Países que votaram contra a criação do Estado de Israel

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Uma semana depois de ter abandonado uma tradição de décadas e votar contra Cuba na ONU, a diplomacia brasileira agora apoia Israel em votações na Assembleia Geral das Nações Unidas. Nesta sexta-feira, o 4º Comitê da ONU considerou um total de oito resoluções contra Israel.

O Brasil foi um dos 11 países que votaram contra uma resolução que pedia investigações sobre possíveis abusos de direitos humanos por parte de Israel contra o povo palestino. A resolução foi aprovada com 82 países dando seu apoio; 78 países se abstiveram.

O Brasil, porém, se aliou a um pequeno grupo de países, todos alinhados aos EUA, como Austrália, Canadá, Colômbia, Nauru e Micronésia, além de Israel.

O voto contrário confirma a aliança do governo de Jair Bolsonaro com Tel Aviv, numa mudança fundamental da política externa brasileira. Durante a gestão de Michel Temer, alguns dos votos chegaram a optar pela abstenção. Mas nunca por ser contra explicitamente os palestinos, como desta vez.

O governo de Jair Bolsonaro ainda se absteve em uma resolução que condenava os assentamentos israelenses em partes de Jerusalém, no território palestino e nas colinas de Golã. Apenas 15 países seguiram a mesma posição do Brasil e a resolução acabou sendo aprovada com 156 votos a favor.

Uma resolução específica sobre a ocupação das Colinas de Golã também foi aprovada, com 155 votos a favor. Mas o Brasil optou pela abstenção.

Numa resolução que tratava das propriedades e receitas dos palestinos, o Brasil se absteve, ao lado de outros oito governos. Todos são aliados dos EUA, como Austrália, Vanuatu e Honduras. A resolução passou com 162 países a apoiando, entre eles todos os sul-americanos, inclusive Chile.

Em outras quatro resoluções, porém, o Brasil manteve a tradição e votou ao lado dos palestinos.

O Brasil votou a favor de uma resolução que instava os governos a manter a ajuda aos refugiados palestinos. Nesse caso, apenas Israel e EUA votaram contra. O Brasil também apoiou uma resolução para dar assistência às pessoas deslocadas como resultado dos acontecimentos de 1967.

Também contou com o voto brasileiro uma resolução que dava apoio aos trabalhos da ONU para ajuda humanitária aos palestinos no Oriente Médio.

A ONU lembrou nesta terça-feira (28), em Nova York, os 70 anos da histórica votação que possibilitou a criação do Estado de Israel. A sessão que aprovou a resolução de partilha da Palestina, em 29 de novembro 1947, foi presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha. Ela mudou os rumos do Oriente Médio, mas ao invés da paz esperada, trouxe conflitos que duram até hoje.

Daniela Kresh, correspondente da RFI em Israel

A Resolução 181 da ONU de Partilha da Palestina, foi aprovada há exatos 70 anos em uma sessão histórica. O texto previa a criação de dois Estados, um árabe e um judeu, na região da Palestina histórica, que, naquele momento, estava sob controle dos britânicos.

A liderança judaica aceitou a divisão proposta e proclamou, seis meses depois, em 14 de maio de 1948, a criação do Estado de Israel. Mas a liderança árabe – tanto dos que moravam na Palestina quanto em países vizinhos – não aceitou e sete países árabes declararam guerra contra Israel assim que o país proclamou sua independência.

O conflito, entre 1948 e 1949, causou 20 mil mortes e levou à uma migração em massa: cerca de 700 mil palestinos deixaram ou foram expulsos de Israel. A maioria se tornou refugiada em países vizinhos. E cerca de 800 mil judeus foram expulsos de países árabes, migrando para Israel.

Desde então, houve diversas guerras na região, como a dos Seis Dias, em 1967, e a do Yom Kippur, em 1973. Quer dizer: a ideia da resolução da ONU era colocar um ponto final na disputa de dois povos por um mesmo território, mas o conflito continua até hoje.

Reconstituição da sessão de 1947

A reconstituição da sessão histórica de 1947 não aconteceu na famosa sede atual da ONU, desenhada pelo brasileiro Oscar Niemeyer. Ela foi realizada no Museu do Queens, que abrigou a Assembleia da ONU até 1950. A Organização das Nações Unidas tinha sido criada há apenas dois anos e essa resolução foi uma das primeiras a serem votadas. Na época, a ONU só contava com 57 países-membros.

A moção foi aprovada por 33 votos contra 13. Outros dez países se abstiveram e um não votou. Os países latinos foram o maior bloco em favor da moção, com 13 dos 33 votos pela aprovação. O Brasil votou a favor, mas Argentina e México se abstiveram. É interessante notar que Venezuela e Bolívia, que votaram a favor, hoje não têm relações diplomáticas com Israel.

Nesta terça-feira, estavam presentes na comemoração em Nova York representantes de 60 países, entre eles Egito e Jordânia, que assinaram acordos de paz com Israel desde então.

Participação brasileira

O Brasil teve papel importante na votação da ONU que aprovou a partilha da Palestina. Quem presidiu a sessão de 1947 foi o ex-ministro das Relações Exteriores, Oswaldo Aranha. O chanceler brasileiro não só presidiu, como adiou a votação por três dias para dar chance à liderança judaica de angariar votos.

Aranha é muito festejado em Israel, juntamente com outros diplomatas latinos como Jorge García Granados, da Guatemala, e Enrique Fabregat, do Uruguai, que trabalharam nos bastidores pela aprovação da resolução.

O martelo original que o brasileiro usou para manter a calma durante a sessão foi levado de Israel para Nova York para fazer parte da reconstituição. Esse martelo fica no museu Oswaldo Aranha, no Kibutz Bror Chail, um vilarejo comunitário com muitos brasileiros, no sul de Israel.

A data da votação histórica também é festejada em Israel. Nesta quarta-feira (29), a sessão da ONU será lembrada nesse museu, com presença de autoridades locais e do embaixador do Brasil em Israel.

Discurso americano em apoio a Israel

O vice-presidente americano, Mike Pence, participou da sessão comemorativa de ontem e fez um discurso em apoio a Israel na ONU. Pence refez a promessa do governo Donald Trump de transferir a embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para Jerusalém. Essa medida seria polêmica porque a ONU não considera Jerusalém como capital de Israel.

A resolução de Partilha da Palestina, de 70 anos atrás, já estabelecia que as cidades sagradas de Jerusalém e Belém seriam internacionalizadas, sem pertencer a nenhum dos países que deveriam ser criados. Elas teriam um governo neutro.

Mas, hoje, Jerusalém está sob controle de Israel – que a considera sua capital – e Belém, sob controle dos palestinos. A verdade é que, sete décadas depois, a disputa territorial continua ditando a realidade entre israelenses e palestinos, influenciando na geopolítica do Oriente Médio e do mundo e emperrando as negociações de paz.

Quais países foram contra a criação do Estado de Israel?

Todos os países árabes votaram contra a criação de Israel e a divisão do território. Alguns países ocidentais, como a Inglaterra, não votaram, mas a maioria votou a favor, oficializando a criação da nação.

Quais países não reconhecem Israel?

Estados membros da ONU.

Quem é contra o Estado de Israel?

Muitos palestinos e árabes de países vizinhos se opuseram e uma guerra se seguiu. Tropas de países árabes vizinhos invadiram Israel. Mais de 700 mil palestinos, segundo a ONU, fugiram ou foram forçados a deixar suas casas no que eles chamam de Al Nakba, ou a "Catástrofe".

Quem foi o brasileiro que votou a favor de Israel?

Osvaldo Aranha
Nascimento
15 de fevereiro de 1894 Alegrete, Rio Grande do Sul
Morte
27 de janeiro de 1960 (65 anos) Rio de Janeiro, Distrito Federal
Partido
PRR
Profissão
Advogado e diplomata
Osvaldo Aranha – Wikipédia, a enciclopédia livrept.wikipedia.org › wiki › Osvaldo_Aranhanull

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