A dor de cabeça constante é um problema que não pode passar despercebido. Trata-se de uma grande preocupação clínica que deve ser devidamente investigada e diagnosticada por um profissional.1. Você sabia que sofrer de dor de cabeça frequente sugere um quadro crônico? Mas, afinal, o que isso significa? Confira!
Quando a dor de cabeça constante configura um quadro crônico?
Primeiramente, é importante quantificar essa dor de cabeça constante. Se ela persiste por mais de 15 dias por mês e tem duração maior que quatro horas por dia, o sintoma é classificado como crônico.2 O processo de evolução dos incômodos episódios para a dor de cabeça frequente costuma acontecer gradualmente, principalmente no caso de enxaqueca sem aura.1
Raramente a dor de cabeça forte se manifesta de maneira crônica desde o início. Para avaliar o que causou a cronicidade, é preciso investigar o que engatilhou as dores de cabeça pontuais que surgiram inicialmente.1 A cronificação da dor de cabeça independe de faixa etária, mas é mais comum entre os 20 e 40 anos de idade.2
O motivo principal para a transformação da dor de cabeça em um problema crônico é o abuso de medicamentos analgésicos, usados para tratar o sintoma agudo.2 O uso excessivo de medicações foi visto em mais de 80% dos pacientes com dor de cabeça crônica. 1
Sintomas físicos que acompanham a dor de cabeça crônica
A dor causada pela cefaleia crônica diária é bastante variável, mas costuma ser constante, com sensação de pressão ou aperto, embora também possa ser pulsante. Ela pode afetar a frente da cabeça, as laterais, a nuca, a região do vértex ou ainda atingir todo o crânio. É comum que esse tipo de dor de cabeça forte também seja acompanhado de outros sintomas físicos, como:2
- Maior sensibilidade na visão, audição e olfato;2
- Alterações gastrintestinais, como náuseas;2
- Congestão nasal;2
- Tensão muscular no pescoço;2
- Incômodos oculares, como visão borrada, lacrimejamento, inchaço e vermelhidão.2
O fator psicológico é o mais preocupante
Além das manifestações físicas da dor de cabeça frequente, o fator psicológico se destaca como especialmente preocupante. Condições como depressão, ansiedade, estresse e distúrbios do sono podem causar a progressão da dor de cabeça forte episódica para uma condição crônica em quase metade dos casos.1 3 Outros sintomas dessa natureza são fadiga, dificuldade de concentração, irritabilidade e falha de memória.2
A relação da dor de cabeça frequente com os sintomas psicológicos é alarmante porque eles se retroalimentam: um pode causar ou intensificar o outro. Um caso recorrente é o da depressão com a enxaqueca: a enxaqueca crônica pode causar depressão, mas a depressão também pode provocar enxaquecas mais recorrentes.2 1
O estresse emocional excessivo é capaz de contrair a musculatura cervical, responsável pela dor de cabeça do tipo tensional. Níveis baixos de endorfina deixam o paciente mais suscetível à dor de cabeça forte.4
Você sabia?
A enxaqueca pode afetar gravemente sua qualidade de vida e impedi-lo de realizar
suas atividades diárias normais.6
Algumas pessoas acham que precisam ficar na cama por dias seguidos, mas vários tratamentos eficazes estão disponíveis para reduzir os sintomas e evitar novas crises de enxaqueca. Converse com o seu médico.6
A dor de cabeça, conhecida tecnicamente como cefaleia, é um dos sintomas mais comuns entre a população. De acordo com a Sociedade Internacional de Cefaleia, existem mais de 150 tipos diferentes de dor de cabeça, que podem estar associados a diversos quadros clínicos. Na edição desta sexta-feira (8) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes explicou quais são as principais causas da dor de cabeça e quais são os indicativos da necessidade de atendimento especializado.
“Existem as dores de cabeça que são consideradas primárias, como a cefaleia tensional, a enxaqueca e a cefaleia em salvas. E as secundárias, que acontecem devido a algum problema de saúde que pode ser um aneurisma cerebral que rompeu, um tumor cerebral, uma infecção no crânio”, afirma.
A cefaleia tensional está relacionada à tensão da musculatura ao redor do pescoço e do crânio. A enxaqueca, por sua vez, é uma doença neurológica crônica definida por uma dor de cabeça latejante, em um ou nos dois lados da cabeça. Na cefaleia em salvas, a dor forte é pulsátil em apenas um lado da cabeça, podendo afetar a parte frontal do crânio, face e fundo dos olhos.
Segundo o neurocirurgião, mudanças no padrão das dores de cabeça podem ser um sinal de um problema de saúde que requer acompanhamento médico.
“Quando o indivíduo tem mais de uma vez por semana e não tinha dor de cabeça antes, uma dor que começa de uma forma súbita, por exemplo. […] Quando existe alteração de comportamento, mostrando que o cérebro está funcionando de uma maneira diferente ou quando crises convulsivas vêm em conjunto”, afirma.
Alterações na rotina de sono, como dormir pouco ou em excesso, e na alimentação, como jejum prolongado e consumo exagerado de bebidas alcoólicas, também podem provocar dores de cabeça momentâneas.
O sintoma também está associado a uma série de doenças, sendo necessária a avaliação médica para o diagnóstico preciso. Infecções virais e bacterianas, como sinusite e meningite, além de gripes e resfriados, assim como condições mais graves como aneurismas, tumores cerebrais, acidente vascular cerebral (AVC) e lesões cranianas podem provocar dor de cabeça em diferentes níveis.
Preocupações excessivas, ansiedade, tensão e estresse também podem levar aos quadros de dor de cabeça.
Riscos da automedicação
Com o objetivo de aliviar a dor de cabeça, pessoas recorrem a diferentes tipos de medicamentos por conta própria. A automedicação sem a avaliação prévia de um profissional capacitado pode trazer problemas para a saúde.
Entre os riscos mais frequentes estão o perigo de intoxicação, reações alérgicas, dependência e resistência aos remédios.
“Primeiro, a pessoa toma um medicamento que não sabe direito qual o efeito no corpo. Segundo, ela pode acostumar o sistema nervoso central e até o próprio organismo com aquele medicamento e depois você cria uma situação de dependência”, alerta o neurocirurgião.
Os medicamentos são uma das principais causas de intoxicação no Brasil, segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), acompanhados de produtos de limpeza, agrotóxicos e alimentos danificados.
Além do impacto sobre a vida humana, as reações adversas a medicamentos também influenciam significativamente nos custos despendidos com saúde. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os hospitais gastam entre 15% a 20% de seus orçamentos para lidar com as complicações causadas pela automedicação, caracterizando um problema de saúde pública.
Os principais medicamentos utilizados na automedicação são os anti-inflamatórios e analgésicos, para alívio dos sintomas de dor e febre. Como qualquer outro medicamento, no entanto, deve-se atentar aos riscos.
Os principais riscos da automedicação são:
- Atraso no diagnóstico correto, devido ao mascaramento dos sintomas
- Agravamento do distúrbio
- Alguns medicamentos podem provocar dependência
- Possibilidade da ocorrência de efeitos adversos
- Desconhecimento de interações medicamentosas
- Reações alérgicas que podem variar de leves, moderadas a graves
- Criar resistência a micro-organismos, como no caso dos antibióticos
- Intoxicações, que podem provocar a morte
(Com informações do Ministério da Saúde)