Qual a história de João de Deus?

Qual a história de João de Deus?

João de Deus do Nascimento” retrata um dos principais líderes da Conjuração Baiana no óleo sobre tela de Dalton Paula – Museu de Arte de São Paulo (MASP)

  • Brasil
  • Capitania da Bahia de Todos os Santos (1534 – 1821)

Biografia

João de Deus, nascido na Vila da Cachoeira em torno de 1771, foi um dos principais protagonistas da Inconfidência Baiana. Casado, era pai de cinco filhos e tinha somente 27 anos quando foi preso pela participação na rebelião. Era um homem pardo, filho da parda forra Francisca Maria da Conceição e de José de Araújo, homem branco.

Ao ser preso, João de Deus negou qualquer envolvimento com o planejamento de uma revolta, apesar de testemunhas afirmarem que ele foi encontrado com uma porção de pólvora e um papel de regulamento de soldos para tropa militar. No ato de sua prisão, testemunhas o descreveram como insolente e atrevido, capaz de atuar em uma conjuração.

Apesar de inicialmente ter negado envolvimento com a revolta, no final do interrogatório João de Deus admitiu ter feito parte da mesma. Sua prisão ocorreu em 26 de agosto de 1798, ele permaneceu preso durante um ano até o dia de sua execução. Foi o último a morrer dos quatro líderes da rebelião, executado no dia 8 de setembro de 1799 na Praça da Piedade, onde foi enforcado e esquartejado, tendo seus restos mortais espalhados pelas ruas da Cidade da Bahia.
(Bibliografia)

TAVARES, Luís Henrique Dias. História da Sedição Intentada na Bahia em 1798: a conspiração dos alfaiates. Pioneira Editora, 1975.

CERQUEIRA, Flávio Márcio. Um brinde à Bela Liberdade.  Disponível em: <https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/?temas=um-brinde-a-bela-liberdade> Acesso em: 8 de junho de 2022.

A relação da sociedade com a fé se baseia na confiança, na cura, na recuperação, nos sonhos e nas realizações. A cidade de Abadiânia era movida pela fé em uma das figuras mais controversas do lugar: João Teixeira de Faria ou João de Deus. O nome foi vendido para o mundo e conquistou milhares de fiéis que faziam peregrinações diárias, mensais ou anuais para a Casa Dom Inácio de Loyola, localizada em Abadiânia, cidade do município de Goiás. O médium realizava na Casa diversos atendimentos espirituais e suas polêmicas cirurgias de “cura” sem nenhum aparato médico convencional. A fama, no entanto, encobria diversas denúncias de abusos sexuais em mulheres que frequentavam a rotina da instituição e que colocaram sua fé à prova após os acontecimentos.

No dia 7 de dezembro de 2018, o programa Conversa com o Bial apresentou uma série de denúncias e relatos de abusos sexuais sofridos a portas fechadas por uma série de mulheres que o procuraram em busca de ajuda espiritual. O programa desencadeou uma série de investigações, mais de 500 denúncias contra o então curador, sua prisão e condenação por abuso sexual, estupro, fraude e porte ilegal de armas de fogo. Começava a se desenrolar a queda de João de Deus que foi acompanhada pelo jornalista Chico Felitti e resultou no livro A Casa: A História da Seita de João de Deus, publicado pela editora Todavia.

Abadiânia era um dos maiores polos turísticos da fé do Brasil, a cidade que segundos relatos poderia ser dividida em duas, ou seja, de um lado a BR-060 era caracterizada pela pobreza e forte presença da Igreja Católica e do outro, onde funcionava a Casa era rica e badalada, apelidada pelos frequentadores de Lindo Horizonte. Tudo ali era movido pelo funcionamento da Casa. Era uma cidade que colhia os benefícios, mas tinha medo de relatar o que acontecia entre as quatro paredes. O líder espiritual era uma figura de respeito e o medo vinha da sua influência no meio político, judicial e sua boa reputação com os principais veículos de imprensa que o ajudaram a vender a sua imagem.

“As pessoas daqui são todas cúmplices, a cidade toda. As pessoas que trabalhavam lá sabiam, mas fingiam não saber”, revelou a guia turística Amy Biank durante o programa Conversa com Bial. Havia um sistema que definia as escolhidas, as falas padronizadas para convencer que o abuso fazia parte do tratamento e a pressão psicológica para que as vítimas não contassem a ninguém o que acontecia ali. “Eu não estava sendo curada, eu estava sendo abusada”, afirma uma das vítimas que não quis se identificar. Trechos das denúncias contra João de Deus também relatam:

“Com o fito de satisfazer sua lascívia, o denunciado acariciou os seios, barriga, nádegas e virilha da vítima. Não satisfeito, o denunciado segurou a mão da vítima, por cima da roupa, sobre seu órgão genital e começou a movimentá-la para cima e para baixo em movimentos constantes, enquanto afirmava que ela estava recebendo ‘o espírito’ e que iria ser curada.”

Ele dizia que quando era João, e não uma entidade, era um homem e, segundo ele, um homem tem suas necessidades. O que João de Deus chama de necessidade, as vítimas reconhecem como abuso sexual que deixou sequelas severas em suas vidas. O processo para reconhecer a violência sexual foi duro e cruel e colocou a prova uma de suas maiores crenças, a fé.

Segundo o artigo 7º da Lei nº 11.340/2006 são caracterizados como formas de violência contra a mulher: a física entendida como qualquer conduta que ofenda a sua integridade ou saúde corporal; a psicológica, que pode causar algum dano emocional e diminuição de autoestima; e a sexual, quando há manutenção ou participação de relação sexual não desejada mediante ameaça ou coesão. Contra o médium 13 denúncias foram feitas e mais de 300 mulheres prestaram depoimento para o Ministério Público e para a Polícia Federal relatando casos de estupros ocorridos entre os anos de 1973 a 2018, ano em que a seita começou a ser investigada.

A espiral do silêncio que movia as constantes denúncias eram amparadas por uma série de dúvidas: “Como não gostar de João de Deus?” “Porque você está vindo com essa história se ele está curando um monte de pessoas?” Não é incomum ouvir frases como está quando se trata de denúncia de violência contra a mulher. Não somos culpadas e sim vítimas de uma sociedade altamente machista e patriarcal. Não estamos falando de cura e sim de abuso.

A construção do reino de João de Deus foi marcada pela legitimação de sua figura na mídia, do contato direito com celebridades ao redor do globo e sob uma cidade que dependia exclusivamente do movimento de fiéis. Hoje, vive os efeitos econômicos causados pela ascensão e queda da Casa em Abadiânia.

O combate a violência contra a mulher é responsabilidade de todos. Denuncie, ligue 180.


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São João de Deus história?

João Cidade Duarte nasceu no dia 08 de março de 1495 em Montemor-o-novo, perto de Évora, Portugal. Seu pai era vendedor de frutas na rua. Da sua infancia sabemos apenas que, João, aos oito ou fugiu ou foi raptado por um viajante, que se hospedou em sua casa.

Como explicar João de Deus?

Dizia curar doentes e desenganados graças a espíritos de pessoas falecidas que tomavam o controle do seu corpo, faziam-no entrar em transe e canalizavam através dele suas energias em intervenções que praticava perante centenas de testemunhas com tesouras ou facas de cozinha.

O que foi feito de João de Deus?

Goiânia – A história de vida de João Teixeira de Faria, o João de Deus, tem sido alvo de investigações aprofundadas e análises documentais, desde que o escândalo, envolvendo mais de 320 mulheres vítimas de abusos sexuais e estupros cometidos por ele, veio à tona em dezembro de 2018.

O que diz o Espiritismo sobre João de Deus?

"João de Deus não é espírita". Em uma nota pública, a FEB afirma que "o Espiritismo orienta que o serviço espiritual não deve ocorrer isoladamente, apenas com a presença do médium e da pessoa assistida. Não recomenda, portanto, a atividade de médiuns que atuem em trabalho individual, por conta própria.