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RAMOS, Francisco Lúzio de Paula et al. As contribuições da epidemiologia social para a pesquisa clínica em doenças infecciosas. Revista Pan-Amazônica de Saúde, Ananindeua, v. 7, n. esp., p. 221-229, dez. 2016. Disponível em Scielo
No âmbito da promoção da saúde, a epidemiologia exerce importante papel ao se preocupar não apenas com o controle de doenças e de seus vetores, mas, sobretudo, com a melhoria da saúde da população. Os estudos que privilegiam temáticas da saúde pública, em geral, estão frequentemente interessados em investigar o modo pelo qual as condições sociais influenciam e determinam o processo saúde-doença das populações, o que tem gerado uma forte articulação entre a epidemiologia e as ciências sociais. É assim que se constrói um ramo epidemiológico denominado por alguns estudiosos como epidemiologia social. A epidemiologia social tem como foco principal o estudo do modo pelo qual a sociedade e os diferentes modos de organização social influenciam a saúde e o bem-estar dos indivíduos e dos grupos sociais, possibilitando a incorporação de suas experiências societárias, para a melhor compreensão de como, onde e porque se dão as desigualdades na saúde. O presente artigo de revisão realiza uma discussão que pretende indicar as contribuições que a abordagem da epidemiologia social pode trazer para os estudos realizados pela pesquisa clínica em doenças infecciosas, de modo a se desenvolver um olhar mais amplo sobre o paciente em conjunto com o seu sistema de relações e de produção do adoecimento e da recuperação da saúde.
Índice
- 1 Tipos de Estudos Epidemiológicos
- 1.1 Resumo das diferenças entre os tipos de estudos epidemiológicos
- 2 Tipos de estudos epidemiológicos observacionais descritivos
- 2.1 Relato de caso e Série de casos
- 2.2 Estudo do tipo Demográfico (ecológico)
- 2.3 Transversal
- 2.4 Longitudinal
- 3 Tipos de estudos epidemiológicos observacionais analíticos
- 3.1 Coorte
- 3.2 Caso-controle
- 4 Tipos de estudos epidemiológicos experimentais analíticos
- 4.1 Ensaios clínicos
- 4.2 Ensaios de Campo
- 4.3 Ensaios de Intervenção Comunitária
- 5 Síntese dos tipos de estudo
- 5.1 Referências:
- 6 Sugestão de leitura complementar
Confira neste artigo um resumo do conceito de estudos epidemiológicos e os seus tipos. Saiba mais com a Sanar!
Epidemiologia é a ciência que estuda a causa e efeito as das doenças em populações humanas. Por ser principal base da informação em saúde, a epidemiologia é fonte de desenvolvimento metodológico a partir de dados que são extremamente importantes para a medicina, saúde coletiva e todas as outras áreas em saúde.
Os estudos da epidemiologia se diferenciam de acordo com os métodos empregados, que serão expostos a seguir.
Tipos de Estudos Epidemiológicos
Os estudos epidemiológicos são classificados com relação à intervenção do investigador – observacionais ou experimentais – e também levando em consideração o seu propósito – que pode ser descritivo ou analítico.
Há também a diferenciação por amostra, sendo ela individual ou ecológica (grupos de pessoas).
Resumo das diferenças entre os tipos de estudos epidemiológicos
Confira um esquema feito pela Organização Pan-Americana de Saúde (2017) que expõe as diferenças entre os estudos observacionais e os experimentais:
FONTE: ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE, 2017
Tipos de estudos epidemiológicos observacionais descritivos
Relato de caso e Série de casos
Ambos os estudos analisam de forma detalhada o diagnóstico clínico de indivíduos. Levam em consideração os sintomas, as características e sinais do paciente e os procedimentos terapêuticos que foram utilizados.
Esses são estudos primários, iniciais, que podem servir como base para estudos mais abrangentes – onde pode haver comparações e não apenas análises de casos específicos.
A diferença entre os dois é dada pela quantidade de amostras analisadas – os relatos compreendem de 1 a 3 casos e a série compreende de 3 casos adiante.
Estudo do tipo Demográfico (ecológico)
Estudo focado em grupos de pessoas, onde a sua unidade de estudo é uma área geográfica – há a correlação com o tempo. Através de variáveis ambientais (características físicas do ambiente) e globais (características do grupo) verifica se hipóteses existentes são viáveis ou se existem novas hipóteses a serem consideradas. Um dos seus principais objetivos é avaliar a eficácia de intervenções e a ocorrência do agente.
Transversal
O estudo transversal analisa a frequência – prevalência – de um determinado agente em um grupo e em um tempo determinado. As variáveis são coletadas apenas em um momento, já que o estudo não dispende de um tempo longo de ação. Podem ser investigados vários resultados simultaneamente (de vários pontos no tempo, por exemplo).
Longitudinal
Esse tipo de estudo analisa a incidência de casos (novos aparecimentos) e por isso demanda tempo. Costuma ter foco em apenas uma variável e os dados são coletados periodicamente em um espaço temporal grande. Pode ser prospectivo (surge a causa e se busca o efeito/resultado) ou retrospectivo (há o efeito/resultado e se busca a causa).
Tipos de estudos epidemiológicos observacionais analíticos
Coorte
É um estudo prospectivo, dessa forma, acompanha os grupos em estudo por um determinado tempo e os resultados analisados são obtidos gradativamente, durante o período do estudo.
Os grupos selecionados compartilham fatores comuns de exposição e periodicamente são investigados para que haja a coleta de dados prospectivos dos mesmos.
É aplicado para a identificação da etiologia de uma patologia, a história natural da mesma e analisa o risco relativo – exposição da doença e a sua ocorrência – e por isso também é considerado um estudo longitudinal e de incidência.
Caso-controle
É um estudo retrospectivo, ou seja, analisa dados já produzidos (no passado) – como entrevistas, análises de registros, etc. Objetivo é observar a frequência de exposição de uma determinado agente (normalmente doença) em diferentes grupos. Eles são selecionados de uma mesma população – os casos ( grupo de ocorrência do objeto de estudo) e os controles (grupo que não há a ocorrência do obejto de estudo).
Visa entender e identificar quais são os fatores de risco e de exposição, fatores prognósticos da patologia em questão e a eficácia das intervenções.
Tipos de estudos epidemiológicos experimentais analíticos
Ensaios clínicos
São estudos prospectivos que visam avaliar uma determinada intervenção e compará-la a outra – um tratamento famacológico X utilização de placebo, por exemplo.
Sem objetivo é alcançar a cura, uma melhora clínica ou prevenir complicações de determinada patologia. O Ensaio clínico randomizado, que é a distribuição aleatória das amostras é o mais utilizado.
Ensaios de Campo
Esse estudo analisa grupos (normalmente maiores que os dos ensaios clínicos) de pessoas saudáveis, que não possuem determinada doença mas estão sob o risco de desenvolvê-las. É focado na prevenção e estágio inicial de patologias.
Ensaios de Intervenção Comunitária
É o ensaio de campo aplicado à comunidades.
Síntese dos tipos de estudo
A figura a seguir mostra uma síntese gráfica dos tipos de estudo epidemiológicos:
FONTE: ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE, 2017
Referências:
ALMEIDA FILHO, N.; BARRETO, M. L. Epidemiologia & saúde. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.
GUIMARÃES, L. S. P. et al. Os principais delineamentos na Epidemiologia – Ensaios Clínicos (Parte II). Clinical & Biomedical Research, [S.l.], v. 33, n. 3/4, jan. 2014.
OLIVEIRA, M. A. P.; SÁ, R. A. M.; VELARDE, G. C.; Entendendo a pesquisa clínica V: relatos e séries de casos. Rio de Janeiro: Revista Femina, v.43, n. 5, setembro – outubro 2015.
Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. Leitura Crítica de Artigos Científicos. 2011
Organização Pan-Americana de saúde. Tipos Metodológicos de Estudos. 2017
Sugestão de leitura complementar
- Epidemiologia: o que é e a sua diferença entre a Abordagem Clínica
- Estudos epidemiológicos: uma breve revisão | Colunistas