Em que situações comunicativa o texto pode ter uma linguagem informal ou formal?

Ao longo de nossas vidas, somos expostos a variados tipos de leituras e envolvemo-nos em diversas situações comunicacionais. Elaboramos diferentes métodos para interagir com as pessoas e, de acordo com a circunstância, o discurso oral ou escrito pode ser alterado. Assim é a linguagem, um veículo poderoso de ação e adaptação.

Da necessidade de nos comunicar nasceram os gêneros textuais e, antes mesmo deles, os tipos textuais, estruturas nas quais os mais variados textos apoiam-se. Os tipos são limitados e estão relacionados com a forma, enquanto os gêneros são incontáveis e estão relacionados com o tipo de conteúdo veiculado. Os gêneros estão ancorados em modelos predefinidos e assim se apresentam para os leitores e interlocutores. São também tipos estáveis de enunciados, com estruturas e conteúdos temáticos que facilitam sua definição. Observe alguns exemplos de gêneros textuais:

  • Artigo

  • Crônica

  • Conto

  • Reportagem

  • Notícia

  • E-mail

  • Carta

  • Relatório

  • Resumo

  • Resenha

  • Biografia

  • Diário

  • Fábula

  • Ofício

  • Poema

  • Piada

Acompanhando o dinamismo da linguagem e da comunicação, os gêneros podem sofrer modificações ao longo do tempo. Esse fenômeno é chamado de transmutabilidade, ou seja, novas formas surgem a partir de formas já existentes. Foi o que aconteceu com as cartas, que antigamente escrevíamos e enviávamos via correios. As inovações tecnológicas praticamente substituíram esse gênero por outro bastante usual, utilizado para as mais variadas finalidades: o e-mail. Contudo, embora as cartas não sejam mais tão usuais, os e-mails que mandamos para nossos amigos ou os utilizados em nossas relações profissionais guardam traços comuns com seu gênero matricial.

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Os gêneros textuais apresentam uma função social em uma determinada situação comunicativa, ou seja, a cada texto produzido, seleciono, ainda que inconscientemente, um gênero em função daquilo que desejo comunicar e em função do efeito que espero produzir em meu interlocutor. Os gêneros estão intrinsecamente ligados à história da comunicação e da linguagem e não importa a situação, nós nos comunicamos estritamente por meio desses enunciados relativamente estáveis, seja no bilhete que deixamos afixados na geladeira, nos comentários feitos nas redes sociais ou até nas anedotas que contamos para nossos amigos.

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)

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Como os nomes indicam, a linguagem formal é a aquela que segue a forma, o modelo. Já a linguagem informal (o prefixo “in” exprime a ideia de negação) é aquela que não segue a forma, o padrão. De que forma estamos falando? A forma refere-se ao conjunto de regras gramaticais instituído pela língua. Para entendemos melhor a diferença entre essas linguagens, peço que leia o diálogo abaixo, extraído do livro “Poesia e Prosa”, de Carlos Drummond de Andrade:

– Mãe, taqui seus chocolates!

– Que chocolates, meu anjo?

– A senhora não sabe que, no Dia das Mães, dê chocolate pra ela? [...]

– Alfredinho, o médico me proibiu de comer chocolate.

– E daí? Esquece o médico. Não é Dia dos Médicos, é Dia das Mães, dia da senhora.

Podemos observar que, no geral, o filho empregou predominantemente a linguagem informal. Na primeira fala, a informalidade surge com o uso de “taqui”, que é resultado da aglutinação do verbo “tá” (redução de “está”) com o advérbio de lugar “aqui”. Em “[...] dê chocolate pra ela? [...]”, temos a redução da preposição “para” e também a regência informal do verbo “dar” (“dê pra ela” no lugar de “dê a ela”). Na passagem “– E daí? Esquece o médico. [...]”, a informalidade revela-se com o emprego do verbo “Esquece”, substituindo a forma no imperativo “Esqueça”. Em suma, há marcas da linguagem informal, sobretudo no tocante à oralidade, nas falas do filho, Alfredinho.

As falas da mãe de Alfredinho “– Que chocolates, meu anjo?” e “– Alfredinho, o médico me proibiu de comer chocolate.” foram construídas predominantemente em linguagem formal. Não se trata de um grau elevado de formalidade, mas é formal. Enfim, a linguagem dos dois está condizente com a situação comunicativa, em que se encontram.

O uso da linguagem informal ou formal depende da situação comunicativa. Sobre isso Silva (1999, p.14) explica que “a intuição do falante nativo contribui para a seleção da variante a ser usada em cada contexto. Em outras palavras sabemos o que falar, para quem, como, quando e onde”. Agora, veja este suposto bilhete que Alfredinho escreveu para convencer a mãe a aceitar os chocolates como presente:

Mãe,

Receba estes chocolates de sabor inigualável! Já posso antever a sua recusa, tendo em vista as restrições impostas pelo médico. Todavia, não é momento para receios, é momento para celebrar. O Dia das Mães acontece uma vez por ano! Sob esse prisma, a senhora disporá de 364 dias para abster-se dessa iguaria. Espero que compreenda, sem relutância, as minhas mais sinceras e afetuosas intenções ao proporcionar-lhe mais doçura em sua vida.

Seu filho que a ama demasiadamente,

Alfredinho

O que podemos dizer da linguagem empregada no referido bilhete, hein? Muito formal, não é mesmo? Soa até cômico, já que a formalidade não faz parte, no geral, desse gênero de texto. Somado a isso, temos o fato de que se trata de uma comunicação entre membros de uma mesma família, ambiente marcado majoritariamente pela informalidade.

Os verbos “Receba”, “antever”, “disporá”, “abster-se”, “proporcionar-lhe”; os adjetivos “inigualável” e afetuosas”; os substantivos “restrições”, “receios”, “iguaria”; o advérbio “demasiadamente”; a conjunção “Todavia” e expressões como “Sob esse prisma” e “sem relutância” compõem o vocabulário culto da língua. A princípio, podemos pensar que a linguagem está inadequada para um bilhete. Mas, e se a intenção do Alfredinho for surpreender a mãe e/ou criar um efeito cômico para a restrição ao chocolate? Aí, nesse caso, há adequação. Por isso, cabe evidenciar que a linguagem (formal ou informal) precisa estar em consonância com o contexto comunicativo.

Referências:

ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988.

SILVA, Taís Cristófaro. Fonética e Fonologia do português: roteiro de estudos e guia de exercícios. 2.ed. São Paulo: Contexto, 1999. p.11-47.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/linguistica/linguagem-formal-e-informal/

Em que situações o texto pode ter uma linguagem informal ou formal?

Quando falamos com amigos e familiares utilizamos a linguagem informal. Entretanto, se estamos numa reunião na empresa, numa entrevista de emprego ou escrevendo um texto, devemos utilizar a linguagem formal.

Em que situações podemos utilizar a linguagem informal?

Também conhecida como linguagem culta, a linguagem formal é utilizada em momentos nos quais não existe familiaridade entre o interlocutor da comunicação ou quando um devido momento exige maior respeitabilidade.

Quais são as características da linguagem formal e informal?

Características da linguagem formal: Utilização rigorosa das normas gramaticais (norma culta); Pronúncia clara e correta das palavras; Utilização de vocabulário rico e diversificado; Registro cuidado, prestigiado, complexo e erudito.

O que é um texto na linguagem formal?

O que é um texto na linguagem formal? Um texto na linguagem formal é caracterizado pelo respeito à norma padrão da língua portuguesa, o uso formal da língua e uma atenção à gramática correta, dispensando o uso de coloquialismos, gírias e expressões regionalistas.