Porque os surdos não participam das Paralimpíadas?

  • Bianca Marcelino Volpato
  • Liara Londero de Souza
  • Deise Lisiane Soares Luiz

Rótulo Surdolimpíadas, Atletas, surdos, Língua, Sinais, Inclusão, Acessibilidade

Resumo

O referido trabalho é um relato de experiência e vivência sobre o projeto Unipampa na Surdolimpíadas na perspectiva pessoal como discente surda, implantada e oralizada, monitora de LIBRAS do campus Caçapava do Sul e autora deste trabalho. A Surdolimpíadas, tradução literal para a língua Portuguesa ou Deaflympics é o 3º maior evento multidesportivo internacional, organizado pelo ICSD (Comitê Internacional de Desportos de Surdos), independente do IPC (Comitê Paralímpico), ambos reconhecidos pelo IOC (Comitê Olímpico Internacional). Ocorrem a cada 4 anos a mais de 100 anos. São escolhidos cidades-sede em países diferentes. O Brasil foi o primeiro país da história da América Latina a sediar os jogos surdolímpicos. A 24ª Surdolimpíadas aconteceu em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, de 1º a 15 de maio de 2022. É uma competição olímpica própria, pois os atletas surdos não participam das Paralimpíadas, devido a ausência de deficiência física e as exigências de comunicação serem mais específicas assim como a assistência técnica. O objetivo neste trabalho é apresentar e relatar as experiências e vivências adquiridas durante o evento como voluntária. A Universidade Federal do Pampa através do projeto de extensão UNIPAMPA na Surdolimpíadas, montou uma delegação, da qual voluntariamente e em conjunto com os demais interessados de todos os campus, bem como intérpretes de LIBRAS, Interfaces NInA, docentes surdos, discentes surdos, monitores da área de inclusão e acessibilidade, docentes e discentes, visando o aperfeiçoamento do aprendizado da Língua de Sinais. Neste grande evento esportivo adaptado, atuei durante os jogos aquáticos, seguindo a escala, orientações e informações sobre alojamento, alimentação, uniforme, treinamentos e deslocamentos dentro da cidade-sede recebida pela organização do evento. Experienciei na prática, a importância do trabalho voluntário e da quebra das barreiras comunicacionais para o exercício da cidadania e do respeito a comunidade surda, enfatizando a integração entre ensino, extensão e pesquisa em prol do desenvolvimento humano tanto regional quanto internacional, bem como a importância da acessibilidade e inclusão dos surdos no esporte. Os pontos marcantes foram a experiência e vivência com outros surdos de diversos países em um único lugar, com a sua própria língua de sinais, com disposição a ensinar, conversar e interagir, mesmo que os voluntários não tivessem domínio total da língua de sinais, e ver presencialmente como as provas adaptadas e regras funcionam. Os surdoatletas não são guiados por sons, como pistolas de partida, megafone ou apitos de árbitros. Estes recursos são substituídos por métodos alternativos para começar e finalizar uma competição, por exemplo, em vez de apitar, os árbitros agitam bandeiras, em vez da pistola, são iniciadas usando luz, geralmente vermelha, substituindo a sinalização auditiva por sinalização visual. E, para qualificar-se como atleta surdo, precisa ter uma perda auditiva de pelo menos 55 decibéis no melhor ouvido. O uso dos aparelhos auditivos, implantes cocleares e similares não são permitidos durante as competições. Os jogos contaram com a participação de cerca de 3 mil atletas surdos, 800 voluntários, de mais 70 países diferentes. A 24ª Surdolimpíadas mostrou que houve um grande aumento de atletas participantes comparado com as edições anteriores. Para estar apta ao voluntariado, foi necessário cumprir uma série de exigências e critérios tanto por parte da organização do evento quanto do projeto que vinculava minha participação, as quais definiram a metodologia empregada neste trabalho. Inicialmente houve uma capacitação virtual de um curso de LIBRAS básico de 60 horas e de Sinais Internacionais (Gestuno) de 40 horas, ambos ofertados pela Universidade de Caxias do Sul, através de vídeo aulas gravadas, estudo de artigos e testes, desenvolvidos especialmente para os voluntários da Surdolimpíadas. Após a execução do projeto está prevista a realização de um Seminário com a comunidade externa ainda sem data, para devolutivas. A avaliação da participação e desempenho é feita através de instrumento online compartilhado via googledocs. Conclui-se que a experiência e vivência cultural obtida através do projeto foi de oportunidade única de escala mundial de um grande evento multidesportivo, de incentivo ao trabalho voluntário, aprofundamento no conhecimento acerca das Línguas de Sinais e orais de todo o mundo, além do conhecimento básico de sinais internacionais, enxergando melhor que a luta da comunidade surda não é só pelo reconhecimento, mas também por valorização, visibilidade e investimentos nos esportes inclusivos.

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Porque os surdos não participam das Paralimpíadas?

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Como Citar

MARCELINO VOLPATO, B.; LONDERO DE SOUZA, L.; LISIANE SOARES LUIZ, D. 24ª SURDOLIMPÍADAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL E VIVÊNCIA NA COMUNIDADE SURDA. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 3, n. 14, 23 nov. 2022.

Porque os surdos não participam dos Jogos ParaOlímpicos?

Por fim, os surdos não participam das Paralímpiadas porque assim ficou decidido entre ICSD, IPC e IOC como melhor forma para desenvolvimento das atividades específicas de cada. A luta da comunidade surda é por mais reconhecimento, valorização, visibilidade e investimentos nos Jogos Surdolímpicos.

Por que os surdos não participam das Paralimpíadas e foi necessário a criação das Surdolimpíadas?

Os atletas com deficiência auditiva não participam das Paralimpíadas por já terem uma competição mundial destinada a eles (a Surdolimpíada (ou, em inglês, Deaflympics), que foram realizadas pela última vez em 2009.

Qual é o motivo de não existir uma modalidade específica para atletas surdos?

Nas Paralimpíadas não existem modalidades específicas para atletas surdos, e esses atletas não podem participar do evento. Isso acontece porque o Comitê Internacional de Desportos de Surdos não é filiado do Comitê Paralímpico Internacional. Os surdos possuem o seu próprio evento polidesportivo, a Surdolimpíadas.

Como funciona a Surdolimpíadas?

Desde 2000 adota-se o nome Surdolímpiadas. Para participar nos Jogos, os atletas devem ter perdido 55 décibeis no seu "ouvido melhor". Aparelhos auditivos, implantes cocheares e qualquer objeto do tipo não tem seu uso permitido na competição, visando deixar todos os atletas no mesmo nível.