Quais os principais problemas causados pelo rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho em Minas Gerais?

Três anos após o crime ambiental da Samarco, de propriedade da Vale e da BHP Billiton, mais um desastre envolvendo a mineradora Vale assolou o país, no último dia 25 de janeiro. O rompimento da barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG), deixou, até o momento, 99 mortos e 261 desaparecidos.

A dimensão da catástrofe ainda é inestimável, mas sabe-se que o volume de rejeitos é 50 vezes menor que o da barragem de Fundão, em Mariana -- 1 milhão de m³, contra 50 milhões de m³.

A lama tóxica da Samarco percorreu 663 km até encontrar o mar, no Espírito Santo. A da barragem de Brumadinho, por sua vez, percorreu cerca de 205 km até agora, de acordo com a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), e deve chegar à bacia hidrográfica do rio São Francisco, que abastece 550 municípios do país, atingindo 9,6% da população brasileira.

De acordo com Letícia Oliveira, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a mineradora não tomou as medidas de segurança cabíveis para reparar os danos. “As sirenes [de aviso do rompimento] não tocaram, e alguns dos lugares indicados para as pessoas irem [em caso de rompimento] foram tomados por lama. Em Mariana, as empresas diziam que estava tudo sob controle.”

Até hoje, ninguém foi responsabilizado pela tragédia de Mariana, que deixou 19 mortos. A Samarco, dona da barragem e propriedade da Vale, foi multada em R$ 610 milhões por órgãos ambientais, R$ 346 milhões pelo Ibama, e R$ 370 milhões pela Secretaria do Meio Ambiente de Minas Gerais (Semad). Desse valor, apenas R$ 41 milhões foram pagos.

Após o crime de Mariana, há três anos, a Sinergia repassou os dados dos atingidos para a Fundação Renova, responsável pelas reparações, que não cumpriu o cronograma apresentado às famílias. A Fundação Renova alega que o cronograma inicial, definido pelo Termo de Transação de Ajustamento de Conduta (TTAC), não considerou a complexidade e a extensão do território atingido, e por isso houve atraso nas reparações.

No caso de Brumadinho, a Vale também começa a acumular multas: R$ 250 milhões pelo Ibama, R$ 99 milhões pelo governo de Minas Gerais, R$ 100 milhões pela prefeitura de Brumadinho e R$ 50 milhões pela Prefeitura de Juatuba, pela contaminação do Rio Paraopeba. Os números, no entanto, são baixos em comparação com os rendimentos da Vale. A mineradora fechou o terceiro trimestre de 2018 com lucro líquido de quase R$ 5,8 bilhões.

Para Oliveira, é necessário que os órgãos da União e dos estados estejam capacitados para assistir as famílias atingidas, e que elas sejam protagonistas nos processos de decisão daqui para frente -- e não apenas o Estado e a empresa. “A gente entende que, se as empresas tivessem investido em segurança nesse processo, e não só nos lucros, isso tudo poderia ter sido evitado.”

A integrante do MAB acredita que é necessário mudar os princípios que regem a atividade mineradora, além de investir na retirada das famílias quando houver risco de rompimento de barragens.


(Infográfico: Lucas Milagres)

O número de mortes, decorrentes do rompimento da barragem em Brumadinho, é cinco vezes maior do que em Mariana. A Vale estima que havia mais de 300 empregados no local no momento em que a barragem se rompeu. A Mina Córrego do Feijão tem 613 empregados diretos e 28 terceirizados, que trabalhavam em 3 turnos de 24 horas nos 7 dias da semana.

De acordo com o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e a Agência Nacional de Mineração (ANM), a barragem que se rompeu estava inativa e não recebia rejeitos desde 2015. Por isso, o dano ambiental tende a ser menor que em Mariana.

Cinco engenheiros que atestaram segurança de barragem em Brumadinho foram presos na última terça-feira (25). No caso de Mariana, até hoje, ninguém foi preso ou responsabilizado criminalmente.

Edição: Mauro Ramos


O rompimento da barragem em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, é mais um triste capítulo da história dos desastres ambientais em nosso país. Uma barragem pertencente à mineradora Vale rompeu-se no dia 25 de janeiro de 2019, desencadeando uma onda de lama que destruiu casas, vegetações e matou várias pessoas e animais.

A seguir vamos descobrir um pouco mais a respeito desse terrível desastre.

Leia também: Problemas ambientais brasileiros

Rompimento da barragem de Brumadinho

A barragem que se rompeu em Brumadinho estava, segundo a mineradora Vale, inativa desde 2015, último ano em que recebeu rejeitos provenientes da produção da Mina Córrego do Feijão. Ainda de acordo com a empresa, a barragem era segura e possuía documentos que comprovavam essa condição.

Não se sabe ao certo o motivo que levou ao rompimento da barragem. Por isso, investigações estão sendo realizadas para avaliar o caso. O que se sabe é que, no início da tarde do dia 25 de janeiro, a barragem rompeu-se, liberando 11,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, sem que nenhuma sirene de perigo fosse emitida.

O rompimento aconteceu de forma tão inesperada que não foi possível retirar a população e os funcionários da Vale do local. Dessa forma, dezenas de pessoas morreram e várias casas foram destruídas.

Mortes causadas pelo rompimento da barragem em Brumadinho

Muitas pessoas morreram em decorrência do rompimento da barragem em Brumadinho. Até o dia 01 de fevereiro de 2019, oitavo dia de buscas, haviam sido confirmadas 110 mortes, das quais 71 haviam sido identificadas. Como há ainda 238 pessoas desaparecidas, é possível que o número de mortes aumente.


O corpo de Bombeiros de Minas Gerais trabalha em busca de vítimas do desastre em Brumadinho.
(Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais)

Não podemos deixar de frisar que as mortes não foram apenas de seres humanos, vários animais morreram em consequência dessa tragédia.

→ Impactos ambientais

A grande quantidade de lama liberada com o rompimento da barragem em Brumadinho desencadeou enormes impactos ambientais negativos. Veja a seguir os principais danos ao meio ambiente causados por esse desastre:

  • Fauna e flora: Com o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, uma grande quantidade de lama foi liberada, arrastando a vegetação e matando vários animais. O Instituto Estadual de Florestas divulgou nota em que informa que a área de vegetação impactada representa 147,38 hectares.

  • Solo: A lama liberada com o rompimento da barragem apresenta em sua composição ferro e sílica, que irá alterar a composição original do solo da região. Além disso, quando a lama secar, será formada uma camada dura no solo, como se fosse uma capa. Dessa forma, o desenvolvimento de vegetação e a fertilidade do solo serão prejudicados.


    A grande quantidade de lama liberada em Brumadinho causou grandes impactos ao meio ambiente.
    (Foto: Polícia Militar de Minas Gerais)

  • Água: A lama liberada pelo rompimento da barragem afetou o rio Paraopeba, um dos afluentes do rio São Francisco. Como consequência, animais e plantas aquáticas morreram em decorrência da redução da quantidade de oxigênio na água. Além de causar a morte do rio, a lama torna a água imprópria para consumo humano. Dados iniciais de monitoramento realizados pelo Governo de Minas Gerais informaram que a água apresenta riscos à saúde dos seres humanos e de outros animais.

O que aprendemos com mais essa tragédia?

Tragédias como a que ocorreu em Brumadinho refletem o impacto negativo causado pelas ações do homem ao meio ambiente. O rompimento dessa barragem de rejeitos provavelmente causará impactos que serão sentidos por vários anos, como é observado atualmente em Mariana, que, em 2015, também sofreu com a ruptura de uma barragem.

Leia também: Acidente em Mariana: danos ambientais

Quanto tempo demorará para que o rio Paraopeba recupere-se? Quanto tempo demorará para que a água esteja própria para consumo? Quanto tempo demorará para os peixes retornarem ao local? O solo voltará a ser fértil? Essas são apenas algumas das perguntas que demorarão a ser respondidas. Talvez nossa geração nem obtenha essas respostas.

Diante de tantas dúvidas, temos apenas uma certeza: a necessidade de cuidar do meio ambiente. Com essa terrível experiência, devemos aprender que é necessário fiscalizar e acompanhar os riscos ambientais de todas atividades. Medidas que visam à proteção do meio ambiente e à prevenção de acidentes são fundamentais para evitar que o meio ambiente seja afetado negativamente e que mais mortes ocorram.

Quais foram as consequências de Brumadinho e Mariana?

A tragédia Brumadinho, foi o maior impacto social já registrado na nossa história. Foram quase 300 mortes e muitos corpos ainda não foram encontrados. Além de todas essas vítimas, houve grande perda de casas, pousadas, aldeias indígenas dos índios Pataxós, além do grande impacto ambiental na bacia do Rio Paraopeba.

Quais foram os prejuízos causados pelo rompimento da barragem de Mariana em Minas Gerais?

A barragem que se rompeu em Mariana liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração. A velocidade e a quantidade de rejeitos causaram a destruição de casas e a morte de vários seres vivos. Além disso, formaram uma grande e espessa camada de lama na região.

Quais foram os principais impactos causados pelo rompimento da barragem?

Dentre os impactos sobre o meio físico, pode-se constatar a degradação da qualidade da água, o assoreamento dos cursos d'água, a alteração da vazão dos rios e a degradação da paisagem.

Quais foram os danos causados pelo rompimento da barragem de Brumadinho?

Um dos maiores desastres-crimes ambientais do Brasil completa três anos nesta terça-feira, 25 de janeiro de 2022. O rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho (MG) provocou a morte de 272 pessoas, sendo que seis continuam desaparecidas, e uma série de danos à natureza.

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