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O que é infecção urinária de repetição?

Dizemos que um paciente tem infecção urinária de repetição ou infecção urinária recorrente, quando ele ou ela apresentam 2 ou mais episódios de infecção em um intervalo de 6 meses ou 3 ou mais infecções em um intervalo de 1 ano.

A infecção urinária de repetição é comum nas mulheres e não costuma estar relacionado a nenhum problema anatômico no trato urinário. Já nos homens, a infecção urinária é um evento raro; quando ela ocorre com frequência, quase sempre é porque há algum problema estrutural nas vias urinárias.

Neste artigo vamos explicar por que a infecção urinária recorrente surge, quais são os seus fatores de risco e quais são as opções de prevenção.

Tipos de infecção urinária

A infecção do trato urinário (ITU) é habitualmente dividida em 2 tipos:

Cistite

A infecção da bexiga é chamada de cistite. Seus sintomas mais comuns incluem: dor para urinar (disúria), vontade urinar a toda hora (polaciúria), sangue na urina (hematúria), dor no baixo ventre e sensação de esvaziamento incompleto da urina.

A cistite é um quadro que não costuma provocar febre e raramente provoca alguma complicação.

Para saber mais detalhes sobre a cistite, leia: CISTITE – Sintomas, Causas e Tratamento.

Pielonefrite

A infecção de um ou ambos os rins é chamada de pielonefrite. A pielonefrite é um quadro bem mais grave que a cistite. Seus sintomas incluem febre alta, dor lombar, fraqueza, náuseas e vômitos. Se não for tratada adequadamente, ela pode ser fatal.

Para saber mais detalhes sobre a pielonefrite, leia: PIELONEFRITE – Causas, Sintomas e Tratamento.

Causas

A imensa maioria dos casos de infecção urinária de repetição são, na verdade, quadros de cistite de repetição. Pielonefrite recorrente em mulheres saudáveis é uma situação rara.

Quase metade das mulheres (44%) que apresentam um quadro de cistite acabam tendo uma recorrência dentro de um ano. Em 25% dos casos, a recorrência ocorre dentro de 6 meses.

Como já referido na introdução do texto, homens com ITU de repetição costumam ter algum defeito na anatomia do trato urinário, como alterações da próstata, obstrução do ureter ou estenoses (apertos) na uretra. Não é esperado que um homem saudável tenha infecções recorrentes da bexiga.

Já nas mulheres, a maioria dos casos de cistite recorrente surge em pacientes saudáveis e sem nenhuma alteração da anatomia urinária. Frequentemente, a causa da infecção urinária permanece desconhecida.

Se você quiser entender melhor por que a infecção urinária urinária é bem mais comum nas mulheres que nos homens, assista ao vídeo abaixo produzido pela equipe do MD.Saúde.

Fatores de risco

As bactérias que causam a cistite não vivem no trato urinário; elas são enterobactérias que vivem no trato gastrointestinal e na região ao redor do ânus. A infecção urinária surge quando essas bactérias migram da região perianal e passam a colonizar a região ao redor da uretra.

Mulheres que apresentam infecção urinária de repetição apresentam sua região periuretral mais susceptível à colonização por enterobactérias, principalmente pela Escherichia coli. Essa predisposição parece ter origem genética. As bactérias causadoras de infecção urinária têm mais facilidade de se aderir às células da uretra dessas pacientes do que da população em geral.

É muito comum que uma mulher com infecção urinária de repetição tenha uma mãe, avó ou tia com o mesmo problema.

Além da maior susceptibilidade genética, alguns fatores ambientais também costumam estar presentes nas mulheres que têm cistite de repetição. Alguns podem ser corrigidos, outros não.

Entre os fatores de risco mais comuns, podemos citar:

  • Uso de substâncias que contenham espermicidas.
  • Ducha vaginal.
  • Maus hábitos de higiene após evacuar.
  • Excesso de higiene íntima.
  • Diabetes mellitus.
  • Menopausa.

Existem também os casos de infecção urinária de repetição que costumam surgir somente após uma relação sexual. Nestes casos, chamados de cistite pós-coito ou cistite da lua-de-mel, as mulheres desenvolvem os sintomas de ITU 24 a 48 horas após uma relação sexual.

Explicamos a infecção urinária pós-sexo com detalhes no artigo: CISTITE DA LUA-DE-MEL – Infecção Urinária Após Sexo.

Prevenção

Se a mulher com infecção urinária recorrente tiver algum fator de risco que possa ser modificado, esse deve ser o primeiro passo na estratégia de prevenção.

Aprender a se limpar corretamente após a evacuação, evitar ducha vaginal, evitar espermicidas, urinar imediatamente após uma relação sexual, evitar o uso de produtos químicos para higiene íntima ou utilizar cremes vaginais à base de estrogênio após a menopausa são algumas das medidas que podem ser instituídas.

Entretanto, muitas mulheres têm ITU de repetição e não conseguem identificar nenhum fator de risco modificável. Esses são os casos nos quais devemos avaliar a instituição de antibióticos profiláticos.

No artigo: 21 DICAS PARA PREVENÇÃO DA INFECÇÃO URINÁRIA abordamos vários fatores risco para a ITU que podem ser prevenidos com atitudes simples. Neste texto falaremos apenas da prevenção com antibióticos.

Prevenção da infecção urinária recorrente com antibióticos

A profilaxia da cistite recorrente com antibióticos é uma forma comprovadamente eficaz de manter as mulheres livres de infecção urinária.

O início dos antibióticos como forma de prevenção só deve ser feito quando a mulher estiver sem infecção urinária ativa. Em geral, os médicos tratam a infecção e solicitam uma urocultura 1 ou 2 semanas após o fim do tratamento para comprovar a cura. Se a urocultura vier negativa, o início da profilaxia com antibióticos está autorizado.

Existem duas formas de antibioterapia profilática para ITU:

  • Antibióticos pós-coito.
  • Antibióticos contínuos em dose baixa.

Antibióticos pós-coito

A antibioterapia profilática pós-coito está indicada para as mulheres com cistites de repetição que estão claramente associadas ao sexo (início dos sintomas 24 a 48 horas após uma relação sexual).

Nesta forma de prevenção, a paciente deve tomar 1 comprido de antibiótico logo após o fim da relação sexual.

As opções mais indicadas são:

  • Trimetoprim-sulfametoxazol (Bactrim) 40 mg/200 mg ou 80 mg/400 mg.
  • Nitrofurantoína 50 mg ou 100 mg.
  • Cefalexina 250 mg.
  • Ciprofloxacino 125 mg.
  • Norfloxacino 200 mg.
  • Ofloxacino 100 mg.

Esses antibióticos podem ser feitos por tempo indeterminado. A maioria dos médicos mantém essa estratégia por pelo menos 1 ano.

Antibióticos de uso contínuo

Se a infecção urinária de repetição não estiver associada à relação sexual recente, a prevenção pode ser feita com antibióticos de uso diário por um período mínimo de 6 a 12 meses.

As doses e os antibióticos mais indicados são os mesmos listados acima para profilaxia pós-coito. A única diferença é o Bactrim (Trimetoprim-sulfametoxazol) que pode ser usado nas doses de 40 mg/200 mg 3 vezes por semana ou 1 vez por dia.

A escolha do melhor antibiótico para uso profilático, seja pós-coito ou diariamente deve levar em conta os resultados mais recentes das uroculturas. O tipo de bactéria responsável e o perfil de resistência devem ser levados em cota.

Em regra, após 1 ano de profilaxia, os antibióticos são suspensos e a paciente não volta a ter episódios recorrentes de ITU. Se isso ocorrer, a profilaxia pode ser reiniciada.

Referências

  • Recurrent simple cystitis in women – UpToDate.
  • Guidelines for the diagnosis and management of recurrent urinary tract infection in women – Canadian Urological Association.
  • Recurrent Urinary Tract Infections in Women: Diagnosis and Management – American Family Physician.
  • International Clinical Practice Guidelines for the Treatment of Acute Uncomplicated Cystitis and Pyelonephritis in Women: A 2010 Update by the Infectious Diseases Society of America and the European Society for Microbiology and Infectious Diseases – Clinical Infectious Diseases.

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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