Pelo segundo trimestre seguido, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil fechou no vermelho, ou seja, registrando uma variação negativa, uma tendência que aponta para a chamada ‘recessão técnica’ da economia do país. No terceiro trimestre (que compreende os meses de julho a setembro) o PIB nacional
retraiu 0,1%. A estatística foi divulgada nesta quinta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — vale ressaltar que o instituto já havia registrado uma queda semelhante no segundo trimestre. publicidade Ainda de acordo com o IBGE, o desempenho negativo foi reflexo de uma retração expressiva de 8% vista no setor de agropecuária no mesmo
trimestre. Em valores, o PIB, que responde pela soma dos bens e serviços produzidos no país, chegou a R$ 2,2 trilhões no período. Veja também Esse cenário, segundo o G1, serve como uma espécie de alerta de que algo está errado na economia. Entretanto, difere do conceito tradicional de recessão, situação em que a economia de um país apresenta sintomas ainda mais graves, como alto índice de falência e desemprego, por exemplo.
Ainda assim, o resultado surpreende, já que, segundo um estudo da Reuters, a expectativa era de estagnação.
Se comparado com o mesmo período do ano anterior, o PIB cresceu 4,0% (a expectativa inicial era de 4,2%). Por fim, até aqui a economia brasileira acumula nos quatro trimestres um crescimento de 3,9%.
Com informações da Forbes e Infomoney.
Créditos da imagem principal: Rafastockbr/Shutterstock
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Gabriel Sérvio é formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário Geraldo Di Biase e faz parte da redação do Olhar Digital desde 2020. Atualmente escreve sobre veículos.
O PIB (Produto Interno Bruto) representa o desempenho econômico de um país, durante o período de um ano. É a soma anual de todas as atividades produtivas (bens e serviços) realizadas dentro do país, independente da nacionalidade das empresas e das remessas de lucros feitas por elas ao exterior. Não são contabilizadas as rendas obtidas em atividades externas por empresas que atuam fora das fronteiras nacionais, nem as rendas e salários de pessoas que trabalham no exterior.
Taxa positiva do PIB é indicador de que a economia está em crescimento, embora nem sempre o suficiente para gerar emprego e elevar a renda média da população. Taxa próxima de zero, como ocorreu no Brasil em 2003 (0,5%), revela uma situação de estagnação econômica. Abaixo de zero é um indicador de recessão.
Ao longo do século 20, o crescimento do PIB brasileiro foi surpreendente e só esteve abaixo do apresentado pelo Japão. A partir das duas últimas décadas do século 20, o Brasil perdeu esse dinamismo. Hoje a economia brasileira cresce abaixo da média mundial, mais abaixo ainda das taxas conquistadas pelos principais países emergentes, como China, Índia, Argentina, Chile e Venezuela. Todos eles com taxas superiores a 6% ao ano.
Crescimento lento
Antes da divulgação oficial do PIB brasileiro de 2005, a CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina) previa um crescimento médio do PIB em torno de 4,3% para o conjunto dos países da América Latina (incluindo o Caribe), bem acima do crescimento alcançado pelo Brasil. O desempenho brasileiro, de acordo com as projeções da CEPAL, superaria apenas o do Haiti, na região, e deveria se igualar somente ao de El Salvador.
Esses dados são decorrentes de medidas econômicas adotadas que privilegiaram o pagamento da dívida pública, o controle da inflação através da manutenção de elevadas taxas de juros e restrição de investimento governamental em setores de infra-estrutura. Somam-se a isso a valorização do Real, que impediu um melhor desempenho das atividades exportadoras - especialmente o agronegócio -, e a crise política que se arrastou por todo o ano de 2005.
Os Estados Unidos, a maior economia do planeta, chegaram ao final de 2005 com um PIB de U$S 11.2 trilhões, mas com um crescimento de 3,5% em relação ao ano de 2004. Não é desprezível, mas foi também abaixo das expectativas projetadas para o ano.
Excluindo a China, que tem registrado taxas de crescimento contínuas e elevadas há três décadas (por volta de 10% ao ano), é natural que as grandes economias do mundo cresçam mais lentamente, pois esse crescimento é calculado sobre valores extremamente elevados. Para se ter uma idéia: a soma das economias dos sete países de maior PIB representa uma fatia de aproximadamente 70% do PIB mundial. O resto do mundo fica com os 30% restantes.
Distorções
Valor absoluto e taxa de elevação do PIB são referenciais importantes de desempenho econômico, mas não servem para medir o nível de desenvolvimento do país. Embora o crescimento econômico seja a base necessária à melhoria da qualidade de vida da população, não é condição suficiente.
O desenvolvimento está associado à forma como os frutos do crescimento são distribuídos socialmente e aos impactos positivos que manifestam na sociedade e no ambiente.
Além disso, o PIB não é o reflexo apenas do lado construtivo da economia de um país. Cada vez que um cidadão acelera o seu automóvel está contribuindo para elevar o PIB. Melhor ainda se bater o carro e tiver despesas com funilaria e pronto socorro. Neste caso, quanto maior o acidente melhor para o PIB. Essa contabilidade não leva em conta os custos ambientais, os problemas sociais e o desperdício tão necessário à sociedade de consumo.
O PIB passou a ser utilizado a partir da Segunda Guerra Mundial como instrumento para medir a situação e o crescimento econômico dos países e, por algum tempo, o PIB per capita (PIB dividido pela população do país) transformou-se em importante indicador de qualidade de vida. Desde a década de 1990, a ONU utiliza um índice mais abrangente para avaliar a qualidade de vida: o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Além da variável econômica, o IDH considera também a longevidade e a escolaridade.