REPOSITORIO PUCSP Teses e Dissertações dos Programas de Pós-Graduação da PUC-SP Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais Show Use este identificador para citar ou linkar para este
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Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário. Introdu��o "Fale de sua aldeia e estar� falando do mundo." Leon Tolst�i (1828-1910) A tradi��o do Cruzeiro Quinhentista e a modernidade das ind�strias: assim � Cubat�o Foto: Jo�o Vieira, in jornal A Tribuna, 9/4/1993, caderno especial Cubat�o 44 anos Essa � a hist�ria de um parque industrial, localizado na singela cidade de Cubat�o (SP). Pequena e sinistra aos olhos do viajante do in�cio do s�culo XXI, a cidade tornou-se um exemplo perfeito para entender o s�culo industrial brasileiro. A evolu��o do capitalismo, manifestado em seu desenvolvimento industrial em Cubat�o, apresenta-se como progresso e cat�strofe num mesmo tempo e lugar. A d�cada de cinq�enta do s�culo XX foi um per�odo de grande esperan�a para o pa�s. Observada a dist�ncia, tornou-se a nossa era de ouro. Onde havia chamin�s e fuma�a, havia progresso e emprego, ilus�o e perspectivas de dias melhores. Cubat�o foi apanhada por essa onda de otimismo em rela��o ao futuro, quando, em 1950, foi escolhida como local da maior obra industrial de seu tempo: a refinaria de quarenta e cinco mil barris di�rios (instalada ao lado da Usina Henry Borden de energia el�trica). Em seguida, vieram as ind�strias petroqu�micas transnacionais, a grande sider�rgica estatal e os complexos de fertilizantes nitrogenados e fosfatados. O Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, s�mbolo maior de toda uma d�cada, citava Cubat�o, nominalmente, em cinco setores: energia el�trica (Meta 1); refina��o de petr�leo e petroqu�mica (Meta 5); fertilizantes nitrogenados e fosfatados (Meta 18); e siderurgia (Meta 19). A�o, petr�leo e energia el�trica num mesmo munic�pio e situados numa extens�o de apenas seis quil�metros. Essa combina��o, �nica na hist�ria industrial brasileira, nos levou � seguinte pergunta: por que Cubat�o? O que fazia daquelas terras de serra abaixo, entre o porto mar�timo de Santos e o Planalto Paulista, o local escolhido para sediar a capital da ind�stria de base brasileira? Responder essa pergunta � um dos objetivos desse trabalho, assim como estudar a pr�pria constitui��o e desenvolvimento do P�lo Industrial de Cubat�o ao longo dos �ltimos cinq�enta anos: seu sucesso e seus problemas. Como objetivo secund�rio, o trabalho busca compreender as conseq��ncias sociais e econ�micas que a din�mica da industrializa��o trouxe para o munic�pio. De pequeno povoado no sop� da Serra do Mar, ainda no final dos anos 40, Cubat�o tornou-se, em apenas 26 anos, numa das maiores cidades industriais do Brasil. Para entender a r�pida transforma��o pela qual passou o munic�pio, entretanto, n�o basta analisar o processo de industrializa��o que se desenvolveu a partir de 1950, mas tamb�m saber o que existia nessas terras antes da chegada da grande ind�stria. Para responder nossa pergunta e investigar o desenvolvimento industrial ocorrido em Cubat�o, dividimos o trabalho em quatro cap�tulos. No primeiro, intitulado Ind�strias pioneiras no mundo das bananeiras, tra�amos, a princ�pio, a evolu��o hist�rica da regi�o de Cubat�o, do s�culo XVI ao final do s�culo XIX: recordamos os caminhos constru�dos na Serra do Mar, o Porto Geral do Cubat�o, a barreira fiscal, a constru��o do aterrado entre Santos e Cubat�o e as conseq��ncias do in�cio do funcionamento da Estrada de Ferro S�o Paulo Railway. Em seguida, explicamos os motivos da instala��o e desenvolvimento das ind�strias pertencentes � primeira fase industrial de Cubat�o, as chamadas ind�strias pioneiras, ainda na primeira metade do s�culo XX: Costa Moniz (1912), Companhia de Anilinas e Produtos Qu�micos (1916) e Companhia Santista de Papel (1922). Esses empreendimentos nacionais privados, de grande porte para a �poca, posicionaram essas ind�strias entre as maiores do Estado de S�o Paulo. No entanto, esse crescimento industrial n�o deslocou a principal atividade econ�mica da regi�o, a cultura comercial da banana, que empregava a maioria dos habitantes. Ainda neste cap�tulo, consideramos as motiva��es que envolveram a constru��o da primeira transnacional de Cubat�o, a Usina Henry Borden. Rara foto da �poca da constru��o da Usina Henry Borden Foto cedida por Marcelo T�lamo, sites EFBrasil/811Henschel No segundo cap�tulo, denominado Os gloriosos anos cinq�enta: a implanta��o da Refinaria Presidente Bernardes e a constitui��o do primeiro p�lo petroqu�mico brasileiro, revelamos a disputa travada no centro do poder para trazer a maior refinaria do pa�s, na �poca, para S�o Paulo e n�o para o Rio de Janeiro. Estudamos os motivos que levaram Cubat�o a ser escolhida para sediar a grande refinaria de 45 mil barris, bem como sua implanta��o e evolu��o ao longo dos anos. Em seguida, tratamos da constitui��o do primeiro p�lo petroqu�mico brasileiro, representado pela instala��o de quatro grandes ind�strias transnacionais: Union Carbide, Companhia Brasileira de Estireno, Alba e Copebr�s. A partir desta d�cada, Cubat�o transforma-se numa cidade industrial, e suas planta��es de banana s�o dizimadas. No censo industrial de 1960, realizado pelo IBGE, Cubat�o j� surgia como o quarto munic�pio de maior valor da transforma��o industrial do Estado de S�o Paulo (abaixo de S�o Paulo, Santo Andr� e S�o Bernardo do Campo). Ainda neste cap�tulo, indicamos que a d�cada de 50 tamb�m foi marcada pela ruptura com o tipo de ind�stria existente at� ent�o. As novas empresas que procuraram Cubat�o n�o eram mais as simples ind�strias de bens de consumo, mas, sim, ind�strias produtoras de mat�rias-primas b�sicas para outras ind�strias. Eram as chamadas ind�strias de base, produtoras de bens intermedi�rios, intensivas em capital e de grande escala de produ��o, caracterizadas como din�micas por propiciarem o crescimento de outros ramos industriais. Instala��es da Refinaria Presidente Bernardes, em foto de 1956 Foto de Boris Kauffmann, no Guia Santista (Tourist Guide to Santos) de 1956, Santos/SP J� no terceiro cap�tulo, A primeira sider�rgica mar�tima brasileira e o complexo de fertilizantes de Pia�aguera, discutimos a diversifica��o industrial por que passou Cubat�o ao longo das d�cadas de 60 e 70. Tratamos da implanta��o da sider�rgica Cosipa (de enorme quantidade de capital e trabalho), dos complexos de fertilizantes nitrogenados e fosfatados, da ind�stria do cloro e das chamadas ind�strias sat�lites, vinculadas ao fornecimento de insumos a outras ind�strias. Destaca-se o papel desempenhado pelo capital estatal e transnacional aplicado em Cubat�o, bem como sua superioridade em rela��o ao capital nacional privado, ao mesmo tempo em que analisamos o conjunto industrial como um todo, tendo por base os censos do IBGE e da Prefeitura de Cubat�o. No final do cap�tulo, podemos afirmar que, ao mesmo tempo em que o Brasil atingia o status de pa�s industrial (final dos anos 70), Cubat�o se firmava como um dos maiores parques industriais da Am�rica Latina, estando no Censo Industrial do IBGE, de 1980, classificado na terceira posi��o do Estado de S�o Paulo em valor da produ��o industrial (atr�s apenas de S�o Paulo e S�o Bernardo do Campo). A afirma��o de Jo�o Manuel Cardoso de Mello e Fernando Novais nos d� conta do que representou o per�odo em que Cubat�o se industrializou: "Os mais velhos lembram-se muito bem, mas os mais mo�os podem acreditar: entre 1950 e 1979, a sensa��o dos brasileiros, ou de grande parte dos brasileiros, era a de que faltava dar uns poucos passos para finalmente nos tornarmos uma na��o moderna" (Mello & Novais, 1998:560). Neste in�cio do s�culo XXI, percebemos que a modernidade atingiu apenas um segmento da popula��o brasileira, enquanto uma outra parte ainda vive dos sonhos de sua realiza��o. Instala��es da Cosipa em Cubat�o Foto: Cosipa, cerca de 1990 Por fim, o quarto cap�tulo, intitulado Crise ambiental e reestrutura��o produtiva (as d�cadas de 80 e 90), est� dividido em duas partes. Na primeira, apresentamos a hist�ria da crise ambiental de Cubat�o, deflagrada no in�cio dos anos 80, e seus reflexos no P�lo Industrial. S�o levantados os casos de anomalias cong�nitas e a explos�o de Vila Soc� (que resultou entre 500 a 700 pessoas desaparecidas extra-oficialmente), que tornaram a cidade conhecida como o Vale da Morte. Buscamos, ainda, explica��es para a instala��o de apenas uma nova ind�stria (AGA S/A) durante toda a d�cada de 80. Na segunda parte do cap�tulo, analisamos a reestrutura��o produtiva por que passou o P�lo Industrial de Cubat�o durante os anos 90, bem como da privatiza��o de suas empresas estatais e da desnacionaliza��o de seu complexo de fertilizantes. Evidenciamos que, ao contr�rio de outras cidades da Grande S�o Paulo, que passaram ou passam por um processo de desindustrializa��o, Cubat�o saiu fortalecida da d�cada de 90, com sua produ��o industrial alcan�ando n�veis recordes. Uma das chaves para entender o crescimento industrial de Cubat�o � a �gua. Esta subst�ncia � a respons�vel b�sica por tudo que se criou em Cubat�o atrav�s dos tempos. Constitui o seu principal bem natural e a raz�o fundamental da instala��o da grande Usina Hidrel�trica Henry Borden (constru�da pela empresa canadense Light and Power, em 1926). A Henry Borden � o marco divisor da hist�ria industrial de Cubat�o. Seu papel indutor no processo de industrializa��o paulista ainda merece um melhor reconhecimento. Cubat�o, cidade pioneira de tudo que � bom e ruim advindo do processo de industrializa��o brasileira, est� � espera de sua reden��o. Sua evolu��o de pacato vilarejo rural � condi��o de cidade urbana industrial � ilustrativo das transforma��es vividas pelo Brasil durante o s�culo XX. Mas uma pergunta sempre vem � tona: Cubat�o, sucesso ou fracasso? �rea industrializada de Cubat�o, no sop� da Serra do Mar Foto: Cesar Cunha Ferreira, 14/5/2004 Quais são as consequências sociais e ambientais do processo de industrialização da cidade de Cubatão?Algumas dessas consequências eram o ar denso, possuía cheiro e cor, milhares de toneladas de poluentes eram jogadas por mês no ar da cidade, peixes e pássaros sumiram de seus habitats, algumas espécies foram extintas, pois não havia condições naturais para sobreviverem e nem para se reproduzirem.
Quais são as consequências sociais e ambientais?Dentre os principais impactos ambientais causados pela atividade humana, principalmente pelas empresas, podemos citar a diminuição dos mananciais, extinção de espécies, inundações, erosões, poluição, mudanças climáticas, destruição da camada de ozônio, chuva ácida, agravamento do efeito estufa e destruição de habitats.
Quais são os impactos sociais e ambientais causados pela industrialização?O crescimento urbano e industrial também foi responsável pela devastação das florestas brasileiras, gerando desequilíbrio na fauna e flora. Com a redução da mata nativa, diversos animais e plantas foram extintos ao longo dos anos. Ainda existem espécies ameaçadas e que podem desaparecer do planeta muito brevemente.
Quais foram os impactos socioambientais gerados em Cubatão?malformações congênitas, de câncer no pulmão e doenças mentais começou a ser estudada. Mas a partir da década de 80 a anencefalia, uma doença que produz natimortos sem cérebro, e os poluentes químicos emitidos pelas indústrias de Cubatão começaram a ser relacionados, chamando a atenção da comunidade científica.
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