A teoria clássica da administração, também denominada corrente Fayolista em honra do seu criador Jules Henri Fayol (1841-1925), Figura 10, distinguiu-se pela sua abordagem sistêmica. Os seus estudos contemplam todas as áreas da organização, uma vez que se faz imprescindível para Fayol a empresa vender, produzir, financiar e segurar os ativos. Em suma, a organização e os seus componentes eram vistos como um grande sistema interdependente, como clientes internos.
Figura 10 - Jules Henri Fayol
Fonte: Maestrovirtuale (2020b).
Dos teóricos da administração, foi o primeiro a identificar a administração como um processo contínuo de avaliação. Ele se concentrava na estrutura e nas funções que uma organização deve ter para alcançar a eficiência.
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De acordo com Münch (2010), Henri Fayol inicia a escola do processo administrativo, também conhecida como teoria clássica. Postula que a administração é feita por meio de várias fases. Com o passar do tempo e a contribuição de vários autores, a Teoria Clássica deu origem à Escola Eclética, que compreende uma conjunção de ideias de correntes para a aplicação da administração.
De acordo com Rodriguez (2006): “Fayol é o autor mais reconhecido no campo da administração mundial. Seu trabalho foi regido principalmente nas regras universais que regem a administração de empresas”. O pensamento de Fayol, divulgado por meio dos seus livros, conferências e por membros da academia, como por exemplo o do Centro de Estudos Administrativos em Paris, é conhecido mundialmente como Fayolismo, constituído por princípios de gestão e processos administrativos, produtivos, comerciais e financeiros.
Tal como Taylor, Fayol considerou necessário introduzir o método científico na gestão das organizações, ou seja, observando, registrando, classificando e interpretando os fatos de maneira a conseguir regras gerais que permitiam o prognóstico das situações para as prever antes que elas acontecessem. Fayol observou que “o empirismo tem reinado na administração dos negócios. Cada gestor (gerente ou diretor) governa ou dirige à sua maneira, sem se preocupar com a existência de leis que regulem a boa gestão” (RODRIGUEZ, 2006).
Na administração, Fayol atribuiu as suas realizações à aplicação consistente e sistemática de uma série de princípios simples, eficazes e universalmente aplicáveis que a experiência humana, ao longo dos séculos, tinha alcançado e que ele tinha sintetizado e adaptado cientificamente. Abriu, assim, claramente, o caminho para uma escola inteira entre os pensamentos confusos sobre a natureza da gestão da alta gerência. A Figura 11 elenca as principais contribuições de Fayol para a administração.
Figura 11 - Principais contribuições de Henri Fayol
Processos
Fayol organizou a gestão administrativa, enquanto Taylor deu ordem as tarefas e os seus processos. Coloquialmente falando, o primeiro organizou a cabeça, enquanto o segundo organizou os pés e as mãos. Estes autores, como todos os teóricos da administração que vamos ver, são complementares, não excludentes (RODRIGUEZ, 2006).
De acordo com Marco e Loguzzo (2016), a principal obra de Fayol é a Administration Industrielle Et Generale (Administração Industrial e Geral, Figura 12) publicada em 1916. Dela, parte a afirmação de que, o conjunto de funções realizadas por cada empresa pode ser dividido em seis grupos:
Figura 12 - Administration Industrielle Et Generale
Fonte: Google Imagens (2020).
a. Técnicas: relacionadas com a produção de bens ou serviços;
b. Comerciais: relacionadas com a compra, venda e troca;
c. Financeiras: relacionadas com a procura e administração do capital;
d. Segurança: relacionadas com a proteção e preservação de bens e pessoas;
e. Contabilísticas: relacionadas com registos, inventários, balanços, análise de custos e estatísticas;
f. Administrativas: relacionadas com a integração das outras cinco funções. As funções administrativas coordenam e sincronizam as outras funções da empresa, e estão sempre localizadas em um nível hierárquico superior a elas.
De acordo com Silva (2008), “as funções da administração são aquelas atividades básicas que devem ser desempenhadas por administradores para alcançar os resultados determinados e/ou esperados pelas organizações”. Essas funções constituem o processo administrativo e estão descritas no Quadro 3.
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Quadro 3 - Funções da Administração
PLANEJAMENTO Determinação de objetivos e metas poro o desempenho organizacional futuro e decisão dos tarefas e recursos utilizados poro alcance desses objetivos.
ORGANIZAÇÃO Processo de designação de tarefas, de agrupamento de tarefas em departamentos e de alocação de recursos paro os departamentos.
DIREÇÃO Influencia para que outras pessoas realizem suas tarefas de modo o alcançar os objetivos estabelecidos, envolvendo energização, ativação e persuasão dessas pessoas.
CONTROLE Função que se encarrega de comparar o desempenho atual com os padrões predeterminados, isto é, com o planejado.
Fonte: Silva (2008).
Na perspectiva de Chiavenato (2014), “Fayol define o ato de administrar como: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. As funções administrativas envolvem os elementos da administração”, isto é, as funções do administrador denominado de POCCC:
a. Prever: visualizar o futuro e traçar o programa de ação.
b. Organizar: constituir o duplo organismo material e social da empresa.
c. Comandar: dirigir e orientar o pessoal.
d. Coordenar: ligar, unir, harmonizar todos os atos e esforços coletivos.
e. Controlar: verificar que tudo ocorra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas.
Segundo Maximiano (2000), Fayol completa sua teoria com a proposição de 14 princípios que devem ser seguidos para que a administração seja eficaz:
1. Divisão de trabalho, a designação de tarefas específicas para cada indivíduo, resultando na especialização das funções e separação dos poderes;
2. Autoridade e responsabilidade, sendo a primeira o direito de mandar e o poder de se fazer obedecer, e a segunda, a sanção - recompensa ou penalidade - que acompanha o exercício do poder;
3. Disciplina, o respeito aos acordos estabelecidos entre a empresa e seus agentes;
4. Unidade de comando, de forma que cada indivíduo tenha apenas um superior;
5. Unidade de direção, um só chefe e um só programa para um conjunto de operações que visam ao mesmo objetivo;
6. Subordinação do interesse individual ao interesse geral;
7. Remuneração do pessoal, de forma equitativa e com base tanto em fatores externos, quanto internos;
8. Centralização, o equilíbrio entre a concentração de poderes de decisão no chefe, sua capacidade de enfrentar suas responsabilidades e a iniciativa dos subordinados;
9. Cadeia de comando (linha de autoridade), ou hierarquia, a série dos chefes, desde o primeiro, ao último escalão, dando-se aos subordinados de chefes diferentes a autonomia para estabelecer relações diretas (a ponte de Fayol);
10. Ordem, um lugar para cada pessoa e cada pessoa em seu lugar;
11. Equidade, o tratamento das pessoas com benevolência e justiça, não excluindo a energia e o rigor quando necessários;
12. Estabilidade do pessoal, a manutenção das equipes como forma de promover seu desenvolvimento;
13. Iniciativa, que faz aumentar o zelo e a atividade dos agentes;
14. Espírito de equipe.