Como fazer adaptações curriculares para alunos com deficiência?

Coordenadores pedagógicos e outros profissionais de educação de escolas públicas e privadas de todo o Brasil e de outras partes do mundo compartilham esta mesma angústia. Estudantes com deficiência intelectual continuam representando um desafio para educadores que se propõe a trabalhar na perspectiva inclusiva. Sua presença em sala de aula revela que, apesar de já termos avançado significativamente, ainda temos muito a aprender sobre o que é, de fato, inclusão e como podemos torna-la realidade no cotidiano da escola.

Historicamente, as políticas pautadas nos paradigmas da segregação e da integração responsabilizavam os próprios estudantes com deficiência intelectual por não se “encaixarem” no modelo de escola vigente, legitimando sua exclusão. Um exemplo é o texto da segunda Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1971, que em seu 9º artigo delibera a educação especial, indicando-a às pessoas com deficiência mental (como eram chamadas) com “atraso significativo” em relação a outras de mesma idade cronológica. A deficiência era, então, compreendida sob a perspectiva médica, centrada em características individuais.

Há alguns anos, o modelo social de deficiência passou a considerar, além dos aspectos clínicos representados por impedimentos na pessoa, fatores que são externos a ela: as barreiras presentes no ambiente. Esse novo conceito de deficiência fundamenta a abordagem inclusiva que concebe a educação como um direito de todos, sem exceção. Direito que prevê, portanto, não somente a garantia à vaga/presença, mas também à acessibilidade, ou seja, à eliminação de quaisquer barreiras que impedem a plena participação nos processos educacionais. Deu-se início, então, a um intenso processo de mudanças no contexto escolar cuja preocupação inicial era eliminar as barreiras físicas/arquitetônicas passando a incluir também recursos e serviços, através da tecnologia assistiva. O conceito foi se ampliando, vindo a considerar as barreiras atitudinais. A escola passou a valorizar o acolhimento, o bem-estar dos estudantes e questões como preconceito e bullying ganharam espaço nos momentos de trabalho pedagógico coletivo. No entanto, apesar dos evidentes e significativos avanços, não é possível negar a controvérsia, as incertezas, a apreensão e até mesmo o ceticismo em relação à educação inclusiva no contexto escolar. Segundo os educadores britânicos Gill Richards e Felicity Armstrong, não somente os novos, mas também muitos professores experientes se sentem inseguros em relação aos alunos que “diferem” dos ditos “normais”. Em 2001, diante desse cenário, a também britânica Jane Corbett declarava: “chegou o momento de focar na pedagogia e em como a comunidade escolar pode ser um ambiente de apoio para todos”. A constatação de que a chegada de estudantes com deficiência demandava reformas também no âmbito pedagógico resultou em inúmeras adaptações, arranjos e concessões no fazer cotidiano da escola. No entanto, os estudantes com deficiência intelectual nos ajudam a compreender que tais mudanças não são suficientes.

Quando reconhecemos que, apesar de tantos esforços, alguns estudantes continuam não aprendendo, a tendência é, muitas vezes, responsabiliza-los novamente por isso, alegando que não “se encaixam”. Mas se partimos do pressuposto de que toda pessoa aprende e tem o direito de acesso à educação e compreendemos, a partir do modelo social da deficiência, que a origem do problema não está, necessariamente, nas características intelectuais daquele estudante mas sim nas intervenções pedagógicas, sentimo-nos angustiados e admitimos que é preciso “algo mais”.

Neste artigo, a especialista em educação Inclusiva Maria Teresa E. Mantoan propõe uma pedagogia calcada na diferença. E dá a dica: “A inclusão implica pedagogicamente na consideração da diferença dos alunos, em processos educacionais iguais para todos”. Ou seja, o direito à educação inclui o direito de acesso ao mesmo currículo. O que difere são as estratégias pedagógicas para acessa-lo. E não somente para os alunos com deficiência intelectual ou outros cujas “dificuldades” manifestam a necessidade de outras abordagens. É preciso reconhecer que “todos são sujeitos únicos, singulares, heterogêneos”.

Trata-se, sem dúvida, de um grande desafio. Este estudo de caso, que aborda aspectos do processo de inclusão educacional de uma estudante com deficiência intelectual, admite a contradição entre uma pedagogia calcada na diferença e o modo de conceber e organizar o currículo e de avaliar dos sistemas de ensino atuais. Mas ressalta a importância da participação de todos os envolvidos no desenvolvimento de práticas pedagógicas inclusivas, indicando especificamente o estudo de casos como uma estratégia potente neste sentido.

Este relato de experiência, sobre o processo de alfabetização de uma estudante com Síndrome de Down, também menciona estudos de caso e ressalta a importância de “conhecer os alunos de forma individual, perceber como cada um deles aprende e valorizar suas singularidades”. Este outro corrobora, testificando que não há receitas prontas de como lidar com estudantes com deficiência: “Percebemos que a tal ‘receita’ tinha que partir de nós, da escola. Foi quando iniciamos uma conversa entre as educadoras que estavam no projeto e que conheciam o estudante. Nos reuníamos antes das aulas e elaborávamos atividades juntas, nas quais não só o Caio participava, mas a sala toda. Novos olhares e novas reflexões surgiram.”

Muitos outros coordenadores pedagógicos, como você, sentem-se angustiados achando que ajudar os seus professores implica apresentar respostas ou soluções prontas. Lembre-se: não há receita. A aprendizagem deve ser perseguida de forma ampla, envolvendo os próprios alunos, os educadores e os demais atores da comunidade escolar.

Além dos mencionados acima, há vários outros artigos, estudos de caso e relatos de experiência que defendem que as práticas pedagógicas devem não só valorizar mas partir do que os alunos trazem, incentivando os professores a, primordialmente, aprenderem sobre todos os seus alunos a fim de desenvolver estratégias curriculares e pedagógicas para os seus grupos como um todo que, ao mesmo tempo, reconheçam e respondam às características, interesses e estilos de aprendizagem de cada um individualmente. Esperamos que possam subsidiar discussões relevantes e fomentar o trabalho coletivo na construção de uma escola inclusiva.

Conte-nos sobre isso e continue participando da comunidade. Você é muito bem-vinda aqui. 🙂

Raquel Paganelli – Equipe DIVERSA

Como fazer adaptação curricular para alunos especiais?

Envolva todo grupo de alunos: Sempre traga o tema do respeito ao tempo do outro, das habilidades individuais e das diferenças para sua prática; Você pode até sugerir que os próprios alunos confeccionem materiais diversificados para auxiliar a aprendizagem de um colega da turma.

Como elaborar um currículo adaptado?

Confira, o passo a passo de como preparar essa adaptação, desde o ambiente doméstico até chegar ao escolar..
Faça um balanço do ano anterior. ... .
Aplicação de avaliações. ... .
Planejamento de ensino individualizado. ... .
Acompanhamento fonoaudiólogo para a adaptação curricular. ... .
O trabalho da escola..

Quais são os principais tipos de adaptações curriculares?

De modo geral, pode-se falar em dois tipos de adaptações curriculares, as chamadas adaptações de acessibilidade ao currículo e as adaptações pedagógicas (SME-RJ, 1996).

O que são adaptações curriculares na educação inclusiva?

Adaptações curriculares, então podem ser definidas como “respostas educativas que devem ser dadas pelo sistema educacional, de forma a favorecer a todos os alunos e, dentre estes, os que apresentam necessidades educacionais especiais” (MEC/SEESP, 2000).