Qual o objetivo do banco central ao intervir na taxa de juros dos Estados Unidos

Decisão foi unânime e veio em linha com expectativa do mercado

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) elevou a taxa de juros de referência em 0,5 ponto percentual, para um intervalo entre 0,75% e 1,0%. A decisão veio em linha com o sinalizado pelos membros da autoridade monetária e a expectativa do mercado e foi unânime, com votos favoráveis dos dez membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) .

Em comunicado, o Fed informou ainda que a redução de seu balanço de ativos começará em 1 de julho, na ordem inicial de US$ 30 bilhões em títulos do Tesouro (Treasuries ), por mês. Em títulos hipotecários serão US$ 17,5 bilhões mensais. Estes limites serão ampliados ao longo de três meses para os valores finais de US$ 60 bilhões mensais em Treasuries e US$ 35,5 bilhões em títulos hipotecários, num total de US$ 95,5 bilhões mensais.

O comunicado divulgado destaca que guerra entre Rússia e Ucrânia tem implicações "altamente incertas" para a economia norte-americana e que os lockdowns na China devem aumentar os problemas com a cadeia global de suprimentos, reforçando que, nesse contexto, o Fed segue atento aos riscos inflacionários.

Os membros do Fomc reforçam que o objetivo de sua política monetária é que a inflação volte ao patamar de 2% e que o mercado de trabalho permaneça forte. Nesse sentido, aponta a geração de postos de trabalho, com a queda significativa da taxa de desemprego tem pressionado os preços. O comunicado não fez comentários, porém, sobre a desaceleração do crescimento econômico nos EUA, depois que os dados indicaram uma queda inesperada do Produto Interno Bruto (PIB) americano no primeiro trimestre.

O Fomc afirma também que espera que "mais elevações da meta [de juros] serão apropriadas", mas sem detalhar a escala esperada para as próximas movimentações dos juros.

O mercado acionário reagiu positivamente ao comunicado, com os principais índices acionários das bolsas de Nova York registrando alta. Às 16h (horário de Brasília) o índice Dow Jones operava em alta de 1,72%, o S&P 500 subia 1,73% e o Nasdaq avançava 1,66%.

*Com informações do Valor PRO, serviço em tempo real do Valor Econômico.

  • Redação
  • BBC News Mundo

31 julho 2019

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Pela primeira vez desde a grande crise financeira de 2008, o Banco Central dos Estados Unidos baixou as taxas de juros em um contexto de desaceleração econômica global e incerteza gerada pela guerra comercial entre EUA e China.

O corte, anunciado na quarta-feira (31), foi de 0,25 ponto-base, levando a taxa americana a uma faixa que varia de 2% a 2,25%.

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O Fed, como é chamado o banco, disse que a decisão se devia às "implicações dos eventos globais para as perspectivas econômicas e as fracas pressões inflacionárias".

Ele também deixou a porta aberta para futuras reduções, dizendo que "agirá adequadamente para manter a expansão".

A agência, que opera de forma independente da Casa Branca, aumentou as taxas quatro vezes no ano passado, para decepção do presidente Donald Trump, que reagiu com fortes ataques contra o Fed.

Nos últimos dias, o presidente pressionou publicamente os membros do banco a darem mais impulso à economia, diminuindo o custo do dinheiro e incentivando o consumo.

"Uma pequena queda nas taxas não é suficiente", escreveu Trump no Twitter antes do anúncio do Fed.

Na prática, quando o Fed reduz as taxas, os juros dos empréstimos também diminuem, dando às empresas mais estímulo para investir e aos consumidores, um impulso para gastar.

O que está por trás da decisão?

A decisão do Fed, que reduz o custo do dinheiro para estimular o crescimento, marca o fim de uma era de aumentos graduais nas taxas de juros, depois que elas chegaram a quase zero uma década atrás.

Embora a economia dos EUA continue crescendo (2,1% no segundo trimestre), o mercado financeiro americano registre bons resultados e o desemprego tenha atingido baixas recordes (3,7%), o Fed talvez esteja alertando que as coisas podem ficar complicadas.

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O presidente do Fed, Jerome Powell, vem sendo duramente criticado por Donald Trump

Nem todos os sinais são animadores: o setor manufatureiro começou a declinar, enquanto os salários continuam baixos.

E a inflação (1,6%) está menor do que o Fed gostaria (2%).

Alguns analistas veem o corte como uma "ajuda" para que a economia se mantenha em um bom patamar. Outros criticaram o atual presidente, Jerome Powell, por "ceder à pressão" de Trump, enquanto os mais pessimistas acham que está chegando uma recessão que exigirá novos cortes nas taxas.

Como isso afeta a América Latina?

As taxas de juros dos EUA influenciam todo o sistema financeiro internacional, não apenas o país emissor do dólar.

Como o corte do Fed reduz o custo do dinheiro, ele permite que o resto do mundo tenha acesso a um dólar mais barato.

E se o dólar cai em relação a outras moedas, isso influencia o mercado de câmbio das economias de outros países, que podem obter financiamento na moeda americana a taxas mais baixas.

Por outro lado, o corte poderia incentivar o capital financeiro a buscar melhores retornos nos mercados emergentes, o que favoreceria a América Latina no longo prazo.

"Os investidores procurariam retornos mais altos em outros mercados", disse à BBC News Mundo Jacobo Rodríguez, diretor de análise financeira da Black Wallstreet Capital (BWC).

Eles poderiam expandir seus investimentos no México ou no Brasil, que pagam uma taxa de juros mais atraente.

"O aumento da entrada de dólares fortalece as moedas locais", algo que impulsionaria o peso mexicano, por exemplo, para o lado positivo.

Em países como a Argentina, a decisão do Fed é acompanhada com atenção.

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O corte do Fed reduz o custo do dinheiro, permitindo que o resto do mundo tenha acesso a um dólar mais barato

O corte, que faz com que o dólar perca força, teria efeito sobre a estabilização da taxa de câmbio.

Se mais recursos chegarem a esse país, dizem especialistas locais, isso fortaleceria o peso argentino de forma relativa (ou melhor, diminuiria sua desvalorização), algo positivo no difícil cenário econômico que a Argentina enfrenta.

Além disso, quando o dólar cai, o preço de recursos como a soja aumenta.

Daniel Marx, diretor executivo da consultoria Quantum Finanzas, ex-diretor do Banco Central da Argentina e ex-secretário de Finanças do Ministério da Economia, afirma que o corte do Fed já foi antecipado pelo mercado financeiro.

"Na Argentina isso é relativamente secundário. O que domina é a expectativa sobre as próximas eleições presidenciais", comenta em conversa com a BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.

Com opinião semelhante, Guillermop Lefort, consultor e professor da Faculdade de Economia e Negócios da Universidade do Chile, afirma que o corte do Fed "não é uma novidade".

"O interessante é que os Estados Unidos precisam reduzir as taxas, já que as perspectivas de crescimento estão mais fracas", disse ele à BBC News Mundo.

"Os EUA estão colhendo os efeitos de suas próprias restrições comerciais", acrescentou ele.

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Qual o objetivo do Banco Central ao intervir na taxa de juros nos EUA?

Ao aumentar a taxa de juros, o banco central estimula que as taxas cobradas por empréstimos bancários também subam, diminuindo o volume de empréstimos a pessoas e empresas, desestimulando o consumo e o investimento.

Como o Banco Central controla a taxa de juros?

Assim como os outros bancos centrais, um dos mecanismos utilizados pelo Banco Central do Brasil para controlar a taxa de juros, e aproximá-la da meta, é o uso das operações de mercado aberto via compra e venda de títulos públicos no mercado doméstico, utilizando, basicamente, as operações compromissadas.

Qual é a função do Banco Central?

Dentre suas atribuições estão: - emitir papel-moeda e moeda metálica; - executar os serviços do meio circulante; - receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras e bancárias; - realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras; - regular a execução dos serviços de ...

Quanto às afirmações a seguir sobre o papel do Banco Central no mercado?

Alternativa assinalada Quanto às afirmações a seguir sobre o papel do Banco Central no mercado de câmbio, assinale a alternativa incorreta: Alternativas: O Banco Central pode atuar diretamente no mercado, comprando e vendendo moeda estrangeira de forma ocasional e limitada, com o objetivo de conter movimentos ...

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