Onde e quando foi fundada a primeira escola do Serviço Social no Brasil?

O serviço social teve suas origens dentro da Igreja Católica e visava preparar a grande massa operária para a o capitalismo industrial, período este chamado de “conservador”. Dessa forma, o objetivo era preparar essa população para sistema sócio – econômico – político da época.

No Brasil, o Serviço Social nasceu por volta de 1930, como afirma Olema Pellizzer:
O serviço social nasce no Brasil, na terceira década do século XX, em resposta à evolução do capitalismo, sob a influência europeia (em especial sob o influxo belga, francês e alemão), como fruto direto de vários setores particulares da burguesia fortemente respaldados pela Igreja Católica. Nessa década, o Brasil vivia um processo incipiente de industrialização de importações, num contexto de capitalismo dependente e agroexportador. No período de 1930 a 1935, o governo brasileiro sofre pressões da classe trabalhadora, que é então controlada através da criação de organismos normatizadores e disciplinares das relações de trabalho, em especial através do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.

Em meio a pressões populares, reassume o governo Getúlio Vargas (1935), cuja opção pelo crescimento urbano – industrial fez emergir, na sua gênese capitalista, a Questão Social, que também decorre das pressões e dos questionamentos da sociedade da época, que passava por grandes transformações, no plano do conhecimento científico, sob a influência de Durkheim, Darwin, Marx, Freud e outros (PELLIZZER, 2008, p. 15).

A primeira escola de Serviço Social no Brasil é datada de 1936 em São Paulo é foi coordenada por Albertina Ferreira Ramos e Maria Kiehl. Ambas eram sócias do Centro de Estudos de Ação Social vinculado a Igreja Católica. Neste centro eram organizados cursos de qualificação para organizações leigas no catolicismo, adequando política e ideologicamente a classe operária.

Nesta perspectiva surge então o Serviço Social como um departamento da Ação Social.

Fonte: Portal Educação

A Escola de Serviço Social de Niterói (ESSN) foi fundada através do decreto estadual 1.397 em 19451 com apoio de Alzira Vargas, que era primeira-dama do Estado do Rio de Janeiro e filha do presidente da República Getúlio Vargas. Cabe citar que, durante os anos 1940, Amaral Peixoto tentara uma nova modernização da região2, e que dessa forma deu-se o incremento do número de empregos na cidade de Niterói, particularmente os relacionados à área portuária. As políticas de governo no antigo Estado do Rio de Janeiro procuravam atender ao aumento da demanda decorrente do grande afluxo de pessoas que migravam, especialmente para Niterói, São Gonçalo e Baixada Fluminense3, em busca desses empregos e de melhores condições de vida. Destacamos que Niterói polarizava determinadas ações realizadas na área social por intermédio da Legião Brasileira de Assistência (LBA) fluminense, uma vez que tinha fortes vínculos com o poder federal e estadual4.

Rita de Cássia Santos Freitas observa que a LBA fluminense organizava cursos intensivos para treinamento de voluntários na área social e que estes foram o embrião para o surgimento da Escola de Serviço Social de Niterói, que iniciou suas atividades no dia 23 de agosto de 1945, como unidade isolada, tecida por mãos femininas e com cores da paisagem local5.

O governo do Estado do Rio de Janeiro e a Legião Brasileira de Assistência eram os responsáveis pela manutenção da escola, possibilitando o não pagamento de mensalidades pelas alunas. Tal diferencial favoreceu a procura do curso pelas meninas do interior, que esperavam exercer a profissão ao retornar para suas cidades de origem onde a carência era grande. No entanto, cabe destacar que a maioria das alunas acabava ficando em Niterói, se engajando em trabalhos na capital fluminense.

A escola atendia os funcionários do Serviço Social da Indústria (Sesi) da Legião Brasileira de Assistência (LBA) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); e sua primeira turma formou professoras e supervisoras que contribuíram para formação da rede de proteção social da cidade e do estado, assim como as primeiras professoras do próprio curso6. Alzira Vargas, Violeta Campofiorito, Yolanda de Sá Antunes Maciel, Petra Maria Calazans e Heloisa Marcondes Faria foram alguns dos importantes nomes ao longo da história desta escola.

A partir de 1946, o papel da unidade e de suas alunas cresceu, uma vez que a Legião Brasileira de Assistência (LBA) passou a assistência dos casos mais complexos para a ESSN, reforçando a perspectiva da aprendizagem por meio do trabalho empírico e aumentando a demanda por melhoria e maiores investimentos nesse campo.

Outro aspecto a destacar é que a Escola de Serviço Social de Niterói se diferenciava, em alguns aspectos, de outras escolas de Serviço Social existentes no Brasil. Nela o domínio católico era um pouco menor e a identificação com o poder público era mais direta. Seu corpo discente era composto por mulheres da elite e das classes intermediárias fluminense, que tinham a oportunidade de viajar, fazendo palestras em diversas cidades do estado e do Brasil. Cabe ressaltar que muitas delas foram responsáveis pela tradução das principais obras estrangeiras sobre assistência social7.

Os primeiros anos da década de 1950 foram marcados por mudanças na administração da instituição, quando D. Yolanda de Sá Antunes Maciel retorna para São Paulo em 1951, e em seu lugar assume D. Violeta Campofiorito de Saldanha da Gama como diretora interina, que, em seguida, foi efetivada no cargo, ocupando-o até o ano de 19668.

A ESSN foi reconhecida como instituição pública estadual através da lei 2.196 de 23 de julho de 1954, ficando subordinada à Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro. Quatro anos depois, a lei 3.656 de 12 de junho de 1958 integrou as escolas de Serviço Social, Enfermagem e Engenharia à Universidade do Estado do Rio de Janeiro9. Em 1961 a ESSN foi agregada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (Uferj )10, junto com outras quatro agregadas e cinco incorporadas.

Leia o texto na íntegra aqui

Notas

1 FREITAS, Rita de Cássia Santos. Escola de serviço social de Niterói. [201-?]. Disponível em: <//www.ess.uff.br/index.php/iniciar-aqui.html>. Acesso em: 27 maio 2012
2 AZEVEDO, Marlice Nazareth Soares de. Niterói urbano:a construção do espaço da cidade.In: KNAUSS, Paulo; MARTINS, Ismênia de Lima (Org.). Cidade múltipla: temas de história de Niterói. Niterói: Niterói Livros, 1997, p. 19-72.
3 ABREU, Mauricio de. A evolução urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Instituto Pereira Passos, 2008.p. 79.
4 VIEIRA, J. Ribas. A Universidade Federal Fluminense: de um projeto adiado a sua consolidação institucional, subsídios para uma interpretação. Niterói: UFF, CEUFF, 1985. p. 45.
5 FREITAS, [201-?].
6 FREITAS, [201-?].
7 FREITAS, [201-?].
8 FREITAS, [201-?].
9 FIQUEIREDO, M. B. Democratização da Educação Superior (1945-1968): transformações exemplificadas pela trajetória da Escola de Serviço Social/Niterói da Universidade Federal Fluminense. Monografia de final de curso de Pós-Graduação em História do Brasil pós-30 (ICHF-UFF), 2007. Apud FREITAS, Rita de Cássia Santos. Escola de serviço social de Niterói. Disponível em <//www.ess.uff.br/index.php>. [201?]. Acesso em 27 maio 2012.
10 FIQUEIREDO, 2007.

Quando foi fundada a primeira escola do Serviço Social no Brasil?

Nesse contexto, em 1936 surge a primeira Escola de Serviço Social, conhecido como Centro de Estudos e Ação Social que logo após será integrada com a PUC de São Paulo. Já no Rio de Janeiro, a primeira turma de ensino superior em serviço social se estabelece na UFRJ.

Qual onde e quando foi fundada a primeira escola do Serviço Social no Brasil?

O momento brasileiro na terceira década do século XX 15). A primeira escola de Serviço Social no Brasil é datada de 1936 em São Paulo é foi coordenada por Albertina Ferreira Ramos e Maria Kiehl. Ambas eram sócias do Centro de Estudos de Ação Social vinculado a Igreja Católica.

Quais foram as primeiras escolas de Serviço Social no Brasil?

Primeiras Escolas de Serviço Social.
1936 – Escola de SS de São Paulo (atual PUCSP).
1937 – Instituto Social do Rio de Janeiro (atual PUCRJ).
1937 – Curso de Serviço Social na Escola Ana Neri - RJ (atual UFRJ).
1940 – Instituto de SS (SP) – masculino (atual Faculdade Paulista de Serviço Social).

Onde foi fundada a primeira escola de Serviço Social na América Latina?

A primeira Escola de Serviço Social latino-americana foi fundada no Chile, em 1925, por Alejandro Del Rio tendo, como principal influência, a experiência católica belga.

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