Segundo o pensamento de nicolau maquiavel o poder politico

Maquiavel (1469-1527) � um dos mais originais pensadores do renascimento,  uma figura brilhante mas tamb�m algo tr�gica.  Durante os s�culos XVI e XVII, o seu nome ser� sin�nimo de crueldade, e em Inglaterra o seu nome tornou ainda mais popular o diminutivo Nick para nomear o diabo, n�o havendo pensador  mais odiado nem mais incompreendido do que Maquiavel. A fonte deste engano � o seu mais influente e lido tratado sobre o governo, O Pr�ncipe, um pequeno livro que tentou criar um m�todo de conquista e manuten��o do poder pol�tico.

A  vida de Maquiavel cobriu o per�odo de maior esplendor cultural de Floren�a, assim como o do seu r�pido decl�nio. Este per�odo, marcado pela instabilidade pol�tica, pela guerra, pelo intriga, e pelo desenvolvimento cultural dos pequenos estados italianos, assim como dos Estados da Igreja, caracterizou-se pela integra��o das rivalidades italianas no conflito mais vasto entre a Fran�a e a Espanha pela hegemonia europeia, que preencher� a �ltima parte do s�culo XV e a primeira metade do s�culo XVI. De facto, a vida de Maquiavel come�ou no princ�pio deste processo - em 1469, quando Fernando e Isabel, os reis cat�licos, ao casarem unificaram as coroas de Arag�o e Castela, dando origem � monarquia Espanhola. 

Maquiavel era filho de um influente advogado florentino, e durante a sua vida viu florescer a cultura e o poder pol�tico de Floren�a, sob a direc��o pol�tica de Louren�o de M�dicis, o Magn�fico. Veria tamb�m o crep�sculo do poder da cidade quando o filho de Louren�o e seu sucessor, Piero de M�dicis, foi expulso pelo monge dominicano Savonarola, que criou uma verdadeira Rep�blica Florentina. Quando Savonarola, um fan�tico defensor da reforma da Igreja, foi tamb�m ele expulso do poder e queimado, uma segunda rep�blica foi fundada por Soderini em 1498. Maquiavel foi secret�rio desta nova rep�blica, com uma posi��o importante e distinta. A rep�blica, entretanto, foi esmagada em 1512 pelos espanh�is que instalaram de novo os M�dicis como governantes de Floren�a.

Maquiavel parece n�o ter tido uma posi��o pol�tica clara. Quando os M�dicis retomaram o governo, continuou a trabalhar incansavelmente para cair nas boas gra�as da fam�lia. O que prova que, ou era extraordinariamente ambicioso, ou acreditava de facto no servi�o do estado, n�o lhe importando o grupo ou o partido pol�tico que detinha as r�deas do governo. Os M�dicis, de qualquer maneira, nunca confiaram inteiramente nele, j� que tinha sido um funcion�rio importante da rep�blica. Feito prisioneiro, torturaram-no em 1513 acabando por ser banido para a sua propriedade em San Casciano, mas esta actua��o dos M�dicis n�o o impediu de tentar novamente ganhar as boas gra�as da fam�lia. Foi durante o seu ex�lio em San Casciano, quando tentava desesperadamente regressar � vida p�blica, que escreveu as suas principais obras: Os discursos sobre a primeira d�cada de Tito L�vio, O Pr�ncipe, A Hist�ria de Floren�a, e duas pe�as. Muitas destas obras, como O Pr�ncipe, foram escritas com a finalidade expressa de conseguir uma nomea��o para o governo dos M�dicis.

A extraordin�ria novidade, tanto dos Discursos como do Pr�ncipe, foi a separa��o da pol�tica da �tica. A tradi��o ocidental, exactamente como a tradi��o chinesa, ligava tanto a ci�ncia como a actividade pol�tica � �tica. Arist�teles tinha resumido esta posi��o quando definiu a pol�tica como uma mera  extens�o da �tica. A tradi��o ocidental, via a pol�tica em termos claros, de certo e errado, justo e injusto, correcto e incorrecto, e assim por diante. Por isso, os termos morais usados para avaliar as ac��es humanas eram os termos empregues para avaliar as ac��es pol�ticas.

Maquiavel foi o primeiro a discutir a pol�tica e os fen�menos sociais nos seus pr�prios termos sem recurso � �tica ou � jurisprud�ncia. De facto pode-se considerar Maquiavel como o primeiro pensador ocidental de relevo a aplicar o m�todo cient�fico de Arist�teles e de Averr�is � pol�tica. F�-lo observando os fen�menos pol�ticos, e lendo tudo o que se tinha escrito sobre o assunto, e descrevendo os sistemas pol�ticos nos seus pr�prios termos. Para Maquiavel, a pol�tica era uma �nica coisa: conquistar e manter o poder ou a autoridade. Tudo o  resto - a religi�o, a moral, etc. -- que era associado � pol�tica nada tinha a ver com este aspecto fundamental - tirando os casos em que a moral e a religi�o ajudassem � conquista e � manuten��o do poder. A �nica coisa que verdadeiramente interessa para a conquista e a manuten��o do poder manter � ser calculista; o pol�tico bem sucedido sabe o que fazer ou o que dizer em cada situa��o.

Com base neste princ�pio, Maquiavel descreveu no Pr�ncipe �nica e simplesmente os meios pelos quais alguns indiv�duos tentaram conquistar o poder e mant�-lo. A maioria dos exemplos que deu s�o falhan�os. De facto, o livro est� cheio de momentos intensos, j� que a qualquer momento, se um governante n�o calculou bem uma determinada ac��o, o poder e a autoridade que cultivou t�o assiduamente fogem-lhe de um momento para o outro. O mundo social e pol�tico do Pr�ncipe � completamente imprevis�vel, sendo que s� a mente mais calculista pode superar esta volatilidade.

Maquiavel, tanto no Pr�ncipe como nos Discursos, s� tece elogios aos vencedores. Por esta raz�o, mostra admira��o por figuras como os Papa Alexandre VI e J�lio II devido ao seu extraordin�rio sucesso militar e pol�tico, sendo eles odiados universalmente em  toda a Europa como papas �mpios. A sua recusa em permitir que princ�pios �ticos interferissem na sua teoria pol�tica marcou-o durante todo o Renascimento, e posteriormente, como um tipo de anti-Cristo, como mostram as muitas obras com t�tulos que inclu�am o nome anti-Maquiavel. Em cap�tulos como �De que modo os pr�ncipes devem cumprir a sua palavra� (cap. XVIII) Maquiavel afirma que todo o julgamento moral deve ser secund�rio na conquista, consolida��o e manuten��o do poder. A resposta � pergunta formulada mais acima, por exemplo, � que:

�Todos concordam que � muito louv�vel um pr�ncipe respeitar a sua palavra e viver com integridade, sem ast�cias nem embustes. Contudo, a experi�ncia do nosso tempo mostra-nos que se tornaram grandes pr�ncipes que n�o ligaram muita import�ncia � f� dada e que souberam cativar, pela manha, o esp�rito dos homens e, no fim, ultrapassar aqueles que se basearam na lealdade�.

Pode ajudar na compreens�o de Maquiavel imaginar que n�o est� a falar sobre o estado em termos �ticos mas sim em termos cir�rgicos. � que Maquiavel acreditava que a situa��o italiana era desesperada e que o estado Florentino estava em perigo. Em vez de responder ao problema de um ponto de vista �tico, Maquiavel preocupou-se genuinamente em curar o estado para o tornar mais forte. Por exemplo, ao falar sobre os povos revoltados, Maquiavel n�o apresenta um argumento �tico, mas cir�rgico: �os povos revoltados devem ser amputados antes que infectem o estado inteiro.�

O �nico valor claro na obra de Maquiavel � a virt� (virtus em Latim), que � relacionado normalmente com �virtude�. Mas de facto, Maquiavel utiliza-a mais no sentido latino de �viril�, j� que os indiv�duos com virt� s�o definidos fundamentalmente pela sua capacidade de impor a sua vontade em situa��es dif�ceis. Fazem isto numa combina��o de car�cter, for�a, e c�lculo. Numa das passagens mais famosas do Pr�ncipe, Maquiavel descreve qual � a maneira mais apropriada para responder a volatilidade do mundo, ou � Fortuna, comparando-a a uma mulher: �la fortuna � donna�. Maquiavel refere-se � tradi��o do amor cortes�o, onde a mulher que constitui o objecto do desejo � abordada, cortejada e implorada. O pr�ncipe ideal para Maquiavel n�o corteja nem implora a Fortuna, mas ao abord�-la agarra-a virilmente e faz dela o que quer. Esta passagem, j� escandalosa na �poca, representa uma tradu��o clara da ideia renascentista do potencial humano aplicado � pol�tica. � que, de acordo com Pico della Mirandola, se um ser humano podia transformar-se no que quisesse, ent�o devia ser poss�vel a um indiv�duo de car�cter forte p�r ordem no caos da vida pol�tica.

Qual era o pensamento de Nicolau Maquiavel sobre a política?

Em sua teoria política, Maquiavel destacou a importância de se manter o poder, ou seja, do governante manter-se no governo, para que o Estado e a ordem social sejam preservados.

O que disse Nicolau Maquiavel?

“Não se aparte do bem, mas, havendo necessidade, saiba valer-se do mal.” Nascido no conturbado fim do Quattrocento (XV), o florentino Nicolau Maquiavel teve, assim como os outros renascentistas, uma formação humanista.

Qual é a finalidade da vida política para Maquiavel?

Até para Maquiavel, os conflitos eram considerados sempre danosos e deviam ser evitados, uma vez que a finalidade da vida política era freqüentemente relacionada com a busca da harmonia e da concórdia,.

Quais são as formas de governo para Maquiavel?

Das obras de Maquiavel O Príncipe e Comentários sobre a Primeira Década de Tito Lívio (Os Discorsi), Norberto Bobbio conclui que Maquiavel vislumbra duas formas de governo: Principado (correspondendo ao reino ou monarquia) e república (que tanto pode ser uma aristocracia, quanto uma democracia).