha. Um homem de aparência 117 temerária, atarantado e motivo de zombarias por travestir-se em mulher: esse era Florival. Duas aparências que continham em si, à semelhança de um cristal, o embrião dos verdadeiros sentimentos, dos sentidos interiores, que traduziriam por amor: esse era o seu tempo, interior e/ou subjetivo, que começava agora, no serem “ambos e ambas”. Ao término da estória, sabemos que um casal “de avessas aparências” é visto pela estrada enquanto “tombava uma chuvinha leve, simulando fluir da terra para o céu. E Diamantinha, braços abertos, ajuntava novas gotas em seu peito choradeiro” (COUTO, 2003b:36). Eles são, no agora, o que nunca foram, no antes, complementos de alma, humanos sem diferenças ou contraposições, personagens da “realidade humana”. Particularmente, Diamantinha preencheu o sentido do nome num processo evolutivo, tal qual a lágrima o fez na passagem simbólica do estágio de desumanidade até o de clareza, iluminação e perfeição. 3.3 A CHUVA E O TEMPO CRONOLÓGICO Tenho inveja da chuva: tomba e logo muda de nome. Termina a chuvinha e começa a água, acaba o corpo e começa a substância. 85 3.3.1 “Chuva: a abensonhada” A estória da “chuva abensonhada” traz à tona a relação entre elementos básicos na formação identitária de Moçambique. A terra e a água, o homem e a divindade surgem na voz de um narrador autodiegético, um homem de realidades concretas e sabedorias atualizadas, e da personagem Tristereza, uma velha senhora que conhece as verdades divinas e os conteúdos da tradição. O discurso de ambos se efetiva na diferença de seus conhecimentos e os aproxima na possibilidade de construir um futuro coletivo da nação. O narrador inicia dizendo: “Estou sentado junto da janela olhando a chuva que cai há três dias. Que saudade me fazia o molhado tintintinar do chuvisco. A terra 85 Trecho do conto “Na berma de nenhuma estrada”, In: COUTO, Mia. Na berma de nenhuma estrada e outros ensaios. 3. ed. Lisboa: Caminho, 2003, p. 118. 118 perfumegante semelha a mulher em véspera de carícia” (COUTO, 2003a:59). O tempo é presente e surge com esse homem que contempla a natureza que o cerca, enquanto reflete sobre a sucessão entre um longo período de seca e o de intensas chuvas que presencia: Há quantos anos não chovia assim? De tanto durar, a seca foi emudecendo a nossa miséria. O céu olhava o sucessivo falecimento da terra, e em espelho, se via morrer. A gente se indaguava: será que ainda podemos recomeçar, será que a alegria ainda tem cabimento? Agora, a chuva cai, cantarosa, abençoada. O chão, esse indigente indígena, vai ganhando variedades de belezas. (COUTO, 2003a:59) A janela é o ponto de vista do narrador, enquanto expectador dos acontecimentos decorrentes de fatores incontroláveis pelo homem os quais, no decorrer da estória, estarão em constante diálogo com as vontades divinas. De acordo com Chevalier e Gheerbrant (1996:512), a janela “simboliza receptividade”, que tanto pode ser a do olhar para dentro de si mesmo, no patamar da consciência, quanto “terrestre, relativamente ao que é enviado do céu”. O narrador-personagem assume ambos os significados, ora tentando racionalizar o que ocorre no presente da nação, ora dialogando com a velha Tristereza sobre as relações entre a terra e o céu. Enquanto uma personagem espreita os acontecimentos à janela, transitando entre o ontem e o hoje, na busca de racionalidades interiores, a outra se move no interior da casa, “arrumando o quarto”. Tristereza, a “idosa senhora” cumpre sua rotina na tranqüilidade de quem (re)age a fatos explicáveis, compreensíveis através da sabedoria dos antepassados. É a figura simbólica do pensamento transcendental, cujo discernimento é inspirado pelas coisas sobrenaturais que se sobrepõem às humanas. O narrador “conhece” os fatos, Tia Tristereza “sabe” as verdades; ele questiona o porvir, ela prepara o tempo seqüente: “Estou espreitando a rua como se estivesse à janela do meu inteiro país. Enquanto, lá fora, se repletam os charcos a velha Tristereza vai arrumando o quarto” (COUTO, 2003a:59). A narrativa tem como fio condutor a coincidência cronológica entre o término dos períodos da guerra e da estiagem, ocorrências que fragilizaram toda a nação. Os elementos de apoio são a destruição da terra e do homem, pelas forças da natureza e da ação humana, que são discutidos sob dois prismas: o material e o espiritual. O tempo do agora é o de olhar em volta, contabilizar os danos, (re)ordenar o que restou e (re)construir o novo. É o tempo semelhante ao cosmogônico, proposto por Mircea 119 Eliade (1996b), pois se trata da passagem de uma época de Caos para o do Cosmos, isto é, da desordem para a (re)organização e (re)instauração de uma (nova) ordem. O discurso da personagem que narra a estória emerge do lugar social onde está o conhecimento da ciência, da política e da economia. As suas considerações têm o revestimento da dúvida sobre o futuro, isto é, sobre a (re)construção do meio e da coletividade. Dela também surgem as desconfianças sobre a ação da natureza, sobre a quantidade e a duração das chuvas, se benéficas ou de conseqüências tão danosas quanto a longa seca. De suas elaborações destacamos: Mas dentro de mim persiste uma desconfiança: esta chuva, minha tia, não será prolongadamente demasiada? Não será que à calamidade de estio se seguirá a punição das cheias? .................................................................................................................. E volto a interrogar: não serão demasiadas águas, tombando em maligna bondade? .................................................................................................................. Espreito a rua, riscos molhados de tristeza vão descendo pelos vidros. Por que motivo eu tanto procuro a evasão? E por que razão a velha tia se aceita interior, toda ela vestida de casa? Talvez por pertencer mais ao mundo, Tristereza não sinta, como eu, a atracção de sair. Ela acredita que acabou o tempo de sofrer, nossa terra se está lavando do passado. Eu tenho dúvidas, preciso olhar a rua. A janela: não é onde a casa sonha ser mundo? (COUTO, 2003a:60,61) É também esse narrador quem estabelece a relação do tempo cronológico com a coletividade, nas marcas de épocas perceptíveis através dos elementos da natureza (estiagem e chuva) e do momento histórico (guerra). A seca prolongada e a guerra são fenômenos coletivos, com razões e significados que independem do homem, e têm razões e efeitos sobre a sociedade moçambicana. É nessa constatação que o narrador coloca a “atracção de sair”, como se fosse permitido ao indivíduo abster-se da sua cidadania pela simples troca de localização geográfica. A sociedade, da qual o narrador é porta-voz, tem na chuva um marco transitório entre o passado e o futuro, que é fonte de incerteza, insegurança, dúvida, por não ser controlável, por não oferecer garantias registráveis em dias, meses ou anos. A duração é atemporal sob o prisma do controle humano, não pode ser agendada previamente e nem prevista a sua intensidade. Água e tempo, pelo “olhar” do narrador, estão numa relação mensurável na realidade física do contexto. A chegada da chuva traz de volta a fertilidade da natureza, mas, se excessiva, pode sobrepor novos danos aos ocasionados pelas secas. É uma abordagem pelo viés da duplicidade, ou seja, tanto da regeneração quanto da destruição, de modo incontrolável mesmo com o aporte da compreensão científica dessas variáveis. A ciência conhece causas e efeitos, |