Quais unidades da federação apresentaram as menores rendas?

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Os rendimentos habituais reais médios apresentaram uma queda de 5,1% no segundo trimestre de 2022 em comparação com o mesmo trimestre de 2021, sendo o quinto trimestre consecutivo de queda interanual na renda(uma queda menos acentuada que a do trimestre anterior, 8,7%). Apesar de parte desse movimento descendente ser apenas o inverso do observado ao longo de 2020, quando os rendimentos habituais apresentaram um crescimento acelerado, a renda habitual encontra-se abaixo dos níveis observados antes da pandemia. A renda média habitual real de R$ 2.652 do segundo trimestre de 2022. Estimativas mensais mostram que o rendimento médio real em junho (R$ 2641) foi igual ao observado no mês anterior, porém 1,5% maior ao observado em março (R$2601).  Em relação à renda efetiva, ela caiu 4% na comparação interanual, aproximando-se ainda mais da queda da renda habitual. E na comparação com o segundo trimestre de 2019, a renda efetiva caiu 4,4%.

Por grupos demográficos, as maiores quedas na renda na comparação com o mesmo período do ano passado foram registradas no Sudeste e Sul, entre os trabalhadores mais velhos e com ensino superior. Trabalhadores do Norte, não chefes de família, entre 25 e 39 anos e com ensino fundamental foram os que não apresentaram quedas na renda habitual no segundo trimestre de 2022. Estes mesmos grupos foram os que apresentaram aumento da renda efetiva.

Todavia, analisando por tipo de vínculo, revela-se que o pior impacto da queda nos rendimentos no segundo trimestre de 2022 foi encontrado nos trabalhadores do setor público, com quedas da renda habitual e efetiva de 9,8%. Os trabalhadores do setor privado, que no trimestre anterior haviam apresentado uma melhora na margem, apresentaram uma queda da renda no segundo trimestre de 2022 (cerca de 4,5%). Por sua vez, foram os trabalhadores informais os que apresentaram um aumento da renda efetiva, com acréscimo de 6% para os trabalhadores por conta-própria e de 1,5% para os sem carteira. Isso se reflete no comportamento da renda por setor de atividade. Setores mais informais, e que foram mais atingidos pela pandemia, são os que agora mostram algum crescimento da renda (transporte, construção, serviços pessoais e coletivos e alojamento e alimentação). Enquanto que setores mais formais, como administração púbica, educação e saúde, indústria e serviços profissionais, continuam apresentando uma queda da renda habitual ou efetiva.

A queda maior da renda entre os servidores públicos em parte se reflete na maior queda dos rendimentos dos domicílios de renda mais alta e explica parte da queda da desigualdade de renda captada pelo índice de Gini nos últimos trimestres. Após o pico de desigualdade causado pela pandemia, o índice se reduziu continuamente em 2021. Contudo, no segundo trimestre de 2022, houve uma reversão dessa tendência de queda, tendo o Gini subido para 0,515 para a renda domiciliar do trabalho e 0,489 para a renda individual.

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No início da segunda década do século 21, o Brasil revela a existência de três dinâmicas econômicas distintas no interior do conjunto das 27 unidades da federação. O comportamento diferenciado no desempenho econômico não coincide, por sua vez, com o comportamento da desigualdade na distribuição da renda.

O bloco dos estados da federação com maior expansão econômica, cujo crescimento da renda por habitante foi superior a 3,6%, em média, nos anos de 2010 e 2013, responde apenas por ¼ do total da população brasileira e menos de 15% do valor do Produto Interno Bruto do país.

Apenas sete estados fazem parte do grupo de melhor desempenho econômico, como no caso do Amapá, Pernambuco, Paraná, Mato Grosso, Pará, Maranhão e Mato Grosso do Sul. Destes, apenas Amapá, Pernambuco, Paraná e Mato Grosso registraram queda no índice Gini da desigualdade de renda acima de -1,6% ao ano, ao contrário do Pará, Maranhão e Mato Grosso do Sul que combinaram crescimento maior da economia com baixa diminuição na desigualdade de renda.

No bloco dos estados com crescimento econômico intermediário, cuja expansão da renda por habitante variou de 2010 a 2013 como média anual entre 1,3 e 3,1%, encontra-se a parcela de 43,2% da população brasileira que representa 39,2% do Produto Interno Bruto nacional. Ao todo são 12 estados (Acre, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Santa Catarina, Goiás, Tocantins, Rio de Janeiro, Ceará, Minas gerais e Rio Grande do Sul) com crescimento econômico intermediário no país.

Destes estados, somente sete (Acre, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Santa Catarina e Goiás) conseguiram aliar crescimento econômico intermediário com queda mais acentuada no grau de desigualdade na distribuição da renda. Isto é, queda no índice Gini de desigualdade da renda variando entre -1,7% e -2,6% ao ano, em média entre 2010 e 2013.

Os estados de Tocantins e Rio de Janeiro registram queda no grau de desigualdade da renda quase insignificante -0,3 e -0,6% como média no período de tempo considerado, respectivamente. Ceará, Minas gerais e Rio Grande do Sul permaneceram em situação intermediária entre os dois extremos de desempenho da distribuição de renda.

Por fim, no terceiro bloco de estados da federação que concentra 36,1% da população e 46,3% do total do Produto Interno Bruto constatou-se o pior desempenho econômico. Para os oito estados situados nesta condição (Sergipe, Amazonas, Roraima, Bahia, São Paulo, Rondônia e Espírito Santo), apenas quatro conseguiram apresentar crescimento positivo da renda por habitante entre os anos de 2010 e 2013 (Sergipe, Amazonas, Roraima e Espirito Santo), uma vez que Rondônia, Distrito Federal e Bahia decresceram o PIB per capita e São Paulo manteve estagnada a renda por habitante no período considerado.

Ainda para este conjunto de estados com piro desempenho econômico, identificou-se comportamento diferenciado em relação à desigualdade na distribuição de renda. Somente Sergipe registrou queda acentuada no índice de Gini no período analisado.

Na sequência, três estados (Rondônia, Distrito Federal e Espírito Santo) tiveram queda intermediária no grau de desigualdade de renda. Dos quatro estados restantes (São Paulo, Bahia, Roraima e Amazonas), destacam-se São Paulo e Amazonas que tiveram aumentos no índice de desigualdade de renda entre os anos de 2010 e 2013.

Em síntese, percebe-se que enquanto o conjunto do Brasil elevou a renda per capita em 2,3% em média ao ano e reduziu o grau de desigualdade na repartição da renda no período de 2010 e 2013 em 1% com média anual, os estados da federação apresentaram desempenhos muito distintos entre si. Essas diferenças no comportamento econômico e na repartição da renda sugerem a adoção de políticas governamentais nos estados da federação que podem justificar resultados mais favoráveis do que outros.

Professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, ambos da Universidade Estadual de Campinas.

Quais as unidades de federação que apresentam as maiores rendas médias mensais?

As maiores rendas (acima de 1000 reais) ocorrem no Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e Rio Grande de Sul.

Em qual unidade federativa a desigualdade e menor?

RIO - Santa Catarina é o estado onde a desigualdade de renda entre as famílias é a menor no país, dentre as 27 unidades da federação, de acordo com o mais recente Índice de Gini do rendimento domiciliar per capita, calculado pelo IBGE e divulgado nesta quarta-feira.

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