Quando a pessoa é considerada com epilepsia?

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A epilepsia é uma doença cerebral crônica causada por diversos fatores e caracterizada pela recorrência de crises epilépticas não provocadas. Esta condição tem consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais e prejudica diretamente a qualidade de vida do indivíduo afetado¹. As crises podem se manifestar com alterações da consciência ou eventos motores, sensitivos/sensoriais, autonômicos (por exemplo: suor excessivo, queda de pressão) ou psíquicos involuntáriospercebidos pelo paciente ou por outra pessoa². A convulsão caracteriza episódio de contração muscular excessiva ou anormal, usualmente bilateral, que pode ser sustentada ou interrompida. Nem toda convulsão é uma crise epilética².  

Quando a pessoa é considerada com epilepsia?

Na crise epiléptica existe abalo motor. Para considerar que uma pessoa tem epilepsia ela deverá ter repetição de suas crises epilépticas, portanto, a pessoa poderá ter uma crise epiléptica (convulsiva ou não) e não ter o diagnóstico de epilepsia². A convulsão é apenas um tipo mais intenso de ataque epilético², no qual a pessoa perde os sentidos e se debate, podendo morder a língua e urinar na roupa². No entanto, existem crises mais fracas, caracterizadas por breves desligamentos, formigamentos ou contrações restritas a alguns grupos musculares². Se ocorrerem de maneira recorrente, configuram epilepsia². 

Se a crise durar menos de cinco minutos e você souber que a pessoa é epiléptica, acomode-a, afrouxe suas roupas (gravatas, botões apertados), coloque um travesseiro sob sua cabeça e espere o episódio passar³. Mulheres grávidas e diabéticos merecem maiores cuidados³. Depois da crise, lembre-se que a pessoa pode ficar confusa: acalme-a ou leve-a para casa³. Segundo a OMS - Organização Mundial de Saúde -, cerca de 5% da população terá ao menos uma crise epilética na vida. Sendo que, no Brasil, grande parte dos pacientes ainda não tem um controle adequado das crises, tanto pelo despreparo dos profissionais da área da saúde como por desinformação da população² 


Fontes: 1. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Ministério da Saúde. Último acesso em 09 de março de 2020.2. Mitos e Verdades de Epilepsia – Liga Brasileira de Epilepsia. Último acesso em 09 de março de 2020.  3. O que é Epilepsia – Liga Brasileira de Epilepsia. Último acesso em 09 de março de 2020. 

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Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu médico.

A epilepsia é uma doença crônica caracterizada por crises epilépticas recorrentes. Muito marginalizada no passado, a doença já foi encarada como um tipo de insanidade e até mesmo resultado de interferência espiritual, como uma possessão demoníaca. Essa informação é importante pois ainda hoje é comum ouvir nos consultórios comentários desse tipo. Contudo, a epilepsia é um dos distúrbios neurológicos crônicos mais comuns  que afetam a população mundial, com incidência que varia de 30 a 50 novos para cada 100 mil indivíduos.

O reconhecimento rápido da doença, das crises e o diagnóstico correto permitem que o tratamento seja iniciado precocemente e que o paciente possa retomar normalmente suas atividades diárias com grande qualidade de vida.

O que é a epilepsia?

A epilepsia é uma doença caracterizada por uma predisposição recorrente a crises epilépticas. É uma doença de consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais. Diferentemente de um episódio convulsivo, uma crise epiléptica é a ocorrência transitória de sinais e sintomas causados por uma uma atividade neuronal excessiva ou síncrona no cérebro, com duração variável, geralmente entre alguns segundos a vários minutos.

Segundo a International League Against Epilepsy (ILAE), há 2 tipos de definições de epilepsia, uma científica e outra operacional. A definição operacional sugere que a doença é caracterizada por:

  • Pelo menos 2 crises não provocadas - ou duas crises reflexas - que podem ocorrer em um intervalo superior a 24 horas
  • Uma crise não provocada - ou crise reflexa - com estimativa de ocorrência em pelo menos 60% de uma nova crise. As alterações estruturais na ressonância magnética de encéfalo e/ou no eletroencefalograma podem sugerir essa recorrência
  • Diagnóstico de uma síndrome epiléptica.

Há diversos tipos de crises epilépticas, cada uma com suas características próprias. A mais comum é a crise tônico-clônica, chamada de convulsão. Nesse tipo de crise o paciente apresenta abalos musculares generalizados, sialorréia e, muitas vezes, morde a língua e perde urina e fezes. Outros tipos de crises têm manifestações bem mais sutis, como alteração de comportamento, olhar parado e movimentos automáticos.

Entre as crianças é comum a ocorrência de crises de ausência, em que ocorre uma breve parada da atividade que a criança estava fazendo, às vezes associadas a piscamentos ou movimentos automáticos das mãos. Essas crises podem ocorrer diversas vezes em um mesmo dia e não são reconhecidas prontamente, em geral quando a criança começa a apresentar prejuízo do desempenho escolar – normalmente apontado pelo professor na escola.

Causas da epilepsia

A epilepsia pode ter causas diversas. Em crianças, por exemplo, está associada a anóxia neonatal e a problemas inatos do metabolismo. Em idosos, doenças cerebrovasculares, bem como os tumores cerebrais, estão entre as causas mais frequentes. Suas causas podem ser agrupadas em 3 categorias:

  • Genética: quando a epilepsia é resultado direto de um problema genético conhecido ou presumido, em que as crises são o principal sintoma da doença.
  • Estrutural/metabólica: quando há uma condição metabólica distinta ou doença associada a um substancial aumento do risco de desenvolver epilepsia. Lesões estruturais podem ser procedentes de acidente vascular cerebral, trauma e infecções.
  • Causa desconhecida: é uma forma neutra para designar que a natureza da causa subjacente é ainda desconhecida; pode haver um defeito genético fundamental ou pode ser a consequência de um distúrbio separado ainda não reconhecido. Esta representa uma percentagem muito significativa dos casos.

Tratamentos disponíveis

As crises epilépticas podem ser tratadas com medicamentos específicos chamados de antiepilépticos, que controlam sintomas de pelo menos dois terços dos pacientes com a doença. Pacientes que não podem controlar os sintomas por medicamentos podem aderir a dieta cetogênica e, em casos mais graves, intervenções cirúrgicas. A neuromodulação, em que ocorre uma estimulação do cérebro e de nervos periféricos, também pode ser uma opção terapêutica em pacientes com epilepsia de difícil controle.

O canabidiol, composto da folha da maconha, também pode ser utilizado com bons resultados no tratamento da doença. É importante lembrar que o canabidiol não tem efeito psicoativo, portanto, é seguro tanto para adultos quanto para crianças. A maioria dos pacientes controlam suas crises com os tratamentos medicamentosos e logo voltam a uma vida normal, sem grandes limitações. Você conhece alguém com a doença?

Quando uma pessoa é considerada epilepsia?

Para ser diagnosticado com epilepsia, o paciente deve apresentar algum dos três quadros seguintes: crises epilépticas mais de duas vezes, separadas por um intervalo de 24 horas; uma crise, com probabilidade maior de 60% de apresentar uma segunda crise em 10 anos; uma síndrome epiléptica bem definida.

Como caracterizar epilepsia?

Epilepsia é uma doença do cérebro caracterizada por uma das seguintes condições: Pelo menos duas crises não provocadas (ou duas crises reflexas) ocorrendo em um intervalo superior a 24 horas. Uma crise não provocada (ou uma crise reflexa) e chance de uma nova crise estimada em pelo menos 60%

Qual Exame de sangue detecta epilepsia?

O eletroencefalograma é o estudo mais específico para epilepsia. Isso quer dizer que esse teste é o mais indicado para se tentar saber se o paciente tem a doença ou não.

Quem tem epilepsia é normal?

O paciente com epilepsia não pode ter uma vida normal A epilepsia é uma condição que pode ter cura. E, mesmo quando a cura não é possível, as crises epilépticas podem ser bem controladas com o tratamento adequado. Nesses casos, é possível ter uma vida normal, podendo trabalhar, estudar, dirigir, praticar esportes etc.