Por que o Brasil importa gasolina se é grande produtor de petróleo?

Desde a quebra do monopólio estatal do petróleo brasileiro em 1997, tem-se visto uma subida nas importações de petróleo estrangeiro. Após várias promessas da autossuficiência do Brasil nesse campo e das grandes reservas de petróleo pré-sal já sendo exploradas, fica a dúvida: Por que o Brasil importa petróleo?

Com a política de paridade de preços da Petrobras, a importação de petróleo estrangeiro passou a ser muito vantajosa para regiões brasileiras distantes de refinarias, que são concentradas na região Sudeste. Por exemplo, no estado do Maranhão, por conta de custos logísticos, vale mais a pena importar gasolina do golfo do México do que de refinarias mais ao sul do Brasil.

Porém, o ponto mais importante e pouco abordada na discussão de importação e exportação de petróleo no Brasil é a importância vital que óleos leves importados têm para as refinarias brasileiras. Todo tipo de petróleo, bom ou ruim, deve passar por um processo de refino para virar combustível. Durante esse refino, ocorrem diversos processos químicos que dependem de indústrias complexas, de alta tecnologia e caras para que eles sejam bem-sucedidos.

Quanto mais pesado é o petróleo, mais complexo o processo se torna. O Brasil possui um petróleo pesado, que necessita de um processo de refino muito complexo.

Há 20 ou 30 anos, o Brasil não possuía alta tecnologia para o refino e necessitava da importação de altas quantidades de petróleo estrangeiro. Isso porque, ao misturar o petróleo estrangeiro de alta qualidade (mais leve) e o petróleo brasileiro de baixa qualidade (mais pesado), o processo de refino do petróleo resultante se torna consideravelmente mais fácil.

Porém, com o passar dos anos, diversas refinarias foram construídas e melhoradas no Brasil, de forma que essa a capacidade brasileira de processar esse petróleo aumentou. Ou seja, atualmente não é preciso que se exporte uma quantidade muito alta de petróleo estrangeiro para o refino de quantidades pequenas do petróleo nacional. Apesar disso, essa necessidade ainda existe e a importação de petróleo é necessária ao Brasil.

Muito do petróleo nacional também é exportado. Isso porque no exterior, o petróleo brasileiro é utilizado para a fabricação de asfalto e para a mistura com o petróleo de lá, pois ele é mais pesado e mais barato. Ou seja, o Brasil é ao mesmo tempo exportador e importador de petróleo, com o detalhe importante de que exporta petróleo pesado e importa petróleo leve.

Para agora avaliar-se o saldo da balança comercial dessa commodity em específico, devemos analisar o crescimento da produção nacional, pois ela diminui a necessidade de importação da gasolina propriamente dita, mas aumenta a necessidade de importação de óleos leves para mistura com o petróleo nacional. Além disso, a melhora de tecnologia, como explicado, é outra força que está diminuindo as necessidades de importação ao longo do tempo. Na prática, percebe-se que há também uma forte relação da balança com o câmbio.

* CEO e fundador da casa de análise financeira Suno Research

Ainda assim, o custo do petróleo neste momento é uma preocupação planetária, mesmo para países que produzem, porque existem tipos diferentes de óleo. O Brasil, por exemplo, precisa buscar no exterior um óleo que não é produzido aqui.

O Brasil produz 3 milhões de barris de petróleo por dia e consome 2,5 milhões. Mesmo assim, importa 300 mil barris por dia.

Se produzimos mais do que gastamos, por que não somos autossuficientes?

A explicação para essa conta não vem só das calculadoras. Vem também dos laboratórios. É que existem vários tipos de petróleo. Alguns são mais pesados, mais viscosos. Outros são chamados de leves, ideais para fazer alguns tipos de combustíveis.

Isso é fundamental na hora de transformar o óleo bruto em gasolina, diesel, querosene de aviação e todos os subprodutos que saem da refinaria.

As refinarias do país foram quase todas construídas até a década de 1970. Nessa época, o Brasil importava petróleo leve do Oriente Médio. Então, as máquinas foram escolhidas para essa matéria-prima.

Em 1979, encontramos as grandes reservas da Bacia de Campos, no litoral do Rio de Janeiro; e nos anos de 1980, adaptamos as refinarias para processar o petróleo pesado que extraíamos de lá.

Na primeira década dos anos 2000, tivemos que fazer novas adaptações. Dessa vez, para o petróleo do pré-sal. Ele é mais leve do que o de Campos, mas ainda mais pesado que o do Oriente Médio, por exemplo.

“A Petrobras já fez os investimentos que eram necessários. Se a gente olhar para o tanto que a gente usa hoje de petróleo brasileiro, nós temos uma taxa bem alta. Hoje, de tudo o que é refinado, 92% são de petróleo brasileiro. Em 2000, a gente usava só 75%, ou seja: 25% do petróleo refinado eram importados”, conta Rodrigo Leão, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep)

Hoje, 75% do petróleo refinado no Brasil vêm do pré-sal, 17% são da Bacia de Campos, mais pesado, e ainda precisamos importar 8% de petróleo leve para conseguir a mistura ideal para o refino, tanto do ponto de vista técnico quanto do econômico.

“A análise é feita até por inteligência artificial. São milhares de variáveis que entram aí, e que variam também de acordo com a precificação desses subprodutos no mercado internacional. Tem época que a gasolina vale mais, tem época que vale menos, então o que se coloca quando vai se planejar uma carga da refinaria, você leva essas variáveis todas em consideração para que você otimize o resultado dessa refinaria em termos de rentabilidade e de atendimento ao mercado”, explica Eberaldo Almeida, presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).

Mas, mesmo assim, toda a produção que as nossas refinarias conseguem fazer não é suficiente para abastecer o mercado interno. Então, nós continuamos importando os combustíveis e vendendo o excesso de petróleo bruto que não damos conta de refinar.

“A gente exportou, ano passado, 1,2 milhão barris por dia, nos transformando no maior exportador de petróleo da América Latina. E por que a gente tem dependência em refino? Por que o Brasil importa 30% dos derivados que consome? É que faltou investimento em refinaria. A Petrobras, nos últimos, anos investiu muito pouco em refino, porque ela privilegiou o investimento em exploração e produção de Petróleo, que dá uma taxa de retorno maior para empresa”, diz Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura.

Por que o Brasil tem que importar gasolina?

Isso acontece porque o petróleo nacional, mais denso e mais barato, o torna ideal e muito utilizado para fabricar asfaltos no exterior. Assim, a Petrobras exporta o petróleo excedente e importa o óleo leve para fazer a mistura.

Por que o Brasil ainda importa petróleo mesmo sendo produtor?

A produção das refinarias brasileiras não é suficiente para abastecer o mercado interno. O país precisa buscar no exterior um óleo que não é produzido aqui.

Porque o Brasil não produz gasolina?

Isso acontece porque o processamento dos combustíveis é uma atividade de menor risco que a exploração de petróleo. Uma refinaria é uma operação industrial, planejada a partir de uma demanda de mercado que é conhecida. A produção de petróleo é mais incerta e arriscada, por isso a margem de lucro é maior.

De quem o Brasil importa gasolina?

Hoje vamos falar sobre a importação e a exportação de gasolina. ... Quem compra Gasolina do Brasil?.