Qual e a origem dos conflitos na África e a consequência destes para a população atualmente?

A SITUAÇÃO DA ÁFRICA NO MUNDO GLOBALIZADO

O processo de globalização que hoje domina o cenário da economia internacional caracteriza-se pelo investimento dos grandes capitais em países de economia emergente, onde a possibilidade de lucro mostra-se maior. No entanto, nem todas as economias nacionais são alvo de interesse por parte dos principais investidores. Nesse contexto, encaixa-se a maior parte dos países africanos, que está à margem desse processo. Atualmente, o capital disponível para investimento tem como preferência a América Latina, os países do Leste Europeu e asiáticos. Isso é um problema para a África, pois, sem esse capital, dificilmente se desenvolverá, devido à precariedade estrutural em que se encontra. Do ponto de vista histórico, a vinculação africana ao mercado internacional foi desastrosa e desorganizadora da economia tribal, já que a relação dos países economicamente hegemônicos com o continente sempre foi exploradora e predatória. Durante o mercantilismo, o principal papel desempenhado pela África em relação ao mercado mundial foi o de fornecedor de mão-de-obra para o sistema escravocrata.

Na fase contemporânea da história, o interesse europeu volta-se para a expansão capitalista na forma de um neocolonialismo que submeterá o continente aos interesses exploratórios de recursos naturais e de mercado. Quando o colonialismo termina, a independência pouco altera a situação da população, uma vez que a maior parte dos Estados Nacionais é opressora e perdulária, dominada seja por civis, seja por militares. Além disso, os constantes conflitos étnicos colaboram para agravar a situação, gerando gastos e instabilidade política que retardam ainda mais o desenvolvimento. Os efeitos de quase cinco séculos de exploração e estagnação justificam o isolamento africano. A defasagem de seu desenvolvimento social e econômico é imensa, inviabilizando sua inserção no processo de globalização.

CONFLITOS

A África é o segundo mais populoso continente do mundo. É também o continente com maior número de conflitos duradouros em todo o planeta, de acordo com a ONU. De um total de 54 países que compõem a África, 24 encontram-se atualmente em guerra civil ou em conflitos armados.

As batalhas mais devastadoras ocorrem, hoje, em Ruanda, Somália, Mali, República Centro-africana, Darfur, Congo, Líbia, Nigéria, Somalilândia e Puntlândia (Estados declarados independentes da Somália em, respectivamente, 1991 e 1998). Esses combates envolvem 111 milícias, guerrilhas, grupos separatistas ou facções criminosas.

Qual e a origem dos conflitos na África e a consequência destes para a população atualmente?

Os países em guerra ficam na chamada África Subsaariana, que compreende os territórios que não fazem parte da África do Norte e do Oriente Médio. A região é caracterizada pela pobreza, instabilidade política, economia precária, epidemias, baixos indicativos sociais e constantes embates entre governos e rebeldes. São disputas que, neste século 21, carecem de contornos ideológicos ou claras motivações sociais e políticas. Distinguem-se, portanto, do movimento popular da Primavera Árabe.

Genocídio de Ruanda: Em Ruanda, que fica na região subsariana do continente, o conflito foi de caráter étnico. Dois grupos predominam no país: os hutus e os tutsis. No período de colonização belga (no vídeo acima o professor Marcelo explica por que foi a Bélgica que colonizou a região), os tutsis lideravam postos políticos, mesmo sendo minoria em relação aos hutus. Na década de 60 o governo local tutsi foi derrubado por hutus. Anos depois, os tutsis tentaram reconquistar a região, mas foram dizimados com uma organização meticulosa por parte do governo hutu.

Independência do Sudão do Sul: Até a independência do Sudão do Sul, em 2011, o Sudão era o maior país da África. Por possuir grandes reservas de petróleo, a população sulina sempre reivindicou maior autonomia, e uma série de conflitos acabaram levando à criação do novo país.

Nigéria: Na Nigéria, o conflito, que se arrasta até os dias de hoje, tem caráter religioso. Enquanto a região norte tem maioria muçulamana, a parte sul é cristã. Nos últimos anos, o crescimento da população cristã fez com que os islâmicos, preocupados em perder sua influência política, reagissem com atentados, sequestros e mortes contra os povos do sul.

Apartheid: O Apartheid foi uma segregação racial na África do Sul, hoje a maior economia do continente, onde a minoria branca criou leis que davam direitos e deveres distintos para negros e brancos – e sempre em favor dos brancos. A segregação chegava ao ponto de proibir que negros tomassem água no mesmo bebedouro que os brancos. A África do Sul é hoje o país mais industrializado do continente, e faz parte do BRICS, grupo político de cooperação entre os emergentes Brasil, Rússia, África do Sul, Índia e China.

Conflitos da Primavera Árabe: A Primavera Árabe não se deteve ao Oriente Médio, e também teve desdobramentos nos países da África saariana. Os povos de Líbia, Egito e Síria, que foram dominados por governos corruptos e ditatoriais, reagiram e derrubaram seus líderes, mudando o regime político da região. O conflito é mais delicado na Síria, onde Bashar al-Assad ainda segue no governo, e uma série de países com interesses na região tensionam os conflitos na área.

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GENOCÍDIOS

No final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), movimentos nacionalistas e anticolonialistas travaram guerras para conquistar a independência das nações africanas. Nos anos 1970 e 1980, sucessivos golpes militares e disputas étnicas impediram a continuidade política e, consequentemente, o desenvolvimento da região.

De modo geral, as guerras africanas não são guerras entre países, mas conflitos internos. Eles têm como principais causas a falência do Estado, batalhas pelo controle do governo e a luta por autonomia de grupos étnicos. O que mais chama atenção, contudo, é a brutalidade dessas disputas, sobretudo aquelas travadas após os anos 1990. Genocídios, massacres, estupros em massa, exército de crianças e extermínio de comunidades inteiras com facões e machados compõem a barbárie. A fome é outro instrumento usado pelas facções, que destroem as plantações e expulsam populações de seus lares. Diferente das guerras no século 20, os atuais conflitos africanos matam, em 90% dos casos, civis, não militares.

A Segunda Guerra do Congo é considerada o conflito armado mais letal desde a Segunda Guerra Mundial. Em 2008, 5,4 milhões de pessoas foram mortas, a maioria de fome. Ruanda foi palco de um dos maiores genocídios da história do continente. Em apenas cem dias, entre os meses de abril e junho de 1994, 800 mil pessoas foram mortas no país, a maioria da etnia tutsi. Em Darfur, desde 2003 os conflitos deixaram cerca de 400 mil mortos, segundo estimativas de ONGs, e 2,7 milhões de refugiados, gerando uma das piores crises humanitárias deste século.

REFUGIADOS

Outra consequência dos conflitos é a expulsão de milhares de pessoas para campos de refugiados. Isso provoca, por sua vez, uma crise humanitária, com a proliferação de doenças e a fome que dizimam a população. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR, na sigla em inglês) calcula em 43,3 milhões o número de pessoas expulsas de seus países, em todo o mundo, sendo que 15,2 milhões delas têm o status de refugiados. Afeganistão e Iraque, países ocupados pelas forças americanas no começo deste século, possuem o maior número de refugiados, seguidos de Somália e Congo. O maior campo de refugiados no mundo fica no Quênia, com 292 mil pessoas.

Mesmo com a ajuda humanitária, os países em guerra não conseguem se reconstruir. Ao final dos combates, a pouca infraestrutura existente e serviços foram devastados, atrasando ainda mais o progresso econômico.

Qual e a origem dos conflitos na África e a consequência de para a população atualmente?

Os conflitos na África perpassam o processo de colonização e independência desse continente. Seus principais embates são de ordem étnica, territorial e religiosa. A África enfrenta diversos conflitos de origem étnica, religiosa e territorial que são reflexos da colonização do continente.

Quais são os conflitos recentes na África?

Conflitos e tensões na África impactam a vida de milhares de pessoas.
Etiópia. Desde novembro de 2020, na região de Tigray acontecem conflitos entre o governo e um movimento de independência, liderado por uma frente de libertação local. ... .
Somália e Quênia. ... .
Burkina Fasso. ... .
Mali. ... .
Burundi..

Quantos conflitos existem na África?

A África é o segundo mais populoso continente do mundo. É também o continente com maior número de conflitos duradouros em todo o planeta, de acordo com a ONU. De um total de 54 países que compõem a África, 24 encontram-se atualmente em guerra civil ou em conflitos armados.