A ponte é uma das maiores de uso duplo da Europa (rodoviário e ferroviário), com 19 quilômetros de extensão. A via atravessa o estreito de Kertch, entre o mar de Azov e o mar Negro, e une a península de Kertch, na Crimeia, à região de Taman, no sul da Rússia. Show Além de ser um símbolo de prestígio da anexação da península por Moscou – ato considerado ilegal pela comunidade internacional –, a ponte rodoviária e ferroviária tem sido usada principalmente para transportar equipamentos militares para as forças armadas russas na guerra contra a Ucrânia. Explosões destroem parte da única ponte entre Rússia e Crimeia neste sábado (8) — Foto: AP Photo Em entrevista à GloboNews neste sábado, o professor Vitelio Brustolin, pesquisador da Universidade de Harvard, afirmou que a ponte tem uma função logística crucial no conflito entre os dois países. "Em 24 de fevereiro, logo no início da ofensiva, essa ponte transportou tropas muito rapidamente e que tomaram a região de Kherson, em março. A ponte transporta 80% das tropas e do material bélico utilizado no sul da Ucrânia, que é justamente uma das áreas que vêm sofrendo um contra-ataque forte nesse momento”, explicou. Localização da ponte entre a Rússia e Crimeia — Foto: Arte/g1 À época, Moscou atribuiu o contrato da obra, iniciada em fevereiro de 2016, à empresa do bilionário Arkadi Rotenberg, colega de judô do presidente russo. De acordo com um decreto do governo, a Stroigazmontaj tinha que entregar a ponte até dezembro de 2018, com um custo máximo de 228,3 bilhões de rublos (2,9 bilhões de euros da época). Presidente russo Vladimir Putin inaugura ponte entre a Rússia e a Crimeia nesta terça-feira (15) — Foto: Alexander Nemenov/Pool/AFP Mas, durante uma visita em março, poucos dias antes de sua reeleição, Putin exigiu a conclusão da obra em maio "para que a população aproveitasse durante o verão". A Crimeia é um destino de férias muito popular entre os russos e os turistas do país representam uma das principais fontes de recursos da península, muito apreciada por suas praias e montanhas próximas ao mar Negro. Resumo:
Entenda, em 5 pontos, a escalada da tensão na guerra da Ucrânia Publicidade Em março, um referendo realizado na Crimeia resultou em mais de 95% dos eleitores votando pela separação da Ucrânia e consequente anexação à Rússia. O acontecimento é um marco definitivo na crise entre os países, mas os problemas na Ucrânia começaram em novembro de 2013, com protestos violentos – e suas origens remontam a décadas antes. Entenda a situação. Histórico A Crimeia, península que atualmente pertence à Ucrânia, mas tem maioria de população russa e regime de república autônoma, fez parte da Rússia desde o século XVIII. A região também foi membro, autonomamente, da República Socialista Federativa Soviética Russa, de 1921 a 1945, ano em que Josef Stalin deportou a população de origem tártara da Crimeia e a destituiu de autonomia. Localização da Crimeia, península no sudeste da Ucrânia. Imagem: Wikimedia Commons Em 1954, o líder soviético Nikita Kruschev transferiu o território da Crimeia para a Ucrânia, em um gesto simbólico de amizade. A autonomia da região foi restaurada no último ano de existência da União Soviética e fim da Guerra Fria, em 1991. No entanto, as tensões separatistas foram uma constante durante os anos seguintes, sendo sempre apaziguadas pela Ucrânia e contornadas através de acordos com a Rússia. Em consequência ao temor ucraniano com a situação, no Memorando de Budapeste, assinado em 1994, os EUA, Reino Unido e Rússia comprometem-se a garantir a independência e as atuais fronteiras da Ucrânia. Em troca, o governo ucraniano abdicou do terceiro maior arsenal nuclear do mundo, mantido após o desmantelamento da União Soviética, além de assinar o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. A ex-potência soviética, contudo, possui fortes interesses na Crimeia pelo fato de esta ser localizada às margens do Mar Negro – único porto de águas quentes da Rússia, que dá acesso ao Mediterrâneo. Os portos da Crimeia também escoam a produção agrícola da Ucrânia e servem de pontos de exportação, para a Europa, do gás natural russo. A Crimeia também é uma grande produtora de grãos e vinhos, com forte atuação na produção alimentícia. A crise Em novembro de 2013, o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych anunciou em comunicado oficial que havia desistido de assinar um acordo de livre-comércio com a União Europeia, preferindo priorizar suas relações com a Rússia. No dia 21 do mesmo mês, milhares de pessoas foram às ruas protestar contra a decisão, o que resultou em repressão violenta e dezenas de manifestantes mortos. >> Veja galeria de fotos sobre a crise na Ucrânia População protesta contra o cancelamento do acordo com a União Europeia. Foto: Wikimedia Commons Continua após a publicidade No dia 22 de fevereiro, Yanukovich deixou a capital do país, Kiev, e foi afastado da presidência pelo Parlamento do país. Foram convocadas eleições para maio deste ano e um governo interino foi montado. Na Crimeia, o parlamento local foi tomado por um comando pró-Rússia, que nomeou um novo premiê e aprovou sua independência e posterior anexação à Federação Russa. O governo é considerado ilegítimo pela Ucrânia, que pede às forças internacionais que não o reconheçam. Com as tensões, o Parlamento russo aprovou o envio de tropas à Crimeia. Os EUA e outros países ocidentais posicionam-se a favor da Ucrânia e anunciaram pacotes bilionários de ajuda ao país, além de impor sanções e exigir que a Rússia retire imediatamente o contingente militar enviado. O governo da Casa Branca acusa, ainda, a Rússia de violar o Memorando de Budapeste, por interferir diretamente nas fronteiras ucranianas. O referendo No dia 16 de março, mesmo com forte oposição da ONU, foi realizado o referendo popular na Crimeia que decidiria pela separação da península da Ucrânia e anexação ao território russo, opção que acabou por vencer com mais de 95% dos votos. No entanto, uma pesquisa feita antes da invasão revelou que apenas 42% dos habitantes eram favoráveis ao desmembramento, o que levantou suspeitas na comunidade internacional de que o resultado do referendo possa ter sido manipulado. EUA e União Europeia reiteraram que a votação nunca será reconhecida pela comunidade internacional. Após o referendo, o governo de Moscou anunciou que consideraria a Crimeia como parte de seu território a partir de terça-feira. Nesta quarta, por unanimidade, o Tribunal Constitucional da Rússia considerou legal a assinatura do tratado que anexa a Crimeia a seus territórios pelo presidente Vladimir Putin. “A Crimeia sempre foi parte da Rússia nos corações e mentes das pessoas“, declarou Putin em um pronunciamento em Moscou, após a assinatura.
Leia mais: >> Galeria: 12 fatos sobre a Guerra Fria >> Videoaula de história: Guerra Fria >> Veja resumo sobre os principais países da Ásia Continua após a publicidade
Porque a Crimeia foi anexada?As regiões, que declararam unilateralmente a sua independência da Ucrânia, foram unidas como uma única nação depois e pediram a anexação à Rússia de acordo com um referendo que reflete tal desejo. A Rússia deferiu o pedido quase imediatamente através da assinatura de um tratado de adoção com uma nação recém-formada.
Por que Rússia anexou a Crimeia?A Crimeia era uma república autônoma da Ucrânia, mas foi invadida e anexada pela Rússia no ano de 2014. A invasão foi amplamente condenada pela comunidade internacional, especialmente pelos países europeus. A Rússia argumenta que a Crimeia é uma região de fortes laços históricos e culturais com a população russa.
Por que querem a Crimeia?A importância estratégica da Crimeia se deve principalmente à sua posição geográfica. A península representa uma via de acesso ao mar Negro a partir do mar de Azov, que banha o sudoeste do território russo e parte da Ucrânia.
Quando foi a anexação da Crimeia?20 de fevereiro de 2014 – 21 de março de 2014Anexação da Crimeia à Federação Russa / Períodonull
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