Quais têm sido os impactos para o agronegócio do conflito entre Ucrânia e Rússia?

O agronegócio brasileiro já sofre diretamente os impactos causados pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Diversas frentes do setor já começaram a sentir os efeitos da tensão entre os dois países.

Bolsas ao redor do mundo sentem o impacto financeiro, assim como os EUA que enfrentam a sua maior inflação nos últimos 40 anos e se veem obrigados a aumentar sua taxa de juros para 1% ao ano. 

De acordo com o Ministério da Agricultura do Brasil, a Rússia foi o 13º principal destino das exportações brasileiras no setor do agronegócio durante os dois primeiros meses de 2021, somando cerca de US$ 365,09 milhões, um aumento de 210,5% em comparação com o mesmo período em 2021. 

Dentro desse contexto, de que forma a guerra na Ucrânia ainda pode afetar o agronegócio brasileiro? Confira.

Aumento no valor dos fertilizantes: Rússia é o maior fornecedor para o agronegócio brasileiro

O Brasil tem grande produção de grãos e se destaca com um dos maiores exportadores do mundo no setor do agronegócio, contudo, mesmo com esse patamar de reconhecimento ainda precisa importar fertilizantes para desenvolver a sua produção.

A Rússia alegou dificuldades para exportar fertilizantes mediante as sanções sofridas em meio a guerra, sendo assim, mesmo com o cenário atual o Brasil segue realizando a compra dos insumos.

Em vista disso, o Brasil importou 685 mil toneladas de fertilizantes russos ao preço de US$ 455 milhões em março de 2022. Ao realizarmos um comparativo com o mesmo período do ano passado, o montante foi de 603 mil toneladas ao preço de US$ 154,3 milhões.

O conflito entre Rússia e Ucrânia não parece perto do fim, dessa forma, torna-se complicado realizar algumas projeções das importações de produtos russos para os próximos meses, sendo necessário acompanhar de perto o cenário político internacional.

Ucrânia é o terceiro maior produtor de milho do mundo: guerra pode aumentar custo das rações

A Ucrânia não faz parte do grupo de grandes fornecedores para o agronegócio brasileiro e nem mesmo aparece entre os principais clientes, porém, mesmo que indiretamente o embate com a Rússia pode impactar o Brasil.

Caso a Ucrânia seja obrigada a diminuir sua produção de milho, os preços devem sofrer variações, provavelmente uma alta nos valores. Contudo, mesmo que os produtores de milho no Brasil possam ser beneficiados com o valor da venda, eles seriam obrigados a subir o preço das rações, por exemplo.

Nesse caso, com o maior custo para comprar alimento industrializado, isso se refletiria em outros segmentos do agronegócio, como por exemplo no aumento do preço das carnes, gerando assim um efeito dominó. 

Guerra tem impacto no aumento no preço dos combustíveis

O Brasil é um grande produtor de petróleo, mas ainda assim não é auto suficiente para sua demanda interna. Sendo assim, torna-se importador de petróleo e outros insumos de outros países, como por exemplo o diesel, essencial para o transporte de mercadorias e pessoas.

Por consequência da guerra, existe um aumento nos preços de combustíveis importados refletindo as altas cotações do petróleo em decorrência do conflito entre russos e ucranianos.

A Rússia é um dos maiores fornecedores de petróleo do mundo, mas por consequência das sanções internacionais, existe maior escassez do produto, gerando uma corrida dos países para repor seu abastecimento, aumentando assim a oferta e demanda. 

Dessa forma, para se proteger da alta dos preços, torna-se indispensável realizar a gestão do seu combustível de forma inteligente, principalmente quem depende de abastecimentos regulares para produção dentro do setor de agronegócios.

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Mais do que nunca, ter uma boa gestão de abastecimento da sua frota de veículos para o agronegócio torna-se importante.

Devido às altas dos preços do combustível, ter o controle de cada litro e avaliar o consumo faz a diferença no orçamento das empresas. 

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A guerra na Europa atingiu “em cheio” a agricultura mundial. Durante quase todo o primeiro semestre de 2022, as cotações globais das commodities sofreram oscilações bruscas devido aos impactos diretos e indiretos da alta de fertilizantes e de grãos. Nesse contexto, o Brasil tem sido afetado, sobretudo, pela dependência dos insumos.

Quando a Rússia iniciou o conflito, a Ucrânia estava em pleno início de plantio da safra de culturas importantes, como trigo-sarraceno, milho, milheto, aveia e cevada. Uma grande parte das plantações está localizada no Sul e no Leste do País, que são áreas de intenso conflito e, inclusive, sofrem bombardeios em portos, silos, máquinas e lavouras.

A safra de verão ucraniana começaria a ser colhida a partir de julho, e isso significa que, mesmo a guerra chegando ao fim (embora não haja previsão), o mercado global de commodities deverá sofrer mais pressão pela alta dos cereais, uma vez que as alternativas de produção não conseguem suprir o déficit gerado pelo conflito.

Impactos na agricultura da Ucrânia e da Rússia

Em 2021, a Rússia e a Ucrânia ficaram entre os três maiores exportadores globais de trigo, milho, semente e óleo de girassol. No mercado global de insumos, os russos se destacaram pela exportação de fertilizantes, sendo o maior fornecedor de nitrogenados, vice-líder em potássio e terceiro maior exportador de fosfatados.

Como resultado do conflito, entre 20% e 30% das áreas semeadas com culturas de inverno na Ucrânia permanecerão sem colheita na safra 2022/23, segundo avaliação do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha). Mas mesmo que consigam produzir e colher, os ucranianos enfrentarão dificuldades logísticas para comercializar.

No caso da Rússia, não há indícios de uma grande interrupção das lavouras, mas as sanções internacionais trouxeram um impacto significativo nas exportações de todos os produtos russos. Isso diminui a atratividade das culturas para os agricultores e pode afetar a decisão sobre futuros plantios.

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Alternativas de produção de trigo

A partir do início da guerra, a cotação das commodities alcançou um patamar recorde desde 2008, quando houve uma crise financeira mundial, sendo o trigo a commodity mais afetada. Em 2021, russos e ucranianos produziam mais de 110 milhões de toneladas por ano e respondiam por 30% das exportações mundiais.

Mesmo importando a maior parte do grão da Argentina e de outros países no continente americano, a indústria brasileira sentiu o baque do conflito. No início da guerra, em março de 2022, os preços internacionais do trigo subiram 76% acima da média de fevereiro, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O plantio do cereal está ganhando espaço na agricultura brasileira com a expansão para novas áreas proporcionadas pela tropicalização da cultura. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estuda também a possibilidade de uso de sementes modificadas geneticamente para resistir ao estresse hídrico.

Em dez anos, o Brasil pode se tornar autossuficiente em trigo, acreditam os pesquisadores da Embrapa. Atualmente, o País é altamente dependente do mercado externo, importando quase metade dos 13 milhões de toneladas consumidos domesticamente.

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Fonte: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Farm Bureau, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

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