Qual doença foi erradicada pela vacina?

Qual doença foi erradicada pela vacina?

Ruínas de um hospital para doentes da varíola em Nova York Foto Getty Images 

Varíola, poliomielite, meningite, sarampo e rubéola. Essas doenças têm em comum o fato de parecerem que ficaram em um passado distante. De fato, algumas delas nunca circularam entre os jovens da geração Z. A varíola, por exemplo, nem entre os Millennials.

“A única doença que podemos considerar erradicada globalmente é a varíola, pois ela não circula mais em nenhum país”, afirma Natalia Pasternak, doutora em Microbiologia pela USP e presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC). A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a erradicação da varíola do planeta em 1980.

Segundo Natalia, as demais doenças podem ser consideradas controladas, quando elas não circulam mais em boa parte do mundo, porém o vírus ainda é encontrado em algumas localidades, como é o caso da poliomielite e do sarampo.

No Brasil, o último caso notificado de poliomielite foi em 1989. “A  é o único caminho para prevenção dessas doenças”, afirma Adriana Maria Paixão, infectopediatra da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Como consequência, em 1994, o Brasil conquistou o certificado da Organização Mundial da Saúde (OMS) de eliminação da poliomielite. “Se um país consegue controlar uma doença, há uma por trás dela e, também, uma campanha de eficaz”, salienta Carla Kobayashi, infectologista do Hospital Sírio-Libanês.

Além da poliomielite, de acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil possui atualmente certificado de eliminação das seguintes doenças: rubéola, síndrome da rubéola congênita e tétano neonatal.

Nos últimos cinco anos, entretanto, o Brasil tem registrado uma queda geral na taxa de , fato que chama atenção porque ele ocorre após o País conquistar excelência no índice de aplicação da maior parte dos imunizantes. A  que protege contra a tuberculose, a BCG, é um dos principais exemplos dessa nova realidade. Em 2015, havia uma cobertura nacional de 100%, cinco anos depois a taxa está em 73%. “A é vítima do seu próprio sucesso. Com o alcance delas e eficácia, parte das pessoas não reconhece mais as doenças como problema”, afirma André Ribas, médico epidemiologista da Faculdade São Leopoldo Mandic.

Há outros fatores que podem ser responsáveis pela diminuição dos índices de , segundo Ribas, como a falta de campanhas expressivas e a logística de atendimento das unidades de saúde, que varia bastante a depender da região.

“No Brasil, não podemos atribuir a queda nos números aos grupos , como vemos na Europa e nos Estados Unidos. No País, observamos durante a a intenção de mais de 90% da população de se ”, completa Natalia.

Outro imunizante importante no calendário brasileiro é o da tríplice viral, responsável pela prevenção contra sarampo, caxumba e rubéola, que passou de um índice de cobertura de 96%, em 2015, para 79%, segundo dados do Ministério da Saúde. “O Brasil havia recebido o certificado de eliminação do sarampo da OMS, em 2016, mas perdeu em 2019, com o surto que foi registrado no ano anterior”, explica Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Para Stefan Cunha Ujvari, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o dado é bastante preocupante. “O sarampo é uma doença muito transmissível. Uma pessoa infectada pode passar o vírus para outras 18.” Segundo o médico, o recomendado para garantir o controle do sarampo seria de um índice de  acima de 95%.

Segundo Hélio Bacha, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein, o sarampo, no início dos anos 1980, foi o maior causador da mortalidade infantil em São Paulo. “Por meio da campanha de foi possível fazer um avanço muito grande, chegando ao controle do vírus.”

De acordo com o especialista, com a queda da , a possibilidade de volta de algumas doenças pode ser imediata. “Tudo dependerá do tamanho da abstenção de cobertura. Quanto mais baixa, mais chances.”

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“O Brasil sempre esteve entre os três países com maior cobertura  no mundo, mas nos últimos cinco anos houve uma queda. Uma das razões é a falsa percepção das pessoas de que talvez as doenças não sejam tão graves, não se imagina alguém morrendo de caxumba hoje em dia, o que acontece justamente por conta da imunização”, afirma Alexandre Schwarzbold, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Qual doença foi erradicada pela vacina?

Primeiras vacinações contra a varíola Foto Getty Images 

Qual doença foi erradicada pela vacinação?

Um bom exemplo de erradicação — e, até hoje, o único no mundo — diz respeito à doença conhecida como varíola. Sua vacina foi a primeira criada em todo o planeta, o que permitiu com que a enfermidade literalmente sumisse do mapa mundial.

Quais doenças foram erradicadas graças a vacinação?

Em mais de 100 anos de incentivo de campanhas de vacinação, algumas doenças estão perto de serem erradicadas também, tais como a poliomielite. O tétano neonatal também foi declarado como extinto em 2017. O sarampo havia sido eliminado em 2016, mas em 2019 o Brasil começou a detectar um crescimento de casos da doença.

Qual foi a única doença que foi erradicada mundialmente pela vacina?

Fig 1. Lançamento da campanha de vacinação contra a varíola em Natal (RN), no ano de 1970, com faixas convocando a população a se vacinar. Créditos: Acervo COC.

Quantas doenças já foram erradicadas pela vacina?

Embora exista um enorme esforço global na erradicação de doenças como poliomielite, sarampo e rubéola e difteria, a varíola é a única doença erradicada no mundo graças à vacina.