Como a figura do sacerdote que faz oração e retomada na última estrofe?

Com base na leitura do Texto 1 e de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que:


Questão 2:

Com base na leitura do Texto 1 e de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que:


Questão 3:

Com base na leitura do Texto 1 e de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que:


Questão 4:

Considere os trechos a seguir, extraídos do Texto 1, e a variedade padrão da língua escrita.

I. O Brasil perdeu a possibilidade da metáfora. Isso já sabíamos. O excesso de realidade nos joga no não tempo. No sem tempo. No fora do tempo. (linhas 12-13)

II. Outras pessoas tentavam furtar o celular e a carteira de quem tentava entrar para ajudar ou só estava imóvel diante dos portões tentando compreender como viver sem metáforas. (linhas 19-21)

III. Brasil é você. Não posso ser aquele que não é. (linha 22)

IV. Diante do Museu Nacional em chamas, de costas para o palácio, de frente para onde deveria estar o povo, Dom Pedro II em estátua. (linhas 26-27)

Em relação aos trechos, é correto afirmar que:


Questão 5:

Como a figura do sacerdote que faz oração e retomada na última estrofe?

De acordo com o Texto 2, é correto afirmar que:


Questão 6:

Como a figura do sacerdote que faz oração e retomada na última estrofe?

Com base na leitura do Texto 3 e na leitura integral da obra Quarto de despejo: diário de uma favelada, publicada pela primeira vez em livro em 1960, no contexto sócio-histórico e literário e, ainda, de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que:


Questão 7:

Como a figura do sacerdote que faz oração e retomada na última estrofe?

Com base na leitura integral da obra Melhores poemas: Manuel Bandeira e do poema “OS SAPOS”, no contexto sócio-histórico e literário e, ainda, de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que:


Questão 8:

Como a figura do sacerdote que faz oração e retomada na última estrofe?

Com base na leitura do Texto 5 e da peça Valsa nº 6, montada pela primeira vez em 1951, no contexto sócio-histórico e literário e, ainda, de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que:


Questão 9:

Como a figura do sacerdote que faz oração e retomada na última estrofe?

Com base na leitura do Texto 6, da coletânea Melhores contos de Lygia Fagundes Telles e dos demais livros recomendados para o Vestibular UFSC/2019, no contexto sócio-histórico e literário das obras e, ainda, de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que:


Questão 10:

Como a figura do sacerdote que faz oração e retomada na última estrofe?

Com base na leitura do Texto 7 e da obra Capitães da Areia, publicada originalmente em 1937, no contexto sócio-histórico e literário e, ainda, de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que:

Meditação de padre Giacomo TantardiniMeditação de padre Giacomo Tantardini Santuário de São Leopoldo Mandic - Pádua Quarta-feira, 18 de dezembro de 2002

Sempre, quando tenho de falar, lembro-me das palavras de Péguy, tão atuais: “Já nos disseram tantas coisas, ó Rainha dos Apóstolos/ Perdemos o gosto por discursos/ Não temos mais altares, a não ser os vossos/ Não sabemos mais nada, a não ser uma oração simples”. Esta noite, minhas palavras, o fato de ter de falar e, portanto, a obediência a esse dever, gostariam apenas de redespertar em mim e em vocês essa oração simples, esse “vem”, “sim, vem”, “vem, Jesus”. Não se pode dizer nada ao Senhor se não for num pedido. Essa é uma das coisas mais bonitas que o Senhor, na experiência de graça que fazemos, nos tornou possível experimentar. Uma criança não demonstra que a mãe existe. Quando diz “mamãe”, reconhece a presença dela, pedindo para ser amada. Não é uma demonstração. Não se demonstra uma presença. Quando ela é reconhecida, a pessoa pede. Não é por acaso que o Credo cristão é uma oração. No fundo, a única coisa que se pode dizer ao Senhor é: “Vem”, “sim, vem”.
ýu pensava nisto nos últimos dias: quantas vezes já dissemos “seja feita a Vossa vontade” como uma resposta nossa! Mas o homem só pode dizer “seja feita a Vossa vontade” como pedido. “Seja feita a Vossa vontade” é um pedido. Mesmo quando somos nós que dizemos essas palavras, não é uma resposta nossa, é um pedido. Sobretudo nos momentos em que é quase impossível que se eleve do coração uma palavra como essa. “Seja feita a Vossa vontade” é um pedido. O pedido de que algo aconteça em nós. O sujeito não somos nós, que fazemos a vontade dEle. Seja feita a Vossa vontade em mim, mas seja feita por Vós, seja feita por Vós a Vossa vontade em mim. O Pai Nosso é uma oração.
Quero agora apontar uma coisa que foi uma descoberta para mim, na semana passada, quando assistia a uma missa. Quando ouvia um padre, um bom sacerdote. De repente, pensei novamente no meu velho pároco, aquele graças ao qual entrei no seminário quando era pequeno (depois da oitava série, pois meu pai e minha mãe não quiseram que eu fosse no início do ginásio). O padre graças ao qual entrei no seminário era realmente um bom padre, simples e muito concreto. E eu pensava que todas as palavras que ele dizia, no fundo, eram moralistas. No fundo, ele só falava dos mandamentos. Daquilo que era preciso fazer. No entanto, todas as palavras que dizia eram católicas. Ao passo que, eu dizia comigo durante aquela missa, as palavras que este padre está dizendo são toýas gnósticas. A gnose ou o gnosticismo é a grande heresia que São João, o discípulo predileto, define assim: “O Anticristo é aquele que nega que Jesus, o Filho de Deus, veio na carne”. Todas as palavras do meu velho pároco remetiam à humanidade de Jesus. Portanto, aos sacramentos. Todas! Ao contrário, todas as palavras que se dizem hoje remetem a idéias. A idéias cristãs, pois se referem a conteúdos cristãos. Mas são idéias, são palavras cristãs nas quais não há mais a humanidade de Jesus.
A humanidade de Jesus. O homem, criado por Deus, havia pecado. E tinham-se passado muitos séculos de espera pelo Messias. Um dia, há dois mil anos, ele veio. A humanidade de Jesus é algo real, que começou a existir em Nazaré quando aconteceu a sua concepção. Nossa Senhora diýse “eis-me aqui” e o Filho eterno de Deus se tornou carne. Naquele momento começou a ser homem, só naquele momento; antes, era apenas Deus. Naquele momento, começou a ser também homem. A humanidade de Jesus significa que sua mãe o carregou nove meses em seu ventre. Jesus não seria verdadeiro homem se não se tivesse submetido ao tempo e ao espaço. Submetido ao tempo e ao espaço: nove meses no pequeno ventre de Maria. E naqueles nove meses Nossa Senhora olhava para sua barriga que ia crescendo. Alvus tumescit virginis. Foi submetido ao tempo. E então houve o parto admirável, ou seja, cheio de maravilhamento, em Belém. Talis decet partus Deumý E o menino cresceu; aos doze anos, já respondia e questionava os doutores da Lei. E um dia, após trinta anos de silêncio e trabalho em Nazaré, vieram os milagres, vieram seus discípulos. Depois a morte. E a morte foi morte real. E a ressurreição não coincide com a morte, mas ocorreu na manhã do terceiro dia depois da morte. A manhã de Páscoa. No entanto, a perversão da gnose é que essas distinções reais não existem mais. Não existem mais! A morte é vida, a dor é felicidade, o pecado é graça. Não! O pecado é pecado. O pecado mortal dá a morte à alma, e se a pessoa morre em pecado mortal vai para o inferno. Tudo é confiado à misericórdia de Deus, que é e continua a ser mistério. E assim, com esperança diante de qualquer homem, ou seja, rezando, a santa Igreja diz que se a pessoa morre na graça de Deus vai para o Paraíso, mas se morre em pecado mortal precipita-se na segunda morte que não tem fim, na morte eterna.
É como se tudo isso não existisse mais. As palavras não remetem mais a essas coisas tão simples, ou seja, não remetem mais à humanidade de Jesus. Dizia Péguy: qual a diferença entre uma criança cristã e uma criança não-cristã? “Uma criança cristã é uma criança à qual milhares de vezes foi apresentada a infância de Jesus”. Foi apresentada a história de Jesus. Não idéias, mas a história de Jesus. Assim, não devemos ser nós que suscitamos artificiosamente as perguntas. É a realidade que desperta as perguntas no coração. É a vida que impõe as perguntas. E a resposta a todas as perguntas que a vida impõe não é uma explicação cristã que nós damos. A resposta a todas as perguntas que a vida impõe é a humanidade de Jesus. A resposta à dor é Jesus e Jesus crucificado. Que morreu na cruz na Sexta-feira Santa. E que, na noite anterior, a noite da Quinta-feira Santa (noctem cruentam crimine/ aquela noite cruenta daquele crime tão grandeý, naquela noite sofreu até suar sangue no horto do Getsêmani. E depois o processo, a flagelação, a coroação de espinhos. A humanidade dEle! Não a resposta cristã que nós inventamos. Essa humanidade dEle, olhar para a humanidade dEle é resposta à dor. E, assim, o mistério continua intacto, e no coração, se o Senhor o toca, a espera é respondida e toda pergunta é respondida.
Enfim, há cinqüenta anos as palavras que ouvíamos na igreja, até as mais moralistas, remetiam à humanidade de Jesus. Remetiam a uma história, remetiam a um homem que foi concebido no ventre de sua mãe, que se chamava Maria, que fora carregado nove meses naquele seio, que nascera de parto, que fora amamentado (como ouvimos agora há pouco: Lactas sacrato ubereý, amamentado como qualquer criança, que começara a sorrir como qualquer criança sorri para seu pai e sua mãe. Aquela criança, já crescida, vivera aqueles três anos reunindo uma pequena companhia ao seu redor. Aquele homem é tudo o que o Mistério quis nos revelar e comunicar. Aquele homem é Deus. “De sua plenitude todos recebemos graça sobre graça”, diz João, o discípulo predileto. E São Paulo: “Nele habita corporalmente a plenitude de Deus”. Tudo o que Deus quis nos manifestar e nos doar está na humanidade dEle.
“Tabernaculum eius, caro eius”, escreve Santo Agostinho. A morada de Deus é a carne dEle. A humanidade dEle: a maneira como olhava, como pedia, como se surpreendia, como chorava, como se cansava. Como naquela vez em que se sentou no poço de Jacó, naquela tarde, e aquela mulher, que não era certamente a mulher mais moral do vilarejo, foi tirar água. Tudo o que Deus é, que o Mistério eterno e infinito é, nós conhecemos e saboreamos por meio da humanidade dEle. Abraçando, olhando para a humanidade dEle. Tanto é verdade que, na noite da Quinta-feira Santa, quando Filipe lhe pedia (Filipe é um apóstolo simpático, faz muitas perguntas e pedidos, como todos os apóstolos, um mais simpático que o outro): “Mostra-nos o Pai e isso nos basta”, Jesus, olhando para ðle, respondeu: “Filipe, há tanto tempo estou contigo e tu ainda não me conheces? Quem viu a mim, viu o Pai”. Quem viu a mim. Não por meio de uma visão mística. Quem viu com os olhos, com os olhos de carne, quem viu aquele homem viu o Pai.
Enfim, na semana passada, eu como que intuí isso tudo pela primeira vez... E me lembrei das palavras de São Jerônimo: “Ingemuit totus orbis, et arianum se esse miratus est”. O mundo inteiro se deu conta, com espanto, de que não era mais cristão. O mundo inteiro se deu conta de que não era mais cristão, com todas as suas palavras cristãs. Com todas as suas idéias cristãs, não era mais cristão. Se não há mais referência imediata, se as palavras não remetem imediatamente à humanidade dEle, não há mais cristianismo. Não há mais essa história maravilhosa. Não há mais nem criação nem graça, tanto é verdade que se confunde a criação com a graça. Não há mais nem pecado nem salvação, tanto é verdade que se confunde o pecado com a salvação, chegando a dizer que no pecado se encontra a salvação. Tudo se confunde, pois não se remete mais imediatamente à humanidade dEle, à história dEle.

Indicarei agora três coisas sugeridas pelos cantos de Natal que ouvimos esta noite.
1. Antes de mais nada, a primeira coisa contra a qual a gnose, a grande heresia gnóstica luta, é o fato de que a criatura é boa e foi ferida pelo pecado original. O pecado original. Todos os cantos que ouvimos (todos!) falam do pecado original. Quod Eva tristis abstulit. Dizem que Eva tornou-se uma pessoa triste. Aquela companhia era tão boa, o Paraíso terrestre era tão bom. Era sempre uma surpresa. Eva, ao pecar, tornou-se uma pessoa triste, e nos fez cair nessa condição que deixou de ser boa. O coração continua a esperar, mas a condição deixou de ser boa. Em vez da surpresa, existe a preocupação. Essa é uma das coisas mais bonitas que Péguy diz. O que o pecado original provocou? Tornou tudo uma preocupação. Em vez da surpresa, tornou tudo trabalhoso, uma preocupação.
Mas, a respeito do pecado original, quero ler para vocês uma estrofe do hino de Alessandro Manzoni sobre o Natal, pois ela resume a condição do homem que nasce ferido pelo pecado. “Quem, entre os nascidos para o ódio”. Assim se nasce depois do pecado de ýdão e Eva: as pessoas nascem para o ódio. “Vós sois todos maus”, diz Jesus. “Quem, entre os nascidos para o ódio,/ Quem houve, pessoa,/ Que ao Santo inacessível/ Pudesse dizer: me perdoa?”. Quem podia dizer “me perdoa” ao Santo inacessível, que não tinha um rosto? Pois, antes da humanidade de Jesus, o Mistério não tinha um rosto para ser olhado, antes daquela humanidade que se podia olhar, que Maria olhou, que José olhou. Aqueles dois jovens que em primeiro lugar viram a Deus, quando ela, Maria, deu à luz.
ýQuem, entre os nascidos para o ódio,/ Quem houve, pessoa,/ Que ao Santo inacessível...”. Inacessível. Ao qual não se podia chegar. Tanto é verdade que, num canto, se diz que “vós sois a porta aberta do céu”, vós, Nossa Senhora, vós, a mãe dEle, sois a porta escancarada, pervia, fácil, para Deus. “Quem, entre os nascidos para o ódio,/ Quem houve, pessoa,/ Que ao Santo inacessível/ Pudesse dizer: me perdoa?/ Fazer novo pacto eterno?” Quem podia renovar a aliança, segundo a qual o Mistério, o Senhor, o Criador não despertaria mais medo? Porque, depois do pecado, o homem tem medo de Deus: “Tive medo e me escondi”. Quem poderia doar de novo aquela amizade graças à qual se aproximar de Deus não dá medo, mas é uma companhia inefável, sempre uma surpresa?
“Fazer novo pacto eterno?/ Ao vencedor inferno/ A presa sua arrancar?” Ao inferno, que havia triunfado, arrancar a presa.
Essa é a condição do homem. As pessoas nascem assim, e ninguém poderia dizer “perdoa-me”. Nascem assim. Mas, justamente porque se nasce assim, os cristãos não condenam a ninguém. Pois o Bom Samaritano, que é Jesus, passando por ali, não condenou aquele homem que encontrou os bandidos quando descia de Jerusalém para Jericó, e ficou na beira da estrada meio morto, ferido mortalmente. Não disse a ele: “Veja como você está desesperado”. Não, teve compaixão dele. Quando não aceitamos o pecado original, condenamo-nos uns aos outros, chantageamo-nos uns aos outros. Não existe nem mais a compaixão que um pagão como Cícero dizia ser a virtude mais humana. As pessoas nasceram feridas, nasceram más. A longo prazo, ninguém consegue sozinho observar nem as leis inscritas no coração, que são os dez mandamentos. Somos pobres pecadores. O Bom Samaritano não acusou ninguém, não repreendeu ninguém, pegou o homem pelo braço, colocou-o em sua montaria, lavou e enfaixou as chagas daquele homem ferido.
2. Mas algo aconteceu. O homem não podia dizer “me perdoa”, não podia voltar, tal como a pedra que cai da montanha e fica no fundo do vale não pode voltar se uma força amiga, que não é da própria pedra, não a levantar. Manzoni diz isso também, no mesmo hino. Mas algo aconteceu. E eu uso as palavras de Dante para falar disso: “Em teu ventre reacendeu-se o amor”. Há dois mil anos. Dois mil anos! Não fora do tempo. Mas num momento do tempo. Em Nazaré, naquela cidadezinha da extrema periferia do povo eleito, na Galiléia dos gentios. Naquele momento de tempo, “em teu ventre”, no ventre daquele menina de nome Maria, daquela mulher (não da Mulher com M maiúsculo), no ventre daquela mulher (aquele ventre, aquela carne e aquele sangue) “reacendeu-se o amor”. O amor, a possibilidade de ser perdoado, a possibilidade de dizer “me perdoa”, acendeu no ventre daquela menina.
ýEm teu ventre reacendeu-se o amor,/ por cujo calor”. Não pelas palavras que dizemos, não pelas respostas que nós inventamos: “Por cujo calor”. Calor, existe alguma coisa mais física que o calor, que o calor que se acendeu no ventre daquela menina? “Por cujo calor na eterna paz/ assim germinou essa flor”. “Por cujo calor” a vida floresce , a vida, que fora ferida mortalmente, floresce de novo. “Por cujo calor”, pelo calor daquela presença humana que foi concebida no ventre de Maria. “Em teu ventre reacendeu-se o amor/ por cujo calor”. Em contato com essa humanidade, em contato visível... porque depois de nove meses ela deu à luz, num parto estupendo, num parto sem dor. Enquanto o parto de qualquer mulher, em conseqüência do pecado original, é cheio de dor, o parto dessa mulher, dessa menina, foi um parto cheio de maravilhamento. Como é bonito o que a Igreja chama a virgindade no parto de Maria. Um parto que enchia de maravilhamento. Assim, ela deu à luz, num parto que a encheu - e também a José, e aos pastores, e a todos aqueles que o viram - de maravilhamento.
“Em teu ventre reacendeu-se o amor,/ por cujo calor na eterna paz”, no Paraíso. No Paraíso a vida floresce para sempre. Mas já aqui, quando esse calor alcança o coração, mesmo apenas por um instante, mesmo apenas como uma gota desse orvalho, mesmo apenas como uma promessa de rebento de primavera... esse calor, alcançando os corações, faz germinar. “Assim germinou essa flor.”
Quero ler para vocês a forma como São Pio X, em seu catecismo, de maneira tão simples e bela, diz essas coisas: “Como se fez homem o Filho de Deus? O Filho de Deus se fez homem, tomando corpo e alma humanos nas puríssimas entranhas da Virgem Maria, por obra do Espírito Santo”. Deus tomou um corpo e uma alma como nós os temos. O corpo veio todo daquela menina, todo do sangue e da carne dela. Um corpo humano. E depois continua: “Quando se fez homem” (porque aconteceu, ocorreu! Verbum caro factum est: aconteceu que o Verbo eterno fez-se carne. Aconteceu há dois mil anos, em Nazaré), “o Filho de Deus deixou de ser Deus? Não; quando o Filho de Deus se fez homem não deixou de ser Deus; permaneceu verdadeiro Deus e começou a ser também verdadeiro homem”. E depois, a última: “Jesus Cristo sempre existiu? Jesus Cristo, como Deus, sempre existiu; como homem, começou a existir no momento da Encarnação”. Como homem, começou a existir quando Maria disse sim.
3. O que acontece quando esse calor alcança o coração do homem, o calor reaceso no ventre daquela menina? “Em teu ventre reacendeu-se o amor”. O amor! A possibilidade de sermos perdoados. Até aquele instante, até aquele momento, vislumbrava-se apenas a sombra, o reflexo, a espera desse amor, desse perdão. O Antigo Testamento é sombra, reflexo da realidade. Quando a realidade chega, a sombra é posta de lado respeitosamente. Quando a presença que ama está presente, a pessoa olha para a presença, sem continuar a olhar para a fotografia. É assim a relação entre a realidade humana de Jesus e a Antiga Aliança. A realidade humana de Jesus é o imprevisto e imprevisível cumprimento de qualquer expectativa. “Tudo foi feito em vista dEle”.
O que esse calor desperta, quando alcança o coração? Desperta no coração a esperança. Quando esse calor alcança o coração do homem, deixa o coração do homem maravilhado. A segunda virtude, a esperança, indica esse maravilhamento. Quando o calor alcança o coração do homem, comove-o. Quando esse calor toca o coração, o homem, preocupado, tem um instante em que se maravilha, em que não está mais preocupado. Ocupado com mil coisas, preocupado (pré-ocupado significa que o coração está pesado com tantas coisas), o coração se maravilha. E o coração volta, torna-se de novo ou pela primeira vez como o da criança. Quando esse calor alcança o coração, desperta essa comoção, desperta esse maravilhamento, desperta essa esperança. Essa esperança não é meramente saber que no futuro haverá alguma coisa. Essa esperança é o início do florescimento do Paraíso na terra. O rebento é o início, não é ainda a flor completa. O primeiro broto é apenas o início. Quando esse calor toca o coração, o coração germina. Isso se chama esperança.
Leiamos Dante. “Aqui és para nós”, aqui, no Paraíso, é São Bernardo quem está rezando, “luz meridiana/ de caridade”. O Paraíso é diferente da terra. Pois o Paraíso é esse amor assegurado para sempre. Na terra, tudo está apenas em esperança, ou seja, em maravilhamento, em maravilhamento real mas precário, tanto é verdade que se pode perder. A graça de Deus pode ser perdida. Ou melhor, diz o dogma da fé, sem uma ajuda especial da graça, não se pode permanecer em estado de graça. Portanto, é um maravilhamento precário. Real, certíssimo, mas precário. “As coisas que aconteciam, à medida em que aconteciam, suscitavam maravilhamento, de tanto que era Deus quem as realizava.” É o que diz Giussani, descrevendo sua vida. “As coisas que aconteciam, à medida em que aconteciam, suscitavam maravilhamento, de tanto que era Deus quem as realizava, fazendo delas a trama de uma história que me acontecia - e me acontece - diante dos meus olhos”. Tecendo, assim, a trama de um caminho que me acontecia e que me acontece diante dos olhos.
“Aqui és para nós luz meridiana/ de caridade”, aqui és para nós sol resplandecente de caridade, esplendor de caridade. Caridade é quando o desejo do coração é satisfeito, quando o que o coração deseja é saciado. “E embaixo”, aqui embaixo, na terra, “entre os mortais” - como o cristianismo é realista: entre aqueles que rumam para a morte. “E embaixo, entre os mortais,/ és fonte vivaz de esperança.” És a possibilidade de que esse maravilhamento se renove continuamente. Tu! Tu, ó Maria, Tu, ó Nossa Senhora, és a possibilidade de que a graça de Deus se renove, és a possibilidade de que esse calor (“em teu ventre reacendeu-se o amor”) toque o nosso coração, toque-o de forma que a nossa vida vá de início em início, abrace-o possivelmente em todos os instantes. A santidade é quando esse calor abraça quase (“quase”, pois a terra não é o Paraíso) a todos os instantes. Padre Leopoldo foi assim. Esse calor, esse maravilhamento abraçava o coração quase todos os instantes, de forma que era caro ao coração. “O maravilhamento verdadeiro”, intuía Cesare Pavese, “não é feito de novidade, mas de memória”. De forma que se torna caro ao coração, como a casa em que o coração habita.
“Aqui és para nós luz meridiana/ de caridade, e embaixo, entre os mortais,/ és fonte vivaz de esperança.” E depois Dante conclui, falando da oração. Que pode fazer o homem, o homem ferido pelo pecado e o homem agraciado, quando esse calor, reacendido há dois mil anos no ventre de Maria, o alcança? O homem pode pedir. “Tamanha és nestes céus tua pujança,/ que quem o bem, sem ti, busca, hesitante,/ como que a voar sem asas se abalança.” Mulher, és tão grande e tens tanto valor, que quem quer a graça e a ti não recorre, é como se quisesse voar sem ter asas. Mas depois há uma estrofe ainda mais bela, mais bela, pois sugere que mesmo o pedido é fruto da Sua graça. “Não só a quem te invoca, suplicante,/ brilha o fulgor de tua caridade,/ senão que às vezes vem do rogo adiante”. E isso é um mistério. O mistério mais inefável da predileção de Deus: que não apenas responde ao pedido, mas adianta-se ao próprio pedido. Do contrário, nem saberíamos pedir. A tua caridade, Maria, não apenas socorre a quem pede, mas muitas vezes (podemos até dizer sempre, do contrário não se pede, do contrário há uma grande pretensão ou simplesmente um discurso) “vem do rogo adiante”. Adianta-se, vem antes, precede. “Sempre nos preceda e nos acompanhe a tua graça.” Preceder significa que vem antes, que vem antes até do pedido. Para pedir é preciso, ao menos no horizonte último, ser atraídos, ser despertados por esse calor que se acendeu no ventre de Maria.
E assim concluo. Antes, de joelhos, na cela de padre Leopoldo, prometi concluir dizendo estas coisas. Dizendo o que, na minha opinião - não na minha opinião, mas segundo a santa Igreja -, é a alternativa à grande heresia a que me referi no início, quando falava da gnose na Igreja. Foi Judas, um dos doze, quem o traiu. A perseguição do mundo, do diabo, acontece sempre por meio de cristãos. Judas, um dos doze, o traiu: era um dos doze! O mesmo aconteceu a Pedro e Paulo, mortos em Roma por inveja de cristãos. É sempre assim. Ainda hoje é assim. Seja como for, a alternativa ao Anticristo, a quem não reconhece Jesus, o Filho de Deus na carne, no meu modo de ver são três coisas.
A primeira é a confissão. A confissão tal como foi definida pelo Concílio de Trento. A confissão para a qual recentemente o Papa chamou a atenção de todo o povo cristão, que deve ser vivida com humilde fidelidade. A confissão, ou seja, a acusação sincera, completa, humilde, breve e prudente (são as cinco características da acusação dos pecados no catecismo de São Pio X. A confissão sincera e completa de cada um dos pecados mortais. A confissão comporta esse realismo. Pelo qual o pecado é pecado). E o gesto, o mais simples deste mundo, de um pobre pecador, como é o confessor, talvez muito mais pecador que você, um gesto posto por ele, mas realizado por Jesus Cristo, um gesto de Jesus Cristo perdoa você. O sacramento da confissão, como Jesus o instituiu e a santa Igreja pede que seja: juízo e misericórdia. Tanto é verdade que, no catecismo, quando eu era pequeno, havia uma imagem que descrevia bem o fato de que, se a pessoa se confessa mal, comete um sacrilégio. Era a imagem de uma criança que ia embora carregando o diabo nas costas. Ao mesmo tempo, havia a imagem do anjo da guarda perto de um menino sorridente que se confessava bem. A confissão, portanto, tal como a santa Igreja pede que nos confessemos. O sacramento da confissão é a primeira maneira pela qual Maria derrotou sozinha todas as heresias. Assim dizia uma antífona da liturgia retomada por São João Bosco em sua oração a Nossa Senhora: “Tu, que destruístes sozinha [ela sozinha, não nós!] todas as heresias do mundo”.
A segunda coisa é o santo Rosário. Leio a vocês algumas frases sobre o Rosário ditas pelo papa Luciani, João Paulo I, quando ainda era patriarca de Veneza. “Pessoalmente, quando falo sozinho com Deus e com Nossa Senhora, mais que adulto, prefiro me sentir criança.” Isso vale para a vida inteira. Ser adulto na fé significa se dar conta mais facilmente daquilo que se é, ou seja, nada: “Sem mim, não podeis fazer nada”. Prossegue o papa Luciani: “...para me abandonar à ternura espontânea que uma criança tem diante do pai e da mãe. Para que esteja diante de Deus aquilo que sou na realidade, com o que há de miséria e o que há de melhor em mim mesmo. O Rosário, oração simples e fácil, me ajuda a ser criança. E não me envergonho por isso”. O Rosário (com a repetição do Pai Nosso, da Ave Maria e das jaculatórias) é a oração em que somos o que realmente somos, ou seja, nada. Na qual, por graça, nos tornamos crianças, na qual o coração se torna criança, de forma que entra (entra, já quando diz o Rosário!) no Reino dos céus. De forma que o coração floresce de novo.
E, enfim, a terceira coisa: as jaculatórias. A confissão, o Rosário, as jaculatórias. As jaculatórias, ou seja, as pequenas orações. Como quando se entra na igreja e se diz: “Louvor e glória a todo momento ao santíssimo e digníssimo Sacramento”. A todo momento! E a pessoa talvez se dê conta de que há muito tempo não diz obrigado. Mas, ao entrar na igreja e fazer a genuflexão, a pessoa repete: “Louvor e glória a todo momento”. E o obrigado daquele instante abraça tudo, abraça as horas, os dias, as semanas e os meses em que a pessoa nunca disse obrigado. E depois aquela outra jaculatória, tão simples e cara, que tantas vezes Giussani nos recomendou: “Veni, Sancte Spiritus, veni per Mariam”. Vem, ó Santo Espírito. O Espírito Santo é Aquele que no ventre de Maria “reacendeu o amor”, Aquele que despertou o amor no ventre de Maria. O Espírito Santo é a infinita correspondência entre o Pai e o Filho. Essa coisa me surpreende, desde que a intuí. É a infinita correspondência entre o Pai e o Filho. A infinita, eterna, superabundante correspondência entre o Pai, que gera, e o Filho, que é gerado. Pela qual, por superabundância de correspondência, e não por dialética, por superabundância de alegria, a Trindade criou o mundo e criou também a mim. “Veni, Sancte Spiritus, veni per Mariam”. Vem por meio de Maria.

Termino repetindo a estrofe de um hino que Giussani sugeriu há quinze dias: “Jesu mi dulcissime”, Jesus, minha doçura. Eu pretendia dizer apenas isso, falar apenas da humanidade de Jesus. “Jesu mi dulcissime”, Jesus, doçura para mim. Só uma presença é doçura ao coração. Doçura é uma palavra que repetimos duas vezes a Nossa Senhora na Salve Rainha: “dulcedo”, doçura, “dulcis virgo Maria”. Assim, pondo nas mãos dela aquilo de que nós não somos capazes e que tantas vezes não queremos... “Jesu mi dulcissime, spes suspirantis animae”: esperança, surpresa, comoção da alma que suspira, que espera (“o meu gemido não se esconde de ti”). É a vida, é a realidade que faz suspirar. As coisas fazem suspirar. “Spes suspirantis animae.” Alma que suspira, mesmo quando não nos damos conta, por essa doçura, que suspira por essa presença que Maria carregou no ventre por nove meses e nasceu em Belém. “Spes suspirantis animae. Te quaerunt piae lacrymae”. Buscam-te as lágrimas pias. Lágrimas, pois a dor da vida faz chorar. Nossos pobres pecados também fazem chorar. E as lágrimas se transfiguram em lágrimas de gratidão. Do contrário, depois de algum tempo já nem se chora mais, depois de algum tempo até o rosto se enrijece e se torna uma máscara. As lágrimas da dor, diante dessa presença, se tornam lágrimas de gratidão, pois o Seu perdão, a Sua doçura, a Sua ternura é maior. “Te quaerunt piae lacrymae et clamor mentis intimae.” Busca-te o grito do coração, quando dormimos e quando estamos acordados. É a ti, Jesus Cristo, filho de Maria, Filho de Deus, que o grito de todo coração busca. E a nós, por graça, foi-nos dado começar a buscar e ser encontrados já aqui neste mundo.

Como a figura do sacerdote que faz a oração é retomada na última estrofe?

4) A figura do sacerdote que está fazendo essa oração é retomada através da figura de linguagem metonímia, através do vocativo "ó voz zelosa".

Como você interpreta os versos fazendo da memória um balde cego?

[Resposta pessoal] Interpreto esses versos como uma espécie de metáfora com o funcionamento da memória, que não pode ser controlada. Ela simplesmente se vai, assim como um balde no negrume de um poço.

Qual sensação O poeta procurou transmitir em pista de dança?

Resposta. Resposta: Podemos perceber que o poema transmite um certo ritmo que lhe confere um caráter musical, associando o poema ao título.

O que afirma no verso pregue que a vida?

Na oração, que desaterra [assola] a terra, Deus quer que aquele [o arcebispo] a quem foi dado o cuidado [de falar aos homens] pregue que a vida é um estado emprestado, cercado de mil mistérios, e que tanto desenterra [traz à vida e à superfície] quanto enterra [morre];