Quais são as duas principais áreas com maior quantidade de parques eólicos no Brasil?

Energia Limpa

Com 29 parques eólicos e 327 aerogeradores, o município de João Câmara (RN) poderá receber o título de Capital Nacional dos Ventos, segundo projeto de lei (PL 3682/2020) do senador Jean Paul Prates (PT-RN). Ao ser aprovado na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), os senadores potiguares Styvenson Valentim (Podemos), que relatou a proposta, e Zenaide Maia (Pros) destacaram a importância dos parques eólicos para o desenvolvimento da região.

20/01/2022, 14h04 - ATUALIZADO EM 20/01/2022, 14h05

Duração de áudio: 02:14

Quais são as duas principais áreas com maior quantidade de parques eólicos no Brasil?

Central do Investidor/RN

Transcrição
OS VENTOS MUDARAM, LITERALMENTE, A REALIDADE DE MUNICÍPIOS DO RIO GRANDE DO NORTE. MAIOR PRODUTOR DE ENERGIA EÓLICA DO PAÍS, A CIDADE POTIGUAR DE JOÃO CÂMARA PODERÁ RECEBER O TÍTULO DE CAPITAL NACIONAL DOS VENTOS. REPORTAGEM DE IARA FARIAS BORGES. Com 29 parques eólicos e 327 aerogeradores, que geram energia a partir dos ventos, o município de João Câmara poderá receber o título de Capital Nacional dos Ventos, segundo projeto de lei do senador Jean Paul Prates, do PT potiguar. Prates destacou que os parques eólicos levaram desenvolvimento à população local, pois um terço do dinheiro investido nestes empreendimentos é gasto na própria comunidade. Não havia nada ali em termos de grandes investimentos de caráter industrial, operacional. Ali se vivia basicamente da agricultura de subsistência, plantar para comer, e do Bolsa Família, dos assentamentos, da produção agrícola. É uma terra seca. No entanto, ela se localiza numa região mais alta; hoje, é a maior concentração de turbinas eólicas do Brasil por metro quadrado e, provavelmente, do mundo. Ali estão vários parques eólicos e muitas turbinas aerogeradoras. O parque ali crava pelo menos um terço daquele investimento, às vezes bilionário, fazendo com que circule a receita naquela região. Ao relatar a proposta na Comissão de Educação, o senador também potiguar, Styvenson Valentin, do Podemos, ressaltou a importância do setor. A importância da atividade é tamanha na região que, segundo dados do IBGE, de 2008 a 2012 houve um aumento de 90% no PIB do município. A atividade gera emprego e renda para o município e ajuda no desenvolvimento não somente da região, mas de todo o estado do Rio Grande do Norte. Também senadora pelo Rio Grande do Norte, Zenaide Maia, do Pros, defendeu a proposta. Realmente, a gente está falando de riquezas naturais. Vento que não falta, como a gente diz. Então, é justo que João Câmara receba esse título. O Rio Grande do Norte produz mais de cinco Gigawatts de energia éolica, o que torna o estado autossuficiente e um líder mundial no setor. Desde o primeiro parque eólico instalado há quase 20 anos, já foram investidos R$ 21 bilhões. A proposta de homenagem seguiu para a Câmara dos Deputados. Da Rádio Senado, Iara Farias Borges.

Quais são as duas principais áreas com maior quantidade de parques eólicos no Brasil?
O Parque Eólico Icaraizinho está localizado no município de Amontada, a oeste de Fortaleza. A região Nordeste impulsiona a produção de eletricidade vinda de fontes renováveis no Brasil, que hoje gera cerca de 45% de sua energia elétrica de forma sustentável, sendo destaque no mundo. Philippe Turpin/Getty Images

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Se, por um lado, a pandemia de covid-19 prejudicou inúmeros setores da economia, por outro, ela impulsionou investimentos em algumas áreas. Uma delas foi o setor da energia renovável, que, segundo pesquisa da BloombergNEF, foi acelerado em 2020. Entre as matrizes energéticas sustentáveis de maior destaque no Brasil está a eólica, produzida a partir da força do vento, que movimenta turbinas e aciona um gerador capaz de transformar as massas de ar em eletricidade. 

Atualmente, a energia eólica é a segunda maior responsável pela produção de energia no país, ficando atrás apenas das hidrelétricas. No Brasil, a região de maior destaque em termos de geração é o Nordeste, que compreende 89% de toda a eletricidade produzida dessa forma no país, de acordo com o boletim anual da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) de 2019. Os estados do Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará, Piauí e Maranhão estão entre os maiores geradores de energia eólica em âmbito nacional.

De acordo com a gerente de Projetos e Produtos do Instituto Escolhas, Larissa Rodrigues, a energia eólica cresceu muito no Brasil nos últimos anos. A principal vantagem dessa matriz energética é que ela é uma fonte limpa, não emite gases de efeito estufa e é uma das soluções ideais para garantirmos o abastecimento energético sem agravar as mudanças climáticas”, disse. 

Larissa também destacou a vantagem financeira. “Ela é uma fonte barata, o que contribui para diminuir nossa conta de luz. Em tempos de crise energética e de reservatórios hidrelétricos secos, investir em energia eólica é um dos melhores caminhos para sairmos da crise. No Nordeste, onde há ventos em abundância, a energia eólica tem batido recordes de geração e tem conseguido atender toda a demanda de energia da região”, afirmou.

Ventos do Nordeste

O que favorece a região nesse sentido é a maior incidência de ventos aproveitáveis, além da temporada de ventos fortes conhecida como “safra dos ventos”, que costuma acontecer entre agosto e setembro. Esse cenário tem contribuído para fazer da região uma eficiente fonte de energia verde no país.

Ano após ano, o Nordeste tem batido importantes recordes. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) registrou, no último dia 21 de julho, uma geração de mais de 11 mil megawatts na região – o suficiente para atender a quase 100% da demanda elétrica do dia. Assim, o Nordeste impulsiona a produção de eletricidade vinda de fontes renováveis no Brasil, que, hoje, gera cerca de 45% de sua energia elétrica de forma sustentável, sendo destaque no mundo. 

As expectativas são de que, conforme os anos passem, a energia eólica comece a representar uma fatia cada vez maior da matriz energética brasileira. Atualmente, a taxa é de 10,7% do total de energia gerada nacionalmente, mas o ONS estima que, até o fim de 2025, o número subirá para 13,6%. Esse crescimento será resultado, principalmente, de novos investimentos que têm sido feitos na área. Em 2021, por exemplo, as usinas eólicas responderam por mais de 70% de todas as novas usinas construídas no Brasil.

Quais são as duas principais áreas com maior quantidade de parques eólicos no Brasil?
O crescente interesse mundial em apostar em alternativas verdes levou a um crescimento notável do setor. Entre 2015 e 2019, a energia eólica gerou mais de 652 bilhões de dólares em investimentos. Atualmente, estima-se que o setor mobilize cerca de 14 bilhões de reais. Matthias Böckel/Pixabay

História no Brasil

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A história da energia eólica no país começou a se fortalecer em 2002, com a criação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). O objetivo do projeto era amplificar o uso de matrizes mais verdes, como a eólica e a solar. O primeiro leilão a empresas foi realizado em 2009, captando 9,4 bilhões de reais em investimentos. Na época, entretanto, a geração de energia eólica era aproximadamente cinco vezes mais cara que a hidrelétrica.

Ao longo dos anos, o desenvolvimento de novas tecnologias e o crescente interesse mundial em apostar em alternativas verdes levou a um crescimento notável do setor. Entre 2015 e 2019, a energia eólica gerou mais de 652 bilhões de dólares em investimentos. Atualmente, estima-se que o ramo da energia eólica mobilize cerca de 14 bilhões de reais.

Mais recentemente, no ano passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou o financiamento de mais de um bilhão de reais para o Conjunto Eólico Campo Largo, na Bahia, capaz de produzir energia suficiente para abastecer 850 mil domicílios baianos. Além disso, o Laboratório de Aerodinâmica Aplicada de Furnas, subsidiária da Eletrobrás em Goiás, está trabalhando em um projeto de construção de torres eólicas que pode trazer economias financeiras e um aumento na durabilidade dos aparelhos. Com o tempo, o programa pode facilitar a instalação de torres mais baixas com geradores menores para suprir a demanda de regiões mais afastadas no país. 

Quais são as duas principais áreas com maior quantidade de parques eólicos no Brasil?
A Escócia construiu o maior parque eólico flutuante do mundo a 15km da costa de Aberdeen. O Kincardine Offshore Windfarm produz energia suficiente para abastecer até 55 mil residências. Bourbon/Divulgação

Ares internacionais

Em âmbito global, a Escócia recentemente concluiu a construção do maior parque eólico offshore (ou seja, longe da costa, no mar) flutuante do mundo. Como o ambiente marinho conta com ventos frequentes, o local é propício para a geração de energia eólica. O parque, denominado Kincardine Offshore Windfarm, produz energia suficiente para abastecer até 55 mil residências. O Brasil possui 22 projetos para a geração de energia eólica em alto-mar, mas, por ora, o mercado está aguardando regulamentação.

Desde a instalação das primeiras unidades eólicas no país, em 2011, a capacidade de geração de energia dessa fonte foi multiplicada por 18. Dados de fevereiro indicam que, atualmente, o Brasil conta com mais de 8300 aerogeradores, distribuídos em 695 parques eólicos. Segundo a ABEEólica, a energia originada dos ventos evitou a emissão de quantidades de gás carbônico equivalentes àquelas emitidas por 22,85 milhões de automóveis em 2019.

E é aí que entra a importância dessa fonte de energia: ela pode ser um instrumento vital na luta contra a mudança climática, as emissões de gases de efeito estufa e o aquecimento global. Como a energia eólica usa uma matéria-prima natural, renovável, é fácil de ser produzida no Brasil e não gera poluentes. Diferentemente de combustíveis fósseis, ela é uma excelente alternativa a fontes de energia prejudiciais ao meio ambiente.

Solução para a crise energética

Outra grande utilidade da energia eólica está relacionada ao atual cenário brasileiro. Há alguns meses, o país tem passado por uma grave crise hídrica (a pior em 91 anos), provocada sobretudo pela falta de chuva, pela má gestão de recursos públicos e pela dependência nacional de usinas hidrelétricas. Uma das alternativas colocadas em prática pelo governo federal é o transporte de eletricidade produzida no nordeste a algumas das regiões mais afetadas pela crise, isto é, o Sudeste e o Sul.

Assim, entra cada vez mais em evidência a importância da energia eólica para a prática do desenvolvimento sustentável no Brasil. Além disso, a matriz pode ser uma ótima opção em momentos de crise e uma alternativa excelente para o futuro do país e do mundo.

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Quais as duas principais áreas com maior quantidade de parques eólicos no Brasil?

O Rio Grande do Norte e a Bahia são os estados brasileiros com maior capacidade para produzir energia, a partir da força dos ventos. Em agosto de 2019, a Bahia ultrapassou o Rio Grande do Norte, em número de parques eólicos, contando atualmente com 167 deles.

Quais os maiores parques eólicos do Brasil?

Principais complexos e parques eólicos no Brasil:.
- Parque Eólico Giribatu..
- Complexo Eólico do Alto do Sertão I..
- Parque Eólico de Osório..
- Complexo Eólico Desenvix Bahia..
- Parque Eólico Sangradouro..
- Parque Eólico Elebrás Cidreira 1..
- Parque Eólico Enacel..
- Parque Eólico Giruá.

Em qual região do Brasil está localizado os principais parques eólicos?

Entre os cinco estados que lideram na energia eólica, quatro são do Nordeste:.
Rio Grande do Norte: com capacidade de 4.066 MW e 151 usinas..
Bahia: com 3.951 MW e 153 usinas..
Ceará: com 2.045 MW e 79 parques..
Rio Grande do Sul: com 1.832 MW e 80 parques..
Piauí: com 1.638 MW e 60 usinas de geração de energia..

Qual é o maior parque eólico no Brasil?

Então, é justo que João Câmara receba esse título. O Rio Grande do Norte produz mais de cinco Gigawatts de energia éolica, o que torna o estado autossuficiente e um líder mundial no setor. Desde o primeiro parque eólico instalado há quase 20 anos, já foram investidos R$ 21 bilhões.