Como se constitui a Zona de desenvolvimento proximal no processo de aprendizagem?

De acordo com Vygostsky (1978) no âmbito da teoria sociocultural, a Zona de desenvolvimento proximal corresponde ao potencial de desenvolvimento do indivíduo, isto é, à margem de desenvolvimento estimada entre o seu desenvolvimento presente e o desenvolvimento potencial.

Conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal

De acordo com Vygostsky (1978) no âmbito da teoria sociocultural, a Zona de desenvolvimento proximal corresponde ao potencial de desenvolvimento do indivíduo, isto é, à margem de desenvolvimento estimada entre o seu desenvolvimento presente (manifesto pela capacidade atual de resolver problemas de modo independente) e o desenvolvimento potencial (manifesto pela capacidade de resolver problemas com o auxílio de outros mais experientes ou competentes).

Neste sentido, o desenvolvimento do indivíduo é promovido ou facilitado pela interação que este estabelece com outros (e.g. professores, pais ou pares mais capazes, no caso da crianças em idade escolar), através da qual o próprio desenvolve recursos internos para resolver a tarefa.

A Zona de desenvolvimento proximal remete deste modo para a pertinência da estimulação da aprendizagem com base em tarefas que promovam o desenvolvimento, constituindo-se essencial no modo como o indivíduo adquire progressivamente controlo e responsabilidade individual pela resolução de problemas.

Assim, o processo de desenvolvimento implica que o indivíduo seja orientado e guiado, aprendendo através da observação e interação com outros mais experientes na resolução de atividades (adequadas à sua Zona de desenvolvimento proximal), num processo que se torna progressivamente interiorizado e autorregulado.

Da relevância da Zona de desenvolvimento proximal decorre a sua importância para a psicologia e para a educação, no modo como esta é veiculada e agida pelos agentes promotores de desenvolvimento (pais, professores e psicólogos), assim como os contextos em que ocorre (e.g. contexto familiar, escolar), afigurando-se importante um acompanhamento que potencie o desenvolvimento do indivíduo.

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References:

Fino, C. (2001). Vygotsky e a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP): Três implicações pedagógicas. Revista Portuguesa de Educação, 14(2), 273-291.

Psicóloga (*) pela Ordem dos Psicólogos Portugueses. Mestrado em Clínica e Saúde (Universidade de Lisboa). (*) na Clínica das Horas, http://clinicadashoras.pt/; Email: ; Website: https://catarinavarguesconceicao.wordpress.com/

Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) é um conceito determinado por Vygotsky, e indica o intervalo entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela aptidão de elucidar uma questão sem auxílio e o Nível de desenvolvimento potencial determinado por meio de resolução de um impasse sob a instrução de um adulto ou em cooperação com outro colega (uma criança mais velha). É o conjunto de referências que o indivíduo tem o potencial de desenvolver, porém ainda não atingiu o conhecimento, informações além de sua compreensão presente, mas teoricamente possíveis. A Zona de Desenvolvimento Proximal elucida aquelas atribuições que ainda não maturaram, mas que estão em processo de amadurecimento, ou melhor, funções que aprimorarão, mas que estão, atualmente em modo inicial. Para Vygotsky, a intervenção pedagógica atua na Zona de Desenvolvimento Proximal, pois é quando as interferências dos outros indivíduos são mais transformadoras.

Tanto profissional quanto pessoalmente, presenciei na prática, como a brincadeira de faz de conta, evidencia na criança algumas habilidades que não seriam manifestadas na sua faixa etária. Segundo Vygotsky, no brincar a criança comporta-se mais maduramente do que sua idade cronológica. Assim sendo, a aprendizagem cria uma Zona de Desenvolvimento Proximal.

Seja através de jogos, da atuação do educador, das mediações com família ou da intervenção de um profissional, ocorre o estímulo da potencialidade da criança na zona de desenvolvimento proximal, ou seja, é um ponto de transformação frequente, e uma vez que a criança realiza uma atividade com o auxílio de alguém hoje, em pouco tempo poderá realizar a mesma tarefa de maneira autônoma em pouco tempo. Vygotsky enfatiza que o aprendizado é justamente construído nas relações sociais, ou seja, o parâmetro do funcionamento psicológico humano é social e, por isso, histórico.

Através dos jogos, a criança exercita o imaginário, planeja, explora seu potencial, desenvolve sua inteligência e sua evolução física, realiza atitudes por escolha própria, toma iniciativa, molda sua personalidade e estabiliza suas emoções.

As funções psicológicas superiores são construídas no espaço escolar, na combinação das características biológicas, do nível real de desenvolvimento da criança e do seu nível potencial, mas, principalmente, nas relações que a criança estabelece e que são, por sua vez, mediadas por instrumentos e símbolos, com o auxílio da intervenção por parte de educadores e de amigos na interação social. O aprendizado torna-se um processo essencial na construção do ser humano como espécie diferenciada e do seu desenvolvimento, pois envolve a interferência do outro social para a reconstrução da experiência individual e dos significados que a compõem. Deste modo, a escola teria então como função o desenvolvimento de aberturas para a construção de zonas de desenvolvimento proximal da criança, na qual a intervenção do educador é um processo pedagógico que objetiva o alcance de avanços que não ocorreriam espontaneamente. (BESSA, 2008, P. 64)

Vygotsky faz concepções sobre o brincar, identificando suas etapas ao longo do desenvolvimento infantil, tomando-o como um processo dinâmico de incorporação de estímulos sociais, o qual expressa o processo de integração da criança na realidade social, e também como uma via para a compreensão do mundo. O autor concorda com a tese de que o jogo facilita o desenvolvimento da imaginação e da criatividade, fazendo com que se avance através da atividade lúdica, criando as zonas de desenvolvimento proximal, ou seja, as potencialidades de aprendizagem. Vygotsky foi o primeiro a utilizar de modo sistemático, os chamados blocos lógicos, para testar o pensamento lógico em crianças, já que para compreenderem esse silogismo, as crianças necessitam identificar relações efetivamente observáveis entre características simples de especificar como cor, forma e tamanho.

Para Vygotsky, a brincadeira tem papel fundamental no desenvolvimento da criança, considerando que o aprendizado se efetiva por meio das interações. O lúdico permite que haja uma atuação na zona de desenvolvimento proximal do indivíduo, ou seja, cria-se condições para que determinados conhecimentos sejam consolidados, e assim sendo se aprenda brincando.

E-REFERÊNCIAS:

http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psie/n29/n29a03.pdf acesso em 29 de outubro de 2020.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BESSA, Valéria da Horta. Teorias da aprendizagem. Curitiba: Inteligência educacional e sistemas de ensino Brasil S. A., 2008.

CAMPOS, J. AP. P. P. et al. Psicologia da educação. Caderno de Referência de Conteúdo – CRC – unidades 3 e 4. Batatais: Claretiano, 2016.

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento, um processo sócio histórico. São Paulo: Scipione, 1993

O que constitui a zona de desenvolvimento proximal Segundo Vygotsky?

Como ocorre a zona de desenvolvimento proximal na aprendizagem da criança?

Qual é o conjunto constituído pela zona de desenvolvimento proximal?

O que é zona de desenvolvimento proximal e quais as consequências desse conceito para o ensino?