Considero neste artigo um contexto ateniense para a primeira teoria política grega entre o final do V e meados do IV século, discutindo que tipo de “filosofia” sobre as
práticas dos cidadãos precedem a teoria e como se desdobra, então, a chamada “teoria” na Política, de Aristóteles. Esse contexto, tanto no âmbito das escolas filosóficas quanto na produção escrita da Atenas clássica, deve nos auxiliar – dentro das limitações desse artigo dedicado a uma leitura histórica da Política, de Aristóteles – a explorar e contribuir para uma concepção da pólis como comunidade política, na medida que considero a noção de
comunidade política calcada em Aristóteles muito diferente da nossa noção de estado ou de cidade-estado, como espero poder demonstrar. Em terceiro lugar, gostaria de apontar algumas implicações da abertura da noção de vida comum (koinós), o que significa sua distinção das amarras com as quais costumamos prendê-la à polis ao identificar o "público" (pólis) com o koinos (interesse comum) e o "privado" (oikos) com o idios (interesse
particular). Indico desde já que considero essas implicações como um subproduto dos argumentos do autor da Política, e não sua tarefa consciente ou principal. E espero poder demonstrar que a importância do koinos para a compreensão da polis coloca-nos em presença de mais agentes no espaço político do que simplesmente o grupo de cidadãos que “governa”, ou seja, que “pratica a pólis”. Downloads
Não há dados estatísticos. Biografia do AutorMarta Mega de Andrade, Universidade Federal do Rio de JaneiroProfessora associada do Instituto de História UFRJ, atuando no PPGARQ Museu Nacional e no PPGHIS IH. Pesquisadora do LHIA-IH UFRJ e do LABECA-MAE USP ReferênciasANDRADE, M. M. A Cidade das Mulheres. Cidadania e Alteridade Feminina na Atenas Clássica. Rio de Janeiro: LHIA, 2001. ANDRADE, M. A Vida Comum: Espaço, Cotidiano e Cidade na Atenas Clássica. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. ———. Público, Privado e Contextos Funerários. Phoînix, v. 10, 2004, p.229-245. AUBENQUE, P. La Prudence chez Aristote. Paris: PUF, 1963. ——— (ed.). Aristote Politique — Études sur la Politique d'Aristote. Paris: PUF, 1993. AUSTIN, M.&VIDAL-NAQUET, P. Economia e Sociedade na Grécia Antiga. Lisboa: Edições 70, 1986. BODÉÜS, R. Le Philosophe et la Cité. Recherches sur les rapports entre morale et politique dans la pensée d'Aristote. Paris: Les Belles Lettres, 1982. BOEGEHOLD, A.L. & SCAFURO, A. C. (ed.). Athenian Identity and Civic Ideology. Baltimore: The John Hopkins University Press, 1994. BALOT, R. K (ed.). A Companion to Greek and Roman Political Thought. Oxford: Blackwell, 2006. CANFORA, L. O Cidadão. IN: Vernant, J-P. (org.) O Homem Grego. Lisboa: edl. Presença, 1994a, p. 105-129. ———. Histoire de la Littérature Grecque. Paris: Desjonquères, 1994b. ———. Une Profession Dangereuse. Les Penseurs Grecs dans la Cité. Paris: Desjonquères, 2001. CLASTRES, P. “Copérnico e os Selvagens”. A Sociedade Contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978, p. 7-20. ———. Arqueologia da Violência. São Paulo: Cosac & Naify, 2011. DARBO-PECHANSKY, C. O Discurso do Particular. Ensaio sobre a Investigação de Heródoto. Brasília: UNB, 1998 FINLEY, M. I. Os Gregos Antigos. Lisboa: eds. 70, 1984. ______. Democracia Antiga e Moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1988. ———. Política no Mundo Antigo. Lisboa: eds 70, 1983. FLENSTED-JENSEN, P. et. al. (ed.). Polis+Politics. Copenhagen: Museum Tusculanum Press, 2000. FOUCAULT, M. Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Forense, 1986. ———. Omnes et Singulatim. [1979]. Tradução sediada em: espac?o michel foucault – www.filoesco.unb.br/foucault HANSEN, M. H. The Political Powers of the People’s Court in Fourth Century Athens. In: MURRAY, Oswyn and PRICE, Simon (ed.). The Greek City : from Homer to Alexander. Oxford : Clarendon Press, 1990, pp. 215-43. ———. La démocratie athénienne à l’époque de Démosthène : structure, principes et idéologie. Paris, Les Belles Lettres, 1993 [1ª edição: 1991]. ———. The ‘Autonomous City-State’. Ancient fact or modern fiction? In: HANSEN, M. H.; RAAFLAUB, K. (eds). Studies in the Ancient Greek Polis. Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 1995. pp. 21-43. ———. Polis as the generic term for State. In: NIELSEN, T. H. (ed.). Yet more studies in the Ancient Greek Polis. Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 1997a. pp. 9-15. ———. A tipology of dependent poleis. In: NIELSEN, T. H. (ed.). Yet more studies in the Ancient Greek Polis. Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 1997b. pp. 29-37. ———. Polis and City-State: an ancient concept and its modern equivalent. Copenhagen: Munksgaard, 1998. ———. & NIELSEN, T. H. An Inventory of Archaic and Classical Poleis. Oxford: OUP, 2005. ———. Polis. An Introduction to the Ancient Greek City State. Oxford: OUP, 2006. HUMPHREYS, S. . "Family Tombs and Tomb Cult in Classical Athens: tradition or traditionalism?" The Family, Women and Death. London: Routledge & Kegan Paul, 1983, pp. 79-130. KRAUT, R. Aristotle: Political Philosophy. Oxford: Oxford University Press, 2002. LEVÊCQUE, P. & VIDAL-NAQUET, P. Clisthène l’Athénien. Paris: Les Belles Lettres, 1973. LORAUX, N. Repolitiser la cité. In: L’Homme, v.26, n. 97-98, pp. 239-55, 1986. ———. "Note sur l'Un, le Deux et le Multiple" IN: ABENSOUR, M, org.. L'Esprit des Lois Sauvages. Pierre Clastres ou une nouvelle anthropologie politique. Paris: Seuil, 1987, p. 155-172. ———. Les Enfants D'Athéna. Paris: La Découverte, 1990. ———. Comment repolitiser la cité. In: Mètis. Anthropologie des mondes grecs anciens, v. 9, n. 9-10, pp. 121-127, 1994a ———. A invenção de Atenas. Rio de Janeiro: Editora 34, 1994b. ———. La cité divisée: l’oubli dans la memoire d’Athènes. Paris: Éditions Payot & Rivages, 2005. MANVILLE, Ph. B. Toward a new paradigm of Athenian citizenship. In: BOEGEHOLD, A. L. & SCAFURO, A. C. (ed.). Athenian identity and civic ideology. Baltimore/London, The John Hopkins University Press, 1994. pp. 21-33. MARX, K. Formações econômicas pré-capitalistas. São Paulo: Paz e Terra, 1977. MAYHEW, R. Aristotle’s Criticism of Plato’s Republic. Oxford: UP, 1997. MEIER, C. Introduction à l’Anthropologie Politique de l’Antiquité Classique. Paris: PUF, 1984. MENESES, U. “As Marcas da Leitura Histórica: a Arte Grega nos Textos Antigos”. Manuscrítica. (7), 1998, p. 69-82. MOLINO, J. Interpréter. IN: REICHLER, C. (ed.). L'Interprétation des Textes. Paris: Minuit, 1989, pp.9-52. MORRIS, I. "Taking it with you: grave goods and athenian democracy". Death Ritual and Social Structure in Classical Antiquity. Cambridge: Cambridge University Press, 1992, pp. 103-127. ___________. “Everyman’s Grave”. IN: BOEGEHOLD, A. L & SCAFURO, A. C. Athenian Identity and Civic Ideology. Baltimore: The John Hopkins University Press, 1994, pp. 67-101. MURRAY, O. Cities of Reason. In: MURRAY, O.; PRICE, S. (eds.). The Greek City : from Homer to Alexander. Oxford: Clarendon Press, 1990. pp. 1-25. NICHOLS, M. Citizens and Statesmen: A Study of Aristotle’s Politics. Savage, MD: Rowman & Littlefield, 1992. OBER, J .The Athenian Revolution: essays on Ancient Greek democracy and political theory. Princeton, Princeton University Press, 1996. ———. “The Polis as a Society: Aristotle, John Rawls and the Athenian Social Contract”. The Athenian Revolution: essays on Ancient Greek democracy and political theory. Princeton, Princeton University Press, 1996, p.161-187. PRADO Jr, Bento. Prefácio, IN: Clastres, P. Arqueologia da Violência. São Paulo: Cosac & Naify, 2011. p. 4-17 SANTAS, G. Goodness and Justice: Plato, Aristotle and the Moderns. Oxford: UP, 2001 SOARES, F. M. Estado, poder e liberdade: a política como categoria de análise da democracia ateniense clássica. Reconcavos, , vol 4(1), 2010, p. 1-23. STRATHERN, M. O Gênero da Dádiva. Problemas com as Mulheres e Problemas com a Sociedade na Melanésia. Campinas: UNICAMP, 2006. STE. CROIX, G. E. M. The Class Struggle in the Ancient Greek World: from the Archaic Age to he Arab Conquests. London : Duckworth, 1981. SCHOLLMEIER, P. Aristotle and Women: Household and Political Roles. Polis 20: I, II, 2003, p. 22-42. WEBER, M. Economia e Sociedade. v.2. Brasília/São Paulo: Editora UnB/Imprensa Oficial, 1999. [1ª edição: 1921]. WOLFF, F. Aristoteles e a Política. São Paulo: Discurso editorial, 1999. VERNANT, J-P. As Origens do Pensamento Grego. São Paulo: Difel, 1982. ———. Mito e Pensamento entre os gregos. São Paulo: Paz e Terra 1990. _______. Mito e Sociedade na Grécia Antiga. Rio de Janeiro: José Olympio, 1992. VEYNE, P. Os Gregos Conheceram a Democracia?. Diógenes. UNB, 6, 1984, p. 57-82. ———. Como se Escreve a História e Foucault Revoluciona a História. São Paulo: Brasiliense, 1998. VIDAL-NAQUET, P. La Démocratie Grecque Vue d’Ailleurs. Paris: Flammarion, 1990. VLASSOPOULOS, K. Unthinking the Greek Polis. Ancient Greek History beyond Eurocentrism. Cambridge: CUP, 2007a. VLASTOS, G (ed.). Plato, 2 vols. Princeton: UP, 1971. ———. Platonic studies. Princeton: UP, 1981. YACK, B. The Problems of a Political Animal. Community, Justice and Conflict in Aristotelian Political Thought. Berkeley, Los Angeles and London, 1993. Qual a importância da pólis para o nascimento da filosofia?Polis Grega: Filosofia
Uma vez que a polis representava um dos modelos de organização social, política e econômica do mundo grego, ela foi essencial para o desenvolvimento da sociedade bem como do pensamento humano, mediados pelos processos de socialização que ocorriam entre os cidadãos nos locais públicos.
O que é pólis para a filosofia?O que significa Pólis:
Pólis significa cidade-estado. Na Grécia Antiga, a pólis era um pequeno território localizado geograficamente no ponto mais alto da região, e cujas características eram equivalentes a uma cidade. O surgimento da pólis foi um dos mais importantes aspectos no desenvolvimento da civilização grega.
Qual é o conceito de pólis?A pólis (πόλις) — plural: poleis (πόλεις) — era o modelo das antigas cidades gregas, desde o final do período homérico, período arcaico até o período clássico, vindo a perder importância a partir do domínio romano. Devido às suas características, o termo pode ser usado como sinônimo de cidade-Estado.
Qual é a relação entre a formação da pólis Grécia é o surgimento da filosofia?As polis gregas entre si eram independes, cada uma tinhas suas leis, por ser bem estruturada,e por ser abeta a novos conhecimentos surgi a filosofia, sendo ela filha da Grécia, essa aberta politica que permitiu que ela se desenvolve na Grécia e expandisse em outras regiões.
|