Qual a relação que existe entre atividade sísmica e ocorrência de tsunamis?

Professor da PUC, Marcelo Motta visita o vulcão Etna, na Sicilia, Itália (Foto: Divulgação)

Para entender a origem dos terremotos e as suas causas mais comuns, o site do Globo Ciência conversou com o pesquisador Marcelo Motta, professor do Departamento de Geologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Doutor em Geomorfologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o especialista explica como acontecem os movimentos das placas tectônicas, destacando quais são as regiões do planeta com maior incidência de abalos sísmicos. Além disso, conta como se formam os tsunamis e qual é a relação dos eventos sísmicos no fundo do mar com as atividades vulcânicas.

De onde surgem os terremotos?
- O globo terrestre é formado, ao todo, por 14 grandes placas tectônicas, incluindo continentais e oceânicas, que estão em constante movimento por conta das forças internas do planeta. Os terremotos são provenientes, justamente, do alívio de tensão gerado pelo deslocamento dessas placas, que colidem e arrastam uma com as outras. Para se ter uma ideia desse movimento, o Oceano Atlântico, por exemplo, se expande seis centímetros por ano, sendo que a América do Sul se movimenta, em média, três centímetros para o oeste e o continente africano a mesma medida, só que para o leste.

Nesse caso, o que acontece por conta do movimento desses continentes?
- Quando a América do Sul se desloca, há o encontro da sua placa com a do Oceano Pacífico. Nesse exemplo, como as placas oceânicas são mais finas que as continentais, acontece o que chamamos de subducção, ou seja, elas se sobrepõem. Quando há a colisão, a placa oceânica subduz (mergulha) por baixo da continental, se derretendo no manto terrestre. A partir daí, ela vira magma e volta à superfície terrestre na forma de vulcanismo, criando-se as cordilheiras, como a dos Andes. À medida que a placa continental da América do Sul se desloca três centímetros a oeste, a do Pacífico subduz 16 centímetros por ano. É preciso lembrar que quando as placas se encontram, há uma colisão em escala de tempo geológico, ou seja, algo de milhões de anos.

E como se formam os tsunamis?
- Quando o terremoto acontece embaixo d’água, a energia do tremor de terra é transferida da crosta para a água, se dissipando em grandes ondas, dependendo da magnitude. Quanto mais longe uma costa é do epicentro de um terremoto ocorrido no oceânico, menor é o estrago que o tsunami causa.

Existem tipos diferentes de terremoto?
O tremor é o mesmo, porém as causas podem ser diversas, pois existem vários tipos de encontros de placas. Há os movimentos convergentes, nos quais ocorrem as subdcções no caso do encontro de placas continentais com as oceânicas. Já nos movimentos divergentes, são formadas, a exemplo dos oceanos, as dorsais atlânticas, que são as aberturas oceânicas. Para se ter uma ideia, o Mar Vermelho é proveniente da separação continental, e a fenda aberta se arrasta do leste africano à nascente do rio Nilo. No movimento transcorrente, uma placa se desloca lateralmente em relação à outra. Presenciamos esse tipo de movimento na Califórnia, no Haiti e em Cuba.

Quais são as áreas do planeta de maior incidência de terremoto?
- Temos o Círculo de fogo do Pacífico, uma área onde há um grande número de terremotos e forte atividade vulcânica, abrangendo os Andes, a América Central, incluindo a Califórnia e as Montanhas Rochosas no oeste dos Estados Unidos, o Alaska e segue até o Japão, Indonésia, Polinésia até Nova Zelândia. Toda atividade sismológica é oriunda da subducção de placas oceânicas do Pacífico.

O que é escala Richter e como ela funciona?
- É uma escala logarítmica de base dez que mede a magnitude dos terremotos, ou seja, ela é graduada em décima potência, podendo ser de 0 a 10. Um terremoto de magnitude 5 na escala Ritcher, por exemplo, é dez vezes maior que um de magnitude 4. Essa escala registra a energia do movimento do terremoto.

Como é a atividade sísmica no Brasil?
- Temos distribuídos pelo país milhares de pequenos terremotos que não passam de magnitude 4 na escala Richter, que não surtem grandes efeitos na superfície. O Acre, por exemplo, tem terremotos por conta dos Andes, já o Rio Grande do Norte e Goiás sofrem com abalos sísmicos devido a falhas geológicas na crosta terrestre.

É possível haver deslocamento do eixo da Terra devido a terremotos?
- Existe, porém a possibilidade é muito remota. O sistema terrestre é um geóide, algo semelhante a uma esfera lisa. Você tem uma esfera girando em torno de um eixo e um terremoto pode sim descompensar o giro da terra, mas não de forma significante. Terremotos mais graves, como recentemente do Chile e do Japão, não chegaram a criar desvios significativos no eixo do planeta.

O que é tremor secundário?
- O processo de atrito entre as placas tectônicas não é único, ele é complexo e cheio de movimentos secundários. Quando acontece um terremoto, temos o pico máximo e outros picos menores. Sendo assim, os tremores secundários são aqueles associados ao tremor principal.

Qual é a relação entre atividade sísmica e ocorrência de tsunamis?

E como se formam os tsunamis? - Quando o terremoto acontece embaixo d'água, a energia do tremor de terra é transferida da crosta para a água, se dissipando em grandes ondas, dependendo da magnitude. Quanto mais longe uma costa é do epicentro de um terremoto ocorrido no oceânico, menor é o estrago que o tsunami causa.

O que é a atividade sísmica?

A sismicidade ou atividade sísmica de uma área refere-se à frequência, tipo e tamanho dos terremotos registrados ao longo de um período de tempo na região.

Quais são os principais fatores que geram atividade sísmica no planeta?

09. a) Dentre os principais fatores que geram atividades sísmicas no planeta, destacam-se o movimento das placas tectônicas, a existência de falhas geológicas e a acomodação de camadas rochosas da crosta terrestre.

Por que os terremotos vulcões e tsunamis são raros no Brasil?

O Brasil não sofre com ação dos terremotos de maneira intensa, pois o país localiza-se no centro da placa tectônica sul-americana. Dessa forma, a movimentação dessa placa tectônica não gera em nosso território o movimento convergente, ou seja, não há fortes terremotos no Brasil.

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