Qual a importância do surgimento da agricultura para história do homem?

Cevada, um dos primeiros cultivos dos primeiros agricultores. Diversos grupos sem conexão começaram a plantar na mesma época (Foto: Free Images)

Em algum momento, há cerca de 12 mil anos, os humanos começaram a plantar. A agricultura foi inventada várias vezes ao longo da história humana e em diferentes partes do mundo. Mas surgiu pela primeira vez – ou é o que os registros arqueológicos sustentam – em uma região apelidada de Crescente Fértil, uma área banhada por rios no Oriente Médio. Os primeiros grupos de agricultores tinham vantagens em relação a seus colegas que caçavam e coletavam plantas. Eles comiam melhor, se tornaram mais prósperos, numerosos e, graças a esse sucesso, a ideia de cultivar o próprio alimento e criar animais para o abate se popularizou. Mas essa é uma história antiga e cheia de lacunas. Há décadas, arqueólogos se embrenham nos vestígios deixados por esses povos na tentativa de descobrir como a agricultura se desenvolveu e se espalhou por aquela região do mundo – e, mais tarde, pelo resto da Ásia e da Europa. Por anos, vigorou a teoria de que esse avanço no modo de viver fora obra de um único grupo de pessoas que, à medida que migrava pelo Oriente Médio, levava consigo seus conhecimentos e seus genes. Técnicas recentes de análise genética permitiram aos cientistas espiar o DNA desses povos antigos. E descobrir histórias ligeiramente diferentes e mais complicadas.

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É o que conta o paleogeneticista alemão Joachim Burger, da Universidade de Mainz. Burger e seus colegas do museu nacional do Irã examinaram quatro esqueletos antigos, com cerca de 10 mil anos, encontrados no sopé da Cordilheira Zagros, na fronteira com o Iraque. Justamente naquela região onde a agricultura começou. Burger analisou o genoma desses primeiros fazendeiros e decidiu compará-lo ao DNA de um segundo grupo, os anatólios. Os anatólios são os ancestrais dos fazendeiros europeus. Eles vêm de uma região no  sul da Turquia, a borda oposta do Crescente Fértil. Se a teoria de que um só grupo criara a agricultura estivesse certa, essas duas populações seriam geneticamente semelhantes – a população de Zagros, mais antiga, teria migrado até o sul da Turquia e se estabelecido por lá.  Burger se surpreendeu ao descobrir que não: “Concluímos que os anatólios e as pessoas de Zagros formavam dois grupos distintos que se separaram um do outro há cerca de 50 mil anos. Muito antes de começarmos a plantar”, disse Burger nesta entrevista a ÉPOCA.

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As descobertas de Burger reforçam uma ideia mais recente de que várias populações no Crescente Fértil, sem conexão uma com a outra, desenvolveram a agricultura mais ou menos na mesma época. Foi uma espécie de explosão criativa que, segundo Burger, lançou as “bases das civilizações modernas”.

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ÉPOCA - Qual a teoria consagrada sobre as origens da agricultura?
Joachim Burger - 
O conhecimento que registramos nos livros e ensinamos nas escolas diz que, há alguns milênios, um único grupo de pessoas – muito inovadoras – que viviam no oriente próximo, inventou a agricultura e os meios de domesticar animais. Tudo se passou em uma região chamada Crescente Fértil. Mais tarde, algumas dessas pessoas se espalharam ao redor do mundo. Havia também a teoria de que algumas poucas pessoas participaram da invenção da agricultura e ficaram onde estavam, enquanto a ideia se espalhava. Descobrimos que há alguma verdade nessa teoria, mas há também alguns erros.

ÉPOCA - O que estava errado?
Burger - 
Reunimos elementos para pintar um quadro mais detalhado. Nos últimos anos, percebemos que a agricultura chegou à Europa Central a partir do Mar Egeu. Aquela região foi colonizada por fazendeiros há cerca de 8 mil anos – eram os anatólios. Nós analisamos o genoma disponível dos anatólios e comparamos com o genoma que coletamos de pessoas que moravam em Zagros, uma região no Crescente Fértil. E constatamos que não há nenhuma conexão genética entre esses grupos. Ao analisar os genomas dessas populações, concluímos que os anatólios e as pessoas de Zagros – que, sabemos, viviam no berço da agricultura – formavam dois grupos distintos que se separaram um do outro há cerca de 50 mil anos. Muito antes de começarmos a plantar. Mesmo assim, os dois grupos eram formados por fazendeiros.

ÉPOCA - Eram duas populações contemporâneas, sem conexão uma com a outra, e que dominavam a agricultura?
Burger - 
Os anatólios em questão são ligeiramente mais recentes. Não conhecemos o genoma de populações contemporâneas aos anatólios. Não foram eles, mas seus ancestrais, que adotaram a agricultura por volta da mesma época que as populações em Zagros. Mas, sim, percebemos com isso que, em um dado momento, houve ao menos dois grupos que, na mesma época, inventaram formas de plantar e domesticar animais. Ambos participaram, separadamente, da invenção das bases de nossas civilizações modernas.

ÉPOCA - Não havia contatos entre esses dois grupos?
Burger -
 É seguro dizer que eles compartilhavam similaridades culturais. Mas, geneticamente, estavam muito distantes. Eles tinham aparência diferente e falavam diferentes línguas. Mas ambos os grupos colaboraram para o desenvolvimento da mesma ideia.

ÉPOCA - Há registros de grupos contemporâneos ao de Zagros e que também plantavam?
Burger -
 Nossos colegas em Harvard analisaram genomas disponíveis da região do Levante [uma região que reúne áreas de Israel, Palestina e Síria]. São grupos contemporâneos ao de Zagros – e sem conexão genética com ele – e que também plantavam. Então, as evidências se somam para afirmar que dezenas de diferentes populações, mais ou menos na mesma época, começaram a usar técnicas de cultivo. São populações geneticamente distintas, mas que compartilhavam semelhanças culturais.

ÉPOCA - Os anatólios são apontados como os responsáveis por levar a agricultura para a Europa. O grupo em Zagros fez o mesmo em outras regiões?
Burger - 
Exatamente. Os anatólios espalharam a ideia pelo Ocidente. Eles são os ancestrais de todos os fazendeiros europeus. Colonizaram toda a Europa. A população que estudamos em Zagros não tem nenhuma relação com a Europa. Esse grupo espalhou a ideia em direção ao Oriente, à medida que colonizava as terras que hoje compõem o Irã, o Paquistão e o Afeganistão.

ÉPOCA - O que levou essas populações nômades a se fixar num lugar e começar a cultivar alimentos?
Burger - 
Não sabemos. Há muitas teorias, mas nada disso está realmente muito claro. São mais claras as razões de esse estilo de vida ter se popularizado. Sua vida é mais estável em sociedades que plantam. As taxas de fertilidade são maiores nos grupos que se sedentarizaram do que nas populações nômades de caçadores-coletores. Se você inventa um modo de vida que faz sua fertilidade aumentar, pode se considerar bem-sucedido. É essa a definição biológica de sucesso. Sabemos que foi uma ideia revolucionária. Mas não conseguimos traçar quais foram as motivações que conduziram a ela. Mas, claro, não acreditamos que isso simplesmente aconteceu em uma tarde de quinta-feira. Essas ideias amadureceram ao longo de gerações.

ÉPOCA - Vocês analisaram o genoma de pessoas que viveram há mais de 10 mil anos. É complicado trabalhar com material tão antigo?
Burger -
 Bastante. Precisamos trabalhar com muitas amostras porque a maioria simplesmente não funciona. Não tem DNA ancestral suficiente para análise. A cada 20 amostras coletadas, conseguimos analisar quatro. No final, vale a pena.O interessante a respeito do genoma é que ele não contém apenas informações sobre a aparência das pessoas do passado. O código genético de uma pessoa também traz uma mistura de genomas. Seu código genético carrega fragmentos de seus pais, de seus avó e bisavós. Por isso, é possível obter informações genealógicas importantes a partir desse material.

Qual a importância da agricultura para a vida do homem?

Afinal de contas, a agricultura permitia a estocagem de alimentos e o planejamento das colheitas em função das transformações climáticas decorridas ao longo de um tempo. A sobrevivência deixava de lado uma série de riscos para então se transformar em uma ação planejada com base na capacidade intelectual do homem.

Qual a importância da agricultura para as pessoas?

Por que a agricultura é importante? Sem dúvidas a agricultura é uma das atividades mais importantes para o homem, visto que ela é essencial para a subsistência das pessoas. Em síntese, é a partir da agricultura que se produz alimentos e produtos primários utilizados pelas indústrias, comércio e pelo setor de serviços.

Qual a relação entre o surgimento da agricultura na história da humanidade?

O desenvolvimento da agricultura, portanto, esteve diretamente associado à formação das primeiras civilizações, o que nos ajuda a entender a importância das técnicas e do meio técnico no processo de construção das sociedades e seus espaços geográficos.

Quais as principais mudanças que a agricultura trouxe para a vida humana?

A prática da agricultura revolucionou a vida humana, favorecendo uma série de mudanças: A sedentarização: que se iniciou no período do neolítico. Sobrevivendo do cultivo e do pastoreio, os seres humanos passaram a produzir seu próprio alimento e não precisavam mais mudar constantemente de lugar.

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