Qual a importância do comércio na Idade Média para a formação das cidades?

Neste artigo saiba o que esteve na origem do desenvolvimento das cidades na idade média e qual a estrutura dos núcleos urbanos medievais.


Qual a importância do comércio na Idade Média para a formação das cidades?
Fotografia atual da cidade de Ávila, Espanha.

Artigo publicado no Jornal da comunidade cientifica de língua portuguesa – A Pátria.

o desenvolvimento das trocas locais e a origem das cidades na idade média

Apesar da parte mais importante do comércio da alta idade média estar relacionado com as igrejas e as cortes dos príncipes, foram as transacções locais de mercadorias aquelas responsáveis pelo desenvolvimento do tecido urbano.

Delas dependia a satisfação das necessidades de clientes e mercadores das várias condições sociais.

À excepção de Roma, as cidades do século XI, eram “núcleos pré-urbanos”, isto é, centros de comércio não diferenciado, ordenados em redor de uma rua principal, o wike, ou rio, portus.

Muitas desenvolveram-se nos subúrbios exteriores de fortificações, tais como bispados ou mosteiros, outros, como Dorestade e Quentovic, eram abertos e sem fortificações.

Apesar de haver alguma indústria associada a estes núcleos, desenvolvida com o propósito de dar resposta às actividades comerciais, os produtos eram essencialmente manufacturados nas povoações rurais. Estes núcleos tinham uma função essencialmente distributiva, o que implicava uma constante mobilidade dos mercadores.

Os traçados urbanos

Os traçados urbanos sofreram alterações profundas, tornando-se irregulares, o que manifestava uma necessidade de organização distinta da romana.

Por este motivo, o termo civitas sofreu uma alteração significativa no início da Idade Média, passando a significar a área dentro dos limites das muralhas, onde o bispo exercia o controlo secular. As populações em franco crescimento não eram normalmente chamadas de civitates, com excepção das sedes de bispados.

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os bispados e abadias e o desenvolvimento das cidades na idade média

A “História dos Francos”, de Gregório de Tours, sugere que o aumento de poder dos bispados no século VI, derivou numa dependência do comércio de longa distância, de onde provinham os artigos de luxo, porém, as civitates também careciam de bens de consumo utilitários.
Tours foi uma cidade exemplar de uma população dependente dos mercadores, que durante a fome de 585, lhes permitiu especular e amealhar.

O facto de as abadias e igrejas receberem pagamentos em géneros pelo arrendamento das suas propriedades, que excediam as suas necessidades, levou a que estes produtos circulassem nos comércios locais, em zonas controladas pela igreja. Tudo era lucros para o clero. Inclusivamente, em 744, Pepino fez questão que cada diocese assegurasse um mercado e que os preços e as medidas estivessem de acordo com o volume das colheitas.

Esta desigual distribuição de riqueza e recursos levou a que, em 830, um escritor, se queixasse que os barcos desciam o Reno pesados de cereais enquanto os agricultores morriam à fome nas margens do rio.

Na Grã-Bretanha

Na Grã-Bretanha o comércio continental foi o principal responsável pelo desenvolvimento das cidades, do qual Hamwih, em Wessex, um mercado que servia sobretudo a aristocracia, é um bom exemplo. Era a maior cidade saxónica, ocupando uma área de 30 hectares, numa estrutura em grelha. Recebia mercadorias importadas da França, Países Baixos, e norte da Alemanha, tendo indústrias de ferro, bronze, chumbo, prata, cerâmica, madeira e trabalhos em osso e marfim.

Na Itália

Qual a importância do comércio na Idade Média para a formação das cidades?
Na Itália e no reino franco, as populações que deram origens a grandes cidades reuniram-se sobretudo ao lado de fortificações e abadias importantes, tendendo a alongar-se em direcção ao local de onde recebia produtos comerciais e mantimentos alimentares.

Deste caso é exemplo Huy, a leste dos Países Baixos, onde as populações privilegiaram o seu desenvolvimento em torno dos pequenos cursos de água ou de estradas que ligavam ao interior. Circunstância que se manteve até que as cidades em redor dos grandes rios começaram a desenvolver indústrias capazes de exportar em grandes quantidades, sobretudo no século XI e XII.

Deste modo, os núcleos pré-urbanos tiveram origem em mercados agrícolas e em centros de distribuição, entre áreas que tinham excedentes e faltas de alimentos, ou de outras matérias primas, como o couro, ou de trabalho.

Eram orgânicas e expandiam-se gradualmente, sem um planeamento.

Em termos gerais, as cidades do continente europeu, desenvolveram-se em redor de um edifício público ou a ruína de uma muralha, elementos que serviram de base e fonte às estruturas urbanas que se começavam a alargar.

O caso excepcional da Itália, demonstra que o crescimento das cidades se fez com os muçulmanos.

Na Inglaterra, apesar da intenção dos reis em fundar cidades fosse a de criar locais estrategicamente defensáveis, também se tornou progressivamente conveniente aí concentrar as actividades comerciais e industriais, exigindo que as grandes transacções fossem autorizadas por um corregedor real dos portos.

O desenvolvimento da atividade mercantil nas cidades na idade média

Com o desenvolvimento da urbanização surgem os alvarás para mercados nas cidades e as Casas da Moeda.

O comércio destas cidades começa então a adoptar orientações específicas, conforme os interesses e as necessidades. Por exemplo, o comércio da Germânia dirigia-se para sul e para leste, tanto que o rei Otão estabeleceu na cidade de Magdeburgo um mercado para os judeus administrarem o comércio, o que se tornou no primeiro incentivo para o povo judeu depois se vir a espalhar pela França e norte da Europa, por volta do ano 1000.


NICHOLAS, D. (1999). Transformações na Terra. In A Evolução do Mundo Medieval. Sociedade, governo e pensamento na Europa: 312-1500. Lisboa, Publicações Europa-América.


Qual foi o papel do comércio na Idade Média?

O comércio, errante ou fixo, é a grande razão de ser da enorme importância das feiras no Ocidente medieval até ao século XIII. As feiras eram encontros entre mercadores que vinham, em muitos casos, de diversas partes da Europa para, num período de semanas, comprarem e venderem os seus produtos.

Qual é a importância das cidades durante a Idade Média?

Além da falta de alimento, as cidades eram um excelente alvo para os povos germânicos, que viam no saque das cidades romanas uma ótima maneira de obter riquezas rapidamente. A cidade de Roma, capital do Império Romano, por exemplo, foi saqueada em 410, 455 e 476 por diferentes povos germânicos.

O que possibilitou o crescimento do comércio e das cidades durante a Idade Média?

O renascimento comercial da Idade Média ocorreu por causa da ampliação das rotas comerciais e do estabelecimento de feiras anuais, que atraíam inúmeros comerciantes interessados na venda e troca de produtos. Uma consequência desse fenômeno foi o retorno da utilização da moeda.

Qual fator contribuiu para o surgimento do comércio e das cidades?

O renascimento urbano foi resultado direto do aumento populacional decorrente do aumento da produção de alimentos, e também da melhoria no clima nos séculos X e XI. O aumento populacional e a existência de um quadro social de grande opressão, a servidão, levavam muitos camponeses a fugirem das suas terras.