Qual a influência da literatura portuguesa na literatura brasileira?

1 – Quinhentismo Brasileiro

Introdução

Quinhentismo (1500-1601)

Descoberto em pleno renascimento, o Brasil não foi imediatamente explorado. Pois, para os portugueses as colônias orientais eram mais rendosas. Além disso, o Brasil era uma terra totalmente desconhecida, nada se sabendo de suas características geográficas e de seus habitantes.
Extraía-se o Pau-Brasil, mas este não se equiparava aos preciosos recursos do oriente. Somente em 1532, aproveitando-se do preço compensador do açúcar que os portugueses iniciaram a colonização de nossas terras, auxiliados pelo trabalho escravo. No entanto, a carta de Pero Vaz de Caminha e os demais textos produzidos aqui no início da colonização, enalteciam a natureza e a fertilidade do solo, então foram enviadas expedições de reconhecimento do território brasileiro. Junto com os navegadores vieram os Padres Jesuítas, preocupados em converter os índios e expandir a fé católica. Logo, todos estes relatos feitos tanto pelos navegadores quando pelos Jesuítas dá-se o nome de Literatura Informativa.

Características da literatura informativa

Nativismo: exaltação de tudo que fosse pitoresco e exótico.

Nacionalismo: certa afeição pela terra, traduzida num ufanismo descritivo. Visão edênica da terra, transformando-a num paraíso, com o objetivo de estimular a vinda de colonos para nela trabalhar.
Principais cronistas:

Pero Vaz de Caminha: carta a el-Rei D. Manuel

Pero de Magalhães Gândavo: história da província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos de Brasil.

Gabriel Soares de Souza: tratado descritivo do Brasil.

Fernando Brandão: diálogos das grandezas do Brasil.

Características da Literatura Jesuítica:

Espírito da contra-reforma. No séc. XVI, a companhia de Jesus era uma ordem da Igreja Católica que não media esforços em relação a expansão da fé cristã, nas terras de além mar. Empenhando-se na conversão religiosa dos nativos das colônias. Catequese e cristianização, teatro popular de aspecto moral e religioso, sermões, poemas, crônicas e hinos religiosos.

Principais cronistas Jesuítas:

Pe. Manuel da Nóbrega: relata a chegada da primeira missão jesuítica ao Brasil (1549) marco da literatura jesuítica no Brasil.

Pe. José de Anchieta (apóstolo do Brasil): escreveu cartas, sermões, poesias e peças teatrais. Sua produção literal está vinculada ao zelo pela expansão da fé cristã. Seu teatro utilizava recursos do auto medieval em conjunto com elementos da cultura indígena. Mostrando cenas de duelos entre anjos e demônios, pois assim, ficaria mais fácil o aprendizado das lições religiosas. Embora, tenha usado modelos europeus, Anchieta introduziu os costumes e a cultura indígena, resultando na criação de um “estilo” tipicamente brasileiro. Sua obra apresenta simplicidade, religiosidade e indianismo.

Primeira página e transcrição da Carta de Pero
Vaz de Caminha ao rei de Portugal sobre a descoberta do Brasil.

O Quinhentismo, fase da literatura brasileira do século XVI, tem este nome pelo fato das manifestações literárias se iniciarem no ano de 1.500, época da colonização portuguesa no Brasil. A literatura brasileira, na verdade, ainda não tinha sua identidade, a qual foi sendo formada sob a influência da literatura portuguesa e européia em geral. Logo, não havia produção literária ligada diretamente ao povo brasileiro, mas sim obras no Brasil que davam significação aos europeus. No entanto, com o passar dos anos, as literaturas informativa e dos jesuítas, foi dando lugar a denotações da visão dos artistas brasileiros.

Na época da colonização brasileira, a Europa vivia seu apogeu no Renascimento, o comércio se despontava, enquanto o êxodo rural provocava um surto de urbanização. Enquanto o homem europeu se dividia entre a conquista material e a espiritual (Contra-Reforma), o cidadão brasileiro encontrava no quinhentismo semelhante dicotomia: a literatura informativa, que se voltava para assuntos de natureza material (ouro, prata, ferro, madeira) feita através de cartas dos viajantes ou dos cronistas e a literatura dos jesuítas, que tentavam inserir a catequese.

A carta de Pero Vaz de Caminha traz a referida dicotomia claramente expressa, pois valoriza as conquistas e aventuras marítimas (literatura informativa) ao mesmo tempo que a expansão do cristianismo (literatura jesuíta).
A literatura dos jesuítas tinha como objetivo principal o da catequese. Este trabalho de catequizar norteou as produções literárias na poesia de devoção e no teatro inspirado nas passagens bíblicas.

José de Anchieta é o principal autor jesuíta da época do Quinhentismo, viveu entre os índios, pelos quais era chamado de piahy, que significa “supremo pajé branco”. Foi o autor da primeira gramática do tupi-guarani e também de várias poesias de devoção.

Quinhentismo e Literatura de Informação

CONTEXTO HISTÓRICO

Depois de 1500 , o Brasil ficou praticamente isolado da política colonialista portuguesa . Nenhuma riqueza se oferecia aqui às necessidades mercantilistas da época . Só depois de 30 anos da descoberta é que a exploração começou a ser feita de forma sistemática e , assim mesmo , de maneira bastante lenta e gradativa .

O primeiro produto que atraiu a atenção dos portugueses para a nova terra foi o pau-brasil , uma madeira da qual se extraia uma tinta vermelha que tinha razoável mercado na Europa . Para sua exploração , não movimentaram grande volume de capital , cuidado que a monarquia lusitana , sempre em estado de falência , precisava tomar . Nada de vilas ou cidades , apenas algumas fortificações precárias , para proteção da costa . Esse quadro sofreria modificações profundas ao longo do século XVI .

Sem o estabelecimento de um a vida social mais ou menos organizada , a vida cultural sofreria de escassez e descontinuidade . A crítica literária costuma periodiza o início da história da literatura brasileira com o Barroso , em 1601. Como se vê , já no século XVII . Assim , uma pergunta se impõe : o que aconteceu no Brasil entre 1500 e 1600 , no âmbito da arte literária .

Esse período , denominado de “Quinhentismo “, apesar de não ter apresentado nenhum estilo literário articulado e desenvolvido , mostrou algumas manifestações que merecem consideração . Podemos destacar duas tendências literárias dentro do Quinhentismo brasileiro : a Literatura de Informação e a Literatura dos Jesuítas

A LITERATURA DE INFORMAÇÃO

Durante o século XVI , sobretudo a partir da 2a. metade , as terras então recém-descobertas despertaram muito interesse nos europeus . Entre os comerciantes e militares , havia aqueles que vinham para conhecer e dar notícias sobre essas novas terras , como o escrivão Pero Vaz de Caminha , que acompanhou a expedição de Pedro Álvares Cabral , em 1500 .

Os textos produzidos eram , de modo geral , ufanistas , exagerando as qualidades da terra , as possibilidades de negócios e a facilidade de enriquecimento . Alguns mais realistas deixavam transparecer as enormes dificuldades locais , como locomoção , transporte , comunicação e orientação .

O envolvimento emocional dos autores com os aspectos sociais e humanos da nova terra era praticamente nulo . E nem podia ser diferente , uma vez que esses autores não tinham qualquer conhecimento sobre a cultura dos povos silvícolas . Parece ser inclusive exagerado considerar tais textos como produções literárias , mas a tradição crítica consagrou assim .

Seguem alguns trechos da famosa Carta que Pero Vaz de Caminha enviou ao Rei D. Manuel de Portugal , por ocasião da descoberta do Brasil .

” E neste dia, a hora de véspera , houvemos vista de terra , isto é, principalmente d’um grande monte , mui alto e redondo , e d’outras serras mais baixas a sul dele de terra chã com grandes arvoredos , ao qual monte alto o capitão pôs nome o Monte Pascoal e à Terra de Vera Cruz .

A feição deles é serem pardos , maneira d’avermelhados , de bons narizes , bem feitos . Andam nus , sem nenhuma cobertura , nem estimam nenhuma cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas . E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto .

Os outros dois , que o capitão teve nas naus , a quem deu o que já dito é , nunca aqui mais apareceram , de que tiro ser gente bestial e de pouco saber e por isso assim esquivos . Eles , porém , com tudo , andam muito bem curados e muito limpos e naquilo me aprece ainda mais que são como aves ou alimárias monteses que lhes faz o ar melhor pena e melhor cabelo que às mansas , porque os corpos seus são tão limpos e tão gordos e tão formosos , que não pode mais ser . E isto me fez presumir que não têm casas em moradas em que se acolham . E o ar , a que se criam , os faz tais .

A LITERATURA DOS JESUÍTAS

A título de catequizar o “gentio”e , mais tarde , a serviço da Contra-Reforma Católica , os jesuítas logo cedo se fizeram presentes em terras brasileiras . Marcaram essa presença não só pelo trabalho de aculturação indígena , mas também através da produção literária , constituída de poesias de fundamentação religiosa , intelectualmente despojadas , simples no vocabulário fácil e ingênuo.

Também através do teatro , catequizador e por isso mesmo pedagógico , os jesuítas realizaram seu trabalho . As peças , escritas em medida velha , mesclam dogmas católicos com usos indígenas para que , gradativamente , verdades cristãs fossem sendo inseridas e assimiladas pelos índios . O autor mais importante dessa atividade é o Padre José de Anchieta . Além de autor dramático , foi também poeta e pesquisador da cultura indígena , chegando a escrever um dicionário da língua tupi-guarani .

Em suas peças , Anchieta explorava o tema religioso , quase sempre opondo os demônios indígenas , que colocavam as aldeias em perigo , aos santos católicos , que vinham salvá-las . Vejamos um trecho de uma de suas peças mais conhecidas , o Autor de São Lourenço .

Durante o século XVI a literatura portuguesa se espelhava nos clássicos: Virgílio, Homero; no Brasil não haviam sequer muitas pessoas que soubessem ler. A maioria das obras escritas no Brasil na época não foram feitas por brasileiros, mas sobre o Brasil por visitantes. Elas são chamadas Literatura de Informação. Apenas dois autores da época podem ser considerados autores brasileiros: Bento Teixeira, o primeiro poeta do Brasil, e José de Anchieta, iniciador do teatro barsileiro.

Pero Vaz de Caminha

Pero Vaz de Caminha (1450?-1500) era o escrivão da esquadra de Pedro Álvares Cabral e o autor da “certidão de nascimento” do Brasil. Em 1499 Caminha foi nomeado escrivão da feitoria que Cabral fundaria nas Índias. Quando Cabral chegou “acidentalmente” no Brasil, foi Caminha que escreveu ao rei de Portugal relatando a “descoberta”. Do Brasil Caminha partiu para a Índia, onde morreu no final do mesmo ano nas lutas entre portugueses e muçulmanos. A Carta de Caminha ficou inédita por cerca de 300 anos, mas quando foi publicada, em 1817, ajudou a esclarecer várias questões sobre o descobrimento.

“Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz! ” Carta de Caminha Pero de Magalhães Gândavo

Pero de Magalhães Gândavo ( ? – 1576?) foi um cronista que escreveu dois livros sobre o Brasil, sendo sua obra uma das melhores da Literatura de Informação. Professor de Latim, amigo de Camões (a quem dedicou uma de suas obras) e gramático, viveu algum tempo no Brasil e sobre o país escreveu Tratado da Terra do Brasil e História da Província Santa Cruz. Neles descreve a Geografia e a História das capitanias que visitou.

“Quezera escrever mais miudamente das particularidades desta província do Brasil, mas porque satisfizesse a todos com brevidade guardei-me de ser comprido; posto que os louvores da terra pedissem outro livro mais copioso e de maior volume, onde se compreendessem por extenso as excelências e diversidades das cousas que ha nella pera remédio e proveito dos homens que la forem viver.” Tratado da Terra do Brasil

“A causa principal que me obrigou a lançar mão da presente historia, e sair com ella a luz, foi por não haver atégora pessoa quea emprendesse, havendo já setenta e tantos annos que esta Provincia he descoberta. A qual historia creio que mais esteve sepultada em tanto silencio, pelo pouco caso que os portuguezes fizerão sempre da mesma provincia, que por faltarem na terra pessoas de engenho, e curiosas que per melhor estillo, e mais copiosamente que eu a escrevessem.” História da Província Santa Cruz

Bento Teixeira

Bento Teixeira (1560-1618) escreveu a primeira obra de literatura brasileira: Prosopopéia, inspirada em Os Lusíadas, quando tinha apenas 20 anos. Apesar de natural de Portugal, pode ser considerado um escritor brasileiro por que se mudou para cá ainda criança e escreveu no Brasil sobre o Brasil e para brasileiros.

José de Anchieta

O padre José de Anchieta (1534-1597) foi uma das grandes figuras do primeiro século de história do Brasil. Nascido nas Ilhas Canárias, domínio espanhol, tinha parentesco com Inácio de Loiola. De saúde frágil e dedicado aos estudos, Anchieta tornou-se jesuítas aos 17 anos de idade e naquele mesmo ano partiu para o Brasil. No Brasil Anchieta criou o teatro brasileiro: autos para a catequese dos índios. Também fez poesia em latim e escreveu tratados sobre o Brasil.

2 – Literatura barroca

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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O período Barroco, sucedeu o Renascimento, do final do século XVI ao final do século XVII, estendendo-se a todas as manifestações culturais e artísticas européias e latino-americanas.

Iniciado pelo maneirismo e extinto no rococó, considerado um barroco exagerado e exuberante, e para alguns, a decadência do movimento.

Em sua estética, o barroco revela a busca da novidade e da surpresa; o gosto pela dificuldade, pregando a idéia de que se nada é estável tudo deve ser decifrado; a tendência ao artifício e ao engenho; a noção de que no inacabado reside o ideal supremo de uma obra artística.

A literatura barroca se caracteriza pelo uso da linguagem dramática expressa no exagero de figuras de linguagem, de hipérboles, metáforicos, anacolutos e antíteses.

[A origem do barroco]

Iniciado em 1580 com a morte de Luis Vaz de Camões e a União Ibérica, o barroco marca o início da decadência de Portugal, que vivia seu apogeu econômico e social. Em 1580, D. Sebastião (rei muito querido de Portugal) desaparece misteriosamente numa batalha na África e, desde então, Portugal nunca teve o mesmo prestígio de antes. Por causa disso, criou-se o mito do “sebastianismo” no qual acreditava-se que a felicidade de Portugal estava ligada a D. Sebastião. Após o desaparecimento do rei, o cardeal D. Henrique assume o reino de Portugal, porém, sendo ele cardeal, não tinha herdeiros e, por causa disso, o trono português passou para as mãos de Felipe II da Espanha, que anexou o reino português a seus domínios.

O marco inicial do Barroco brasileiro é o poema épico, Prosopopéia de Bento Teixeira (1601). Há dúvidas quanto à origem do poeta, estudos literários recentes afirmam que ele nasceu em Portugal, porém viveu grande parte de sua vida no Brasil, em Pernambuco.

PROSOPOPÉIA é um poema épico com 94 estrofes, que exalta Jorge de Albuquerque Coelho, terceiro donatário da capitania de Pernambuco.

  • 1 Características
    • 1.1 Principais características
  • 2 Barroco Ibérico
  • 3 Barroco no Brasil
    • 3.1 Autores representativos

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Características

Em Portugal, o Barroco ou também chamado Seiscentismo (por ter sido estilo que teve início no final do século XVI), tem como marco inicial a Unificação da Península Ibérica sob o domínio espanhol em 1580 e se estenderá até por volta da primeira metade do século XVIII, quando ocorre a Fundação da Arcádia Lusitana, em 1756 e tem início o Arcadismo.

O Barroco corresponde a um período de grande turbulência político-econômica, social, e principalmente religiosa. A incerteza e a crise tomam conta da vida portuguesa. Fatos importantes como: o término do Ciclo das Grandes Navegações, a Reforma Protestante, liderada por Lutero (na Alemanha) e Calvino (na França) e o Movimento Católico de Contra-Reforma,marcam o contexto histórico do período e colaboram com a criação do “Mito do Sebastianismo”, crença segundo a qual D.Sebastião, rei de Portugal (aquele a quem Camões dedicou Os Lusíadas), não havia morrido, em 1578, na Batalha de Alcácer Quibir, mas que estava apenas “encoberto” e que voltaria para transformar Portugal no Quinto Império de que falam as Escrituras Sagradas). D.João é visto como o novo messias, o novo salvador.

Mas o que vem a ser a palavra Barroco? Não há um consenso quanto à sua origem. A mais aceita diz que o termo deriva da palavra Barróquia, nome de uma região da Índia, grande produtora de uma pérola de superfície irregular e áspera com manchas escuras, conhecida pelos portugueses como barroco. Aproximando-se assim do estilo, que segundo os clássicos era um estilo “irregular”, “defeituoso”, de “mau gosto”. Lembre-se de que a tradição clássica era marcada pela busca da perfeição e do equilíbrio.

Vejamos quais são as principais características barrocas:Dualismo = O Barroco é a arte do conflito, do contraste. Reflete a intensificação do bifrontismo (o homem dividido entre a herança religiosa e mística medieval e o espírito humanista, racionalista do Renascimento). É a expressão do contraste entre as grandes forças reguladoras da existência humana: fé x razão; corpo x alma; Deus x Diabo; vida x morte, etc. Esse contraste será visível em toda a produção barroca, é frequente o jogo, o contraste de imagens, de palavras e de conceitos. Mas o artista barroco não deseja apenas expor os contrários, ele quer conciliá-los, integrá-los. Daí ser frequente o uso de figuras de linguagem que buscam essa unidade, essa fusão.

Fugacidad e = De acordo com a concepção barroca, no mundo tudo é passageiro e instável, as pessoas, as coisas mudam, o mundo muda. O autor barroco tem a consciência do caráter efêmero da existência.

Pessimismo = Essa consciência da transitoriedade da vida conduz freqüentemente à idéia de morte, tida como a expressão máxima da fugacidade da vida. A incerteza da vida e o medo da morte fazem da arte barroca uma arte pessimista, marcada por um desencantamento com o próprio homem e com o mundo.

Feísmo = No Barroco encontramos uma atração por cenas trágicas, por aspectos cruéis, dolorosos e grotescos. As imagens freqüentemente são deformadas pelo exagero de detalhes. Há nesse momento uma ruptura com a harmonia, com o equilíbrio e a sobriedade clássica. O barroco é a arte dos contrastes, do exagero.

Principais características

  • Tentativa de fundir duas características diferentes do pensamento europeu.
  • Culto exagerado da obra, sobrecarregando a poesia de figuras de linguagem (principalmente a antítese, o paradoxo e a gradação)
  • Dualismo:onde o poeta se sente dividido e confuso por causa do dualismo de idéias.
  • Culto do Contraste, conflito entre o bem e o mal, o Céu e Inferno, Deus e o Diabo, o material e o espiritual, o pecado e o perdão…
  • Pessimismo, que era acarretado pela confusão causada pelo dualismo.
  • Literatura moralista, já que era usada pelos padres jesuítas para pregar a fé e a religião.
  • Preocupação com a transitoriedade da vida: por ser curta a vida não permite que o homem a viva intensamente como seria seu desejo.
  • Presença de impressões sensoriais: usando seus sentidos o homem tenta captar todo o sentido da miséria humana ressaltando seus aspectos dolorosos e cruéis.
  • O barroco revela a busca da novidade e da surpresa, o gosto da dificuldade.
  • O barroco apesar de pautada em conflitos existenciais, reflete também as mudanças na sociedade da época.
  • O homem dividido entre o desejo de aproveitar a vida e o de garantir um lugar no céu.
  • Conflito existencial gerado pelo dilema do homem dividido entre o prazer pagão e a fé religiosa.
  • Antropocentrismo x Teocentrismo (homem X Deus, carne X espírito).
  • Detalhismo e rebuscamento- a extravagância e o exagero nos detalhes.
  • Contradição- é a arte do contraditório, onde é comum a idéia de opostos: bem X mal, pecado X perdão, homem X Deus.
  • Linguagem rebuscada e trabalhada ao extremo, usando muitos recursos estilísticos e figuras de linguagem e sintaxe, hipérboles, metáforas, antíteses e paradoxos, para melhor expressarem a comparação entre o prazer passageiro da vida e a vida eterna.
  • Regido por duas filosofias: Cultismo e Conceptismo.
  • Cultismo é o jogo de palavras, o uso culto da língua, predominando inversões sintáticas.
  • Conceptismo são os jogos de raciocínio e de retórica que visavam melhor explicar o conflito dos opostos.

Barroco Ibérico

O barroco ibérico (da península ibérica) diz que há dois modos de se conhecer a realidade:

  • Cultismo – descrição simples de objetos usando uma linguagem rebuscada, culta e extravagante, jogo de palavras, com uma influência visível do poeta espanhol Luís de Gôngora (aí o estilo ser chamado também de Gongorismo). Caracterizado também pelo abuso no emprego de figuras de linguagem como metáforas, antíteses, hipérboles, anáforas, etc.
  • Conceptismo – marcado pelo jogo de idéias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, racionalista e que utiliza uma retórica aprimorada. Os conceptistas pesquisavam a essência íntima dos objetos, buscando saber o que são, assim, a inteligência, lógica e raciocínio ocupam o lugar dos sentidos. Assim, é muito comum a presença de elementos da lógica formal como o silogismo e o sofisma.

O cultismo e o conceptismo são aspectos do Barroco que não se separam. Diz-se que o cultismo é predominante na poesia e o conceptismo na prosa.

Barroco no Brasil  

Literatura Barroca no Brasil

O poema épico Prosopopéia, de Bento Teixeira, publicado em 1601, apesar de considerado um documento de pouco valor literário, é indicado como o início do Barroco na Literatura Brasileira. E também é considerado uma cópia mal elaborada de Os Lusíadas de Camões

Autores representativos

Brasileiros
  • Gregório de Matos, representando a vértice cultista do barroco;

Poesia religiosa – Apresenta uma imagem quase que exclusiva: o homem ajoelhado diante de Deus, implorando perdão para os pecados cometidos.

  • Bento Teixeira Pinto
  • Manuel Botelho de Oliveira
  • Padre António Vieira
  • Frei Manuel de Santa Maria Itaparica
Portugueses
  • Padre António Vieira, representando a vértice conceptista do Barroco.

Ver também no site> //pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_barroca

3 – Arcadismo

História social do Arcadismo

Se observarmos a história da cultura, veremos que cada novo momento é uma oposição ao anterior. O homem parece estar sempre insatisfeito com a direção de seu próprio tempo e, por isso, rompe com o presente, propondo algo novo. Porém ao analisarmos o novo notamos que muitos elementos, ainda mais antigos que os abandonados, voltam à tona. É o velho que, misturado a certas tendências, torna-se novidade.

Assim ocorreu com a cultura do século XVIII. Depois da onda de religiosidade e fé que se seguiu à Contra-Reforma – cuja expressão expressão artístisca foi o Barroco – , no século XVIII se viu um reflorescimento das tendências artístisco-científicas que marcaram o Renascimento. E dele resultaram o Iluminismo, na filosofia, o Empirismo, na ciência, e o Neoclassicismo ou Arcadismo, na Literatura.

Compreender o alcance ideológico do Arcadismo implica conhecer suas relações com o quadro de transformações por que passou a sociedade européia e a brasileira no século XVIII.

Contexto Histórico

A Europa no século XVIII caracteriza-se por mudanças marcantes. O intenso progresso científico (a formulação da lei da gravidade pelo cientista Isaac Newton; a adoção do empirismo como método de aquisição do conhecimento, pela filosofia, e a classificação dos seres vivos pela biologia) conduz à tecnologia e esta ao aumento da produção. Generaliza-se a idéia de que os negócios e a ciência costituem campos separados da religião.
Essas mudanças fazem parte de um movimento cultural que define a fisionomia da Europa no século XVIII: o Iluminismo .
Iluminismo (de iluminar = esclarecer) designa o esforço cultural cujo objetivo era atualizar conceitos, leis e técnicas, visando a atingir maior eficácia e justiça na ordem social. Todo esse esforço baseava-se na concepção de que o progresso poderia trazer mais felicidade a um número maior de pessoas.
Por isso, o século XVIII é conhecido como século das luzes, momento histórico em que se acreditava que tudo podia ser explicado pela razão e pela ciência. Essa crença consolidou-se na Enciclopédia, obra publicada na França, a partir de 1751, coordenada pelos filósofos franceses D’Alembert, Diderot e Voltaire. Nela, procurava-se reunir todo conhecimento de um determinado momento histórico.
A obra foi um grande sucesso editorial e circulou por toda a Europa, chegando ao continente americano no final do século, mesmo enfrentando proibições.
A produção artística do período despoja-se da religiosidade e busca o equilíbrio, refletindo sobretudo o padrão do gosto da burguesia ascendente.
Esse novo estilo é denominado Arcadismo ou Neoclassicismo e consiste, basicamente, na recuperação dos traços principais da arte clássica, já que os clássicos foram considerados fonte de equilíbrio e saberdoria.
Os nomes Arcadismo e Neoclassicismo sintetizam as características predominantes nos textos da época. Veja por quê:

1) Arcadismo
Palavra que deriva de Arcádia, região da Grécia onde pastores e poetas, chefiados pelo deus Pã, dedicavam-se à poesia e ao pastoreiro, vivendo em harmonia perfeita com a natureza. No século XVIII o termo Arcádia passou a designar também as academias literárias que foram criadas na Europa.

2) Neoclassicismo
Nome que deriva do fato de os escritores da época imitarem os clássicos, quer voltando-se para a Antiguidade greco-romana, quer imitando os escritores do Renascimento.

A palavra imitação não deve ser entendida como simples cópia. Trata-se, antes de mais nada, de aceitar e seguir determinadas convenções clássicas.

Arcadismo em Portugal (1756-1825)

O início e o final do período marcampse pelos seguintes fatos:

-1756: Fundação da Arcádia Lusitana, inspirada na Arcádia Romana de 1690;
-1825: Publicação do poema Camões, de Almeida Garrett, considerando o marco inicial do Romantismo português.

Merecem destaque no contexto histórico português os seguintes fatos:

a) a publicação, em 1764, do Verdadeiro método de estudar, de Luís Verney, ensaio inspirado em idéias iluministas, que propõe a reforma do ensino superior em Portugal;
b) a reformado ensino conduzida pelo marquês de Pombal, logo após a expulsão dos jesuístas. O ensino torna-se leigo, ou seja, fora da influência da Igreja;
c) a fundação da Academia de Ciências em Lisboa (1779), cujo objetivo era atualizar a universidade quanto ao progresso cientifíco da época;
d) a reconstrução de Lisboa segundo arrojadas linhas arquitetônicas, após o terremoto de 1755.

A produção literária da época regista pouco interesse pela pros, em que predominam obras científicas, históricas, filosóficas e pedagógicas. A poesia é a forma literária mais cultivada.

Autor e obra

Manuel Maria Barbosa du Bocage

Merece destaque no Arcadismo português o poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage. Nasceu em 1765, em Setúbal. Sua vida boêmia incluiu paixão por Gertrudes, que se transformaria em sua musa sob o pseudônimo e Gertrúria. Seguem-se episódios de uma vida aventureira e dissoluta, a que não faltam prisões e até o recolhimento forçado em um mosteiro. Morreu em 1805, em Lisboa, vítima de aneurisma. Seu pseudônimo árcade era Elmano Sadino.
A obra de Bocage compreende poesia satírica e poesia lírica.

Poesia satírica

Foi graças à obra satírica que se tornou conhecido, embora não seja a parte mais importante de sua obra.

Poesia lírica

É a melhor parte da poesia bocagiana. Nela consideram-se duas fases: a árcade e a pré-romântica.

  • Na fase árcade, nota-se a preocupação em seguir as convenções do estilo em moda.
  • Na fase pré-romântica é o ponto alto de sua poesia lírica, valendo-lhe o posto de melhor poeta português do século XVIII. Contrariando princípios árcades, Bocage escreve uma poesia de emoção, solidão e confissão, em que predomina uma visão fatalista e pessimista do mundo.

Arcadismo no Brasil (1768-1836)

Em 1768 inaugura-se o estilo árcade no Brasil com a publicação das Obras poéticas, de Cláudio Manuel da Costa.
O estilo árcade ficará em moda aé a publicação, em 1836, da obra Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves Magalhães, que marca o início do Romantismo entre nós.

Contexto histórico

O século XVIII, no Brasil, é considerado como século do ouro, graças à intensa atividade de extração mineral. Desloca-se o eixo econômico – e com ele o cultural – para Minas Gerais (centro de extração do minério) e o Rio de Janeiro (porto de escoamento e capital da colônia desde 1763).
Com a finalidade de contrabalançar seu déficit comercial, Portugal explorava ao máximo sua colônia americana. Os impostos sobre extração dos minérios aumentava cada vez mais, dando origem a uma generalizada insatisfação.
Juntam-se a isso a influência das idéias liberais, trazidas pelos estudantes brasileiros que passavam pelo Velho Continente, e a independência dos Estados Unidos. Todos esses fatos culminaram na Inconfidência Mineira, preparada por um pequeno grupo de letrados, muitos deles ex-estudantes da Universidade de Coimbra.
Esse mesmo grupo de oposição política era, basicamente, o grupo que produzia ciência e literatura.
Identifica-se na época uma literatura disposta a afastar-se dos modelos portugueses, embora a imitação dos clássicos seja ainda bem nítida.
Além das outras características árcades, revela-se a busca de uma identidade brasileira, sobretudo:

a) pelo aproveitamento do indígena como herói literário.
Esse aproveitamento ocorreu principalmente na poesia épica que aqui se produziu. É o caso dos poemas épicos O Uruguai, de Basílio da Gama, e Caramuru, de Santa Rita Durão.

b) pela visão crítica da situação política do país, ocorre no poema satírico de Cartas chilenas.

Claúdio Manuel da Costa (1729-1789)

Nasceu em Minas e, após completar o curso de Direito em Coimbra, viveu um tempo em Lisboa, onde entrou em contato com as novidades do Arcadismo. Retornando ao Brasil, tomou parte na Inconfidência Mineira. Morreu na prisão. Glauceste Satúrnio foi seu pseudônimo árcade, sendo Nise sua musa-pastora.

Poesia lírica

A obra lírica de Claúdio Manuel da Costa sofreu grande influência da poesia camoniana. O sentimento amoroso e a descrição da natureza ocupam lugar de destaque em seus poemas.

Poesia épica

O poema épico Vila Rica narra a fundação e a história da cidade, exaltando a aventura dos bandeirantes.

Tomás Antônio Gonzaga

Filho de pai brasileiro e mãe portuguesa, nasceu em Porto (Portugal) em 1744. Estudou Direito em Coimbra, tendo voltado para o Brasil em 1782. Exerceu o cargo de juiz em Vila Rica, antes d ser preso junto com os outros inconfidentes. Sua pena foi o degredo para Moçambique, onde se casou com uma viúva. O pseudônimo árcade adotado por Gonzaga foi Dirceu. Marília é o pseudônimo que inventou para Maria Joaquina de Seixas, sua musa, uma jovem de 16 anos por quem se apaixonou e para quem escreveu suas conhecidas Liras. Morreu em Moçambique, em 1810.

Poesia lírica

Em Marília de Dirceu, obra composta de liras, o poeta, transformado em um eu-lírico pastor (Dirceu), mostra-nos sua paixão por Marília. A obra divide-se em duas partes:

a) A primeira contém confidências amorosas, descrições da amada, planos e sonhos de felicidade conjugal.
b) Na segunda parte agrupam-se os poemas escritos no cárcere, revelando seu sofrimento físico e moral do poeta.

Poesia satírica

Nas Cartas chilenas, poemas satíricos que percorreram Vila Rica antes da Inconfidência, em forma de manuscrita e anônima, Tomás Gonzaga critica o governador de Minas, Luís da Cunha Meneses, que aparece no texto com o pseudônimo satírico de Fanfarrão Minésio.
As cartas são escritas por Critilo (o próprio Gonzaga) e dirigidas a Doroteu (provavelmente Cláudio Manuel da Costa). Fonte: Livro “Língua e Literatura”

Que influências portuguesas Manifestam

Trata-se do Romantismo, Realismo, chamado também Naturalismo, o Parnasianismo e o Simbolismo. A cultura iluminista surgida na Inglaterra e, de modo bem especial, na França e Alemanha, é o pano de fundo da grande maioria dos temas literários dessas escolas.

Qual a influência da literatura na língua portuguesa?

Com origens no século XII, a Literatura Portuguesa teve seus primeiros registros em galego-português, haja vista a integração cultural e linguística entre Portugal e Galícia, região na península Ibérica que hoje pertence ao território espanhol.

Qual literatura influenciou a formação da literatura brasileira?

A literatura portuguesa influenciou sobremaneira a construção de nossa identidade literária, visto que as primeiras manifestações da literatura nacional ocorreram durante o período colonial.

O que influenciou a literatura portuguesa e qual sua importância para a literatura brasileira?

A Literatura no Brasil está intrinsecamente ligada à Literatura portuguesa. Durante muito tempo, toda produção literária esteve subjugada ao pensamento português. A partir do Romantismo, nossa Literatura emancipou-se, alcançou sua autonomia e criou manifestações literárias próprias.

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