Quais são as cantigas de escárnio?

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Descubra as caracteríticas das cantigas de satíricas de escárnio e de maldizer.

Quais são as cantigas de escárnio?

As cantigas de escárnio

Nessa cantiga, o eu – lírico, faz uma crítica (sátira) indireta e com duplos sentidos a alguém. Para os trovadores fazerem uma cantiga de escárnio, ele precisa compor uma cantiga falando mal de alguém, ou seja, fazendo uma critica a alguma pessoa, através de palavras de duplo sentido, ou seja, através de ambigüidades, trocadilhos e jogos semânticos, através de um processo denominado pelos trovadores equívoco.

Essa cantiga é capaz de estimular a imaginação do autor, sugerindo-lhe uma nova expressão irônica.

Vejamos um exemplo de cantiga de escárnio:

Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!…

As cantigas de Maldizer.

Esse tipo de cantiga, também traz criticas, ou seja sátiras diretas, porém não são acompanhadas de duplos sentidos. É normal que ocorra agressões verbais à pessoa que está sendo criticada, ou seja, satirizada, geralmente usa-se até mesmo palavrões para compor esse tipo de cantiga, onde se revela ou não o nome da pessoa que está sendo agredida verbalmente.

Vejamos um exemplo de cantiga de Maldizer:

Roi queimado morreu con amor
Em seus cantares por Sancta Maria
por ua dona que gran bem queria
e por se meter por mais trovador
porque lhela non quis [o] benfazer
fez-sel en seus cantares morrer
mas ressurgiu depois ao tercer dia!…

Outras modalidade satíricas 

As cantigas sátiricas distiguem-se de várias formas , ou modalidade de cantigas.

  • As cantigas de joguete arteio e risabelha: são pequenas composições que fazem rir somente no momento, ou seja, causa um riso imediato, e que não têm nenhuma críticas às pessoas e nem à sociedade.
  • As cantigas de seguir: são construídas a partir de outra cantiga, ou seja, o tema da cantiga foi reaproveitado, os versos, as rimas e as músicas.
  • O sirventês: muito diferente de uma sátira personalizada, era composto por um servo em honra a seu senhor, ou seja, escreveu sobre os inimigos de seu senhor
  • O desacordo: se diferencia pela irregularidade do esquema métrico.
  • As tensões: era como se fosse um desafio onde os trovadores e os jograis tinham que calcular suas habilidades poéticas.

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  1. 1. SÁTIRA TROVADORESCA<br />SÁTIRA TROVADORESCA<br />
  2. 2.
  3. 3. Cantigas de Escárnio e de Maldizer<br />A par das cantigas de amigo e das cantigas de amor, as cantigas de escárnio e maldizer constituem um dos três grandes géneros em que se divide a lírica galego-portuguesa. <br />Cantigas de Maldizer son aquelas que fazê os trobadores mais descubertamente; en elas entrã palavras que queren dizer mal e nõaueran outro entendimento senõaquel que queren dizer chaãmente e cantigas descarneoson aquelas que os trobadoresfazê querendo dizer mal dalguenen elas e dizem-lho per palavras cubertas que aiamdousentendymentos para lhe lononentenderen ...ligeyramente (CBN, Arte de Trovar, Tit. III, C.VI). <br />
  4. 4. Cantigas de Escárnio e de Maldizer<br />A alusão mais ou menos directa ao destinatário do ataque constitui, pois, o elemento que diferencia os dois tipos de cantiga. <br />A intenção destas cantigas é satirizar certos aspectos da vida da corte, visando com frequência certas personagens como jograis, soldadeiras, clérigos, fidalgos, plebeus nobilitados. <br />Ao mesmo tempo, as cantigas de escárnio e maldizer recriam situações anedóticas e picarescas e apresentam uma ridicularização do amor cortês. <br />O repertório linguístico da sátira pessoal, social, moral, religiosa e política, surpreende pela sua amplitude e recorrente obscenidade, transmitindo involuntariamente informações ímpares sobre a mentalidade e cultura laica medievais.<br />
  5. 5. <ul><li> São mais antigas do que a própria nacionalidade e ter-se-iam desenvolvido paralelamente com as cantigas de amigo.
  6. 6. Mais tarde foram influenciadaspela literatura provençal.
  7. 7. As composições satíricas da Provença tinham o nome de sirventês. (imitação servil do tema ou da forma ou ainda por terem o propósito de servir um senhor)</li></ul>sirventês moral<br />sirventês político<br />sirventês pessoal<br />
  8. 8. A Arte de Trovar distingue duas modalidades de sátira:<br /><ul><li>Cantigas de Escárnio </li></ul> (ridiculariza-se alguém com palavras simuladas; o processo estilístico é basicamente a ironia)<br /><ul><li>Cantigas de Maldizer</li></ul> (ridiculariza-se alguém com palavras claras e directamente ofensivas)<br /> cf. Arte de Trovar<br />
  9. 9. Características da sátira trovadoresca<br /><ul><li>É concreta e particular;
  10. 10. fundamentalmente de carácter social;
  11. 11. é, por vezes muito obscena.</li></ul>A poesia satírica galego-portuguesa oferece-nos um precioso testemunho sobre a Idade Média portuguesa e peninsular na medida em que documenta os seus costumes, sem a idealização da cantiga de amor, e nos informa sobre os factos históricos e sociais mais relevantes.<br />
  12. 12. Temas da sátira trovadoresca<br /><ul><li>a cruzada da Balteira;
  13. 13. o escândalo das amas e tecedeiras;
  14. 14. a decadência e a sovinice dos infanções;
  15. 15. a deposição de D. Sancho II e a entrega dos castelos ao Conde de Bolonha, futuro D. Afonso III;
  16. 16. as disputas entre jograis;
  17. 17. a traição dos fidalgos na guerra de Granada;
  18. 18. o desconcerto do mundo;
  19. 19. a vida duvidosa das soldadeiras;
  20. 20. amores entre fidalgos e plebeias;
  21. 21. as mentiras do amor.</li></li></ul><li>A Sátira Trovadoresca visa ainda outras entidades, como:<br /> - os fidalgos prepotentes; os reis e outros nobres que viajam muito; os peregrinos e as suas gabarolices de aventura; os fidalgos pelintras; os membros do clero, as abadessas e freiras e os cavaleiros das ordens militares; os trovadores e os jograis; os médicos, os juízes e os juristas; os ladrões, os linguareiros, os avarentos…<br />Assim, na sátira do primeiro período medieval podemos ver duas espécies de crítica:<br /> A social (religiosa, política e moral)<br /> A individual (jogralesca) – de muito mais largas proporções<br />
  22. 22.
  23. 23. Cantigas de Escárnio<br />Apresentam críticas subtis e bem-humoradas sobre uma pessoa que, sem ter nome citado, é facilmente reconhecível pelos demais elementos da sociedade.<br />Ai, dona fea, fostes-vos queixar / que vos nunca louv' en [o] meu cantar; / mais ora quero fazer um cantar / en que vos loarei toda via; / e vedes como vos quero loar; / dona fea, velha e sandia! <br />
  24. 24. Cantigas de Maldizer<br />Neste tipo de cantiga é feita uma crítica pesada, com intenção de ofender a pessoa ridicularizada. Há o uso de palavras grosseiras (palavrões, inclusive) e cita-se o nome ou o cargo da pessoa sobre quem se faz a sátira:<br />Maria Peres se mãefestou (confessou) / noutro dia, ca por pecador (pois pecadora) / se sentiu, e log' a Nostro Senhor / pormeteu, pelo mal em que andou, / que tevess' um clérig' a seu poder, (um clérigo em seu poder) / polos pecados que lhi faz fazer / o demo, com que x'ela sempr'andou. (O demónio, com quem sempre andou)<br />
  25. 25. Variedades das cantigas satíricas<br />Quanto ao fundo, são conhecidas as seguintes variedades de cantigas satíricas:<br />— Joguete de arteiro — é a cantiga de escárnio propriamente dita. Feria com delicadeza.<br />— Risadilha ou risabelha— é a cantiga de maldizer propriamente dita. Era obscena.<br />Quanto à forma, podemos distinguir:<br />— Cantigas de mestria<br />— Cantigas de refrão<br />— Cantigas de seguir ou paródias — chamadas assim por arremedarem outra cantiga e, segundo a Poética Fragmentária, «porque dan ao rrefran outro entendimento peraquellaspalaurasmeesmas e tragen as palauras da cobra a concordarenconel». Feriam com delicadeza também.<br />— Tenções de briga — equivalentes ao joczpartitz provençais — consistiam num diálogo em verso entre dois ou mais trovadores com a particularidade da resposta de cada um dos contendores ser iniciada com as rimas do anterior.<br />
  26. 26. Cantigas de Escárnio e Maldizer<br />
  27. 27. Um exemplo da cantiga de maldizer: "Martim Gil, um omen vil se quer de vós querelar; que o mandaste atar cruamente a um esteodando-lhe açoutes bem mil; aquesto, Martim Gil, parece a todos muifeo." <br />
  28. 28. Um exemplo de cantiga de escárnio bastante citado<br />“Ai dona fea! Foste-vos queixar<br />porque vos nunca louv'en meu trobar<br />mais ora quero fazer um cantar<br />en que vos loarei todavia<br />e vedes como vos quero loar: <br />dona fea, velha e sandia.”<br />Essa cantiga não fornece o nome do criticado (cantiga de escárnio), mas faz uma referência directa e sem ambiguidade ao que deseja criticar: velhice e feiura da destinatária da mensagem, por isso, não podemos classificá-la como uma cantiga de escárnio ou de maldizer.<br />
  29. 29. "Tem uma dona, eu não vou dizer qual<br />que queria ouvir a missa, pelas oitavas de natal<br />mas veio um corvo carnaçal (que gosta de carne)<br />e ela não pôde de casa sair.<br />Bem que ela queria ouvir o sermão<br />mas veio um corvo acaron (que nem ácaro, carrapato, que gruda e não larga)<br />e ela não pôde de casa sair.<br />Bem que ela queria ir rezar<br />mas o corvo disse: 'Quá, vem cá!‘<br />e ela não pôde de casa sair.<br />Bem que ela queria sua missa ouvir<br />mas o corvo veio sobre si<br />e ela não pôde de casa sair." <br />Trata-se de uma típica cantiga de escárnio, em que além de não mencionar o nome da pessoa criticada, o poeta também é ambíguo sobre o assunto criticado.<br />Ao que tudo indica, a indirecta do compositor sugere que certa mulher daquele tempo andou dando desculpas que teria ido à missa, mas faltou porque apareceu um corvo preto, sinal de azar, e ela ficou em casa. No entanto, ao mesmo tempo, ele vai pontuando as acções do corvo de tal maneira que chegamos à conclusão de que se trata de um padre (corvo = batina preta) que, aproveitando-se de estar outro padre ocupado com a missa, foi à casa da beata e teve com ela um caso (veio sobre si).<br />
  30. 30. Ai dona fea! Foste-vos queixarQue vos nunca louv'en meu trobarMais ora quero fazer un cantarEn que vos loarei toda via;E vedes como vos quero loar:Dona fea, velha e sandia!<br />Ai dona fea! Se Deus mi pardon!E pois havedes tan gran coraçonQue vos eu loe en esta razon,Vos quero já loar toda via;E vedes qual será a loaçon:Dona fea, velha e sandia!<br />Dona fea, nunca vos eu loeiEn meu trobar, pero muito trobei;Mais ora já en bom cantar fareiEn que vos loarei toda via;E direi-vos como vos loarei:Dona fea, velha e sandia!<br />Ai, dona feia, foste-vos queixar <br />que nunca vos louvo em meu cantar; <br />mas agora quero fazer um cantar <br />em que vos louvares de qualquer modo; <br />e vede como quero vos louvar <br />dona feia, velha e maluca! <br />Dona feia, que Deus me perdoe, <br />pois tendes tão grande desejo <br />de que eu vos louve, por este motivo <br />quero vos louvar já de qualquer modo; <br />e vede qual será a louvação: <br />dona feia, velha e maluca! <br />Dona feia, eu nunca vos louvei <br />em meu trovar, embora tenha trovado muito; <br />mas agora já farei um bom cantar; <br />em que vos louvarei de qualquer modo; <br />e vos direi como vos louvarei: <br />dona feia, velha e maluca! <br />João Garcia de Guilhade <br />
  31. 31. Cantiga de maldizer de Pero da Ponte<br />E quén d´aver ouver sabor7<br />non ponha sa filh´a tecer<br />nen a cordas nen a coser,<br />mentr´esta meestr´aqui for8,<br />que lhi mostrará tal mester,<br />por que seja rica molher,<br />ergo se lhi minguar lavor.<br /> <br />E será en mais sabedor,<br />por estas artes aprender;<br />de mais, quanto quiser saber<br />sabê-lo pode mui melhor;<br />e, pois tod´esto ben souber,<br />guarrá assi como poder;<br />de mais, guarrá per seu lavor.<br />Quen a as filha quiser dar<br />mester1, con que sábia guarir2<br />a Maria Doming´á-d´ir3,<br />que a saberá ben mostrar;<br />e direi-vos que lhi fará:<br />ante dun mês lh´amostrará<br />como sábia mui bem ambrar4.<br /> <br />Ca me lhi vej´eu ensinar<br />ua sa filha e nodrir5;<br />e quen sas manhas ben cousir6<br />aquesto pode ben jurar:<br />que, des Paris atees acá,<br />molher de seus dias non á<br />que tan ben s´acorde d´ambrar.<br />1 mester: profissão. 2 guarir: prosperar. 3 á-d´ir: há de ir. 4 ambrar: rebolar, fornicar.<br />5 nodrir: sustentar. 6 cousir: considerar. 7 e quén d´aver ouver sabor: e quem tem o desejo de enriquecer. 8 mentr´esta meestr´aqui for: enquanto esta mestra aqui estiver.<br />

O que é cantiga de escárnio e exemplos?

Cantigas de Escárnio: nestas cantigas o nome da pessoa satirizada não aparecia. As sátiras eram feitas de forma indireta, utilizando o duplos sentidos. Exemplo: a música da dupla Maiara e Maraisa, "Quem ensinou fui eu".

Como identificar uma cantiga de escárnio?

Cantiga de escárnio: são composições em que se critica alguém através da zombaria do sarcasmo. Trazem sátiras indiretas por encobrir a agressividade através do equívoco e da ambiguidade. Cantigas de maldizer: apresentam sátira direta, contundente e clara.

Qual o tema da cantiga de escárnio?

Cantigas trovadorescas de escárnio As cantigas de escárnio fazem críticas de forma direta a uma pessoa. Nas cantigas de escárnio, o nome da pessoa em questão não era falado. Nesse tipo de texto encontramos algumas figuras de linguagem.

Quais são as principais características das cantigas de escárnio?

Características das cantigas de escárnio.
poesias satíricas..
críticas indiretas..
uso de linguagem irônica..
presença de trocadilhos e ambiguidades..
crítica ao contexto político e social..
nome da pessoa satirizada não é revelado..