Qual é a importância de se trabalhar com cultura pura no laboratório de microbiologia?

Identifica��o bacteriana no laborat�rio de diagn�stico versus taxonomia

O isolamento e a identifica��o de bact�rias de pacientes auxilia o tratamento uma vez que doen�as infecciosas s�o causadas por bact�rias diferentes apresentam uma variedade de cursos e conseq��ncias. Testar a susceptibilidade de isolados cl�nicos a antibi�ticos, ou seja, estabelecer a concentra��o inibit�ria m�nima ou CIM, pode ajudar na sele��o de antibi�ticos para a terapia. O reconhecimento de que certas esp�cies de bact�rias (ou linhagens) est�o sendo isoladas de forma at�pica pode sugerir que tem ocorrido um surto da doen�a, por exemplo, de suprimentos hospitalares contaminados ou por n�o utiliza��o de t�cnicas de assepsia adequadas por parte da equipe hospitalar.

Quando se suspeita de que pacientes estejam com uma infec��o bacteriana, � usual proceder-se ao isolamento de col�nias vis�veis em cultura pura, em placas de meio de cultura s�lido e, ent�o, identificar o microrganismo. A identifica��o � baseada em princ�pios taxon�micos aplicados � situa��o microbiol�gica em curso. No laborat�rio de diagn�stico, muitas amostras devem ser caracterizadas por dia e os resultados obtidos o mais r�pido poss�vel. Os testes devem ser facilmente aprendidos, de baixo custo e poderem ser realizados rapidamente.

Os m�todos cl�ssicos para a identifica��o de bact�rias s�o baseados em caracter�sticas morfol�gicas e bioqu�micas. T�m sido desenvolvidos testes de diagn�stico prov�m informa��es discriminat�rias. H� numerosos testes para cada um dos muitos pat�genos. T�cnicas de biologia molecular (para a caracteriza��o de genes espec�ficos ou segmentos de genes) est�o se tornando comuns nos laborat�rios de diagn�stico.

Abordagens taxon�micas modernas empregam metodologias mais complexas e centram-se no estabelecimento da composi��o estrutural das bact�rias. Isto freq�entemente envolve abordagens baseadas na biologia molecular ou na qu�mica anal�tica. Atualmente se reconhece que muitos esquemas cl�ssicos de distin��o entre bact�rias prov�m pouco conhecimento sobre suas rela��es gen�ticas e, em alguns casos, est�o cientificamente incorretos. Novas informa��es t�m acarretado a altera��o dos nomes de certas esp�cies bacterianas e, em certas situa��es, requereu-se a total reorganiza��o das rela��es dentro e entre muitas fam�lias bacterianas.

Termos taxon�micos (classifica��o) 

Fam�lia: um grupo de g�neros relacionados.

G�nero: um grupo de esp�cies relacionadas.

Esp�cies: um grupo de linhagens relacionadas.

Tipo: um conjunto de linhagens dentro de uma esp�cie (bi�tipo, sorotipo).

Linhagem: um isolado espec�fico dentro de uma esp�cie particular.

O termo mais comumente usado � o nome da esp�cie, por exemplo, Streptococcus pyogenes  - abrevia��o: S. pyogenes. O nome da esp�cie � sempre composto por duas palavras, a primeira define o g�nero, no caso, Streptococcus, e a segunda a esp�cie, neste caso, pyogenes. A primeira letra do nome do g�nero � sempre mai�scula, mas o nome da esp�cie � todo em min�sculas. Ambos os nomes s�o italizados ou grifados.

Passos no isolamento e identifica��o de uma bact�ria

Passo 1: amostras de fluidos org�nicos (por exemplo, sangue, urina, fluido cefalorraquidiano) s�o espalhados em placas contendo meio de cultura s�lido; col�nias isoladas de bact�rias (vis�veis a olho nu) aparecem ap�s a incuba��o das placas por um a v�rios dias (Figura 1). Cada col�nia consiste de milh�es de c�lulas de bact�rias. A observa��o das caracter�sticas dessas col�nias em rela��o a tamanho, forma, textura, cor e (se crescidas em meio agar sangue) rea��es de hem�lise � altamente importante como um primeiro passo na identifica��o bacteriana. Se a bact�ria requer ou n�o oxig�nio para crescer � uma outra importante caracter�stica para a identifica��o.

Passo 2: as col�nias isoladas s�o coradas pelo m�todo de Gram e c�lulas individuais de bact�rias s�o observadas ao microsc�pio.

Passo 3: As bact�rias s�o identificadas usando-se col�nias isoladas. Isto freq�entemente requer outras 24 horas de incuba��o adicional.

A colora��o de Gram

A col�nia � dessecada sobre uma l�mina e tratada como segue (Figuras 2 e 3)

Passo 1: colora��o com cristal violeta

Passo 2: fixa��o com lugol estabiliza a colora��o com o cristal violeta. Todas as bact�rias se coram em azul ou p�rpura.

Passo 3: extra��o com �lcool ou outro solvente. Descora algumas bact�rias (Gram negativas) e n�o outras (Gram positivas).

Passo 4: Colora��o secund�ria com safranina. As bact�rias Gram positivas j� est�o coradas com o cristal violeta e permanecem azuis. As bact�rias Gram negativas se coram em rosa.

Observa-se a apar�ncia das bact�rias sob microsc�pio. Pergunta-se:

  • Elas s�o Gram positivas ou negativas

  • Qual a sua morfologia (bacilos, cocos, espiraladas, pleom�ficas [formas variadas], etc.)?

  • As c�lulas ocorrem de forma isolada, em cadeias ou em pares?

  • Qual o tamanho das c�lulas?

Al�m da colora��o de Gram, h� outros m�todos de colora��o menos comumente empregados, por exemplo, a colora��o de esporos ou c�psulas.

Uma outra col�nia obtida a partir daquela primariamente isolada �, ent�o, testada quanto �s suas propriedades bioqu�micas. Por exemplo, a bact�ria fermenta algum a��car, tal como a lactose? Em alguns casos, as bact�rias s�o identificadas (por exemplo, por aglutina��o) com anticorpos dispon�veis comercialmente e que reconhecem ant�genos de superf�cie espec�ficos. Outros testes moleculares comerciais s�o agora amplamente utilizados.

Caracteriza��o Taxon�mica das Bact�rias

H� consider�vel diversidade mesmo dentro de uma esp�cie. Portanto, compara��es entre esp�cies envolvem compara��es de m�ltiplas linhagens de cada esp�cie. Essas compara��es s�o primariamente baseadas em an�lises qu�micas e moleculares.

An�lises qu�micas

Existe uma tecnologia sofisticada para o estudo da composi��o estrutural das bact�rias (mais comumente, a caracteriza��o de �cidos graxos, carboidratos ou ubiquinona). A caracteriza��o de produtos metab�licos secretados, como por exemplo, �lcoois vol�teis e �cidos graxos de cadeia curta, s�o tamb�m empregados.

An�lises moleculares

Seria ideal a compara��o de seq��ncias completas de cromossomos bacterianos, mas isto n�o � poss�vel atualmente. Milh�es de nucleot�dios t�m que ser seq�enciados para cada linhagem. Nos �ltimos anos, conseguiu-se seq�enciar os genomas completos de tipos representativos (ou seja, uma linhagens) de umas poucas esp�cies bacterianas. Em cada caso, isto envolveu uma quantidade enorme de trabalho por grandes grupos de pesquisa dedicados ao seq�enciamento de genomas bacterianos. Alternativamente, as similaridades gen�micas entre grupos bacterianos t�m sido medidas pelos conte�dos de guanina (G) mais citosina (C), usualmente expressa como uma porcentagem (%GC). Isto foi substitu�do por outras duas alternativas: hibridiza��o e seq�enciamento (mais comumente do gene codificando o RNAr 16S).

A homologia DNA-DNA (ou seja, o quanto duas cadeias de DNA de diferentes bact�rias podem se hibridizar) � empregada para comparar o grau de relacionamento gen�tico entre esp�cies ou linhagens de bact�rias. Se os DNAs de duas linhagens bacterianas apresentam alto grau de homologia essas linhagens s�o consideradas como membros da mesma esp�cie. Os DNAs de diferentes esp�cies bacterianas (a menos que sejam estreitamente relacionadas) n�o apresentam homologia.

Nos �ltimos anos, o seq�enciamento de mol�culas de RNA da subunidade riboss�mica 16S (RNAr 16S) tornou-se o "padr�o de ouro" na taxonomia bacteriana. Essa mol�cula tem, aproximadamente, dezesseis mil nucleot�dios de comprimento. A seq��ncia do RNAr 16S prov� uma medida da similaridade gen�mica acima do n�vel de esp�cie permitindo compara��es de relacionamentos gen�ticos por todo o reino bacteriano.

Esp�cies bacterianas estreitamente relacionadas frequentemente t�m seq��ncias RNAr 16S id�nticas. Essa t�cnica, portanto, fornece informa��es complementares � hibridiza��o DNA-DNA. Determina��es de seq��ncias dos genes para o RNAr 16S e de outras regi�es gen�ticas s�o usadas na identifica��o no laborat�rio de microbiologia cl�nica.

Abordagens para diagn�stico r�pido sem cultura pr�via

Certos pat�genos humanos (incluindo os agentes causadores da tuberculose, doen�a de Lyme e s�filis) ou n�o podem ser isolados em laborat�rio ou crescem muito pobremente em cultura. Um isolamento bem sucedido pode ser demorado e em alguns casos at� mesmo imposs�vel. A detec��o direta de bact�rias sem cultivo � poss�vel em alguns casos.

Uma abordagem simples para diagn�stico r�pido - a detec��o de ant�genos bacterianos - � usada em muitos consult�rios m�dicos para a detec��o de Streptococcus do grupo A. Um esfrega�o � feito na garganta do paciente pela t�cnica do Swab e ant�genos estreptoc�cicos extra�dos diretamente da zaragatoa (sem cultura bacteriana pr�via) s�o detectados por aglutina��o de esf�rulas recobertas por anticorpos.

Seq��ncias de DNA bacteriano podem ser amplificadas diretamente de fluidos corporais humanos (pela rea��o em cadeia da polimerase, PCR). Por esta t�cnica, grandes quantidades de genes espec�ficos ou por��es de genes podem ser geradas e rapidamente detectadas. Por exemplo, o diagn�stico r�pido da tuberculose tem sido obtido grandemente bem sucedido.

Finalmente, a observa��o microsc�pica direta de certos esp�cimes cl�nicos pela presen�a de bact�rias pode ser muito �til, como no caso da detec��o de M. tuberculosis em escarro.

A identifica��o sorol�gica de uma resposta a anticorpos do agente infeccioso (presentes no escarro do paciente) s� pode ser bem sucedida v�rias semanas ap�s a ocorr�ncia da infec��o.

   
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Esta p�gina foi traduzida do original em ingl�s por Paulo Eduardo Moretti

 e � mantida por Richard Hunt
 

Qual a importância da cultura pura para microbiologia?

O uso e importância dos meios de cultura A aplicação dos meios de cultura em um estudo, auxiliam na identificação dos microrganismos que podem provocar infecções, alergias e, até mesmo, a contaminação da água ou alimentos. Por isso, a aplicação desse estudo se faz tão necessária.

Qual a importância de um meio de cultura no laboratório de microbiologia?

Qual a finalidade dos meios de cultura em microbiologia? Os meios de cultura são insumos preparados em laboratórios que fornecem os nutrientes para o crescimento e desenvolvimento de microrganismos (como bactérias e fungos) fora do seu habitat natural.

Para que serve a cultura pura?

Para o estudo de bactérias em laboratório, é importante se obter uma cultura pura, uma cultura que contenha apenas uma única espécie de organismo. Antes do desenvolvimento das técnicas de cultura pura, os cientistas estudavam culturas mistas, ou cul- turas contendo diversos tipos de organismos.

O que é uma cultura pura microbiologia?

Uma cultura de microrganismos é considerada uma cultura pura quando apenas um tipo de organismo está presente, já uma cultura mista é quando populações de organismos diferentes estão presentes.