Quais são os quatro princípios fundamentais da medicina de família e comunidade?

Índice

  • 1 O médico da família
  • 2 Medicina de Família e Comunidade no Brasil
  • 3 Fundamentos básicos da Medicina de Família e Comunidade
  • 4 Competências e princípios
    • 4.1 Posts relacionados

A Medicina de Família e Comunidade (MFC) é definida como a especialidade médica que presta assistência à saúde de forma continuada, integral e abrangente para pessoas, suas famílias e a comunidade; integra ciências biológicas, clínicas e comportamentais; abrange todas as idades, ambos os sexos, cada sistema orgânico e cada doença; trabalha com sinais, sintomas e problemas de saúde; e proporciona o contato das pessoas com o médico mesmo antes que exista uma situação de doença ou depois que esta se resolva. Também tem, como característica especial, o acesso do médico de família e comunidade ao domicílio das pessoas.

A MFC tem se desenvolvido, em todo o mundo, como a opção eficaz para promover a mudança na abordagem aos problemas de saúde das pessoas (nível individual), das famílias (nível familiar), em grupos, em instituições e nas comunidades (nível coletivo), pois é um campo do conhecimento médico comprometido e orientado por princípios de atuação que rompem com a prática médica tradicional, enfrentando efetivamente as dificuldades na prestação do cuidado à saúde dispensado hoje.

O médico da família

O médico de família é um especialista formado para trabalhar na linha da frente do sistema de saúde e para dar os passos iniciais na prestação de cuidados para qualquer problema de saúde que as pessoas possam apresentar.

O médico de família cuida de pessoas no seio da sua sociedade, independentemente do tipo de doença ou de outras características pessoais ou sociais, organizando os recursos disponíveis no sistema de saúde em benefício das pessoas doentes.

Este profissional interage com indivíduos autônomos nos campos de prevenção, diagnóstico, cura, acompanhamento e cuidados paliativos, usando e integrando as ciências da Biomedicina e da Psicologia e Sociologia Médicas.

Medicina de Família e Comunidade no Brasil

A Medicina de Família e Comunidade no Brasil ainda é exercida predominantemente na atenção primária à saúde do SUS. A especialidade foi reconhecida pela Comissão Nacional de Residência Médica em 1981 (à época com o nome de Medicina Geral Comunitária), três anos após a Conferência de Alma-Ata (Cazaquistão), em um contexto caracterizado pelo esforço de diversas nações e da Organização Mundial da Saúde na busca por saídas para a crise do modelo hegemônico de atenção à saúde, entendido como fragmentado, caro e ineficiente.

O Programa Saúde da Família (PSF), criado pelo Ministério da Saúde em 1994, pode ser considerado a resposta brasileira, no campo da política pública de saúde, às recomendações de Alma-Ata 2. Inicialmente, era seletivo e voltado às populações e regiões com maior risco e vulnerabilidade, depois, no entanto, ampliou seu escopo e, com a criação da Estratégia Saúde da Família (ESF), propôs-se a ser a porta de entrada do sistema e ofertar cuidados integrais em saúde a toda a população usuária do SUS.

SAIBA MAIS: A Medicina de Família e Comunidade no Brasil teve, a partir de 1975, seus primeiros programas de residência médica sob denominações diversas. Em 1981, passou a ser especialidade chamada de Medicina Geral Comunitária por meio de Resolução da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM); e em 2001, passou a receber a denominação de Medicina de Família e Comunidade, reconhecida pela CNRM e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Resoluções CFM 1232/86 e 1634/2002.

Fundamentos básicos da Medicina de Família e Comunidade

A medicina de família e comunidade – MFC – é a especialidade médica da integralidade com foco centrado na atenção primária à saúde (APS). Por isso, é uma especialidade estratégica na conformação dos sistemas de saúde. Cabe a MFC, partindo de um primeiro e fácil acesso, cuidar de forma longitudinal, integral e coordenada da saúde das pessoas, considerando seu contexto familiar e comunitário. Portanto, a medicina de família e comunidade é um componente primordial da atenção primária à saúde. Os fundamentos básicos da MFC, são:

  • Primeiro contato
  • Acesso fácil, integral e amplo
  • Gestão eficiente dos recursos de saúde
  • Abordagem centrada na pessoa
  • Abordagem familiar e comunitária
  • Cuidado longitudinal
  • Noções de epidemiologia
  • Manejo de problemas agudos e crônicos
  • Prevenção e promoção da saúde
  • Atuação em diferentes cenários

Tais definições diferenciam a MFC das demais especialidades médicas, pois, com a amplitude da prática do médico de família e comunidade, sua necessidade de conhecimentos para desenvolver as ações que resultam dessa descrição não é composta da soma dos conhecimentos das demais especialidades médicas.

A MFC possui um conjunto fundamental de conhecimentos que é próprio dela, o que a torna uma disciplina, e compartilha conteúdos e conhecimento com outras especialidades, incorporando esse compartilhamento para usá-lo na prática em cuidados primários à saúde, assim compondo seu portfólio de atuação.

As obrigações e os objetivos da prática de todo médico de família e comunidade envolvem dois elementos conflitantes, porém essenciais: identificar e resolver os problemas de saúde de cada pessoa individualmente e prestar um cuidado médico efetivo para a comunidade como um todo.

Competências e princípios

As seguintes características são desejáveis para todos os médicos, porém são da maior importância para a prática do médico da família e comunidade:

  • Forte senso de responsabilidade para o atendimento total e permanente, das pessoas e da família durante saúde, doença e reabilitação.

  • Capacidade de manter a compostura em tempos de estresse e responder rapidamente utilizando lógica, eficácia e compaixão.

  • Compaixão e empatia, com sincero interesse na pessoa e na família.

  • Atitude constantemente curiosa.

  • Entusiasmo com os problemas médicos indiferenciados e sua resolução.

  • Interesse no amplo espectro da medicina clínica.

  • Habilidade para lidar confortavelmente com múltiplos problemas que ocorrem ao mesmo tempo em uma pessoa.

  • Desejo de frequentes e variados desafios intelectuais e técnicos.

  • Desejo de identificar os problemas o mais cedo possível ou de prevenir a doença inteiramente.

  • Forte desejo de manter a máxima satisfação das pessoas, reconhecendo a necessidade do relacionamento continuado com elas.

  • Habilidades necessárias para gerenciar doenças crônicas e para assegurar a recuperação máxima após a doença aguda.

  • Valorização da mistura complexa de elementos físicos, emocionais e sociais no cuidado à pessoa.

  • Capacidade de apoio às crianças durante o crescimento e desenvolvimento e em sua adaptação à família e à sociedade.

  • Sentimento de satisfação pessoal derivado de relações estreitas com os indivíduos, que se desenvolvem naturalmente durante longos períodos de cuidados continuados, em oposição aos prazeres a curto prazo adquiridos com o tratamento de doenças episódicas.

  • Ajudar as pessoas a lidar com os problemas do cotidiano e na manutenção da estabilidade da família e da comunidade.

  • Capacidade para atuar como coordenador de todos os recursos de saúde no atendimento de uma pessoa.

  • Entusiasmo em aprender e na satisfação que vem da manutenção do conhecimento médico atualizado mediante educação médica continuada.

  • Habilidades para assumir o compromisso de educar as pessoas e familiares sobre os processos de doença e os princípios da boa saúde.

  • Compromisso de colocar os interesses da pessoa acima dos seus.

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Os quatro pilares – Atenção Pri- mária, Educação Médica, Humanis- mo e Formação de Lideranças – são ao mesmo tempo apoio e norte de ação, bases teóricas que garantem a identidade de valores e estratégias de atuação.