Nomenclatura
Da WikiCiências
Referência : Moreira, C., (2014) Nomenclatura, Rev. Ciência Elem., V2(2):150
Autor: Catarina Moreira
Editor:
Élio Sucena
DOI: [//doi.org/10.24927/rce2014.150]
Nomenclatura é o sistema organizado de nomes dados aos organismos biológicos bem como dos princípios que presidem a essa categorização . O termo vem do latim nomen (nome) e calare (chamar), o que literalmente significa “chamar pelo nome”. Através da nomenclatura impõem-se uma série de regras que facilitam a atribuição de nomes aos organismos permitindo a comunicação
entre os cientistas.
A atribuição de nomenclatura no sistema actual pressupõe alguns requisitos, sendo os mais importantes:
- unicidade: cada nome de um determinado organismo deve ser único permitindo identificar de imediato o taxon a que se refere.
- universalidade: os nomes utilizados têm de ser compreendidos e aceites internacionalmente
- estabilidade: quaisquer alterações devem ser bem justificadas, analisadas e aprovadas pelas entidades competentes para evitar equívocos.
As regras da nomenclatura científica biológica são da responsabilidade do Congresso Internacional de Botânica e, no caso da Zoologia, existe uma comissão que assegura que independentemente do local onde se encontre o ser vivo terá um único nome que será válido.
Foi imposto pela comunidade internacional que nenhum nome anterior a 1 Janeiro de 1758 seria válido. Assim, muitos taxa vêm nomeados por Linnaeus 1758 em referência à publicação da 10a edição do Systema Naturae.
As principais regras da nomenclatura hoje aceites são:
- na designação científica os nomes são sempre em latim ou latinizados;
- os nomes científicos escrevem-se em itálico ou se for num texto manuscrito deverão ser sublinhados
- a espécie deve ser reconhecida por uma nomenclatura binomial, em que a primeira palavra designa o género e a segunda o restritivo específico da espécie
- o nome do género é um substantivo, simples ou composto, escrito com inicial maiúscula
- o restritivo específico é um adjectivo escrito só com minúsculas
- após o nome da espécie, vem o nome do autor e a data em que pela primeira vez o organismo foi descrito
- a designação de subespécie é trinominal, acrescentando-se um terceiro termo em latim correspondente ao restritivo subespecífico
- todos os taxa superiores à espécie têm nomenclatura uninominal
- em Zoologia, o nome da família é construído a partir do nome do género mais representativo acrescentando o sufixo –idae
- em Botânica, o nome da família é construído a partir do nome do género mais representativo acrescentando o sufixo –aceae
Exemplo para a rela-comum (espécie de anuro da fauna portuguesa)
Reino Animalia
Filo Chordata
Classe Amphibia
Ordem Anura
Família Hylidae
Género Hyla
Espécie Hyla arborea
A espécie deverá ser referida como Hyla arborea Linnaeus, 1758
Foto de C. Moreira
Criada em 08 de Setembro de 2010
Revista em 11 de Outubro de 2010
Aceite pelo editor em 01 de Novembro de 2010
Em 1735, Lineu publicou o livro Systema naturae, no qual apresentava determinadas regras capazes de padronizar a forma de nomear espécies. Tais sugestões foram amplamente aceitas e são utilizadas até hoje. Esse sistema compreende as seguintes características:
- Todo ser vivo possui um nome científico;
- Todo nome científico é composto por duas palavras. A primeira se refere ao Gênero da espécie, e o segundo, ao epíteto (ou nome) específico, que é o que caracteriza a espécie em questão;
- O epíteto específico pode se referir a uma característica própria daquele indivíduo, como a sua localização, organização corporal, dentre outros; ou mesmo uma homenagem a algum cientista, personagem, etc.;
- Os nomes científicos, quando escritos, devem estar destacados em itálico. Em casos em que os nomes estejam sendo redigidos à mão; ou em outras situações nas quais utilizar o itálico se apresente inviável, tais nomenclaturas devem estar
;
- A primeira letra do nome científico deve ser apresentada em maiúsculo e a primeira letra do epíteto específico, em minúsculo;
- A partir da segunda vez que se escreve o nome de determinada espécie, o Gênero pode se apresentar abreviado. Ex: Cachorro - Canis familiaris - C. familiaris.
- Em algumas situações, quando o cientista não conseguiu, ainda, identificar a que espécie um determinado indivíduo pertence, ou quando não é de interesse que esta seja explicitada; ele utiliza, após o nome do Gênero, o termo sp., na Zoologia; ou spec., na Botânica. Tanto um como outro não devem ser colocados em itálico, ou mesmo sublinhados; e devem estar acompanhados de um ponto final: Hypsiboas sp. (perereca pertencente ao Gênero Hypsiboas); Hypsiboas goianus (perereca-de-pijama).
Observação: há casos em que indivíduos são, ainda, divididos em subespécies, como é o caso das tartarugas gigantes de Galápagos (Chelonoidis nigra abingdoni, C. nigra hoodensis, etc.). Nestas situações, valem as mesmas regras, sendo que tanto o epíteto específico quanto o epíteto subespecífico devem apresentar todas as letras em minúsculo.
Considerando que uma única espécie pode receber diversos nomes vulgares, a nomenclatura biológica se torna uma importante ferramenta de comunicação entre cientistas e sociedade em geral, já que padroniza as informações referentes a indivíduos de uma espécie.
Alguns nomes científicos:
Ser humano - Homo sapiens
Leão - Panthera leo
Tigre - Panthera tigris
Barata-americana - Periplaneta americana
Milho - Zea mays
Ipê-amarelo - Tabebuia alba]
Por Mariana Araguaia
Graduada em Biologia