Porque depois que a mulher goza o clitóris fica sensível?

“Mesmo que o debate sobre sexualidade e feminismo tenha ganhado força, o assunto ‘sexo durante a menstruação’ ainda é considerado polêmico para muitas pessoas”, afirma Mariana Betioli, obstetriz e fundadora da Inciclo. O tema também causa dúvidas e é cercado de mitos, esclarecidos a seguir pela especialista para a IstoÉ.

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É possível fazer sexo menstruada e essa é uma escolha individual. Durante esse período, o desejo sexual tende a crescer diariamente até a ovulação, que acontece cerca de 12 a 16 dias antes da próxima menstruação. “O clitóris fica mais sensível, há mais lubrificação e os hormônios sexuais (estrogênio e testosterona) ficam nas alturas, o que também facilita o orgasmo”, destaca Mariana.

No entanto, mesmo com o aumento da libido, inúmeras mulheres se privam de ter relações sexuais com parceiros(as) ou de se masturbar nesse período por falta de conhecimento. Uma pesquisa realizada pela Inciclo com 16 mil participantes registrou que mais de 85% delas relataram aumento do desejo sexual durante a menstruação, mas somente 49% revelou se permitir às experiências.

Benefícios

Além da facilidade de chegar em “chegar lá”, outro benefício é o alívio das cólicas menstruais. A obstetriz explica que “a cólica acontece quando o útero se contrai para expelir o sangue menstrual e, curiosamente, durante o orgasmo ele também se contrai para poder relaxar. O que melhora a dor é o efeito relaxante e analgésico do orgasmo somado ao aumento de fluxo sanguíneo na região pélvica e a liberação de hormônios de prazer”.

Mitos

Apesar de as chances serem baixas, é possível engravidar durante a menstruação — essa possibilidade é maior durante os cinco dias que antecedem a ovulação. O alerta é principalmente para as mulheres com ciclo menstrual irregular ou curto, devido à possibilidade de a ovulação acontecer poucos dias após a menstruação, pois os espermatozoides podem permanecer vivos até cinco dias após a ejaculação.

Além de prevenir a gravidez, o preservativo também reduz o risco de infecção sexualmente transmissível (IST), como HIV, herpes genital, sífilis e gonorreia. “Como a mulher está sangrando, há um risco um pouco maior de infecção durante as relações sexuais sem proteção”, alerta a especialista.

Outro mito é tratar o sexo durante a menstruação como anti-higiênico. Mariana reforça que esse é um período natural, por isso, não há motivo para vergonha ou nojo. “É um processo de desconstrução. Quando entendemos que o sangue que sai do nosso útero é limpo, puro, sem cheiro e cheio de vida, começamos a fazer as pazes com o nosso ciclo. Isso só contribui para podermos viver a nossa sexualidade de forma plena”, declara.

Como conter o sangue durante o sexo

Para quem prefere evitar o contato com o sangue durante o sexo, a especialista indica apostar no uso de disco menstrual, que tem o mesmo benefício do coletor menstrual, com a diferença que fica posicionado mais ao fundo, encaixado no colo do útero. Assim, além de não interferir na lubrificação, deixa o canal vaginal livre para a penetração, por isso, nenhuma das partes consegue senti-lo.

“Quando a mulher usa o disco menstrual, acaba conhecendo melhor a sua anatomia e passa a perceber seus desejos e sua libido, já que a relação sexual durante esse período pode ser mais espontânea”, finaliza a obstetriz da Inciclo.


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*Tradução: Monique Oliveira

Coisas importantes a saber:

  • A vagina conecta a vulva ao colo do útero;

  • Em um estado não excitado, as paredes da vagina ficam juntas;

  • A vagina muda: durante o sexo, durante todo o ciclo menstrual, com a idade e de acordo com diferentes fases da vida;

O termo vagina muitas vezes é usado como referência para toda a região genital feminina entre as pernas – mas essa denominação é incorreta.

Comecemos corrigindo esta terminologia. As partes externas da genitália feminina são chamadas de vulva. Isso inclui o clitóris, os pequenos e grandes lábios, abertura da uretra e da vagina (o intróito vaginal) e todo o tecido ao redor dessas estruturas.

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Imagem de três telas
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Já a vagina, é um canal, um túnel entre o útero e o mundo exterior (inclusive a vulva) que comunica o útero com o meio externo. É pela vagina que o bebê sai durante o parto e também é por ela que o sangue menstrual escorre. A vagina também é usada para inserção do pênis, dos dedos, de preservativos femininos, de brinquedos sexuais, de absorventes internos ou de coletores menstruais.

A vagina também pode atuar como um caminho para outras partes do corpo. Durante o sexo pênis-vagina, a ejaculação é depositada na vagina, permitindo que o esperma entre no útero através do colo do útero. As paredes da vagina também podem ser usadas como uma via administrativa para medicamentos e contraceptivos, como os cremes hormonais intervaginais, o anel vaginal contraceptivo ou os outros medicamentos.

Anatomia da vagina

Pode parecer estranho que um órgão capaz de passar um bebê inteiro também consiga manter um pequeno absorvente interno no lugar por horas. Como esse absorvente fica lá? Se a vagina é um “túnel”, como ele não cai?

Diagrama de uma vulva

A vagina é mais que um canal. Quando está em um estado relaxado (não-excitado), suas paredes fecham, pressionadas por órgãos e tecidos ao redor. Durante esse estado, o lúmen vaginal (um tecido transversal dentro do canal vaginal) fica em formato de H ou W porque as paredes se achatam (2). É por isso que o absorvente interno permanece no lugar, sem cair (2, 3).

As paredes da vagina são revestidas por dobras (3). Essas dobras, juntamente com as paredes internas, funcionam ao mesmo tempo como uma barreira e uma rota de acesso entre o colo do útero e o mundo lá fora. Essas dobras permitem que a vagina tenha uma elasticidade e só se estique quando uma pressão é aplicada (por exemplo, quando a cabeça de um bebê está passando).

Diferentes camadas de tecido revestem as paredes da vagina. As camadas superficiais da parede vaginal são feitas de tecido semelhante ao que reveste sua boca, nariz e tubo digestivo, conhecido por mucosa. Por baixo da mucosa existem camadas de tecido muscular liso, colágeno e fibras de elastina, que dão à vagina a estrutura e capacidade de alongamento (4).

As paredes da vagina liberam líquidos para mantê-la úmida; e, durante períodos de maior excitação, aumentam a lubrificação. A vagina também é capaz de absorver algumas substâncias - como medicamentos, cremes hormonais ou contraceptivos (3).

Como a vagina muda com a idade?

A vagina pode mudar muito ao longo da vida (1,5). Uma vagina adulta comum é ligeiramente curva e pode ter entre 7 e 12 cm de comprimento (1, 3,4). Vale lembrar aqui que cada corpo é diferente: não existe uma vagina muito pequena ou muito grande.

Também a vagina é fortemente influenciada por alterações hormonais. Após a primeira menstruação e antes da menopausa, mais camadas de tecido surgem para alinhar a vagina. Isso ocorre por níveis mais elevados de estrogênio (3).

Hormônios durante a gravidez também influenciam a vagina. Há aumento de fluxo sanguíneo para a pelve – o que causa uma mudança profunda de cor na vulva e na vagina (5). Durante toda a gravidez, o tecido das paredes vaginais relaxa progressivamente, preparando-se para o parto de um bebê (5). Após o parto, a vagina e a abertura vaginal aumentam, mas de 6 a 12 semanas após o parto, a vagina retorna ao tamanho pregestacional (5).

Na medida em que as pessoas envelhecem, as paredes da vagina se tornam mais relaxadas e seu diâmetro mais amplo (1). Mas o tamanho vaginal não afeta a função sexual ou o prazer (6). A percepção do aperto vaginal durante o sexo está relacionada principalmente com os músculos do assoalho pélvico. Eles estão presentes ao redor da base da vagina e não na largura do canal vaginal.

Após a menopausa, quando o estrogênio é menor, as paredes da vagina se tornam mais finas e mais frágeis, o que pode causar a chamada secura vaginal (5). Isso pode resultar em desconforto durante o sexo e aumentar as chances de irritação ou infecção vaginal (5).

Como a vagina muda durante o ciclo menstrual?

A vagina também muda ao longo do mês em resposta às flutuações hormonais do ciclo menstrual. Lá pelo meio do ciclo, quando o estrogênio é mais alto, o tecido vaginal se torna mais espesso e mais cheio (5).

O colo do útero, no topo da vagina, também se move e muda a sua forma ao longo do ciclo. Antes do período fértil, o colo do útero está baixo e pode ser sentido na vagina, com uma textura firme, e o orifício no centro do colo do útero fica fechado. Durante o período fértil, o orifício do colo do útero se abre para facilitar a entrada do espermatozoide (7). O colo uterino também se eleva mais na vagina e é mais macio quando tocado (8).

Como a vagina muda durante o sexo?

A atividade sexual também altera a vagina. Quando uma pessoa com uma vagina é sexualmente excitada, mais sangue é direcionado para os órgãos genitais, fazendo o tecido vaginal ser regado por sangue e com mais produção de lubrificação.

Durante a excitação, a vagina se expande alongando e alargando a forma – num fenômeno conhecido como balonismo. Essa mudança de formato acontece porque o útero e o colo do útero são atraídos para dentro da pelve, o que cria mais espaço na vagina. Esse espaço é necessário para que o sêmen não vá direto para o útero. Assim, há tempo para que o espermatozoide se misturar aos fluidos genitais femininos e se submeter às mudanças necessárias para fertilizar o óvulo (9).

A vagina é um órgão incrível que muda em resposta a hormônios, a fases da vida e a respostas físicas. Então sinta-se à vontade para mostrar todo seu amor à sua vagina, e sinta-se livre para dizer a todos o quão fantástica é a sua vagina.