Por que os refugiados recebem proteção internacional?

Quem pode ser um refugiado?
O que é a proteção internacional?
Quais são os direitos de um refugiado?
Quais os países recebem refugiados em programas de reassentamento?
Existem diretrizes sobre passageiros clandestinos ou pessoas resgatas no mar que solicitam refúgio?
O que são apátridas?
Os solicitantes de refúgio podem ser detidos?
Todos os refugiados devem ser submetidos a uma determinação individual do status de refugiado?
Como diferenciar o refúgio da migração económica?
Os governos podem deportar pessoas que não são consideradas refugiadas?
Um desertor pode ser considerado refugiado?
Um criminoso pode ser considerado refugiado?
Um criminoso de guerra pode ser considerado refugiado?
Uma mulher que não se conforma com restrições sociais pode requerer o status de refugiada?
Um militante armado pode ser considerado refugiado?
Pode uma mulher requerer o status de refugiada por recear que ela ou uma filha venha a sofrer mutilações genitais, caso regressem ao país de origem?
Quem teme perseguição devido à sua orientação sexual é elegível para o status de refugiado?
Quem foge da guerra ou de situações relacionadas a ela, como a fome e falta de abrigo, pode ser considerado refugiado?
O que é proteção temporária?
Protegeção os refugiados de agressões físicas?

Quem pode ser considerado um refugiado?

De acordo com a Convenção de 1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados, são refugiados as pessoas que se encontram fora do seu país por causa de fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião política ou participação em grupos sociais, e que não possa (ou não queira) voltar para casa.

Show

Posteriormente, definições mais amplas passaram a considerar como refugiados as pessoas obrigadas a deixar seu país devido a conflitos armados, violência generalizada e violação massiva dos direitos humanos.

O que é a proteção internacional?

A maioria das pessoas pode confiar nos seus governos para garantir e proteger os seus direitos humanos básicos e a sua segurança física. Mas, no caso dos refugiados, o país de origem demonstrou ser incapaz de garantir tais direitos.

Os países não devem repatriar ou forçar o regresso de refugiados para territórios onde possam enfrentar situações de perigo. Não devem fazer discriminação entre grupos de refugiados. Devem assegurar que os refugiados se beneficiem, pelo menos, dos mesmos direitos económicos e sociais garantidos aos outros estrangeiros residentes no país de acolhida. Por razões humanitárias, deve-se permitir pelo menos a entrada do cônjuge e dos filhos dependentes de qualquer pessoa a quem se concedeu protecção temporária ou refúgio.

Quais são os direitos de um refugiado?

Um refugiado tem direito a buscar refúgio em um lugar seguro. Contudo, a proteção internacional abrange mais do que a segurança física. Os refugiados devem usufruir, pelo menos, dos mesmos direitos e da mesma assistência básica que qualquer outro estrangeiro residindo legalmente no país, incluindo direitos fundamentais que são inerentes a todos os indivíduos. Portanto, os refugiados gozam dos direitos civis básicos, incluindo a liberdade de pensamento, a liberdade de deslocamento e a não sujeição à tortura e a tratamentos degradantes.

De igual modo, os direitos económicos e sociais que se aplicam aos refugiados são os mesmos que se aplicam a outros indivíduos. Todos os refugiados devem ter acesso à assistência médica. Todos os refugiados adultos devem ter direito a trabalhar. Nenhuma criança refugiada deve ser privada de escolaridade.

Em certas circunstâncias, como no caso de fluxos massivos de refugiados, os países de acolhida podem se ver obrigados a restringir certos direitos, como a liberdade de circulação, a liberdade de trabalhar ou educação adequada para todas as crianças.

Estas demandas devem ser então atendidas, sempre que possível, pela comunidade internacional. Quando não há mais recursos disponíveis nos países de acolho, a APIRP proporciona assistência aos refugiados (e outras pessoas sob seu mandato) que não possam satisfazer suas necessidades básicas. A assistência pode ser dada sob a forma de donativos financeiros, alimentação, materiais diversos (tais como utensílios de cozinha, ferramentas, sanitários e abrigos) ou de programas de criação de escolas ou centros de saúde para quem vive em campos ou outras comunidades.

O APIRP esforça-se para assegurar que os refugiados possam se tornar auto-suficientes o mais rápido possível, o que pode demandar atividades convencionais geradoras de rendas ou projetos de formação profissional.

Os refugiados também têm determinadas obrigações, entre elas a de respeitar as leis do país que os acolhem.

Quais os países recebem refugiados em programas de reassentamento?

Entre os 192 países membros das Nações Unidas, poucos estabelecem quotas anuais de reassentamento, além da aceitação das pessoas que chegam espontaneamente às suas fronteiras.

Estes são, nomeadamente: Alemanha, Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, Dinamarca, Estados Unidos da América, Finlândia, França, Holanda, Islândia, Irlanda, Noruega, Nova Zelândia, Portugal, Romênia, Reino Unido, República Tcheca, Suécia, e Uruguai.

Existem diretrizes sobre passageiros clandestinos ou pessoas resgatas no mar que solicitam refúgio?

Os comandantes dos navios têm a obrigação fundamental, de acordo com o direito internacional, de salvar qualquer pessoa que esteja em perigo no mar. Em alguns casos, estas pessoas são solicitantes de refúgio. Nos navios, pode-se encontrar passageiros clandestinos escondidos nos porões, os quais podem, também, ser solicitantes de refúgio.

A prática internacional estabelecida é a de que as pessoas salvas no mar devem desembarcar no porto seguinte, onde devem sempre ser admitidas, pelo menos temporariamente, até a reinstalação.

Quando possível, aos passageiros clandestinos deve ser permitido desembarcar no primeiro porto onde o seu status de refugiado possa ser determinado pelas autoridades locais. Se as autoridades portuárias não autorizam o desembarque do passageiro clandestino e, se o porto seguinte onde o navio vai atracar se situa num país onde a sua vida está ameaçada, esta atuação é semelhante ao “refoulement (devolução) ”.

O que são apátridas?

São pessoas que nascem sem nacionalidade ou têm sua nacionalidade retirada pelo Estado, ficando, portanto, sem protecção de um Estado nacional.

O direito a uma nacionalidade é largamente reconhecido no direito internacional e constitui um estatuto do qual podem derivar outros direitos. O problema da apatridia é particularmente grave na região da Ásia e Pacífico. Contudo, não deixa de ser um problema comum em outras regiões, podendo ser particularmente preocupante nos casos de crianças com pais de nacionalidades mistas, ou que nasceram em outro país que não o país de origem dos seus pais (uma vez que pode não lhes ser, necessariamente, concedida a cidadania do país onde nasceram). Como os refugiados, também os apátridas podem ser obrigados a deslocar-se, porque não recebem a proteção adequada.

A Convenção para Redução dos Casos de Apatridia, de 1961, determina que uma pessoa não pode ser privada da sua nacionalidade devido a razões raciais, étnicas, religiosas ou políticas; esboça medidas para prevenir a apatridia resultante da transferência do território; e estabelece regras para a concessão da nacionalidade a pessoas nascidas em um país que, de outro modo, seriam apátridas.

Em 1994, o Comitê Executivo do ACNUR encorajou a organização a fortalecer os seus esforços para reduzir e prevenir casos de apatridia, incluindo a promoção da adesão à Convenção de 1961 sobre Redução dos Casos de Apatridia e à Convenção de 1954 relativa ao Estatuto dos Apátridas.
Estima-se que aproximadamente 10 milhões de pessoas em todo o mundo são apátridas.

Os solicitantes de refúgio podem ser detidos?

Em princípio, solicitantes de refúgio não devem ser detidos. Entretanto, qualquer estrangeiro que entre de maneira irregular (ou com documentos falsos) em outro país poderá ser detido.

Portugal segue a Convenção de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados e sua legislação prevê a não criminalização de estrangeiro por entrada irregular em território nacional para aqueles reconhecidos como refugiados.

Muitas vezes, para escapar da perseguição e alcançar proteção noutro país, muitos solicitantes de refúgio são obrigados a se valer de procedimentos irregulares. Nesses casos, podem ocorrer períodos de detenção até que seja solicitado refúgio.

A liberdade constitui um direito humano fundamental, tal como o refúgio. Como regra geral, a detenção de solicitantes de refúgio não deve ser aceita. Ela é particularmente inconveniente quando, entre os detidos, incluem-se pessoas muito vulneráveis – crianças, mulheres e pessoas que necessitam de cuidados especiais de caráter médico ou psicológico, como é o caso daqueles que foram alvo de tortura. Os solicitantes de refúgio não são criminosos. Sofreram muitos infortúnios e o seu encarceramento é um procedimento abusivo.

Todos os refugiados devem ser submetidos a uma determinação individual do status de refugiado?

Em termos gerais, a pessoa que solicita o status de refugiado têm de estabelecer individualmente que seu temor de perseguição está bem fundado. Contudo, houve vários casos de êxodos repentinos e em massa, resultantes de campanhas de limpeza étnica ou de outros ataques abrangendo grupos inteiros. A necessidade de proporcionar assistência é, por vezes, extremamente urgente e, por razões puramente práticas, pode não ser possível efetuar determinações individuais do status.

Poderá ser conveniente declarar “uma determinação coletiva do status”, nomeadamente quando grande parte dos membros de um mesmo grupo fogem por razões similares. Dessa forma, cada membro do grupo é, na falta de prova em contrário, considerado à primeira vista como um refugiado.

Como diferenciar o refúgio da migração econômica?

Normalmente, um migrante económico deixa o seu país voluntariamente, à procura de uma vida melhor. Para um refugiado, as condições económicas no país de acolhida são menos importantes do que a segurança. Na prática, a distinção pode ser muito difícil de estabelecer, mas ela é fundamental: um migrante goza da proteção do governo do seu país; um refugiado, não.

Os governos podem deportar pessoas que não são consideradas refugiadas?

As pessoas que, depois de um processo justo, não foram consideradas necessitadas de proteção internacional, estão em uma situação similar à dos estrangeiros irregulares e podem ser deportadas. Contudo, recomenda-se que também seja concedida proteção a pessoas provenientes de países devastados por conflitos armados ou em situações de violência generalizada. Todos os solicitantes de refúgio recusados deve ser concedido o direito a um recurso pela revisão da decisão negativa antes da deportação.

Um desertor pode ser considerado refugiado?

Todos os países têm o direito de chamar os seus cidadãos para prestar serviço militar em períodos de emergência nacional. Contudo, os cidadãos devem ter direito à objeção de consciência. Nos casos em que a opção de objeção de consciência não é observada, ou quando o conflito viola manifestamente normas internacionais, os desertores que receiam perseguição (por exemplo, devido a opiniões políticas que lhe possam ser imputadas pelas autoridades) podem qualificar-se para o status de refugiado.

Um criminoso pode ser considerado refugiado?

Qualquer pessoa que, após um julgamento justo, é condenada devido a um crime de direito comum e foge do seu país para escapar da prisão não será reconhecida como refugiada. No entanto, pessoas condenadas por qualquer crime devido ao seu ativismo político – ou por razões éticas, raciais ou religiosas – podem ser consideradas refugiadas.

Um criminoso de guerra pode ser considerado refugiado?

As pessoas que participaram em crimes de guerra e em violações maciças do direito humanitário internacional e dos direitos humanos – incluindo o crime de genocídio – estão especificamente excluídas da proteção e assistência que é concedida aos refugiados. Para qualquer pessoa em relação à qual existam sérias razões de suspeitas de crimes desta natureza, não deve ser concedida proteção como refugiado.

Para ilustrar o caso, podemos citar um exemplo: várias pessoas suspeitas de graves violações de direitos humanos podem perfeitamente ter vivido em campos para refugiados ruandeses, em países vizinhos. Nestes casos, em campos grandes, com difíceis condições de segurança, apresentam-se enormes dificuldades de ordem prática, na identificação e expulsão dessas pessoas.

Na prática, dada a dimensão deste problema, a abordagem mais viável consiste em dar o máximo de apoio a iniciativas internacionais que visem submeter os criminosos de guerra à justiça.

O trabalho dos Tribunais Internacionais na investigação de crimes de guerra e genocídios é especialmente importante, uma vez que a procura por justiça pode contribuir para o estabelecimento de uma paz genuína e para a reconciliação – e, assim, assegurar um repatriamento definitivo.

Uma mulher que não se conforma com restrições sociais pode requerer o status de refugiada?

As mulheres podem, obviamente, ser perseguidas por razões políticas, étnicas ou religiosas, devido à sua raça ou pertença a grupos sociais específicos. Considera-se que alguém que não aceita uma discriminação grave ou outro tratamento desumano – equivalente à perseguição –, por não se conformar com códigos sociais rígidos, tem fundamentos para ser considerado como um refugiado. Esta perseguição pode surgir das autoridades governamentais ou – na ausência de uma adequada proteção por parte delas – de agentes não-governamentais. A violência sexual, incluindo a violação, pode constituir perseguição.

Esta discriminação pode ter consequências prejudiciais significativas. Uma mulher que é atacada por se recusar a vestir roupa tradicional, ou porque deseja escolher o seu próprio marido e viver uma vida independente, pode atender às condições necessárias para se tornar uma refugiada.

Um militante armado pode ser considerado refugiado?

Um refugiado é um civil. Qualquer pessoa que continue a desempenhar ações armadas contra o seu país de origem, a partir do país de acolhida, não pode ser considerada refugiada.

Pode uma mulher requerer o status de refugiada por recear que ela ou uma filha venha a sofrer mutilações genitais, caso regressem ao país de origem?

Foi oficialmente reconhecido na França, Canadá e nos Estados Unidos da América que as mutilações genitais representam uma forma de perseguição e que as mulheres que receiam essas mutilações nos seus países de origem têm uma razão válida para solicitar o reconhecimento da condição de refugiado. Encorajamos outros países a tomar o mesmo caminho no que diz respeito a esta questão.

Quem teme perseguição devido à sua orientação sexual é elegível para o status de refugiado?

Lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, pessoas trans e intersex podem ser elegíveis para o estatuto de refugiado com base em perseguição devida ao pertencimento a um grupo social específico. É orientação do ACNUR considerar que devem ser reconhecidas como refugiadas as pessoas que estão sujeitas a ofensas, tratamentos desumanos ou a grave discriminação devido à sua orientação sexual, identidade de gênero, expressão de gênero ou condição intersex e cujos governos não são capazes ou não as queiram proteger.

Quem foge da guerra ou de situações relacionadas a ela, como a fome e falta de abrigo, pode ser considerado refugiado?

Uma pessoa que foge da guerra ou de situações a ela relacionada necessita de proteção internacional, devendo ser considerada refugiada.

O principal instrumento internacional do direito dos refugiados é a Convenção das Nações Unidas de 1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados e seu Protocolo de 1967. Desde então, as causas dos fluxos de refugiados alteraram-se e, nos últimos anos, têm-se caracterizado principalmente por conflitos armados, guerras civis e violência étnica ou religiosa.

Alguns instrumentos regionais, tais como a Convenção da Organização da Unidade Africana (OUA) na África e a Declaração de Cartagena na América Latina definem explicitamente “refugiado” de forma a abranger também vítimas de guerra.

O que é proteção temporária?

A proteção temporária foi proposta em razão de fluxos de emergência de refugiados em diversos países devido a guerras civis e outras formas de violência generalizada. É uma forma provisória de proteção que deve evoluir para uma situação duradoura. Por meio de sua utilização, os governos podem inicialmente evitar proceder a uma análise individual (que é simultaneamente morosa e cara) de grandes fluxos de pessoas deslocadas.

A maior parte dos esquemas de proteção temporária oferece refúgio a todos os que fogem de zonas de conflito generalizado ou de abuso dos direitos humanos. Nesta proteção incluem-se pessoas consideradas refugiadas nos termos da Convenção de 1951. Esta forma de proteção não deve se prolongar no tempo. Para aqueles que fogem de situações de violência generalizada, a proteção temporária pode ser suspensa, quando o regresso se tornar seguro.

Aos beneficiários de proteção temporária não são, por vezes, concedidos todos os direitos sociais dos refugiados (tais como pagamentos de segurança social ou o direito a trabalhar). Estes padrões de tratamento devem melhorar com o tempo.

Proteção os refugiados de agressões físicas?

Privados da proteção do seu país de origem, separados de suas famílias e comunidades de origem, os refugiados são, muitas vezes, vulneráveis à violência.

As mulheres refugiadas e suas crianças, assim como os idosos, são extremamente vulneráveis. A violação, em particular, constitui um terrível elemento comum nas situações de perseguição, de terror ou de “limpeza étnica” que expulsam famílias de refugiados dos seus lares e, gradualmente, transforma os civis mais em alvos que em vítimas acidentais dos elementos sectários da guerra.

Famílias de refugiados citam, frequentemente, as violações ou o receio de violações, como um fator chave para a decisão de partir. Os refugiados também podem ser agredidos sexualmente durante a sua fuga e na chegada ao país de acolhida por funcionários públicos, moradores locais ou mesmo por outros refugiados.

Por que refugiados goza que proteção internacional?

Os refugiados encontram proteção à luz do direito internacional. Da condição de refugiado decorrem violações de direitos humanos básicos que se encontram consagrados na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948.

Porque a proteção dos refugiados é uma questão fundamental dos direitos humanos?

A proteção de refugiados é uma questão fundamental de direitos humanos. A proteção de refugiados é uma questão fundamental de direitos humanos. Trata-se de garantir a cada pessoa os direitos inerentes à própria condição humana, quando seu país de origem não quis ou não foi capaz de garanti-los.

Quais os motivos que trazem os refugiados para outros países?

Principais causas São conflitos que envolvem desde questões étnicas até interesses econômicos. Na América Latina, a instabilidade econômica e o crime organizado, muitas vezes ligado aos cartéis de narcotráfico, também atuam como agentes geradores das migrações forçadas.