Quais os principais produtos comercializados entre o Ocidente e Oriente?

Raras e caras, as especiarias eram muito apreciadas na Europa da Idade Média. As seis mais importantes - pimenta, gengibre, canela, cravo, maça e noz-moscada -, vinham de muito longe e davam lucros generosos. Também por isso, os portugueses foram à Índia.

Utilizadas sobretudo para apaladar a comida e para mezinhas terapêuticas, as especiarias conquistaram as mesas senhoriais europeias e da alta burguesia. Porém, mesmo dispostos a pagar fortunas, nem sempre tinham acesso a tais privilégios por apenas chegarem pequeníssimas porções ao mundo ocidental.

Desde os primórdios da independência, Portugal abastecia-se nas galés venezianas e genovesas que desembarcavam em alguns portos as cobiçadas mercadorias, muitas vezes reexportadas.

No século XV, o controlo do comércio das especiarias estava nas mãos dos muçulmanos, nomeadamente da poderosa dinastia Mameluca, com califado sediado no Cairo, que se expandia por vastos territórios, chegando a dominar parte da Arábia e todo o mar Vermelho. Os produtos  orientais vindos da Índia em direção à Europa Ocidental que passavam por este mar, eram pesadamente taxados para garantir a sobrevivência da monarquia egípcia. O negócio era partilhado com os venezianos apesar das bulas papais que proibiam este tipo de relações com os infiéis.

Os muçulmanos eram também os grandes intermediários das especiarias africanas que vinham para a Europa. Mas em quatrocentos, no início dos descobrimentos, os portugueses conquistaram um acesso mais direto ao açúcar de produção marroquina e mediterrânea, bem como à malagueta e à pimenta de rabo (variante da pimenta preta) que traziam de África para os mercados europeus.

No reinado de D. João II, ao mesmo tempo que aumentava o interesse pelas especiarias asiáticas, crescia também a vontade de descobrir uma nova rota  para alcançar a Ásia. Vasco da Gama inaugura o caminho marítimo para a Índia e, a partir da costa do Malabar, os portugueses descobrem e dominam (embora enfrentando ataques constantes) as zonas produtoras da pimenta, da noz-moscada, da canela, da maça, do cravinho e do gengibre.

No primeiro decénio do século XVI, o monopólio das especiarias rende um milhão de cruzados, em dez anos o montante triplica representando um lucro de cerca de 90% para a Coroa portuguesa. O negócio passou mais tarde para segundo plano por causa do açúcar do Brasil. O domínio asiático terminou com a chegada dos ingleses e, sobretudo, dos holandeses às ilhas das especiarias. Em meados de seiscentos, os portugueses perdiam as principais redes comerciais no oceano índico.

O primeiro grupo de territórios explorados compreende a costa marroquina, a Madeira, os Açores, Cabo Verde e a costa africana da Guiné (até ao Equador). O período de maior exploração desta área foi o século XV.

Inicialmente, os marinheiros portugueses demandavam a Madeira e as Canárias - antes da sua descoberta oficial e respetiva colonização - em busca de madeiras e de sangue-de-dragão (resina vermelha extraída do dragoeiro), usada para a tinturaria. Depois da ocupação e colonização efetiva desses territórios, a par dos Açores, na primeira metade do século XV, os principais produtos e riquezas eram, para além do "pão" (trigo), as plantas tintureiras (sangue de dragão, urzela, pastel...), pontualmente a madeira e algum gado.

Depois, na segunda metade do século XV, numa etapa que se prolongará um pouco nos primeiros 50-60 anos do século XVI, a Madeira ganhará relevo como centro produtor de açúcar (e cada vez mais de vinho), introduzido na ilha pelo Infante D. Henrique em torno de 1440-50, produto que gerará grandes lucros para o arquipélago e para a economia nacional. A atestar essa riqueza criada, veja-se a profusão de obras de arte flamengas e italianas na Madeira durante o período do açúcar, encomendas especializadas e de elevado custo.

Entretanto, nesta primeira fase, já alguns produtos provinham da exploração da costa africana. Depois do relativo insucesso da conquista de praças em Marrocos, com o desvio de rotas e a pouca afluência de cereais e de ouro, a costa africana para sul do Bojador ofereceu algumas mais-valias interessantes à economia portuguesa da segunda metade do século XV, em complemento ao trigo e açúcar madeirenses.

Dos Açores, onde o açúcar foi também experimentado, mas com resultados pouco animadores, provinham principalmente gado e cereais, bem como o peixe. Da costa africana, que se animou comercialmente a partir de 1450, provinham essencialmente escravos, que serviam por exemplo os engenhos de açúcar madeirenses e alguns senhores reinóis.

Os primeiros escravos foram canários (Guanches), mas eram difíceis de capturar, como os marroquinos, pelos que os Negros da costa africana se revelaram mais fáceis de obter, visto que existiam várias rotas de escravos controladas por muçulmanos que os vendiam aos Portugueses. Muitos desses escravos eram depois revendidos a bom preço para Castela, Aragão, repúblicas italianas, ficando uma parte em Portugal e na Madeira.

Da costa da Guiné, os portugueses traziam também goma-arábica, gatos de argália (produto medicinal), malagueta, algodão, marfim, para além de papagaios e outros artigos de menor valor. O peixe, as baleias e os lobos-marinhos das Canárias e Madeira eram também procurados pelos Portugueses.

Mas o principal produto foi o ouro, desde 1442, estendendo-se ao longo do século XV, ainda que de forma irregular e num decréscimo na transição para a centúria de Quinhentos. O ouro provinha de Arguim, da África Ocidental, da Serra Leoa e da Mina, e foi sem dúvida, seguido pelos escravos, a base financeira de apoio à continuidade dos Descobrimentos e da construção do Império marítimo português no Atlântico e no Índico.

Depois vieram as especiarias da Índia, a partir de 1500, uma designação genérica de vários produtos que faziam mover nações e provocar guerras, gerar fortunas e edificar impérios, como o Português. Depois das especiarias africanas (malagueta, pimenta vermelha), as asiáticas (gengibre, canela, pimenta, cravinho, noz moscada, maça), provenientes da costa indiana do Malabar e depois de Sumatra, das Comores (costa oriental africana), de Java e das Molucas (ou Spice Islands), pulverizaram todo o comércio europeu de então, dominado por italianos e muçulmanos. 1530 foi o ano das especiarias em Portugal, o apogeu do Império, o culminar do ciclo da pimenta na economia portuguesa e do seu império asiático.

O ouro manteve na Ásia portuguesa a sua importância estratégica, chegando em assinaláveis quantidades de Sumatra, do Monomotapa (Rodésia) e ainda da Mina. Tal como os escravos, mão de obra cada vez mais importante na Madeira, Cabo Verde, S. Tomé e, posteriormente, no Brasil (como se verá adiante), assim como também na Metrópole e em Goa. Às vezes provinham da Guiné e do Congo/Angola mouros do Norte de África.

Os Portugueses traziam ainda do Oriente prata, cobre, pérolas, coral, para além de imaginária, mobiliário, ourivesaria, prataria, laca (Japão), madrepérola, marfim, sândalo (de Timor), entre outras madeiras preciosas (teca, sissó...), seda e outros tecidos preciosos, porcelanas e olaria (da China, por exemplo), couros e peles, almíscar, gado, entre vários produtos exóticos (não esquecer as pedras preciosas), produzidos em várias regiões índicas. Todos estes produtos estavam enquadrados numa rede comercial apoiada em instituições monopolistas de administração e fiscalização da obtenção, transporte e venda dessas riquezas, depois distribuídas por toda a Europa através de feitorias e entrepostos comerciais.

Entretanto, se os lucros do Oriente conheceram a partir de 1530 uma crescente estagnação e até mesmo crises cíclicas cada vez mais frequentes, surgiu um outro território no Império português que se tornaria a verdadeira "joia" do Ultramar entre a segunda metade do século XVI e a sua independência em 1822: falamos do Brasil. Até 1530-50, o seu principal produto e riqueza foi o pau-brasil, a que sucedeu, com o incremento da colonização a partir dos anos 40 de Quinhentos, o açúcar, que destronou o da Madeira nos circuitos comerciais europeus e se revelou de grande valor para a economia da colónia e do País.

A escravatura negra foi um dos suportes essenciais para o sucesso comercial do açúcar brasileiro, como o foi também para outros produtos importantes da colónia: o gado, o tabaco e o algodão, ainda que sem a expressão da cana sacarina. O século XVII foi essencialmente agrícola no Brasil, gerando riqueza e atraindo colonos e aventureiros, muitos à procura do Eldorado de pedras cintilantes e de ouro e prata.

Ouro, porém, só depois de 1699, e em quantidades tais que o Brasil transformou completamente a sua economia, a de Portugal e a do mundo, gerando uma riqueza colossal, que seria depois complementada pelos diamantes, descobertos na terceira década de Setecentos e que trouxeram um influxo ainda maior de riquezas para Portugal e Brasil.

A Índia definhava e o Brasil crescia, mas Portugal pouco mais era do que uma corte rica e faustosa e uma população empobrecida, com um Império para manter. Essencialmente, foram estes os principais produtos e riquezas dos Descobrimentos e Expansão ultramarina de Portugal até ao século XVIII.

Quais os produtos que eram comercializados no Oriente?

Resposta. Resposta: Porcelanas, cravo, sedas, essências, tapetes e alguns específicos como: (pimenta, canela, gengibre, noz moscada, entre outros) e todos eram produtos de luxo.

Quais foram os principais produtos comercializados na época das grandes navegações?

Pimenta do reino, cravo, canela, perfumes, tecidos, gengibre, noz moscada, anis estrelado, algumas espécies de ervas para chás, além de louças, cerâmicas, porcelanas, dentre outros produtos.

Quais eram os principais produtos de luxo do Oriente?

Resposta. Produtos de luxo, sedas, porcelanas, tapetes, essências e principalmente especiarias (pimenta , cravo , canela, noz moscada, gengibre), usadas para conservar os alimentos.

Quais os produtos de luxo consumidos pelos europeus que vinham do Oriente?

2 resposta(s) Especiarias em geral, seda, perfumes, ouro, prata e pedras preciosas.