O que fazer quando o filme tem uma boa premissa, uma ótima direção, mas um roteiro bastante confuso, que vai e volta, deixando o espectador com cara de ponto de interrogação? Infelizmente não tem muito que fazer a não ser discutir sobre a trama. E é isso que vou fazer neste texto.
Dirigido por Gore Verbinski (O Chamado e Piratas do Caribe), A Cura nos apresenta Mr. Lockhart (Dane DeHaan), um ambicioso executivo e um verdadeiro workaholic que precisa ir atrás de um CEO importante, já que a empresa está a um fio de ir por água abaixo. Ele vai até aos Alpes Suíços para buscar o empresário em um “centro de cura”, um local misterioso que promete purificar e tirar todas as impurezas que a rotina acumula na mente e no corpo do homem. O local é dirigido pelo Dr. Volmer (Jason Isaacs), um médico bastante respeitado e admirado por todos. No entanto, ao chegar nesse “spa”, Lockhart começa a suspeitar de que os recursos oferecidos pelo local não são o que parecem ser.
O centro de cura é conhecido pelo povoado por uma antiga história envolvendo família, sangue, o conceito de purificação, junto com uma espécie de água milagrosa. É daí que surge o grande mistério, afinal, o que eles realmente fazem lá? Por que as pessoas que chegam ao centro não saem mais de lá? Quais são os tratamentos oferecidos?
O roteiro desenvolve detalhadamente todo esse processo, desde a apresentação do protagonista até o seu primeiro contato com o centro e a investigação sobre as razões do CEO da empresa estar ali e o que está por traz daquele local. Mas, qual é o problema? Infelizmente, a narrativa é cansativa demais no primeiro ato, sendo que ela poderia ter sido reduzida. Além disso, no segundo ato, a história se enrola e desenrola como se fosse um ioiô, apresentando pistas óbvias ao espectador, enquanto o protagonista não se dá conta de que a verdade está estampada em seu rosto. Isso faz com que ele ande pra cima e pra baixo (isso acontece literalmente no filme) sem prestar atenção ao que está ao seu redor. Sabe quando a gente procura por um objeto e ele está ali na nossa frente, mas, mesmo assim, não conseguimos enxergá-lo? É mais ou menos isso que acontece com Lockhart.
Se a ideia do roteiro “ioiô” era absorver os espectadores à insanidade que envolve toda a trama, então posso dizer que o filme obteve sucesso, mas de forma bastante maçante. Em alguns momentos, o público se sente como se fizesse parte daquele centro, sem ter pra onde correr. Pra mim, isso foi um pouco chato, pois a história é boa. Além disso, há cenas fortes e algumas chegam a ser desnecessárias, já que o protagonista não capta a mensagem deixada para seguir em frente com a investigação. Não vou falar quais são essas cenas para não tirar a graça do filme.
No quesito direção, o filme acerta, pois há cenas muito bem feitas, boas sacadas (como por exemplo, pegar um copo e usá-lo como lupa) além de uma ótima fotografia.
Personagens
No primeiro momento, Dane DeHaan apresenta um Lockhart frio e obcecado pelo trabalho. É o típico cara que trabalharia até enfartar. Quando ele entra em contato com o centro, o público se depara com alguns flashbacks de sua vida, envolvendo seus pais. As cenas são soltas e não respondem com exatidão o que realmente aconteceu no passado, especialmente com o seu pai. Também não vou falar o que é para não entregar o filme. Lockhart é aquele personagem que você não torce contra, mas também não torce a favor. Você só quer que ele resolva logo o mistério. Ele não se esforça para conquistar o público. Pelo menos pra gente torcer por ele. Entendem o que eu quero dizer?
Jason Isaacs interpreta o Dr. Volmer, um médico respeitado, admirado e com atitudes suspeitas, na qual o público desconfia logo de cara. Sua interpretação está boa e disso não posso reclamar. Porém, há uma cena do personagem com Hannah que é bastante desconfortável e, talvez, o público questione se realmente era necessário mostrar aquilo.
Mia Goth é Hannah, uma garota extremamente tímida e um pouco perturbada, que sempre viveu sob os cuidados de Dr. Volmer, evitando que a garota tivesse contato com o mundo lá fora. Sua interpretação é até boa, mas em alguns momentos a personagem se torna contraditória. Por exemplo, no primeiro momento ela diz para Lockhart que é impossível sair do centro de cura; logo em seguida, eles pegam uma bicicleta, saem de lá e vão para um bar tomar uma cerveja. Oi? Além disso, o filme não dá mais espaço para mostrar o passado de Hannah, que tipos de tratamentos ela recebe no centro desde pequena. Gostaria que o filme tivesse dado informações mais detalhadas sobre a garota.
Considerações finais
O final de A Cura mostra a falta de sanidade que se instala no centro. Há um desfecho para o mistério, no entanto, o público questiona se o protagonista está mesmo com a mente sã ou não. Apesar de ter uma boa história, A Cura é um filme que te enrola durante duas horas e meia, indo e voltando para o mesmo ponto, enquanto o público decifra as pistas deixadas no decorrer da trama. Infelizmente, a narrativa se torna cansativa e maçante, com cenas exageradas e algumas desnecessárias. Mesmo sendo um suspense, o personagem não é carismático e você simplesmente não faz questão de torcer por ele. Vale a pena assistir? Se vale ou não, você tem que assistir para descobrir se você gosta. No meu caso, a experiência não foi tão positiva.
E aí, o que acharam do filme? Deixem nos comentários!
Ficha Técnica
A Cura
Direção: Gore Verbinski
Elenco: Dane DeHaan, Jason Isaacs, Mia Goth, Celia Imrie, Harry Groener, Lisa Banes, Adrian Schiller, Carl Lumbly, Magnus Krepper, Johannes Krisch, Jeff Burrell e Godehard Giese.
Duração: 2h27min
Nota: 4.9