Mestrado em Geografia (UFSC, 2015) Ouça este artigo: A África é o terceiro maior continente, o segundo mais populoso e, apesar das imensas riquezas naturais e minerais, o mais pobre. O continente contribui apenas com 1% do produto interno bruto (PIB) do mundo e cerca de 1/3 dos seus habitantes vivem com menos de um dólar por dia, abaixo do nível de pobreza definido pelo Banco Mundial. O principal motivo da miséria africana é o imperialismo praticado pelas nações europeias a partir do século XVI e a tardia descolonização dos países, a partir da segunda metade do século XX, o que levou a uma industrialização tardia e incompleta, ainda hoje. Outros fatores como conflitos armados, técnicas atrasadas, mão de obra pouco qualificada, dificultam ainda mais o desenvolvimento da África. Tradicionalmente, as populações africanas são formadas, em sua maioria, por pastores e agricultores. A agropecuária é a atividade econômica que mais absorve mão de obra no continente. Observamos duas formas de plantio na África: a de subsistência e a em forma de plantation. A agricultura de subsistência de baixo rendimento, que serve apenas para a manutenção do individuo e/ou de sua família, com um pequeno excedente comercial, varia de acordo com a formação climática. Na zona de clima mediterrâneo, encontramos plantações de uva, legumes, oliveiras, frutas e cereais. Nas zonas tropicais há o cultivo de cereais nativos como o painço e o sorgo, além da criação de gado caprino e ovino. Na zona equatorial observamos uma cultura nômade de tubérculos: mandioca, batata, inhame, plantados em solos pouco férteis e com técnicas rudimentares. O sistema de plantation é gerido por empresas transnacionais e serve principalmente para o abastecimento de mercados externos. Novamente o clima é o principal fator determinante das culturas. No norte mediterrâneo encontramos o cultivo de frutas, videiras, oliveiras, cereais. O clima tropical e equatorial favorece o cultivo de cacau, café, chás, algodão, cana-de-açúcar e banana, além da extração de árvores de madeira nobre, como ébano e mogno. A principal atividade econômica praticada na África é o extrativismo mineral. Países como Angola, Nigéria, Mauritânia, Líbia, África do Sul, Republica Democrática do Congo (RPC) e Zâmbia têm nessa atividade mais da metade de suas exportações. Os principais minérios explorados são: urânio, em Níger e Namíbia, cobre, na África do Sul, Zâmbia, Zimbábue e RPC, diamantes, em Lesoto, Botsuana e Serra Leoa, ferro, na Mauritânia e África do Sul, bauxita, no Moçambique, além de petróleo na Líbia e Nigéria. A atividade de extração em superfície muitas vezes é feita de forma primitiva, por garimpeiros com equipamentos simples, já a exploração em profundidade é feita por empresas transnacionais. Os dois tipos de exploração têm por objetivo abastecer o mercado externo. A exploração de diamantes, em alguns casos, utiliza mão de obra escrava de jovens e crianças, associando-se ao tráfico das pedras e de armas. A extrema concentração de renda nas mãos das poucas elites africanas, as remessas de lucros das empresas transnacionais e a industrialização tardia fazem com que poucos países tenham uma indústria diversificada e produtiva capaz de influenciar no PIB. Os únicos países com uma industrialização dinâmica e diversificada são a África do Sul e Egito. A África do Sul é responsável por 1/5 do PIB do continente, com atividade industrial nos ramos químico, de siderurgia, metalurgia, alimentício, maquinário agrícola e de transporte, além da indústria têxtil. Sendo o mais importante país da Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento, principal bloco econômico do continente africano. Fontes: Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/geografia/economia-da-africa/ O modelo econômico capitalista atingiu a produção agrícola, na qual ocorreu um rápido processo de modernização no campo (mecanização, utilização de defensivos agrícolas, sementes geneticamente modificadas, etc.) visando à maximização da produção. Esse fenômeno foi responsável pela redução do campesinato ou do pequeno produtor de subsistência. Entretanto, essa modalidade da agricultura resiste à modernização e é muito praticada em várias partes do mundo, em especial na América Latina, Ásia e África. A agricultura de subsistência se caracteriza pela utilização de métodos tradicionais de cultivo, realizados por famílias camponesas ou por comunidades rurais. Essa modalidade é desenvolvida, geralmente, em pequenas propriedades e a produção é bem inferior se comparada às áreas rurais mecanizadas. Contudo, o camponês estabelece relações de produção para garantir a subsistência da família e da comunidade a que pertence. Entre os principais produtos cultivados nas propriedades de subsistência estão o arroz, feijão, milho, mandioca, batata, frutas, hortaliças, entre outros. Após suprir as necessidades das pessoas envolvidas, o excedente é trocado ou vendido para a aquisição de produtos que não são cultivados nessas propriedades. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) No Brasil, a agricultura de subsistência é praticada nas “roças”, onde são comuns ferramentas como a enxada, machado, foice e arado. Na Ásia, a rizicultura (cultivo de arroz) é muito comum em propriedades coletivas de subsistências. No continente africano, esse tipo de agricultura é muito praticado, além de haver o pastoreio nômade com rebanhos de bovinos, ovinos, equinos e de camelos. Portanto, os pequenos produtores rurais tentam resistir ao modelo capitalista de produção agrícola, realizando atividades tradicionais com o intuito de produzirem o suficiente para atender às necessidades de consumo. No entanto, eles enfrentam várias dificuldades, sendo
uma delas a burocracia para a realização de empréstimos, que beneficiam os grandes latifundiários. Por Wagner de Cerqueira e Francisco Geografia Geral - Geografia - Brasil Escola |