Os vírus não são considerados seres vivos

Biologia

Jean-Michel Claverie, virologista de um laboratório público francês, não tem mais dúvidas: os vírus são realmente seres vivos. O fato de que eles podem adquirir doenças causadas por outros vírus  é um de seus argumentos para contestar a antiga afirmação de que os vírus eram inanimados. Em estudo publicado na Nature de 7 de agosto, precedido por um artigo que inclui o comentário de Claverie, equipes de quatro centros de pesquisa francês e de um norte-americano mostraram, por meio de microscopia eletrônica, como vírus gigantes que infectam bactérias, conhecidos como mimivírus, podem ser, eles próprios, infectados por outros vírus chamados Sputinik, de apenas 21 genes.

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Os vírus não são considerados seres vivos
 Science Photo Library/Getty Images

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Pegue um átomo de carbono. Ou melhor: imagine um átomo de carbono, pois seria um pouco difícil pegá-lo na prática. Ele sequer é visível, pois é várias ordens de magnitude menor do que a menor coisa que ainda é grande o suficiente para refletir luz na direção de nossos olhos. Um microscópio óptico vê coisas de 500 nanômetros, 200 vezes mais esbeltas que um fio de cabelo. Mas um átomo de carbono tem 0,22 nanômetros, ou seja: é 2,5 mil vezes menor que o limite inferior do microscópio.

Esse átomo de carbono é como uma peça de LEGO com quatro encaixes, isto é: ele pode fazer quatro ligações covalentes com outros átomos, de maneira a formar moléculas. Algumas moléculas são minúsculas. Um etanol, por exemplo – do tipo que você bebe copiosamente às sextas após o expediente – tem dois carbonos, um oxigênio e sete hidrogênios. Alcança meros 0,44 nanômetros, pouco mais que o número dado acima para um átomo solitário.

(Você talvez esteja achando estranho que os dois números dados acima sejam tão próximos sendo que a molécula tem muito mais átomos. Mas o mundo microscópico não joga de acordo com as regras do nosso cotidiano de metros e centímetros. Na ausência de medições diretas, há vários meios de calcular o diâmetro de um átomo, mas nenhum deles equivale a colocar uma régua no dito-cujo. Em resumo: ciência é algo complicado, rs).

O ponto é que algumas moléculas são realmente enormes. Uma proteína chamada titina, por exemplo – a maior do corpo humano – tem 169 mil átomos de carbono. Ela mede 1 micrômero, ou seja: é quase do tamanho de uma bactéria particularmente pequena. Para uma molécula, isso é muito coisa mesmo. E alguns músculos contém até meio quilo de titina. Isso levanta uma questão: a partir de que ponto podemos considerar algo vivo? A titina é enorme e imprescindível para nós, mas ela está viva?

Não, é claro.

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Em geral, os biólogos concordam que a partir do nível da célula que algo pode ser considerado vivo. Uma célula é um pacotinho gelatinoso repleto de moléculas muito grandes como proteínas – inclua aí as titinas –, DNA e RNA. Nenhuma dessas moléculas, por si só, está viva. A vida consiste nas milhares de reações químicas que se desenrolam entre essas moléculas. A vida é um processo, uma sequência de interações entre os componentes do seu corpo. Nenhum dos seus átomos de carbono está vivo – mesmo assim, você está.

O mais importante desses processos – batizado de dogma central da biologia por Francis Crick – é a maneira como moléculas de RNA mensageiro vão no núcleo da célula, coletam instruções nas moléculas de DNA e levam essas instruções para os ribossomos, onde elas serão utilizadas para fabricar proteínas. Todo ser vivo, de uma bactéria a um elefante, funciona exatamente assim. A razão da existência do seu DNA é armazenar receitas de proteína, e é por meio da execução ordenada dessas receitas que você é construído e operado.

O que nos leva aos vírus. Um vírus é um pedacinho de molécula de DNA ou RNA protegido por um invólucro de proteína. Eles medem algo entre 20 e 300 nanômetros, ou seja: são menores que titinas. Se um vírus fosse do tamanho de uma bola de tênis, um ser humano teria 800 km de altura.

Existem apenas 586 espécies de vírus que infectam mamíferos, destas, só 253 se dedicam a parasitar humanos. É pouco, considerando que existem centenas de milhares de outros vírus inofensivos para nós e nossos pets. Os vírus não são células. Eles não se alimentam, não respiram, não se locomovem, não se reproduzem sozinhos e não obedecem ao dogma central de Crick. São inertes. De acordo com a esmagadora maioria das definições, não estão vivos.

Mesmo assim, quando um vírus penetra uma célula de seu hospedeiro, ele se aproveita do maquinário molecular disponível ali para criar cópias de si mesmo. Afinal, ele tem DNA (ou RNA). O que lhe falta é um meio de transformar a receita contida neste DNA nas proteínas que ele usa para agir. É aí que entra você. Ou seu cachorro. Ou qualquer outro hospedeiro – inclusive bactérias, que tem uma célula só. Se elas são infectadas, adeus mundo cruel.

“De muitas maneiras, a discussão sobre se vírus são vivos ou não é uma questão filosófica”, diz Nigel Brown, da Sociedade de Microbiologia do Reino Unido. “Nos últimos 15 anos, vírus gigantes encontrados em amebas complicaram nossa visão de vírus como simples estruturas não-vivas. Esses mimivírus e megavírus podem conter mais genes do que uma bactéria simples (…) Esses genes também aparecem nos domínios Archaea, Bacteria e Eucarya [as três subdivisões da vida na biologia contemporânea, chamadas “domínios”]. Alguns pesquisadores argumentam, com base nisso, que eles constituem um quarto domínio.”

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Os vírus não são considerados seres vivos

Afinal, os vírus são ou não seres vivos?

Um vírus é um bolinho inerte de material genético. Mas parasita organismos com o ímpeto da cavalaria cossaca. Fica a questão: essa coisa é viva ou não é?

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Por que os vírus são seres vivos?

Os vírus possuem ainda algumas características comuns a seres vivos, como a presença de material genético e a capacidade de evoluir. O material genético possui informações importantes que determinam as características de um organismo.

O que não são considerados seres vivos?

Os vírus apresentam algumas características que indicam que se tratam de seres não vivos. Uma dessas características é a ausência de células, uma característica presente em todos os seres vivos, segundo a famosa Teoria Celular. Sem células, portanto, os vírus não são seres vivos.

Por que o vírus não pode ser considerado um ser vivo Brainly?

Resposta. Explicação: os vírus não são considerados seres vivos porque eles são acelulares e também por não possuírem metabolismo próprio ,ou seja, para qualquer atividade como nutrição e reprodução eles devem estar parasitando uma célula.

Por que alguns pesquisadores afirmam que os vírus são seres vivos?

Quem defende que os vírus são seres vivos, argumenta que eles desenvolvem atividades consideradas complexas, já que conseguem burlar o sistema imunológico de outros seres, a ponto de provocarem doenças. Outro argumento que reforça a tese é o fato de que neles há a presença de material genético como DNA e/ou RNA.