A construção de Brasília completou 60 anos neste ano e foi colocada em prática durante o governo de Juscelino Kubitschek como um dos objetivos do Plano de Metas cujo slogan ’50 anos em 5′ tinha o intuito de ampliar a economia, o transporte, a infraestrutura, a indústria de base e a educação.
Segundo o professor de História Luís Fernando, a mudança da capital foi motivada pela “necessidade de interação regional do Brasil contribuindo para o desenvolvimento econômico de diversas regiões do Brasil, bem como a defesa militar da capital.”
O professor também lembra que o projeto de transferência da capital do Brasil para o Centro-Oeste foi uma proposta de José Bonifácio de Andrada e Silva (Patrono da Independência) em 1821. Entretanto, a ideia de uma nova capital foi retomada apenas na Constituição de 1891:
“Art 3º – Fica pertencendo à União, no planalto central da República, uma zona de 14.400 quilômetros quadrados, que será oportunamente demarcada para nela estabeIecer-se a futura Capital federal.”
Todavia, o projeto não foi para frente neste período e nem na Era Vargas (1930-1945). “Foi retomado com o presidente JK que governou o Brasil de 1956 a 1961 na chamada República Liberal Populista”, explica Luís.
Veja aquio documentário “Brasília: projeto capital”
Desde 1763, a capital do Brasil era no Rio de Janeiro e, em 1956, JK deu início ao projeto de transferir definitivamente a capital para o interior do país. Ele criou a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e concedeu a direção ao Israel Pinheiro e o cargo de diretor de Departamento de Urbanismo e Arquitetura para Oscar Niemeyer.
A Novacap lançou um concurso para escolher projetos brasileiros que tivessem algo relacionado com modernismo, inovação e progresso. O plano piloto vencedor foi de Lúcio Costa que projetou toda a cidade de Brasília e inaugurou o palco da política nacional em 21/04/1960.
A arquitetura de Niemeyer foi bastante influenciada pela onda do modernismo, por isso Brasília foi construída com a função de habitar, trabalhar, cultivar corpo e espírito e circular.
Consequência da construção de Brasília:
De acordo com o professor Álvaro de Geografia, a construção influenciou fortemente os fluxos migratórios e a desconcentração econômica.
“Houve um deslocamento de pessoas não só na construção de Brasília, mas na pós-construção, porque a economia foi integrada. Então, a transformação da cidade na capital federal fez com que ocorresse uma integração econômica que antigamente não havia, a integração Sudeste com o Centro-Oeste ou mesmo Nordeste com o Centro-Oeste. E a própria capital sendo transferida para lá acabou atraindo investimentos estrangeiros por conta de ser a capital federal”, detalha Álvaro.
Segundo o professor Marco Aurélio de História do Explica Mais, algumas das consequências estão relacionados com altos gastos do governo e prejuízos para Rio de Janeiro que também perdeu influência na política nacional. Além disso, ele destaca a importância da construção de Brasília como obra de arte.
“Tanto nos traços do Oscar Niemeyer como também na própria execução e idealização do Lúcio Costa pra poder criar o plano piloto, ela acaba sendo muito simbólica. Uma área muito importante pro Brasil com uma lógica de construção muito importante que é pra humanidade”, esclarece Marco.
Galeria de fotos que remetem ao período de construção de Brasília:
Como esse tema pode ser cobrado no Enem e vestibulares:
Segundo o professor Luís Fernando Colombo de Geografia do Explica Mais, o tema pode ser abordado em relação ao processo de desenvolvimento socioeconômico do Brasil, um dos marcos mais importantes do governo de JK e os motivos que o levaram a mudar a capital para o interior. Além disso, a questão ambiental também pode ser cobrada:
“Relacionado ao Centro-Oeste, a região do Cerrado, à Brasília estar localizada entre as três maiores bacias hidrográficas do Brasil”, indica o professor.
Professor Marco Aurélio orienta que o tema pode ser tratado “no contexto de falar das principais capitais que o Brasil teve, desde Salvador, que foi a primeira capital, e vai na verdade mudar da mineração que vai passar para o Rio de Janeiro e depois Brasília”.
Outro assunto que Marco assinala são questões relacionadas à arte como o movimento modernista que influenciou na arquitetura de Oscar Niemeyer e, consequentemente, na construção de Brasília.
Além disso, o professor de história Luís também destaca outros pontos que podem ser abordados como as críticas sobre a transferência da capital para o interior do país.
“Corrupção, obra superfaturada, muitas mortes dos trabalhadores, abandono dos trabalhadores após o fim das obras e o isolamento dos políticos que, distantes da população, sentiram a pressão sobre eles reduzida”, explica Luís.
Atualidades sobre Brasília
É a terceira cidade mais populosa do Brasil e possui a maior renda per capita do país em relação às capitais do país. Além disso, abriga 127 embaixadas estrangeiras.
Em Brasília, há a praça dos três poderes do Brasil, na imagem abaixo é possível ver à esquerda o Supremo Tribunal Federal (poder Judiciário), no centro fica o Congresso Nacional (poder Legislativo) e à direita o Palácio do Planalto (poder Executivo).
Segundo o professor Luís Fernando Colombo, os problemas de desigualdade social perduram até hoje.
“Brasília é uma cidade com alto custo de vida e a população pobre que trabalha em Brasília, em sua grande maioria, mora nas cidades-satélites. Então, são ali mais de onze ou doze cidades-satélites que fazem parte do Distrito Federal com graves problemas sociais, violência, desigualdade e falta de saneamento básico. A cidades-satélites são quase grandes periferias da cidade de Brasília”, explica Luís.
O professor Álvaro também comenta sobre as cidades-satélites: “É considerado um dos bolsões de pobreza do Brasil. Quer dizer, olha a incoerência, bem do lado da capital federal, bem de baixo dos olhos do Governo Federal com um certo abandono de investimentos em urbanização.”
Leia mais:
Fases da vacina: entenda o processo de desenvolvimento
Petróleo Brasileiro: como esse assunto é cobrado no Enem?
Queimadas no Pantanal: como o assunto pode ser abordado nos vestibulares