Quais recursos podem ser empregados para pessoas cegas e com baixa visão?

Introdu��o

Atualmente o n�mero de matr�culas de alunos com defici�ncia tem crescido muito no ensino regular, em especial na educa��o b�sica. Apesar de n�o discriminar os estudantes por tipo de defici�ncia, o Censo da Educa��o B�sica (BRASIL, 2014) aponta que 648.921 estudantes com defici�ncia est�o matriculados na educa��o b�sica, sendo que entre os anos de 2012 e 2013 houve um crescimento de 4,5% nas matr�culas desses estudantes. Este crescimento aponta para a necessidade cada vez maior das escolas se adaptarem �s necessidades desses estudantes, a fim de ofertar uma educa��o de qualidade e em condi��es de igualdade para todos (TORRES e MAZZONI, 2004). Pensando nisso entendemos o qu�o importante torna-se refletir acerca dos materiais did�ticos que vem sendo utilizados para possibilitar os processos de ensino-aprendizagem de estudantes brasileiros. Entre os materiais did�ticos presentes em sala de aula, o livro did�tico parece ser o mais frequentemente utilizado, tendo em vista tamb�m a execu��o de programas desenvolvidos pelo Minist�rio da Educa��o (MEC), como o caso do Programa Nacional do Livro Did�tico (PNLD) que atualmente avalia, indica, compra e distribui cole��es did�ticas para todos os anos escolares da educa��o b�sica p�blica do pa�s. Na edi��o de 2015, as cole��es para o ensino m�dio apresentam inova��es com rela��o �s formas de apresenta��o, compostos por livros digitais e livros impressos, al�m de ferramentas e recursos digitais. Fato este que torna importante analisar os livros did�ticos que s�o utilizados nas escolas b�sicas e, a partir de 2015, tamb�m, os objetos digitais educacionais que os acompanham.

Nesse contexto, buscamos realizar uma breve an�lise dos Objetos Educacionais Digitais (OED) que acompanham os livros did�ticos da componente curricular F�sica selecionados no PNLD/2015 com o objetivo de averiguar se os mesmos apresentam recursos de acessibilidade para estudantes com defici�ncia visual matriculados na educa��o b�sica.

Diante dos dados do Censo Escolar (2014) e da presen�a de alunos com DV na educa��o b�sica, muitos questionamentos foram surgindo, entre os quais elencamos alguns que nortear�o esse estudo: � poss�vel que alunos com cegueira e baixa vis�o matriculados no Ensino M�dio das escolas utilizem os OED dos livros did�ticos de F�sica do PNLD/2015 em condi��es de igualdade com os demais estudantes da turma? Os OED disponibilizados nas quatro cole��es da F�sica est�o acess�veis para estudantes cegos ou com baixa vis�o? Os professores de F�sica na escola s�o capazes de realizar as adapta��es, caso sejam necess�rias?

Tais questionamentos justificam este estudo e fomentam uma importante discuss�o tanto sobre os crit�rios utilizados para avalia��o e indica��o dos recursos digitais, quanto sobre as quest�es de produ��o destes materiais, que deveriam seguir normas de acessibilidade conforme indicam os autores Torres e Mazzoni (2004), Gr�cio (2011) e Nunes et. al. (2011).

Segundo o Guia do livro did�tico, as cole��es disponibilizadas passaram por um criterioso processo de avalia��o por especialistas das �reas espec�ficas de ensino (BRASIL, 2014, p. 8 - 9). Por�m, a quest�o que fica �: por que tais materiais n�o s�o avaliados em parceria com profissionais da �rea da Educa��o Especial? O trabalho colaborativo entre profissionais das diferentes �reas de ensino – Educa��o Especial e F�sica – pode ser uma alternativa interessante para enfrentar a problem�tica dos processos educativos de alunos cegos e baixa vis�o em componentes curriculares de Ci�ncias da Natureza, conforme indicam os estudos de Mendes, Vilaronga e Zerbato (2014), Cabral et. al. (2014) e Voos et. al. (2016).

Outro aspecto relevante a ser evidenciado � o fato de que tais componentes curriculares s�o ainda fortemente baseadas na visualidade, o que pode trazer impedimentos para a participa��o do estudante com DV, podendo ser enfrentada pela colabora��o entre docentes. Sobre o aspecto da visualidade em aulas de Ci�ncias da Natureza (CN) Soler (1998) explica que:

Atualmente as mat�rias de ci�ncias s�o ensinadas em diferentes n�veis acad�micos apenas a partir do par�metro visual. Isto � porque n�s nos esfor�amos para homogeneizar nossos alunos em uma �nica capacidade a qual consideramos predominantemente: o sentido da vis�o (SOLER, 1999, p.1, tradu��o das autoras).

O autor apresenta a visualidade como algo limite no ensino de CN para estudantes cegos e baixa vis�o. Percebe-se que elementos visuais est�o bastantes presentes nos OED dos livros did�ticos que propomos analisar nesse trabalho, o que provavelmente pode se tornar uma barreira no processo educativo desses estudantes. A visualidade foi tema de discuss�o recorrente na Hist�ria da Ci�ncia, eventos como observar, analisar e descrever fen�menos, utilizar instrumentos �pticos como telesc�pio ou microsc�pio, sempre foram muito relevantes e para os quais o sentido da vis�o era imprescind�vel. Arist�teles defendia que “[...] a vista �, de todos os nossos sentidos, aquele que nos faz adquirir mais conhecimentos [...]” (Chau�, 1988, p. 47). Esta � apenas uma das in�meras passagens hist�ricas e filos�ficas acerca da soberania do olhar (Novaes, 1988). Tais representa��es podem ainda exercer forte influ�ncia na maneira como as CN s�o lecionadas nas escolas, como os materiais did�ticos destas componentes curriculares s�o preparados e como se d� a forma��o inicial de professores da �rea. Parece que os OED tomaram este mesmo caminho: a visualidade como elemento central. � importante destacar que n�o h� problemas em utilizar v�deos, infogr�ficos, representa��es visuais e outros recursos digitais pautados no visual, a inadequa��o est� na forma como s�o disponibilizados para estudantes cegos e com baixa vis�o. Atualmente, s�o in�meros os recursos de Tecnologia Assistiva existentes e disponibilizados gratuitamente na rede mundial de computadores que podem ser acessados e utilizados por professores e desenvolvedores dos materiais digitais, assim como normas e diretrizes nacionais e internacionais que devem ser seguidas por desenvolvedores (GR�CIO, 2011). Tornar acess�vel os recursos digitais e “instrumentalizar” o professor para que enfrente tal problem�tica deveriam ser parte das a��es governamentais, em especial, � disponibilidade dos OED j� no formato acess�vel.

Pensando nestas quest�es, discutiremos o que s�o os OED, e partindo da breve an�lise realizada procuraremos apontar poss�veis limites para os processos educativos de estudantes cegos e baixa vis�o participantes de aulas de F�sica no Ensino M�dio. No final, propomos um pequeno roteiro com dicas buscando apontar poss�veis contribui��es para um trabalho pedag�gico acess�vel com o uso dos OED.

� preciso que os professores reflitam que mesmo o que � vis�vel por meio de imagens ao aluno vidente, em uma vis�o n�o ing�nua sobre o processo de constru��o do conhecimento, n�o se trata de uma imagem tal qual a realidade, mas de uma representa��o conceitual, de um modelo n�o definitivo, e que qualquer modelo f�sico tem suas limita��es, suas validades de aplica��o, como as representa��es contidas nos livros did�ticos envolvendo conte�dos como a f�sica de part�culas, ondas sonoras, �ptica, eletromagnetismo (GIL PEREZ et. al., 2001).

O Programa Nacional do Livro Did�tico: uma an�lise dos OED da componente curricular f�sica

O Programa Nacional do Livro Did�tico (PNLD), realizado pelo MEC, tem como objetivo subsidiar o trabalho pedag�gico dos professores por meio da distribui��o de cole��es de livros did�ticos aos alunos da educa��o b�sica. Para cumprir com esse objetivo, trienalmente as obras s�o submetidas � avalia��o do MEC que publica o Guia de Livros Did�ticos com resenhas das cole��es consideradas adequadas e aprovadas. Esse guia � encaminhado �s escolas que selecionam, entre os t�tulos dispon�veis, aqueles que melhor atendem ao seu Projeto Pol�tico Pedag�gico (BRASIL, 2014).

Pela terceira vez, em 2015, o programa atendeu a componente curricular F�sica no Ensino M�dio, com um crescente n�mero de obras aprovadas, o que reflete uma maior sintonia e aproxima��o entre o processo de elabora��o das cole��es e as exig�ncias dos editais de convoca��o para a inscri��o e avalia��o das obras did�ticas pelo PNLD, proporcionando, consequentemente, um maior n�mero de op��es para os professores. Na atual edi��o do PNLD/2015, surgem, pela primeira vez obras multim�dias compostas por livros digitais, contendo OED, al�m dos tradicionais livros impressos, inova��o importante que parece sinalizar para a incorpora��o das novas tecnologias no enriquecimento dos processos educativos.

A avalia��o das obras did�ticas passa por um rigoroso processo �s cegas por docentes e pesquisadores, especialistas da �rea de F�sica e de Ensino de F�sica. Cada obra passa pela an�lise individual de dois avaliadores, que depois s�o discutidas de modo a se estabelecer um consenso sobre as an�lises e do resultado final. Por fim, juntamente �s coordena��es de �rea e representa��o da comiss�o t�cnica s�o emitidos pareceres e resenhas das obras recomendadas com a finalidade de orientar o trabalho do professor na escolha da cole��o did�tica a ser adotada na escola. Todo o material produzido � publicado pelo MEC no Guia de Livros Did�ticos: PNLD 2015 - F�sica - Ensino M�dio (BRASIL, 2014), incluindo os crit�rios de avalia��o, os conte�dos das fichas de avalia��o pedag�gica e as resenhas dos 14 livros aprovados para a componente curricular F�sica. Tendo em vista a presen�a de conte�do digital em algumas obras, a edi��o do PNLD/2015 apresenta tamb�m crit�rios de avalia��o espec�ficos para o conte�do digital. Da totalidade das cole��es did�ticas, apenas quatro possuem conte�do digital e s�o classificadas como Cole��o do Tipo 1. As demais, que n�o apresentam conte�do digital, s�o classificadas como Cole��o do Tipo 2.

Os crit�rios de avalia��o do conte�do digital foram reunidos em cinco blocos: 1) Legisla��o e cidadania, 2) Abordagem metodol�gica e proposta did�tico-pedag�gica, 3) Conceitos, linguagens e procedimentos, 4) Orienta��es did�ticas aos objetos educacionais digitais, 5) Projeto editorial, organiza��o e apresenta��o do conte�do digital.

No entanto, em nenhum momento s�o mencionados crit�rios de acessibilidade aos recursos para estudantes cegos ou com baixa vis�o, apesar de haver uma preocupa��o no que se refere � legibilidade gr�fica aos videntes no �ltimo bloco, como segue:

A legibilidade gr�fica � adequada (tamanho e espa�amento das letras, palavras e linhas; formato, dimens�es e disposi��o dos textos na p�gina, uso de cores) tanto no �mbito espec�fico de cada OED quanto nas demais p�ginas referentes ao conte�do digital (BRASIL, 2014, p. 32)

Antes de analisar propriamente os OED presentes nas obras did�ticas, � importante conceituar o que s�o estes recursos. De acordo com Graciando e Fireman (2010), OED s�o entendidos:

[...] como sendo recursos digitais que podem ser baseados em textos, p�ginas em HTML, gr�ficos, ilustra��es, anima��es, simula��es, imagens e outros, que sejam modulares e reutiliz�veis e que est�o voltados para a quest�o da aprendizagem nos mais variados n�veis e modalidades de ensino, cuja finalidade seja a sua utiliza��o como ferramenta, um recurso, um instrumento para o ensino, de forma intencional, ou seja, um ODA � um material digital utilizado e criado especificamente para que seus usu�rios apropriem-se de algum tipo de conhecimento (GRACINDO e FIREMAN, 2010, p. 77).

Como se pode perceber pela defini��o adotada pelos autores, s�o recursos pautados, quase que exclusivamente, no sentido da vis�o. Sendo assim, se a acessibilidade n�o for um crit�rio levado em considera��o desde a concep��o/organiza��o, estudantes cegos e com baixa vis�o poder�o ter barreiras educacionais de acesso ao conte�do proposto por esse recurso. Podemos antecipar que os OED aqui analisados demonstram n�o terem seguido quaisquer crit�rios e normas de acessibilidade, e assim sendo se faz necess�ria a adapta��o posterior desse material pelo professor para o uso em sala de aula, a fim de que esses estudantes possam usufruir dos recursos em condi��es de igualdade com os demais. Por�m, a quest�o ainda latente �: esses professores estariam capacitados a fazer tais adapta��es? N�o seria esta uma quest�o a ser levada em considera��o desde a g�nese do processo de concep��o da obra did�tica? O pr�prio edital de convoca��o para o processo de inscri��o e avalia��o de obras did�ticas para o programa reconhece que os OED s�o recursos visuais explicitados no Item 4.2.3 como:

Entende-se por objetos educacionais v�deos, imagens, �udios, textos, gr�ficos, tabelas, tutoriais, aplica��es, mapas, jogos educacionais, anima��es, infogr�ficos, p�ginas web e outros elementos (BRASIL, 2013, p.3).

Em uma breve an�lise realizada nas cole��es did�ticas do Tipo 1, conforme apresentamos na Tabela 1, percebe-se que o conte�do digital das obras did�ticas consiste basicamente em v�deos, infogr�ficos e ilustra��es. Tamb�m que as cole��es ‘Compreendendo a F�sica’, ‘F�sica’ e ‘F�sica – Contexto e Aplica��es’, obras numeradas como 1, 2 e 3 na Tabela 1, pertencem ao mesmo grupo editorial e os OED t�m muitas semelhan�as entre si, inclusive no que concerne �s quest�es de acessibilidade. J� a cole��o ‘Quanta F�sica’ apresenta diferen�as, entre elas a quantidade de recursos digitais disponibilizados, conforme tabela 1. Nesta cole��o, percebe-se um investimento em acessibilidade, como uma barra com recursos para pessoas com baixa vis�o. Entretanto, possivelmente, tal recurso n�o seja suficiente para que o estudante baixa vis�o e cego conquistem sua autonomia para o uso. A pesquisa de Gr�cio (2011) apresentou uma avalia��o realizada por estudantes cegos acerca de OEs. A mesma indicou que entre os OEs de F�sica analisados os estudantes apontaram recursos de acessibilidade que facilitavam a navega��o de forma aut�noma, por�m em diferentes momentos foi necess�ria a media��o da pesquisadora para que o uso do OEs pudesse ser realizado. A conclus�o apresentada � que os OEs ainda carecem de recursos acessibilidade, an�logo ao que apresenta a cole��o “Quanta F�sica”.

As defini��es apresentadas correspondem com os tipos de recursos disponibilizados e utilizados pelos autores das obras did�ticas apresentadas na Tabela 1, tais como: infogr�ficos, simuladores, ilustra��es, v�deos. Todos estes recursos digitais s�o muito relevantes no processo de aprendizagem de componentes curriculares das Ci�ncias da Natureza, por�m para estudantes com tais caracter�sticas os mesmos podem se constituir como barreiras pedag�gicas, metodol�gicas1, de comunica��o e informa��o2. Barreiras essas que pela defini��o adotada, n�o podem ser enfrentadas de forma isolada pelo professor da F�sica.

Quais recursos podem ser empregados para pessoas cegas e com baixa visão?

Tabela 1: Apresentando as 4 cole��es e seus OED.
Tabela 1: Apresentando as 4 cole��es e seus OED.

Tabela 1: Apresentando as 4 cole��es e seus OED.

A partir de agora faremos uma breve descri��o dos OED por cole��o did�tica (apresentadas na Tabela 1) e apresenta��o da an�lise sobre acessibilidade realizada nos materiais disponibilizados pelas editoras nos sites. Tendo em vista a dificuldade em estabelecer contato com as editoras que n�o responderam aos contatos quanto � disponibiliza��o dos OED no formato em que as escolas tiveram acesso, e que possivelmente haja diferen�as entre os materiais disponibilizados na web e os disponibilizados para as escolas. De qualquer forma, entende-se que os recursos de acessibilidade devem estar tamb�m nos OED dispon�veis na web, a fim de que fossem analisadas e conhecidas pelos professores da �rea e os estudantes, como recomendado pelas normas e diretrizes nacionais e internacionais (GR�CIO, 2011).

As tr�s cole��es ‘F�sica’, ‘Compreendendo a F�sica’ e ‘F�sica – Contexto e Aplica��o’ apresentam muitas semelhan�as na forma de apresenta��o dos OED, e, consequentemente, na inexist�ncia de recursos de acessibilidade. A partir da an�lise realizada, foi poss�vel elencar alguns aspectos, por exemplo, o fato de todos os recursos serem exclusivamente visuais, o que exige do estudante o sentido da vis�o para acessar as informa��es e conte�dos. O OED disponibilizado no site da editora n�o faz nenhuma refer�ncia � acessibilidade, como: altera��o de cor e tamanho de fonte, lupa, e principalmente �udio-descri��o, nem mesmo no layout inicial para encontrar o conte�do. Pode-se perceber ainda que as informa��es de acesso e navega��o est�o dispostas unicamente escritas, n�o tendo as mesmas informa��es em �udio, o que impede que o estudante com cegueira ou baixa vis�o consiga se localizar e buscar as informa��es necess�rias, pois os leitores de tela n�o fazem a leitura das imagens (quadro no qual se encontra a instru��o escrita). Os v�deos n�o possuem �udio-descri��o, apenas legenda escrita, que embora estejam em L�ngua Portuguesa, n�o est�o �udio-descritas. Fato este exigir� do professor de F�sica, quando usar este material em sala de aula, crie adapta��es para o uso de estudantes cegos e baixa vis�o.

A �ltima cole��o analisada � a “Quanta F�sica” que disponibiliza 24 OED (13 infogr�ficos, 1 simulador, 10 anima��es). O OED dessa cole��o n�o est� dispon�vel na �ntegra no site da editora, foram feitos contatos com a mesma que n�o o disponibilizou alegando que n�o foram distribu�dos �s escolas no per�odo de realiza��o da pesquisa.

Diante dos dados elencados, reconhecem-se alguns limites nas an�lises, em especial, o fato de n�o terem sido realizadas em parceria com estudantes cegos e baixa vis�o e por terem sido realizadas sobre os materiais disponibilizados nos sites das editoras3, o que pode apresentar diferen�as com os materiais que foram distribu�dos �s escolas do pa�s. Recursos digitais t�m muita relev�ncia educacional para os estudantes e professores, o fato de os mesmos n�o estarem acess�veis para estudantes cegos e com baixa vis�o os tornam incompletos, pois podem contribuir para exclus�o destes estudantes em aulas de F�sica. Embora o edital de convoca��o para o processo de inscri��o e avalia��o de obras did�ticas para o PNLD/2015 fa�a men��o � acessibilidade obrigat�ria para o livro do estudante e do professor a ser oferecido em formato MecDaisy4, n�o faz refer�ncia � acessibilidade no OED disponibilizados nas obras de Tipo 1, o que apontamos como limite no edital.

Contribui��es para a acessibilidade nos Objetos Educacionais Digitais

Como j� discutido, pensar em recursos de acessibilidade nos materiais did�ticos utilizados em salas de aula com estudantes cegos e baixa vis�o � algo indispens�vel. Torres e Mazzoni (2004) explicam que:

A n�o-observ�ncia dos princ�pios do design for all no espa�o digital, pelos autores dos materiais disponibilizados nessa forma, pode ser considerada como uma discrimina��o feita a milhares de usu�rios (TORRES e MAZZONI, 2004, p. 152).

Pensando em poss�veis contribui��es para o enfrentamento das barreiras educacionais que podem ser oriundas das abordagens metodol�gicas, linguagens e procedimentos empregados nos OEDs, apresentamos na sequ�ncia um roteiro que visa indicar possibilidades para que os professores possam pensar a participa��o dos estudantes com DV. Este roteiro n�o deve ser considerado algo fechado, mas como contribui��es para que o professor da componente curricular consiga fazer uso dos OEDs e os estudantes cegos e baixa vis�o possam participar em condi��es de igualdade.

Para esta parte foram selecionadas duas obras para an�lise e destas destacamos o conte�do referente � F�sica de Part�culas, s�o eles: o volume 3 da cole��o Compreendendo a F�sica e o volume 3 da cole��o F�sica. A partir dessa an�lise foi elaborado um roteiro das adapta��es e recursos de acessibilidade que podem ser oferecidas ao estudante5. Por�m, � importante lembrar que pessoas com cegueira e baixa vis�o n�o s�o iguais por terem a mesma defici�ncia, bem como, n�o se adaptam e aceitam recursos de Tecnologia Assistiva de forma ison�mica. Portanto, faz-se primordial que o professor da sala de aula converse com o estudante a fim de coletar o maior n�mero de informa��es acerca das experi�ncias sensoriais j� adquiridas, e conhecer os limites e as potencialidades dos recursos, tendo condi��es de apontar os caminhos a serem tra�ados. De acordo com Laplane e Batista (2008),

[...] o que determina o tipo de recurso a ser adotado � a necessidade, interesse, disposi��o e objetivos do pr�prio sujeito, assim como as condi��es de inser��o sociocultural e familiar que tornar�o um recurso mais adequado ou vi�vel que outro. N�o h�, portanto, uma conduta �nica que possa ser seguida em todos os casos, mas sim, estrat�gias de car�ter geral que podem facilitar o trabalho escolar e derrubar barreiras de comunica��o e acesso ao conhecimento. Para come�ar � necess�rio prestar aten��o ao uso que o aluno faz dos canais sensoriais que possui, sejam eles visuais, t�teis ou auditivos, �s suas caracter�sticas pessoais e � sua hist�ria de desenvolvimento e aprendizagem (LAPLANE e BATISTA, 2008, p. 216).

As autoras corroboram com o entendimento que aqui procuramos explicitar: somente a pessoa que vive a defici�ncia tem experi�ncia suficiente para melhor apontar os limites e as potencialidades dos recursos de acessibilidade e as diferentes formas de apresenta��o do material did�tico, o que n�o significa que far� escolhas acerca dos conte�dos e metodologias usadas pelo professor. Como explicam Torres, Mazzoni e Mello (2007) “nem toda pessoa cega l� em Braille, nem toda pessoa surda se comunica em l�ngua de sinais” (p. 1).

O roteiro de acessibilidade foi elaborado, como descrito acima, com base em um conte�do: a F�sica de Part�culas, cujo OED � intitulado como “LHC – o grande colisor de H�drons”.

As duas cole��es digitais oferecem orienta��es did�ticas destinadas ao professor sobre a utiliza��o do OED, por�m as mesmas n�o abordam a quest�o da acessibilidade. Como objetivo do OED e do conte�do denominado F�sica de Part�culas, mais especificamente no que diz respeito aos aceleradores de part�culas, os autores destacam a import�ncia dos alunos conhecerem a estrutura e funcionamento do LHC (Large Hadron Collider), bem como enfatizam o papel da F�sica no desenvolvimento da estrutura denominada LHC. Nas orienta��es did�ticas os autores da obra elencam, ainda, a import�ncia de expor aos alunos que o CERN (Conseil Europ�en pour la Reaserche Nucl�aire) foi respons�vel por construir o LHC e desenvolver a World Wide Web, motivado pela necessidade de se estabelecer uma comunica��o eficiente entre os departamentos do CERN, fato este que significou muito para a evolu��o das rela��es de intera��o, comunica��o e desenvolvimento da sociedade.

Portanto, n�o se percebe nas orienta��es qualquer t�pico que sinalize ao professor a import�ncia de �udio-descrever as imagens do livro, nem mesmo de explicar com recursos t�teis a representa��o visual das part�culas, j� que as mesmas s�o invis�veis para todas as pessoas. A pesquisa de Kolitsky (2014) indica a impress�o em 3D das imagens e recursos visuais disponibilizados nos OEs para que os estudantes com DV possam fazer uso dos mesmos sem limita��es.

Quanto � utiliza��o do OED a orienta��o dada ao profesor, � que reserve um tempo para utiliz�-lo na sala de aula ap�s ter realizado o estudo do conte�do.

Diante isso, o que pode fazer o professor para que o estudante, cego e baixa vis�o, participe em condi��es de igualdade na aula que faz uso do OED? Sugerimos alguns aspectos que podem ser observados para que a aula seja mais acess�vel:

1) Conhecer o estudante, descobrir o que ele conhece e quais os conhecimentos pr�vios que possa ter acerca do conte�do. E verificar quais s�o os canais sensoriais mais utilizados;

2) Procurar na escola ou em institui��o parceira o professor da Educa��o Especial, a fim de estabelecer contato e um poss�vel trabalho colaborativo, onde cada professor ir� contribuir com as especificidades de sua �rea;

3) Ap�s, preparar a aula. Descrever as imagens e disponibilizar o texto para o aluno em braille, se for o caso, ou em formato acess�vel para leitores de tela, se o estudante for usu�rio desse tipo de recurso (docx e txt);

4) Criar materiais t�teis. Por exemplo, demonstrar como s�o as representa��es visuais das part�culas6 apresentadas imageticamente no OED;

5) Explicar ao estudante como s�o as imagens do acelerador linear de Stanford. Uma maquete esbo�ando as principais estruturas do acelerador pode ser constru�da na sala de aula, ou anteriormente, a fim de que esse estudante consiga obter uma melhor compreens�o;

6) O OED disponibilizado para este conte�do � um v�deo, por�m est� inacess�vel para alunos cegos e baixa vis�o. Para enfrentar essa barreira, j� que o v�deo � um importante recurso pedag�gico a ser utilizado na educa��o, o recurso de Tecnologia Assistiva existente mais indicado � a �udio-descri��o7, a mesma deve ser criada num momento anterior ao da aula e pode ser realizada na parceria entre professor da componente curricular F�sica e da Educa��o Especial.

Foram descritos e sugeridos 6 passos (roteiro) para o uso do OED de forma a torn�-lo mais acess�vel aos estudantes com cegueira e baixa vis�o. Seguir os aspectos elencados pode contribuir significativamente para o processo educativo de todos os estudantes, em especial, daqueles que tenham cegueira e baixa vis�o. Como explicam Gon�alves et. al. (2013)

H� casos em que a natureza do curso parece ser um desafio a mais para os docentes na pro�mo��o de um processo de ensino e aprendizagem para alunos deficientes visuais. Por exemplo, cursos de qu�mica, f�sica e biologia exigem um conjunto de conhecimentos de car�ter proce�dimental que n�o podem absolu�tamente servir como crit�rios de exclus�o de tais alunos. Cabe aos professores encontrar solu��es para que os deficientes visuais tamb�m possam ser profissionais que trabalhem com ci�ncia. O fato de haver qu�micos, f�sicos e bi�logos com defici�ncia visual � um indicativo de certa efetivida�de de processos formativos para estudantes com as caracter�sticas aqui destacadas. Se assim �, por que n�o ensinar ci�ncias da natureza para deficientes visuais que frequentam a educa��o b�sica? (GON�ALVES et. al., 2013, p. 266).

A partir de a��es pedag�gicas como as destacadas acima, percebemos a necessidade de propormos adapta��es aos recursos digitais que hoje adentram a sala de aula com a proposta de possibilitar um processo educacional mais significativo e moderno aos estudantes. Por�m, destacamos que esse � um direito que deve ser assegurado a todos os alunos.

Considera��es finais

Muitos foram os questionamentos que nortearam esse estudo e que possivelmente continuar�o sem respostas. Talvez n�o sejam respostas prontas e acabadas que precisam os estudantes cegos e baixa vis�o matriculados no Ensino M�dio nas diversas regi�es geogr�ficas do pa�s, mas sim de a��es governamentais mais efetivas no que tange seus processos educativos. Acreditamos que os mesmos aguardam por uma educa��o de qualidade e em isonomia de condi��es, com materiais acess�veis e com professores com condi��es de trabalho dignas que possam buscar e prover os melhores recursos pedag�gicos a fim de enfrentar as barreiras educacionais.

A partir dos dados analisados podemos fazer algumas infer�ncias, embora ainda incipientes, pois como j� destacado, a an�lise n�o foi realizada com a consultoria de estudantes cegos e baixa vis�o e foi realizada no material disposto nos sites das editoras. Limites esses que devem ser superados em estudos posteriores. Dos quatro OED analisados, percebe-se que n�o h� recursos de acessibilidade que possibilitem a participa��o de estudantes cegos e baixa vis�o.

Diante disso, pode-se concluir que programas do governo como o do livro did�tico (PNLD) parecem n�o acompanhar as discuss�es t�o fomentadas em nosso pa�s sobre a Educa��o Especial na perspectiva inclusiva, bem como as legisla��es vigentes sobre o tema (BRASIL, 2008). Mesmo a exig�ncia de acessibilidade estar presente no edital de inscri��o para os editores e interessados em disponibilizar obras did�ticas ao programa, n�o se percebe nenhuma a��o diferente do livro no formato MecDayse.

Portanto, a parceria entre professores de diferentes �reas, como a da Educa��o Especial e da F�sica, pode se constituir como relevante no enfrentamento desta problem�tica: a inclus�o de estudantes cegos e baixa vis�o em componentes curriculares de Ci�ncias da Natureza. Acreditamos que cada professor contribui com informa��es relevantes que podem ter implica��es no processo educativo destes estudantes.

Mesmo com todos estes indicativos de enfrentar coletivamente os problemas, a educa��o inclusiva s� se tornar� realidade no pa�s se as condi��es de acessibilidade forem garantidas pelo governo, por meio de a��es efetivas e cont�nuas de fomento � inclus�o, que possam at� mesmo modificar e minimizar lacunas na forma��o inicial dos estudantes de cursos de licenciaturas nas universidades.

Muito j� se avan�ou nas pol�ticas p�blicas de inclus�o e de acesso ao material did�tico gratuito no pa�s, mas nesta breve an�lise realizada fica evidente que algumas “pe�as” ainda precisam ser ajustadas. Reconhe�amos que esta foi a primeira oferta deste tipo de recurso para estudantes e que este foi um passo muito significativo na educa��o brasileira.

Refer�ncias

AZEVEDO, A.C.; SANTOS, A.C.F. Ciclos de aprendizagem no ensino de f�sica para deficientes visuais. Revista Brasileira de Ensino de F�sica, S�o Paulo, v.36, n.4, 2014.

BRASIL. Ata da Reuni�o VII do Comit� de Ajudas T�cnicas CAT, Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presid�ncia da Rep�blica, 2007.

BRASIL. Minist�rio da Educa��o. Secretaria de Educa��o Especial. Pol�tica Nacional de Educa��o Especial na Perspectiva da Educa��o Inclusiva, 2008.

BRASIL. Minist�rio da Educa��o. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa��o. Edital de convoca��o para o processo de inscri��o e avalia��o de obras did�ticas para o programa nacional do livro did�tico PNLD/2015, de 01 de 2013.

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Notas

1 Vivarta (2003), explica que a barreira pedag�gica e metodol�gica consiste nas barreiras impostas pelo fato de os instrumentos e artefatos culturais suporem um usu�rio ideal e abstrato, desprovido de quaisquer defici�ncias sensoriais, intelectuais ou de mobilidade. Sua supera��o passa pela ado��o da no��o de desenho universal e pela utiliza��o de tecnologias assistivas (MELLO E FERNANDES, 2014, p. 11).

2 Mello e Fernandes embasados em Vivarta (2003), explicam que a barreira comunicacional e informacional “consistem nas rupturas comunicacionais comuns, por exemplo, nas trocas sociais entre surdos e ouvintes, nas dificuldades de comunica��o de pessoas com paralisia cerebral e com autismo, dentre outros. A elimina��o de barreiras comunicacionais e informacionais exige diferentes recursos de acessibilidade, desde a presen�a de int�rpretes de Libras para as pessoas surdas usu�rias de Libras e da tecnologia da estenotipia no caso de serem surdas oralizadas e at� a utiliza��o de outras tecnologias assistivas, por exemplo, as tecnologias de comunica��o alternativa, al�m da convers�o de materiais impressos em tinta para formatos acess�veis a pessoas com defici�ncia visual, como � o caso da impress�o Braille e a produ��o de textos digitalizados” (MELLO E FERNANDES, 2014, p. 10 – 11).

3 Embora o edital de convoca��o descreva no item “4.2.17. Os livros digitais adquiridos dever�o ser disponibilizados de forma gratuita aos alunos e professores em dom�nio virtual da pr�pria editora e permanecerem dispon�veis at�, no m�nimo, 28.02.2018” (BRASIL, 2013, p. 4).

4 O Minist�rio da Educa��o lan�a o Mecdaisy, uma solu��o tecnol�gica que permitir� a produ��o de livros em formato digital acess�vel, no padr�o Daisy. Desenvolvido por meio de parceria com o N�cleo de Computa��o Eletr�nica da Universidade Federal do Rio de Janeiro - NCE/UFRJ - o Mecdaisy possibilita a gera��o de livros digitais falados e sua reprodu��o em �udio, gravado ou sintetizado. Este padr�o apresenta facilidade de navega��o pelo texto, permitindo a reprodu��o sincronizada de trechos selecionados, o recuo e o avan�o de par�grafos e a busca de se��es ou cap�tulos. Possibilita tamb�m, anexar anota��es aos arquivos do livro, exportar o texto para impress�o em Braille, bem como a leitura em caractere ampliado. Todo texto � indexado, facilitando, assim, a manipula��o atrav�s de �ndices ou buscas r�pidas (http://intervox.nce.ufrj.br/mecdaisy/).

5 O livro digital, bem como o OED das cole��es analisadas est�o dispon�veis em: http://pnld2015interno.scipioneatica.com.br/pnld2013/default.aspx?opc=96&art=482&set=0&url=compreendendo-a-fisica. e, respectivamente. Op��o OED no menu esquerdo, e em seguida op��o LHC – O grande colisor de h�drons, p�gina 305 na primeira cole��o e p�gina 245 na segunda. Acesso em 09 de fevereiro de 2015.

6 Usualmente as part�culas subat�micas s�o representadas por esferas muito pequenas. Isso � uma representa��o falha, mas � a que de certa forma facilita o entendimento de alguns fen�menos, como as “colis�es”. N�o h� uma representa��o plenamente satisfat�ria de “colis�es” entre part�culas subat�micas como existe em colis�es na mec�nica cl�ssica, onde dois objetos se chocam, pois nesse caso tratamos de dois entes f�sicos com comportamentos duais (onda-part�cula) muito complexos que est�o interagindo e simplificamos como se fossem duas part�culas bem definidas no espa�o. Essa adapta��o � muito complicada de pensar, e os erros de interpreta��o podem se tornar ainda maiores tanto para o aluno vidente como para o aluno deficiente visual.

7 A �udio-descri��o, inicialmente pensada para descrever imagens para pessoa com defici�ncia visual, mostrou-se um recurso semi�tico de grande potencial tamb�m para uso de pessoas com defici�ncia intelectual, e hoje � reconhecidamente um recurso de tecnologia assistiva, na �rea da comunica��o (Decreto Federal 5296/2004) (SEEMAN, LIMA e LIMA, 2012, p.4).

Quais os recursos que podem ser empregados para pessoas cegas e com baixa visão?

As pessoas com baixa visão necessitam de auxílios ópticos como óculos, lentes corretivas, lupas simples e/ou eletrônicas, e não ópticos que se caracterizam pelos textos com caracteres ampliados e uso de tecnologias assistivas como softwares ampliadores e leitores de tela e os livros digitais acessíveis MEC Daisy.

Quais são os recursos de acessibilidade mais comuns para os alunos com baixa visão?

São vários os equipamentos e materiais didáticos existentes para facilitar o processo ensino-aprendizagem das pessoas com deficiência visual tais como, bengala, materiais didáticos ampliados, impressão em braille, lupas, telescópios, teclados especiais, softwares com acessibilidade e CD digital.

Quais são os recursos ópticos para os alunos com baixa visão?

Óculos binoculares com prismas; Óculos asféricos monoculares. Lupas: Podem ser manuais ou de apoio. São muito úteis para aumentar o material de leitura, mapas, gráficos, etc.

Quais recursos poderão ser indicados para a inclusão digital das pessoas com deficiência visual e ou auditiva?

Acessibilidade ao computador mouses adaptados com acionadores diversos; recurso de reconhecimento de voz; impressoras em braile; softwares que captam o movimento da cabeça, dos olhos e entendem como comandos.